sábado, 17 de janeiro de 2015

O murro do papa

Ops, calma aí, turma.
O sujeito que falou em dar um murro em quem xingasse sua mãe é o mesmo que aparece na foto segurando sorridente uma camisa de seu time do coração. É o bonaerense Jorge Bergoglio, um homem que erra e também acerta.
Tá bom, tá bom. Ele é o papa; e papa e porrada não cabem bem numa frase. Também acho, mas daí, convenhamos, é muita forçação de barra querer  extrapolar o sentido de dois homens do mesmo tamanho trocando socos, um revidando a ofensa recebida do outro, para uma absurda  justificativa da ação de terroristas fuzilando gente desarmada.
Essa história de "somos charlie" tem dado pano pra manga. Até o Danilo Gentilli, aquele que disse que comia a Wanessa Camargo grávida e o feto junto, se achou no direito de reclamar. Não gostou de ser processado pela bobagem que soltou no seu programa. 
No futebol, dizem que "escreveu, não leu, o pau comeu". E foi mais ou menos assim com o humorista brasileiro. Acabou processado e condenado a pagar a besteira que disse. Mas ele pagou em reais. Bem melhor que os cartunistas, que pagaram com a vida.
Nem a liberdade de expressão é franquia de impunidade, nem há qualquer justificativa para matar qualquer um que lhe ofenda e nem o papa é infalível.
Por falar nisso, não costumo ler o Diário Oficial do Vaticano e pensei que já tinham publicado a revogação do dogma da infabilidade papal. Consultei o oráculo e descobri que não, não revogaram o dogma. Não ainda. Nem eu e, acho, que nem Chico nem Bento acreditam mais nisso, mas, em todo caso, não foi  bem o Francisco que soltou a gracinha indevida do murro. A culpa é do Jorge. 
O Jorge que não deixou de ser argentino, que torce pelo San Lourenzo e que xinga a mãe do juiz de futebol.
Tá bem. Quem reclama do papa também tem seus motivos. Afinal, alguém já soube de alguma piada sem graça dita pela rainha inglesa Elizabeth II? Não? Nem eu. Ela não deve saber contar piadas e sabe que não pega bem uma rainha falando bobagens. Se isso vale para ela, vale também para o papa, que deveria, sim, ser mais Francisco e menos o Jorge, principalmente perto de jornalistas. 
O papa cometeu, sim, um gol contra, mas foi só um golzinho. Tem muito jogo pela frente.  O Jorge pode ser um perna de pau, mas o Francisco faz mais gols que o Messi no ataque. 

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