Acabo de
assistir ao Globonews Painel, do William Waack, o melhor programa do jornalismo
brasileiro. Reafirmo que é o melhor programa de todos, mesmo situado na
plataforma politicamente correta do Globonews.
William
Waack tem meu respeito. Escreveu o "Camaradas", livro que, a
contragosto dos comunistas que sempre negaram o envolvimento da URSS na
Intentona de 1935, mostrou e demonstrou que aquela tentativa de golpe foi
planejada, financiada e executada desde Moscou.
Luiz Carlos
Prestes embebedou-se na sua soberba, acreditou que era infalível e que podia
ser o ditador do Brasil. Se deu mal, por sua inepcia e porque Deus também é
brasileiro.
Nesta
semana, e não podia mesmo ser diferente, o Painel analisou os protestos e o fez
muito bem. Recomendo que assistam ao
programa.
Talvez
inspirados no Cavaleiro da Esperança, talvez aplicando os ensinamentos de
Gramci, um determinado partido financiou o MPL a desaguar os protestos contra o
aumento das passagens em São Paulo.
O que começou
esquálido, foi engrossando. O movimento cresceu e foi atraindo a atenção. Parte
disso pela intransigência anormal de sua liderança, que se negava a qualquer tipo
de negociação.
Ainda não
havia vandalismo, pelo menos não na dimensão que se viu depois. Mas só ainda.
Na quarta
ou quinta da semana retrasada, a Folha de São Paulo publicou que a Inteligência
da PMSP detectara lideranças de um determinado partido cooptando punks, anarquistas
e outros bagunceiros a se juntarem ao protesto. O objetivo era claro, provocar
a polícia e causar uma reação violenta. Conseguiram.
A polícia
reagiu quando as lideranças quebraram sua palavra e seguiram para um trajeto
que não havia sido combinado. Juntou-se o ingrediente da bardena punk e pimba.
Os PM dispararam balas de borracha e spray de pimenta e mostraram o poder de
sua cavalaria e tropa de choque. Daí, uma foto fez o chão tremer. O rosto
inchado de uma reporter da Folha que havia levado uma bala de borracha perto do
olho correu os meios de comunicação e a primeira página dos principais jornais
do Brasil.
Jornalista
não gosta de apanhar, ainda mais de soldado. Eles não dizem, mas pensam, sim, que
PM é gentalha fardada.
Não deu
outra. Graças ao fermento da porrada da polícia, O movimento cresceu como um
bolo no forno.
Acuados, os
prefeitos e governadores revogaram os aumentos. Os barbudinhos e as descabeladas
do MPL comemoraram a vitória num barzinho do centro paulistano. Sua pauta de
reivindicações evoluiu. Passou a ser o fim do capitalismo e do latifúndio
urbano.
Tudo estava
dando certo e uma turma de um determinado partido deve ter comemorado, satisfeita,
mas não num barzinho qualquer. Quem sabe, num restaurante refrigerado, de nome
bacana, regado a um vinho fino e a uma cachaça da boa.
Tal como a
leiteira descuidada no fogão, foi então que o leite ferveu e entornou.
O passe
livre catalisou, mas não dominou mais os protestos. Vândalos descontrolados promoveram
badernas violentas, arrombaram as portas da Prefeitura de São Paulo, arremessaram
tochas na assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, quebraram as vidraças do
Itamaraty, saquearam lojas, quase lincharam policiais. Prejuízo para os
governos e para os mais fracos dos brasileiros.
A violência
passou a imperar de tal forma, que os bandidos, antes retratados como “meninos
atrevidos” ou “ativistas um pouco mais exaltados”, foram finalmente chamados pelo seu
nome. Baderneiros, vândalos, marginais.
Mas, mesmo assim,
ainda estava tudo indo bem para a turma daquele determinado partido.
O que
realmente incomodou a turma vermelha foi quando as bandeiras Vermelhas foram
expulsas das passeatas e a pauta incluiu mais saúde, mais educação, prisão de
Mensaleiros e o fim da corrupção. Finalmente, os protestos atingiram o
prestígio do líder barbudo supremo e uma vaia escripitosa no jogo de abertura
da Copa mostrou que é bom dar pão antes do circo, ainda mais quando o
espetáculo custa uma fortuna.
O MPL
reclamou da violência, não a dos baderneiros, mas a daqueles que rasgaram as bandeiras
vermelhas.
O MPL
protestou pela prisão, não as dos inocentes, mas as dos vândalos que
barbarizaram as prefeituras.
O MPL se
indignou pela direita golpista, com seus slogans anticorrupção.
Ficou claro
que, para o MPL, reclamar contra corrupção é pauta da direita.
Para as
Chauís engajadas, a classe média é golpista e reacionária.
A
retrospectiva para por aqui.
Passou mais
uma semana e, ontem, o Brasil venceu uma partida duríssima contra a Itália. Nas
grandes cidades, ainda há protestos, mas eu noto sinais que o fôlego já não é
mais o mesmo.
A expulsão
dos vermelhos tirou a simpatia da imprensa e a grana do financimento daquele
determinado partido.
É muito
incerto quem ganhará o campeonato de futebol e a guerra das ruas, mas as disputas acirradas mostram que não há mais
bobos nem nos gramados, nem no asfalto.
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