domingo, 23 de junho de 2013

RETROSPECTIVA



Acabo de assistir ao Globonews Painel, do William Waack, o melhor programa do jornalismo brasileiro. Reafirmo que é o melhor programa de todos, mesmo situado na plataforma politicamente correta do Globonews.
William Waack tem meu respeito. Escreveu o "Camaradas", livro que, a contragosto dos comunistas que sempre negaram o envolvimento da URSS na Intentona de 1935, mostrou e demonstrou que aquela tentativa de golpe foi planejada, financiada e executada desde Moscou.
Luiz Carlos Prestes embebedou-se na sua soberba, acreditou que era infalível e que podia ser o ditador do Brasil. Se deu mal, por sua inepcia e porque Deus também é brasileiro.
Nesta semana, e não podia mesmo ser diferente, o Painel analisou os protestos e o fez  muito bem. Recomendo que assistam ao programa.
Talvez inspirados no Cavaleiro da Esperança, talvez aplicando os ensinamentos de Gramci, um determinado partido financiou o MPL a desaguar os protestos contra o aumento das passagens em São Paulo.
O que começou esquálido, foi engrossando. O movimento cresceu e foi atraindo a atenção. Parte disso pela intransigência anormal de sua liderança, que se negava a qualquer tipo de negociação.
Ainda não havia vandalismo, pelo menos não na dimensão que se viu depois. Mas só ainda.
Na quarta ou quinta da semana retrasada, a Folha de São Paulo publicou que a Inteligência da PMSP detectara lideranças de um determinado partido cooptando punks, anarquistas e outros bagunceiros a se juntarem ao protesto. O objetivo era claro, provocar a polícia e causar uma reação violenta. Conseguiram.
A polícia reagiu quando as lideranças quebraram sua palavra e seguiram para um trajeto que não havia sido combinado. Juntou-se o ingrediente da bardena punk e pimba. Os PM dispararam balas de borracha e spray de pimenta e mostraram o poder de sua cavalaria e tropa de choque. Daí, uma foto fez o chão tremer. O rosto inchado de uma reporter da Folha que havia levado uma bala de borracha perto do olho correu os meios de comunicação e a primeira página dos principais jornais do Brasil.
Jornalista não gosta de apanhar, ainda mais de soldado. Eles não dizem, mas pensam, sim, que PM é gentalha fardada.
Não deu outra. Graças ao fermento da porrada da polícia, O movimento cresceu como um bolo no forno.
Acuados, os prefeitos e governadores revogaram os aumentos. Os barbudinhos e as descabeladas do MPL comemoraram a vitória num barzinho do centro paulistano. Sua pauta de reivindicações evoluiu. Passou a ser o fim do capitalismo e do latifúndio urbano.
Tudo estava dando certo e uma turma de um determinado partido deve ter comemorado, satisfeita, mas não num barzinho qualquer. Quem sabe, num restaurante refrigerado, de nome bacana, regado a um vinho fino e a uma cachaça da boa.
Tal como a leiteira descuidada no fogão, foi então que o leite ferveu e entornou.
O passe livre catalisou, mas não dominou mais os protestos. Vândalos descontrolados promoveram badernas violentas, arrombaram as portas da Prefeitura de São Paulo, arremessaram tochas na assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, quebraram as vidraças do Itamaraty, saquearam lojas, quase lincharam policiais. Prejuízo para os governos e para os mais fracos dos brasileiros.
A violência passou a imperar de tal forma, que os bandidos, antes retratados como “meninos atrevidos” ou “ativistas um pouco mais  exaltados”, foram finalmente chamados pelo seu nome. Baderneiros, vândalos, marginais.
Mas, mesmo assim, ainda estava tudo indo bem para a turma daquele determinado partido.
O que realmente incomodou a turma vermelha foi quando as bandeiras Vermelhas foram expulsas das passeatas e a pauta incluiu mais saúde, mais educação, prisão de Mensaleiros e o fim da corrupção. Finalmente, os protestos atingiram o prestígio do líder barbudo supremo e uma vaia escripitosa no jogo de abertura da Copa mostrou que é bom dar pão antes do circo, ainda mais quando o espetáculo custa uma fortuna.
O MPL reclamou da violência, não a dos baderneiros, mas a daqueles que rasgaram as bandeiras vermelhas.
O MPL protestou pela prisão, não as dos inocentes, mas as dos vândalos que barbarizaram as prefeituras.
O MPL se indignou pela direita golpista, com seus slogans anticorrupção.
Ficou claro que, para o MPL, reclamar contra corrupção é pauta da direita.
Para as Chauís engajadas, a classe média é  golpista e reacionária.
A retrospectiva para por aqui.
Passou mais uma semana e, ontem, o Brasil venceu uma partida duríssima contra a Itália. Nas grandes cidades, ainda há protestos, mas eu noto sinais que o fôlego já não é mais o mesmo.
A expulsão dos vermelhos tirou a simpatia da imprensa e a grana do financimento daquele determinado partido.
É muito incerto quem ganhará o campeonato de futebol e a guerra das ruas, mas as  disputas acirradas mostram que não há mais bobos nem nos gramados, nem no asfalto.

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