A questão do emprego de tortura pelos norte-americanos está associada à identificação do esconderijo de Bin Laden. Há quem defenda essa prática como método investigativo e os que a abominam incondicionalmente. São posições extremas e claramente antagônicas entre si. Mas há também os que transitam de um extremo ao outro sem maiores pudores de consciência.
Recentemente, assisti a um filme que trata do conflito moral no emprego da tortura. O “unthinkable” conta com a participação do Samuel L Jackson, que representa um especialista em torturas com a missão de extrair, de um terrorista, a informação de onde estão posicionadas três bombas atômicas. Muitas vidas estão em jogo e o terrorista resiste ao interrogatório, mesmo sob tortura. Ao longo da trama, à medida em que cresce o desespero em achar as bombas, diminuem as restrições morais no trato ao torturado.
Embora haja um intenso esforço para sua demonização, a tortura permanece um assunto muito controverso. Evidentemente, trata-se de uma prática cruel, que fere os princípios do respeito à dignidade humana e que não deveria ocorrer. Não num mundo ideal.
Ocorre que o mundo está longe do estado de paz e harmonia desejado.
A tortura é desumana, sim; como também são o assassinato de inocentes, a morte de crianças e tantas outras atrocidades. Essas práticas ferem nossos valores, mas, dependendo das circunstâncias, podem, ou não, ser toleradas.
Considero que é necessário refletir sobre esse tema, como se faz, por exemplo, ao avaliar se foi certo, ou não, lançar as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.
Para uns, lançar a bomba foi um ato bestial e desnecessário, resumindo-se no assassinato covarde de centenas de milhares de inocentes; para outros, o seu lançamento abreviou o desfecho da guerra e serviu para poupar muito mais vidas que seriam perdidas.
Não é fácil dizer se a tortura é, ou não, um eficiente instrumento investigativo. Também não se pode negar que é uma prática bárbara e cruel. Contudo, é hipocrisia continuar demonizando-a num momento, para utilizá-la, em seguida, num caso de necessidade.
Acho que é preciso tratar esse tema com humildade, pois jamais se pode dizer: "dessa água nunca beberei"
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