sábado, 31 de agosto de 2013

É preciso agir na Síria

A Síria é um dos pouquíssimos países do mundo que não aderiu à Convenção para a Proibição de Armas Químicas. É provável tenha obtido aquele tipo de armas para dissuadir seus adversários, afinal, há quem diga que elas são uma espécie de bomba atômica dos pobres.
Produzir armas químicas é relativamente simples e a tecnologia para utilizá-las em granadas de artilharia ou de morteiros data de quase cem anos, ou seja, desde a primeira guerra mundial.
São tremendamente insensíveis os que dizem que mortos são mortos, não importando se foram vítimas de tiros, bombas ou envenenamento. Não, não é assim.
Os efeitos das armas químicas são devastadores. Os que são pegos desprevenidos num ataque com agentes neurotóxicos podem morrer em questão de minutos. A morte é cruel. A vítima paralisada perde a capacidade de respirar. A consciência se esvai aos poucos, numa agonia desesperadora.
Agora, parem um pouco e pensem nas imagens das crianças mortas e imaginem como elas sofreram em sua morte. Convenhamos que, mesmo nas guerras, há limites para a crueldade. 
O regime sírio manteve por longo tempo as armas químicas em estoque e  tudo indica que perdeu o pudor em utilizá-las contra seus compatriotas.
É verdade que uma ação militar punitiva contra a Síria poderia  espalhar o conflito perigosamente.
Um general francês afirmou recentemente que interessaria ao ocidente manter Assad no poder, pois, diante das perspectivas surgidas em sua eventual queda, ele seria o menor dos males.
Pode ser, mas diante do recente ataque químico esse mal menor está ficando cada vez pior.
Antes de concluir, ainda cabe uma reflexão final. O que interessa mesmo é fazer todo o possível para evitar a morte de outros inocentes. Atingir esse objetivo é muito complicado.  Não há solução fácil ou indolor.
Agir pode ser perigoso pelas consequencias da ação; deixar de agir pode ser interpretado como fraqueza, deixando desimpedido o caminho para mais mortes.
Agir não necessariamente significa lançar bombas e mísseis. Assim como se faz para comer um mingau quente, a situação pode ser resolvida das beiradas para o centro do conflito.
Vislumbro que um acordo entre as grandes potências e os principais países do Oriente Médio poderia permitir que os responsáveis pelo ataques químicos fossem identificados e levados a julgamento no Tribunal Internacional Penal, em Haia. Essa seria uma solução adequada às normas do direito internacional e inibiria a repetição de outros ataques desa natureza. 
Evidentemente, seria difícil convencer o regime sírio a cortar sua própria carne, mas poderia prevalescer o dito de que é melhor entregar os aneis do que cortar os dedos.
Soube hoje que Obama resolveu agir e isso é bom. Afinal, o presidente da nação mais poderosa do mundo é quem está mais apto a exercer a liderança em mais esse difícil da história da humanidade e o mínimo que se espera de um líder é que ele lidere.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A Estrada de Damasco

As fotos das criancinhas mortas pelo ataque químico comoveram a opinião pública europeia, mas não o suficiente para convencê-los a agir. Hoje, os sites de notícias publicam que o parlamento britânico rejeitou a proposta de uma ação militar na Síria. O que pensar disso tudo?
Para começar, é bom lembrar que há um século,  o assassinato do  arquiduque  Francisco Ferdinando desencadeou uma série de eventos que provocaram a primeira guerra mundial.
Considerando que a segunda guerra é consequência da primeira, podemos dizer que o tiro disparado em Saravejo provocou a morte não de um homem, mas de milhões; foi um tiro que mudou o mundo.
Tendo isso em mente, voltamos a nossos dias. Uma ação militar na Síria poderia ser desastrosa, ampliando uma guerra civil contida num país para um conflito em escala global. A percepção que a Estrada de Damasco conduz a um beco sem saída levou os britânicos cansados de guerra a negarem o uso da força contra o regime de Assad.
Daí, me vem à mente a pergunta que não quer calar: o que fazer?
Desde já, vislumbro uma saída. Uma investigação que aponte os culpados pelo bombardeio químico e levar os responsáveis para julgamento no Tribunal Internacional Penal de Haia.
Tudo indica que foi tropa do governo que disparou as bombas químicas. É difícil convencer Assad a cortar na própria carne. Afinal, lembremos que ele também se equilibra no fio da navalha e naquelas bandas demonstrar fraqueza equivale a enrolar a corda no pescoço. Contudo, o instinto de preservação também conta e sempre vale lembrar que perder os aneis pode não ser tão desastroso se ficarem os dedos. 
Deixar de agir não me parece uma boa alternativa. Nada adiantará empurrar o problema com a barriga e deixar os sírios se matarem uns aos outros até que se escorra o último copo de sangue. 
É verdade que há monstros de um lado e do outro daquela guerra civil,  mas também há inocentes e muitas criancinhas no meio disso tudo.
Se a ação militar é perigosa, deixar de agir não resolve nada. O problema é difícil, mas tem que ser resolvido.
É hora do presidente do país mais poderoso do mundo decidir o que fazer. O hemisfério ocidental precisa que seu líder tome a iniciativa e mostre o caminho a seguir. Nem que ele leve mesmo a Damasco.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Salvo conduto

Quem aluga um imóvel no Chile tem que se submeter à regra do salvo conduto na hora de deixá-lo.
Explicando melhor, no fim do contrato de locação, o inquilino tem que pedir ao dono do imóvel quecele firme  uma autorização para que possa tiar seus pertences de lá. Essa autorização é firmada em cartório e sem ela os carabineros podem impedir a mudança.
Fui Iinquilino lá por aquelas bandas e achava um absurdo essa regra do salvo conduto. Meus amigos chilenos, contudo, pensam que esse procedimento é absolutamente normal. Os chilenos pensam diferente de mim e provavelmente os bolivianos também.
Asilar ou deixar de asilar é uma decisão soberana de um país. O Brasil deu asilo ao senador boliviano, mas o presidente do país vizinho não autorizou que ele deixasse a embaixada. Para Morales, pouco importava se o Brasil asilava o senador; a Bolívia não permitiria a consumação do asilo. É de se perguntar quem violou a soberania de quem nessa história.
Pelo que eu saiba, nossa presidenta nunca precisou alugar um apartamento no Chile. Mesmo assim, parece que ela acha normal forçar o inquilino a obter salvo conduto para poder tirar o que é dele de dentro do imóvel alugado.
Querem um conselho de amigo? Façam de tudo para não ter que alugar um apartamento da Dona Dilma.

Síria

Hoje, li a notícia sobre o ataque com agentes de guerra química, que foi publicada no site do terra em 23 de agosto. Ela contém fotos de crianças mortas. São imagens revoltantes.Quem tiver estômago, conseguirá vê-las em

http://noticias.terra.com.br/mundo/oriente-medio/especialistas-misseis-com-agente-nervoso-podem-estar-por-tras-de-ataque-na-siria,a171d4b1997a0410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

Não consigo entender o que pensava o sujeito que lançou os mísseis com aqueles agentes. Certamente, é um monstro, um animal.

Não se vence o mal matando demônios, mas salvando almas. O fato me convenceu que é preciso agir na Síria, senão outras crianças morrerão.

domingo, 25 de agosto de 2013

Caxias

A ordem do dia do Cmt Ex, referente ao dia do soldado, merece ser lida e compreendida. O Gen Enzo destacou numerosas qualidades de Caxias, tais como sua desambição pessoal, seus predicados de bravura e sua generosidade com os vencidos. Caxias era também um  político e estadista do império e é pena que faltem, em nossos dias, gente de seu quilate dentre aqueles que nos representam.

Proposta indecente

Parece inevitável a vinda dos cubanos, mas não percamos a esperança, ainda temos uma última cartada. Lançaremos a seguinte proposta: nós aceitamos a vinda de 4000 médicos cubanos se Cuba aceitar que mandemos 4000 advogados brasileiros para lá.

Conflito no Oriente Médio

  1. A situação no Oriente Médio nos interessa mais do que se costuma supor. Isso, não só pela siignificativa parcela de nossa população com descendência árabe, mas por laços que a maioria dos brasileiros ignora. 

    Quarenta anos atrás, a escalada nos preços do petróleo nos levou a estreitar relações com o regime de Saddam Hussein, uma parceria com desdobramentos na nossa indústria automobilistica e bélica, no desenvolvimento da tecnologia nuclear e em diveras obras da construção civil.
    Décadas depois, um ex-presidente tentou projetar sua influência política na região, com um ousado movimento em direção ao Irã. Fez isso em conjunto com a Turquia, mas sofreu forte oposição de outros países tanto da região como do resto do mundo. Foi rechaçado e sua reputação sofreu alguns arranhões.
    A turbulência política, habitual no Oriente Médio, tem se intensificado. Para explicar os acontecimentos, muitos enxergam apenas a ação das grandes potências, mas fica cada vez mais claro que qualquer análise tem que abordar os interesses dos atores locais. Para entendê-los, é preciso conhecer a cultura e o pensamento árabes. Já trabalhei por ali e posso dizer que isso é muito complicado.
    Não é segredo que a ONU pretende que o Brasil contribua com tropas para uma força de manutenção de paz no Líbano. Não consigo pensar em melhores soldados para essa missão, mas ela é muito perigosa. Há evidentes riscos para a vida dos nossos militares e mesmo para o prestígio de nosso país.
    Para o observador isento e distante, já é difícil entender a sucessão de conflitos no Oriente Médio. Essa dificuldade aumentará muito quando brasileiros começarem a morrer por ali.

Ciência e dominação

Mais de dois séculos depois, a Revolução Francesa ainda é um assunto inacabado. Muitos matam e morrem para impor mais igualdade; outros, para defender a liberdade. Minúscula mesmo é a turma da fraternidade, mas Iso é papo para outra hora.
Vivemos também os efeitos perniciosos de um cientificismo exagerado, em que se procura explicar todos os fenômenos do mundo apenas pelos critérios da ciência. É como se a razão matasse o espírito.
Ao tentar explicar e moldar o mundo, o cientista enxerga o coletivo, o macro, e caracteriza tudo em função do grupo. Como não consegue explicar o indivíduo, despreza-o e o reduz a uma réles partícula do conjunto. Daí, a defesa do aborto e as restrições à liberdade de cada um. Nesse aspecto, a ciência é ferramenta do homem contra o homem.
O predomínio da razão sufoca a fraternidade e escraviza o homem. O coletivo sufoca o indivíduo e limita sua liberdade. Isso é conveniente para alguns. Como sempre, as elites de cada grupo dominam seus componentes, impondo-lhes regras que garantem sua supremacia interna e inibem as oportunidades dos que ousam lhes opor.
No Brasil, esse fenômeno se manifesta seja em guetos, favelas ou mesmo nos palácios. Os traficantes impõem regras aos moradores das comunidades pobres; os donos do mídia ninja exigem fidelidade irrestrita aos seus membros; e, no nível do Governo Federal, é cada vez mais claro as relações de poder e trocas de favor que sustentam o grupo político dominante.

sábado, 24 de agosto de 2013

Che era médico

Não se preocupem com os médicos cubanos. Afinal, Che Guevara também era médico.

Carlos, o Chacal


Ontem, assisti os três capítulos da minissérie Carlos, que conta a história do terrorista Ilich Ramirez Sanchez, mais conhecido como Carlos, o Chacal. Logo no início do filme, o guerrilheiro aparece num restaurante chique, apreciando um bom vinho e declamando seu amor pela revolucão e seu ódio ao capitalismo. Ele era um autêntico socialista socialaite. Isso se passou quarenta anos atrás, mas uma verdade permanece imutável: COMUNISTA GOSTA MESMO É DE DINHEIRO.

Chavez acreditou

Não gosto da ideia da vinda dos médicos cubanos. 
O problema do mau atendimento de saúde no Brasil é crônico e tem que ser resolvido por medidas permanentes. 
É elevado o orçamento da saúde, mas os recursos são mal aplicados. Também há uma grande quantidade de médicos no Brasil, mas eles são mal distribuídos. 
A solução que o governo encontrou lhe é muito conveniente. Primeiro, é um paliativo para o problema e uma resposta à insatisfação da população com a saúde; depois, é um eficiente instrumentos de propagação de sua ideologia, já que os cubanos são todos muito bem doutrinados politicamente; por fim, é um mecanismo de justificar ajuda financeira ao regime dos patronos dos nossos dirigentes. 
É risível dizer que a medicina cubana é avançada, mas tem gente que acredita.
Chavez acreditou.

sábado, 17 de agosto de 2013

Tatuagem

Soube que uma amiga decidiu remover a tatuagem que carrega desde adolescente. A figura que marca sua pele há anos simplesmente não combina mais com sua personalidade.
Certamente, ela passará por um procedimento doloroso. Não será fácil tirar a marca que a mulher herdou da menina. 
Lamento por ela e seu sofrimento. Esse é o problema das decisões afoitas e irrefletidas; mais tarde, elas cobram seu preço.
Eu também tenho minhas marcas. A obesidade é resultado de derrotas cotidianas que a gula e preguiça impõem à minha força de vontade. A barriga que carrego é o retrato do meu fracasso.
Minha amiga sofre pela sua inconseqüência; eu, pela minha fraqueza; mas tudo é remediável. A tatuagem pode   sumir e a barriga diminuir. Basta coragem para encarar o desafio e que o coração, os joelhos e a coluna agüentem o tranco.
Há marcas piores que tatuagens ou barrigas. Arrependimentos e dores de consciência são cicatrizes da alma. Não saram com cirurgias, dietas ou exercícios, mas ficam ali, adormecidos num canto, prontos para, de um momento para outro, doerem fundo no coração.
Alguns sofrem desse mal, mas resistem em admitir seus pecados. Falo daqueles que torturam os outros com seus conceitos tortos e sua ânsia autoritária de ter sempre razão.
A pior corrupção de um homem é aquela que vende seus princípios em nome de uma ideologia. Os que estão fora do eixo talvez se dêem conta, mais tarde, que a doce utopia da juventude pode virar uma amarga desilusão na maturidade.
Minha amiga pode tirar a tatuagem que a incomoda; mas será que os ninjas apagarão seus erros?

a conta

Sempre quis saber quem pagava a conta da guerrilha urbana e rural dos anos setenta no Brasil. Afinal, custa dinheiro sustentar um esquema clandestino de terrorismo, mesmo doméstico. Guerrilheiro também come, sabiam?
Não era só a guerrilha, mas os protestos das ruas também movimentavam o cenário político da época, com jovens cabeludos reclamando contra o governo, brigando com a polícia, correndo da cavalaria.
Quarenta anos depois, nossas ruas voltamos a assistir protestos, depredações e correrias, dessa vez com mascarados de um lado e policiais sem cassetetes de outro. 
Os porretes estão fora de moda. Agora, falamos de coquetéis molotov e spray de pimenta.
Outra diferença marcante é que hoje sabemos quem financia os manifestantes. O mecenas da baderna se chama GOVERNO FEDERAL. Nosso glorioso e honesto governo que manda dinheiro para Mídias Ninjas, com verba publicitária da Petrobras e outras estatais, escudadas na Lei Rouanet de promoção da cultura.
Sim, porque o dinheiro da cultura é usado para a baderna das ruas.
Nossos manifestantes são profissionais da rebeldia e tacar pedra na polícia, pichar muros e incendiar ônibus é uma nova forma de arte.
Fica claro e evidente que baderneiro também come e comunista gosta mesmo é de dinheiro, mas do nosso dinheiro.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

ninjas petralhas mascarados

O UOL e a Folha fizeram a opção preferencial pelo Capilé, as vadias e os petralhas. Não adianta o que os Ombudsman ou Ombudswoman escrevem, porque os leitores leem somente as manchetes. Há uma guerra e ninguém se dá conta que não se disputa a virtude ou a verdade, mas as percepções e conceitos.
A luta é por corações e mentes. Não deixem esses ninjas petralhas mascarados depredarem nossa noção do que é certo e do que é errado.

sábado, 10 de agosto de 2013

Unir os pontos

Em 29 de março de 2012, uma turba da esquerda compareceu à frente do Clube Militar para hostilizar os participantes de um evento que tratava sobre a Revolução de 31 de março de 1964. Felipe Garcez, um dos peões desse tabuleiro, foi flagrado cuspindo no coronel Juarez, um aviador octagenário, do grupo Terrorismo Nunca Mais.
No site de Ana Helena Tavares há uma matéria simpática ao autor da cusparada. Quem quise lê-la, está em  

http://quemtemmedodademocracia.com/2013/01/21/eu-nao-me-arrependo-do-cuspe-porque-eles-tambem-nao-se-arrependem-do-que-fizeram-na-ditadura/

Naquele dia, centenas de manifestantes portando bandeiras vermelhas se acumularam no centro do Rio para a hostilidade. As Organizações Globo e a Folha de São Paulo abordaram o fato com inegável simpatia aos vermelhos.

Naquele dia, o governador Tarso Genro foi visto nas imediações do Clube, acompanhando o que se passava. O detalhe é que ele é governador do Rio Grande do Sul e pai de Luciana Genro, uma das principsis dirigestes do PSOL.

Um ano depois, noticiou-se que militantes lotados no Palácio do Planalto, mais especificamente junto ao Ministro Gilberto Carvalho, haviam organizado e financiado uma manifestação contra a Copa do Mundo, inclusive com pagamento em dinheiro a alguns dos manifestantes.

Os protestos de junho e julho deram margem a várias especulações sobre a manipulação de jovens insatisfeitos com a realidade do Brasil. Descobrimos o que são os white, pink e black blocs.

Agora, no início de agosto, desvenda-se o que está por trás do grupo Mídia Ninja.

Não preciso mostrar a figura. Liguem os pontos que ela aparecerá.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A mentira parece verdade.

Quarenta e tantos anos atrás, Helio Oiticica cunhou a frase: "seja marginal, seja herói." A turma dos bacanas adorou e Chico Buarque compôs o Acorda Amor, contando que tinha medo da polícia e mandando chamar o ladrão. Nessa mesma época, nos presídios fluminenses, surgia o Comando Vermelho, associação de bandido comum com bandido politizado. 
Deu no que deu, a bandidagem cresceu e todo mundo se fu*%&*.

O triste retrato do delegado de polícia - texto copiado de Amir Sobral

O TRISTE RETRATO DO DELEGADO DE POLÍCIA - texto copiado de uma postagem do Almir Sobral

Segundo o lexicógrafo Aurélio, delegado é aquele que é autorizado por outrem a representá-lo, ou seja, é a pessoa que recebeu uma delegação cujas funções e atribuições não lhe são próprias. Comparável significação encontramos no direito romano onde a investigação foi estruturada em um processo chamado "inquisitio", isto é, trabalhos investigatórios para se apurar as circunstâncias do crime e localizar o criminoso. Tratava-se de uma delegação de poderes feita pelo magistrado à própria vítima ou parentes, que se transformavam em investigantes e acusadores. Nascia, assim, a figura do delegado de polícia. Portanto, o atual vocábulo "delegado" guarda sentido absolutamente análogo aos procedimentos adotado pelos antigos romanos, entretanto o ente designado pela citada palavra sofreu uma significativa transformação.
Fazendo-se uma análise acurada do trabalho executado pelo delegado de polícia, torna-se evidente tratar-se de um simples intermediário da investigação penal em razão de ele próprio, o delegado, jamais participar diretamente das citadas investigações, salvo raríssimas exceções, posto que as suas tarefas prendem-se tão-somente à compilação de provas ou indícios perquiridos por outros policiais. Dessa forma, a maioria dos delegados de polícia não sai de seu gabinete para buscar elementos elucidativos do fato ilícito a ser investigado ou para capturar o criminoso, portanto trata-se de um policial atípico que trabalha estritamente entre quatro paredes, fato gerador de grande perplexidade em policiais estrangeiros, haja vista ser inconciliável a investigação, que requer buscas incessantes por evidências do acontecimento ilegítimo, com as atividades puramente burocráticas e sedentárias exercidas pelo delegado.
Como se vê, é desnecessário ser especialista para se reconhecer um verdadeiro paradoxo nas atribuições do delegado de polícia. Mas o contra-senso não para por ai, isto é, sabendo-se que realmente a investigação não é realizada pelo delegado e sim pelos policiais que vão a campo efetuar a investigação, os treinamentos e especializações deveriam ser direcionados a esses policiais que realmente investigam, mas não é isso que acontece, no instante no qual surge a oportunidade de realização de aprimoramento através de cursos, na maioria das vezes quem vai fazê-lo é o delegado que nunca coloca em prática o que aprendeu, incrementando a ineficácia policial com o consequente dano à sociedade.
Ao que parece, os delegados sempre aspiraram exercer a tão sonhada "atividade jurista", mas policial-jurista faz sentido? Isso soa como um desvario. Afinal, não é o policial quem deve esclarecer uma infração penal? Por outro lado, juristas não são os profissionais que lidam com a ciência jurídica, cujas tarefas associam-se à sistematização do ordenamento jurídico? Realmente, não tem cabimento essa distorcida concepção jurista para a polícia, o policial deveria ter o foco centrado nas técnicas de investigação e prevenção ao crime, em lugar de divagar no exercício de seu trabalho. A pretensão de ser policial-jurista é uma clara ofensa à lógica, mas os delegados nunca desistiram dessa quimera, concentrando as suas forças no Poder Legislativo a fim de modificar a norma legal em proveito próprio. Já na Constituição Federal de 1988 foi inserido o termo "polícia judiciária", inexistente na CF de 1967, nessa expressão o verbete “judiciária” é impróprio para designar atividades policiais. Vejamos a definição de De Plácido e Silva, para a palavra JUDICIÁRIO, em seu Vocabulário Jurídico, Ed. Forense 11a Edição:
“Derivado do latim 'judiciarius', adjetivamente é empregado o vocábulo, na linguagem forense, para designar tudo que se refere à justiça ou ao juiz. Substantivamente, é usado para designar um dos poderes públicos, a que se comete autoridade para administrar a justiça.” Portanto, as autoridades policiais conseguiram inserir esse termo inepto na nossa Constituição Federal. Assim, a utopia permeia os devaneios da categoria que sempre lutou com persistência a fim de atingir as suas cobiças corporativistas. Para isso, o caminho mais curto, segundo eles próprios, é através do parlamento, dessa forma, hoje no Congresso Nacional há vários parlamentares-delegados (ou delegados-parlamentares) que tentam legislar em benefício da própria categoria ou procuram convencer os demais congressistas a apoiarem as suas idéias. Dentre esses intentos está o recente Projeto de Lei da Câmara (PLC) 132 que tramitou rapidamente no CN e teve várias manifestações contrárias, uma delas é originária do mestre Wendell Beetoven Ribeiro Agra, promotor de Justiça (MPRN), especialista em Direito Processual Civil e mestrando em Segurança Pública, vejamos suas razões: "O PLC 132, como um todo, representa um retrocesso, na medida em que consolida um instrumento obsoleto como o inquérito policial como o principal meio de investigação policial, favorecendo ainda o bacharelismo ao privilegiar uma classe de policiais civis (os delegados) em detrimento das demais (agentes, escrivães peritos e papiloscopistas), criando uma espécie de "magistratura policial". Nesse contexto, o indiciamento é mais uma burocracia inútil que, agora, ganha o potencial de repercutir negativamente na persecução penal, sem trazer, em contrapartida, qualquer garantia adicional ao investigado." Apesar dos significativos apelos de autoridade especialistas no assunto, contrários a esse disparate, em 20 de junho de 2012 o PLC 132 transformou-se na Lei 12.830.
Consagrando o bacharelismo, o relator do citado PLC 132 foi o senador Humberto Costa (PT/PE) cujo Assessor é o delegado de Polícia Federal Adilson Batista Bezerra, portanto, não por acaso encontra-se inserido no aludido "parecer" as premissas corporativistas defendidas por delegados e suas associações, segundo as quais "o inquérito policial é uma garantia do cidadão". Evidentemente, essa assertiva é um sofisma, trata-se de argumento falso para induzir a erro, até porque o instituto do indiciamento é uma inculpação travestida de relatório, com repercussão social equivalente a uma punição em razão de a sociedade passar a rejeitar o "indiciado", considerando-o culpado das imputações antes mesmo do julgamento. Lembramos a notícia publicada pela mídia em 24/05/2007 onde o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, acusa a Polícia Federal de "canalhice". A reação do Ministro foi motivada pela informação, vazada de inquérito que corria na Polícia Federal, segundo a qual o seu nome teria aparecido em uma suposta lista da PF entre os acusados de receber "benefícios" da empresa Gautama - apontada como a coordenadora do esquema de fraudes em licitações públicas desmontado pela Operação Navalha. Depois esclareceu-se que o "Gilmar Mendes" mencionado na suposta lista é um homônimo do ministro - que se chama Gilmar de Melo Mendes e seria engenheiro civil em Sergipe. Mas a moral do Ministro já estava abalada. Desse modo, fica evidente que o delegado da Polícia Federal não respeitou sequer as garantias do Ministro do Supremo Tribunal Federal, conclui-se portanto, que muito menos respeitará as garantias do cidadão comum. Fatos como esse se vê constantemente no "Jornal Nacional" e outras mídias, onde trechos de monitoramento telefônico efetuados pelas Polícias Federal e Civis são publicados antes mesmos de confirmada ou analisada a culpabilidade dos envolvidos. Assim sendo, um sem números cidadãos são expostos pela polícia à execração popular e depois declarados inocentes pela justiça. Portanto, o inquérito policial é o avesso da garantia individual pelo fato de propiciar o abuso da autoridade policial.
Ao que parece, os delegados de polícia têm um desejo desmesurável pelo poder, desse modo, prevalecendo-se da grande corrupção e ilicitudes que pairam no meio político, cujo maior repressor tem sido o Ministério Público, razão pela qual muitos parlamentares são adversos ou inimigos do MP, as "autoridades policiais" apresentaram a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, através do deputado-delegado Lourival Mendes (PT do B-MA), que propunha exclusividade na investigação criminal para eles próprios, ou seja, o propósito dos delegados é eliminar a possibilidade de que quaisquer outros órgãos possam ter as prerrogativas de efetuarem investigação criminal, tornando essa tarefa privativa de delegados de polícia. O conteúdo da PEC 37 é bastante agradável para muitos parlamentares que passaram a apoiar de pronto essa emenda constitucional porque estavam diante da efetiva possibilidade de redenção criminal para os políticos corruptos, isto é, iria prevalecer a impunidade em razão do fácil e grande poder de controle das polícias exercidos pelos governadores, ministro da justiça e até por políticos do "baixo clero". Dessa forma poder-se-ia infligir um tapa-boca no Ministério Público contra a sua brilhante luta em desfavor da devassidão política. De fato, alguns dias antes do projeto ir à votação, as pesquisas indicavam a sua aprovação iminente e por ampla maioria. Entretanto, inesperadamente, conforme palavras do delegado-deputado Lourival Mendes, autor da PEC 37, "aconteceu um acidente de percurso", isto é, eclodiram intensas manifestações populares de descontentamento de norte a sul do País, como não se via há anos no Brasil. O povo estava indignado com uma sucessão de patifaria política. Uma das reivindicações das ruas exigia a extinção da PEC 37, a rotulada "PEC DA IMPUNIDADE". Ainda houve uma manobra do presidente da Câmara do Deputados, Henrique Alves, na tentativa de iludir o povo, tirando a mencionada PEC da pauta de votação sob as alegações de que queria ouvir as bases, mas pressionado pelas fortes manifestações de ruas, retrocedeu. Assim, a Câmara dos Deputados derrubou essa malfadada PEC 37, por 430 votos a 9 (e 2 abstenções). Venceu o povo brasileiro que nem sempre é representado de forma digna, até porque a lógica natural aponta para a adesão e alianças direcionadas ao combate à criminalidade, em lugar do corpotarivismo. Enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, são 17 diferentes agências responsáveis pela investigação criminal; aqui no Brasil os delegados pretendiam ficar exclusivamente só e somente só eles com essa tarefa. Trata-se de fato enigmático, até porque não queriam obter um direito, até porque esse mesmo direito sempre lhes pertenceu, o que eles buscavam era eliminar todos os concorrentes desse direito. Há quem diga que por trás dessa pretensão havia intenções tenebrosas.
Puro egoísmo, os delegados baniram os ensinamentos básicos provenientes da sabedoria popular: "a união faz a força"; "uma andorinha só não faz verão"; "juntos venceremos", para lutarem por um incompreensível exclusivismo, sem consideração aos interesses da sociedade. Portanto, em lugar de buscarem a união com os demais órgãos responsáveis pela persecução penal, a fim de aprimorar a eficiência no combate à criminalidade e melhorar o nosso País, eles, os delegados, passaram a hostilizar principalmente o Ministério Público e divulgar enganosas afirmações para confundir a sociedade. As associações e sindicatos de delegados de todo o país e seus asseclas uniram-se para convencer à população sobre os "benefícios" da PEC 37, tamanha era a ânsia que as suas argumentações passaram a fugir dos parâmetros da civilidade e urbanidade, culminando com a publicação de uma charge, divulgada pela Associação dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), em que ridiculariza a figura do Ministério Público associando-a ao próprio demônio. Essa charge, denegrindo de forma maliciosa e irresponsável tão respeitável entidade, repercute como insanidade dos dirigentes da ADPF. Também entraram na mira dos delegados de Polícia Federal os agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal, os reconhecidos Agentes Federais, apenas por posicionarem-se contrários à PEC 37, a quem a ADPF insidiosamente acusou de "querer ser delegado sem concurso". Maldade plena.
Na verdade, os Agentes Federais têm lutado pela modificação da sistemática de ingresso na Polícia Federal e pelo primor na estrutura do Órgão que necessita de inúmeras correções, portanto não poderiam apoiar a insensata proposta dos delegados que penalizaria a sociedade. Nos elementos constitutivos da Polícia Federal existem claros erros que comprometem a eficiência e produtividade da corporação. Vejamos um deles, uma clara deformação no arcabouço da polícia brasileira: os delegados, ao iniciarem em suas atividades profissionais, imediatamente depois do curso de formação, entram na instituição na condição de chefe de experientes policiais, isto é, trata-se de delegados com experiência zero, por conseguinte sem os necessários conhecimentos e habilidades adquiridos em função da prática policial, os quais são designados para dirigir e comandar experimentados policiais, em óbvia inversão de valores e agressão aos princípios da razoabilidade e da experimentação profissional. De cara já se vê algo errado, até porque, no caso da Polícia Federal, todos os policiais têm formação de nível superior com diplomas de renomadas universidades e treinamento profissionalizante. Esse disparate fica bem evidenciado ao compararmos a nossa polícia com as polícias da Europa e Estados Unidos, onde o ingresso na corporação ocorre na classe inicial, sobrevindo uma gradativa evolução, em razão do tempo de serviço, do mérito pessoal e da aptidão profissional, na qual qualquer integrante pode galgar o topo da hierarquia. Portanto, nesses países, os chefes de polícia efetivamente têm experiência policial porque exerceram todas as etapas e segmentos funcionais, adquirindo assim habilidade prática no exercício do ofício policial, ao contrário do que aqui ocorre. Eis uma das razões da ineficácia da polícia brasileira onde menos de oito por cento dos assassinatos são esclarecidos, ou seja, mais de noventa e dois por cento (92%) dos homicídios ficam impunes e os assassinos sequer são identificados. É uma estatística assustadora. Essa estatística está associada à estrutura policial em que não prestigia a motivação profissional, isto é, as forças propulsoras da ação. Ao desconsiderar o mérito individual do policial, joga-se no lixo os princípios da motivação que é o fator determinante para que as pessoas ofereçam o melhor de si. Quem perde é o povo que assiste o aumento da criminalidade e não sabe o porquê.
Quanto à PEC 37, a principal argumentação dos delegados repousa na suposta legalidade, mas há fortes controvérsias e teses convincentes, oriundas de grandes juristas, contrárias a citada argumentação. Contudo, independentemente dessa questão, a lei suprema de uma nação deve conter as diretrizes segundo as quais a sociedade deva ter uma vida digna e justa, portanto ao reformá-la, espera-se que essa modificação evolua para diretrizes que propicie uma qualidade de vida melhor, em lugar de retroagir, na contra-mão dessa premissa, tal qual a PEC 37 onde o que já era ruim ficaria péssimo.
Como vimos, os delegados de polícia, ao longo desses anos, têm-se organizado para alcançar os seus objetivos corporativistas. Para isso adotam expedientes dos mais variados, um deles é a mencionada candidatura a cargos eletivos para o Congresso Nacional onde, como foi dito, existem vários delegados exercendo mandato de deputado federal, um deles é o deputado-delegado Alexandre Silveira de Oliveira (PPS/MG), autor de outra Proposta de Emenda Constitucional não menos disparatada e em causa própria, trata-se da PEC 293 que pleiteia para os delegados de polícia, afora uma carreira de natureza jurídica, inamovibilidade e vitaliciedade, ou seja, as garantias de juízes. Essa proposição é um absurdo contrário à razão e ao bom senso. Se análogo dispositivo for inserido em nossa Carta Magna, a administração da polícia tornar-se-á inviável, impedindo que chefes de polícia, secretários de segurança públicas e gestores de polícia procedam o remanejamento de delegados para atender claros de lotação ou necessidade sociais específicas. Por outro lado, mesmo não tendo as garantias inerentes aos juízes, não são raros os abusos de poder por parte dos delegados, entretanto se essas garantias lhes for outorgada certamente esses abusos serão incontroláveis. Juízes e membros do Ministério Públicos, estes sim os verdadeiros juristas, são constitucionalmente impedidos de exercer atividade político-partidária, os delegados não.
Não bastasse a infiltração de delegados no Congresso Nacional, o Departamento de Polícia Federal dispõe uma divisão chamada "Assistência Parlamentar", a famigerada ASPAR, ligada diretamente à direção-geral do órgão, ou seja, trata-se de pelo menos um delegado que exerce as suas atividades tão-somente no Congresso Nacional. Mas qual a tarefa desse delegado? Ninguém sabe, ao menos não há uma descrição detalhada de suas atribuições no organograma da instituição, tratando-se, essa omissão, de infração à nossa CF em seu art.37. Há quem diga que as suas rotinas são gerir "inquéritos auriculares" perante os congressistas. Na verdade é incompreensível o fato da Polícia Federal designar um delegado para estabelecer-se no CN sob a égide da estrutura do DPF. Por mais imaginação que tenhamos, é muito difícil, senão impossível, associar as atividades de polícia às funções puramente legislativa exercidas por deputados e senadores. Há bem pouco tempo, o assessor parlamentar do DPF era nada menos do que o presidente da Associação dos Delegados de Polícia Federal, dando margem à conclusão segundo a qual a ASPAR/DPF tem finalidade corporativista.
Portanto, além da função do delegado se sobrepor à de intermediário da investigação policial, acontecimento que extrapola os limites da coerência, os atos dessa categoria em proveito próprio não são nada republicanos e, efetivamente, ameaçam a persecução penal.

Mirage da FAB para de voar em dezembro - de Roberto Godoy, Estado de São Paulo

A notícia saiu no Estadão de hoje e está acessível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,mirage-da-fab-para-de-voar-em-dezembro-,1060647,0.htm

Acabou. A capacidade dos Mirage-2000 em defender o Brasil acabou antes da nossa paciência e mais de dez anos não foram suficientes para o governo decidir-se pelo caça FX2. O que se decidiu mesmo é que defesa não é prioridade.



A Força Aérea vai desativar a sua frota de caças de interceptação, os Mirage-2000 C/B, à meia-noite de 31 de dezembro. O lote, que equipa o 1.º Grupo de Defesa Aérea, da Base de Anápolis, a 140 km de Brasília, chegou ao fim de sua capacidade de operação. A vida útil do grupo, a rigor, foi alongada em dois anos por meio de um programa logístico que superou o limite previsto inicialmente até 2011 pelo fabricante, a Dassault Aviation. O esgotamento é total. As aeronaves não apresentam condições sequer para serem negociadas no mercado internacional.
A FAB não tem um plano fechado para evitar que a unidade de defesa da capital federal e de mais 1,5 milhão de quilômetros quadrados do território nacional continue ativa. A solução mais viável é a de promover o deslocamento de 6 a 12 caças F-5M, rejuvenescidos pela Embraer, e que compõem a espinha dorsal da aviação de combate. A Força utiliza 46 deles e encomendou a revitalização de outros 11, adquiridos, usados, na Jordânia. Todos foram fabricados há 35 anos em média, pela americana Northrop Corporation. Outra possibilidade que, todavia, não agrada o Alto Comando, é a incorporação de outros aviões de segunda mão, o caso do conjunto descontinuado.
Os Mirage foram comprados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2005 por US$ 80 milhões, na França. Usados, deveriam servir de recurso provisório, até a chegada das aeronaves avançadas previstas na escolha F-X2, destinada ao reequipamento da aviação de combate. Todavia, o processo, que dura 17 anos e está na segunda geração, ainda não foi resolvido.
O valor do contrato do F-X2, para a compra de 36 supersônicos, suprimentos, simuladores, e sobretudo de amplo pacote de transferência de tecnologia, deve ficar entre US$ 4,5 bilhões e US$ 6,4 bilhões financiados. Há três finalistas: o Gripen NG, sueco, da Saab; o Rafale, francês, da Dassault; e o Super Hornet F-18, da americana Boeing.
A deliberação foi transferida, em 2002, de Fernando Henrique Cardoso para Lula que, em 2010, repassou a tarefa para Dilma Rousseff. A presidente adiou o anúncio por duas vezes. Celso Amorim, ministro da Defesa, tem dito que a opção será conhecida até dezembro. Em épocas diferentes, os três concorrentes foram cotados como eventuais favoritos.
Missão. Em Anápolis, a missão do seleto time de oficiais, cujo treinamento custa ao final cerca de US$ 3 milhões, exige pronta resposta. A sirene dispara e em cinco minutos um piloto acelera pela pista de 3 mil metros a bordo do caça cinzento. O caçador a bordo só recebe os dados da missão quando voando, com a turbina Snecma trovejando sobre o planalto goiano. Localizado e identificado o alvo, um avião desconhecido sem rota registrada, o militar volta à base em pouco mais de 20 minutos. O clima na reservada instalação é o de tempo de guerra. A missão é defender o centro do poder, Brasília. No abrigo do alerta, um ou dois Jaguares F-2000, o nome de código dos Mirage-2000, estão sempre armados e abastecidos. As construções ficam próximas da pista, para permitir decolagem rápida e o suficiente espaçadas para escapar das bombas de um ataque.
Não há portas. O avião deve sair sem dificuldades. A missão é sempre de urgência. Com dois mísseis e os canhões Defa de 30mm, ele voa a 2,2 mil km por hora e cobre 1,4 mil quilômetros. São feitas até 8 decolagens por dia. Quase sempre operações dedicadas ao treinamento dos cerca dos 30 combatentes titulares dos quadros do GDA. Mas há lançamentos reais, de identificação de aeronave clandestina, sem plano de voo e em atitude hostil.

sábado, 3 de agosto de 2013

Iraque

A Bibliex lançou o livro Mulher de Militar, de Dímia Fargon, que contém um belo relato dos dois anos que ela e o marido passaram em Bagdá, no início dos anos 80.  Li o testemunho da autora e confirmei o que já sabia, só que com um enfoque diferente, o de uma dona de casa vivendo no país de Saddam Hussein. 
No início dos anos 80, havia um grande contingente de brasileiros no Iraque. Destacavam-se empresas como a Avibras e a Engesa, que vendiam armamentos, a Volkswagen do Brasil  exportava para aquele país milhares de carros, e a centenhas de brasileiros viviam num acampamento da construtora Mendes Júnior próximo à região de conflito entre o Iraque e o Irã. 
Eu mesmo estive no Iraque em 1998 e pude constatar a excelência de suas rodovias e repartir as ruas de Bagdá repletas de Passat com seus parabrisas traseiros estampando um adesivo escrito "Made in Brazil".
A estreita ligação do Brasil com o Iraque derivou do choque do petróleo de 1973. Nossa economia foi fortemente abalada com as sucessivas altas daquele produto, forçadas pela OPEP como forma de castigar o ocidente pelo apoio a Israel.
Nossa diplomacia era mais destemida naquela época e estreitamos os laços com o Iraque. Havia um embargo contra aquele país, que nacionalizara a exploração de seu petróleo. 
Saddam Hussein queria desenvolver rapidamente seu país e projetar-se como grande líder no Oriente Médio. Para isso, associou-se ao Brasil, que precisava aliviar o imenso déficit na sua balança comercial devido à importação do petróleo. No final dos anos 70, o Brasil ,  tinha capacidade técnica para conduzir as obras de infraestrutura que o Iraque necessitava; possuía uma indústria de material bélico com produtos de boa qualidade; e, de quebra, conduzia um programa de desenvolvimento da tecnologia nuclear. 
Esse último aspecto foi o principal motivador da espionagem de americanos e israelenses em nosso país. 
De uma forma ou de outra, nosso pais continuou vinculado ao Irã e Iraque.
Em 2002, o diretor-geral da Organização para a Proibição de Armas Químicas, o embaixador brasileiro José Bustani, sofreu um forte ataque dos EUA por causa de suas ações que buscavam convencer o Iraque a aderir àquela organização. Caso os iraquianos concordassem em receber inspetores daquela organização internacional, os americanos perderiam o principal argumento para a invasão daquele país no ano seguinte. 
O brasileiro José Bustani havia sido reeleito para o cargo em 2000, com apoio dos EUA. Dois anos depois, os americanos o retiraram do cargo sob alegação de incapacidade administrativa. 
Continuando a história, no final da década passada o presidente do Brasil, Lula, surpreendeu o mundo ao tentar, com seu congênere turco, uma solução para o problema do programa nuclear iraniano. A ação brasileira também sofreu forte ataque de americanos e israelenses.
O recente vazamento de informações de Edward Snowden mostra que, naquela ocasião, os EUA também espionaram o Brasil em busca de informações que fundamentassem a ação da diplomacia americana para impor sanções ao Irã.
Esses fatos devem ser divulgados para que nós brasileiros saibamos que não estamos tão distantes como julgamos estar dos principais conflitos internacionais, nem imunes a ações hostis de outros países. 





http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/122117-alvo-antigo.shtml

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Padre Beto, o diabo é vermelho!

Alguns poucos dias atrás, após uma histórica edição da Jornada Mundial da Juventude, o papa Chico se despediu do Brasil, A visita de Sua Santidade merece mesmo entrar nos  livros de história, tal o impacto causado e as lições que nos deixou.Logo na sua chegada, tive certeza que Deus é brasileiro. Só isso explicaria que aquela figura tão importante no cenário mundial tenha saído ilesa depois de ficar solta pelo Rio, a bordo de um carro popular, com as janelas abaixadas, parado num engarrafamento, beijando criancinhas e apertando as mãos do povo. 
É como se todos tivessem se esquecido do episódio da tentativa de assassinato do Papa João Paulo II pelo terrorista turco Ali Agca, mais de trinta anos atrás.
Mas, hoje meu assunto é outro e tem a ver com a entrevista do papa, já no avião que o levava de volta ao Vaticano. Francisco surpreendeu o mundo ao dizer-se 
incapaz de julgar um homossexual que tenha boa vontade e busque a Deus. 
A afirmação do papa tem sido extensamente divulgada, com ampla repercussão e abordagens predominantemente favoráveis na mídia.
Neste ponto, remeto o leitor a um episódio recente no Brasil envolvendo outra figura religiosa. Tratarei do caso do Padre Beto.
Para quem não sabe, o Padre Beto se chama Roberto Francisco Daniel, tem 48 anos e foi excomungado pela Diocese de Bauru em  abril deste ano.
O desligamento de um padre pela Igreja Católica Romana é um ato de extrema gravidade e o titular da diocese, Bispo com Caetano Ferrari, justificou a punição,
atribuindo-a ás opiniões expressas pelo padre em redes sociais sobre a postura da igreja sobre temas como bissexualidade, amor entre pessoas do mesmo sexo e fidelidade conjugal. Resumindo, o padre teria ferido a doutrina da Igreja que jurou servir no dia de sua ordenação.
O padre Beto resolveu recorrer à Justiça para reverter o processo de expulsão da Igreja e contratou três advogados que entraram com um pedido de liminar contra a decisão da diocese. 
Ontem, vi o Padre Beto na televisão. Ele aproveitou a frase do papa para, mais uma vez, acusar a Igreja de homofóbica, pois, embora tolere a presença dos  
homossexuais em seu meio, ela não aceitaria que eles manifestassem sua homossexualidade. Para o Padre Beto, isso é homofobia.
Cabe, então, uma reflexão sobre essa acusação. 
A Igreja Católica Romana é uma instituição milenar, espalhada por todo o mundo, com mais de um bilhão de fieis. Não é exagero afirmar que os milhares e milhares 
de padres são figuras fundamentais para a sustentação de toda essa estrutura. Deles depende a transmissão dos valores e ensinamentos religiosos. 
Por isso mesmo, espera-se que os padres procedam de acordo com os princípios da Igreja. Trocando em miúdos, o exercício do sacerdócio vincula-se a uma ética. 
Quando o padre Beto se refere à aceitação da homossexualidade, certamente seu entendimento não se restringe ao sexo, mas a outras manifestações de comportamento. O problema é que o comportamento homossexual em público foge ao que se espera de um sacerdote.
Para reforçar meu argumento, não me limitarei à homossexualidade. Imaginem o que ocorreria se um padre que goste de música punk resolvesse usar um corte moicano no seu cabelo, tatuar e usar piercings em todo seu corpo. Será que a figura desse padre seria compatível com o que se espera dele? Acredito que não.
A Igreja, como toda e qualquer organização humana, impõe normas de comportamento a seus membros. Quem pertence à instituição deve ter a humildade de seguí-las. 
O padre pode, sim, ser homossexual, mas não pode transbordar sua homossexualidade de modo que interfira ao exercício de seu sacerdócio. Isso por respeito à Igreja e aos fieis que a seguem.  
A reportagem que assisti ontem apresentou um extrato do currículo do Padre Beto. Sua experiência acadêmica impressiona e inclui diversos cursos de graduação e pós-graduação, no Brasil e no exterior, inclusive em áreas relacionadas à ética. O mínimo que se pode dizer do Padre Beto é que ele é um homem preparado, que bem sabe o que está fazendo e os riscos que assumiu ao insistir nos atos que levaram à sua excomunhão. 
Os valores que Padre Beto defende enfraquecem à Igreja e servem para o esgarçamento da sociedade. Eles se harmonizam com a estratégia de Gramsci para a tomada do poder e a imposição de uma ditadura no Brasil.
Mas isso o Padre Beto sabe muito bem. Tenho certeza que ele já ouviu dizer que o diabo é vermelho.