Ontem, discordei do Caio Blinder porque considero que a truculência russa na Crimeia ocorreria mesmo se a Rússia fosse uma democracia plena, pelo simples fato de que a ocupação daquela península correponde a um anseio do povo daquele país. Mas, é evidente que a autocracia de Putin o libera de vários entraves do jogo democrático e deixa o caminho livre para agir.
Putin acredita que a mudança do regime de Kiev foi maquinada pelo ocidente e, considerando imensas perdas e danos de uma Ucrânia na União Europeia e na Otan, resolveu agir. Sua ação foi rápida, fulminante, mas não precipitada, porque há reais motivos de interesse nacional russo em manter suas bases na Crimeia e os mísseis da Otan o mais longe possível de Moscou.
Lembrem-se da importância de Moscou como centro de gravidade do poder russo.
Sim, há fartos motivos para os movimentos russos na Crimeia. Mesmo assim, o referendo é uma farsa. Os votos colhidos hoje nas urnas da península serão o resultado da escolha de quem tem medo. Medo fabricado por quem já controla o território.
O mapa da Ucrânia com a suástica nazista representa bem a mentira fabricada. Há o medo da ameaça dos neonazistas, fundamentado numa mentira; e o medo das armas russas apontadas para a cabeça dos eleitores, o que é bem real.
O referendo é ilegal e mentiroso, mas servirá como verniz de legalidade para uma situação que já está definida.
A Crimeia já é da Rússia.
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