Hoje, o Blog do Paulo Moreira Leite publica o texto “Todo mundo fala errado”
Nele, o blogueiro afirma que mais de 95% dos brasileiros cometem erros de fala. Ele afirma que, em geral, as pessoas cultas vêm de famílias de posse e é pedantismo ficar corrigindo os erros de português dos outros.
Eu discordo dele e lhe enviei o comentário abaixo transcrito.
“Paulo Moreira Leite, você está errado.
É bem verdade que cultura se obtém em casa e na escola, por orientação da mãe e dos professsores. Contudo, ela se adquire, principalmente, pelo esforço próprio.
Não fosse assim, os pobres estavam irremediavelmente condenados à ignorância. E não estão.
Dou-lhe um exemplo.
Há várias e várias décadas que mais da metade dos aspirantes formados pela Academia Militar das Agulhas Negras são filhos de sargentos.
Então, a maioria dos oficiais do Exército vem de famílias muito pobres, que não têm condições de prover muito mais que a própria subsistência.
Mesmo assim, esses oficiais sabem escrever, e muito bem. Ao longo de sua vida, eles aprendem a se expressar corretamente em casa, na escola, depois nos colégios militares, nas academias e nos demais cursos da carreira.
Os oficiais escrevem bem porque se esforçam para isso. Sabem que a boa expressão é fundamental para o sucesso profissional.
Os sargentos, mesmo ganhando muito mal, também acompanham o ritmo da oficialidade. É cada vez mais difícil encontrar um sargento que não se expresse corretamente.
Sou militar e engenheiro. Na minha vida, aprendi muita matemática, física e química. Perdi horas e horas de sono resolvendo problemas de cálculo. Uma ralação. Contudo, hoje, vejo como é importante escrever bem. Aprendi que isso é o que conquista corações e mentes.
Não se esqueça, Paulo, que a língua nos une.
A cultura não mostra apenas de onde viemos, mas, principalmente, para onde vamos.
O sujeito que se esforça em escrever certo demonstra força de vontade, que é um atributo moral. Eu admiro muito os sargentos do Exército que conseguem transmitir esse valor para seus filhos e os preparam para a vida.
Então, cultura não é uma questão de origem; é uma questão de vontade.
Paulo, não fique triste com o meu comentário. Vamos convir que não se pode acertar sempre. Infelizmente, hoje você errou.
Abraços,
Clóvis “
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