sábado, 1 de março de 2014

Mais Ucrânia

Dizem que não se deve sacar uma arma a não ser que se esteja disposto a usá-la. Isso vale para militares e policiais, mas Quando a escala da encrenca envolve forças militares, a coisa muda de figura. Os russos botaram a tropa na fronteira e ameaçam derrubar a porta da Crimeia com um chute. Sacaram a pistola e estão com ela na mão, mas será mesmo que vão atirar?

Dei uma olhadinha nas estatísticas do SIPRI, instituo de pesquisa de Estocolmo e que estuda assuntos militares, e descobri que no ano passado a Rússia gastou mais de 90  bilhões de dólares com suas forças armadas enquanto a Ucrânia menos de cinco. O arsenal da Rússia é para lá de volumoso e de boa qualidade, sua tropa é adestrada, são bons de tanques e mísseis e até bomba nuclear eles têm de montão. Além disdo, sua ação em 2008 no conflito com a Geórgia mostra que eles são bons de guerra cibernética e seu serviço secreto não hesita em empregar meios pouco ortodoxos, tais como envenenar seus adversários com ricina ou polônio.

Para piorar a sitação do atual (des) governo de Kiev, a Ucrânia não é membro da OTAN, os países europeus têm reduzido drasticamente o tamanho de suas forças armadas e os EUA mudaram o eixe de seu interesse geopolítico para o extremo oriente.

Com o perdão do trocadilho, a situação tá russa lá pros lados de Kiev, mas ainda não é hora de jogar a toalha. Ucrânia não é Síria e arrisco que nem os russos estão a fim de mudar o status quo ante bellun, ou, sendo mais claro, o equilíbrio de poder da região.

Tem gente que chama a Rússia de potência média. Eu discordo. Ela tem poder para projetar força para muito além de seu quintal e poder de veto no conselho de segurança da ONU. Mas, se o grande poder russo implica em grande responsabilidade, ele também reflete que o país tem interesses globais.

É como um tabuleiro de xadrez; quem ataca de um lado se expõe do outro e não é bom a Rússia ficar de mal com os EUA quando tem uma poderosa China na fronteira do outro lado, isso só para citar as ameaças mais evidentes.

Meu palpite? O bule tá cheio de água quase fervendo, mas quando o apito tocar, alguém vai apagar o fogo.

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