O Comandante-Geral da PMRJ, Coronel Mário Sérgio, pediu demissão depois que um oficial que nomeara para um comando foi preso, implicado no assassinato de uma juíza. O coronel saiu para preservar sua instituição, assim como o governador que o havia nomeado para o Comando-Geral da PM.
No meu entendimento, foi uma atitude louvável.
Por aqui, o comandante-geral dos carabineros foi forçado a pedir demissão depois uma semana de intensos desgastes devido ao assassinato de um jovem por integrantes de sua corporação.
O jovem morrera devido a um disparo de arma de fogo, durante uma greve da Central Única dos Trabalhadores do Chile.
No início, o comandante dos carabineros não quis sequer aceitar a hipótese de que algum de seus comandados tivesse participado do crime. Afinal, ele proibira o uso de armas de fogo e a corporação é reconhecidamente disciplinada.
Contudo, depois de uns dois dias de interrogatório, um carabinero confessou ter disparado sua metralhadora contra o jovem. Não restou alternativa ao comandante senão ir a público pedir desculpas à família do jovem assassinado.
Mas isso não bastava. Os políticos exigiram sua renúncia. Curiosamente, há algum dispositivo legal que impede que o ministro demita o comandante dos carabineros. Aquele comandante não quis dobrar-se às pressões e permaneceu no cargo.
Misteriosamente, poucas horas após o comandante negar sua renúncia, veio à tona um incidente de menor gravidade envolvendo seu filho. A polícia, provavelmente por apadrinhamento, teria encoberto uma infração de trânsito cometida pelo rapaz.
Tudo bem, esse tipo de atitude é condenável. Entretanto, a infração teria ocorrido um ano antes e só veio a público com o propósito de forçar o comandante à renúncia.
Ficou claro a elaboração de um dossiê contra o comandante, divulgado com propósitos políticos.
Ninguém se interessou em reclamar dessa manipulação. Pelo contrário, a imprensa reforçou suas pressões e o comandante, para preservar sua família e sua instituição, renunciou.
Curiosamente, poucas horas após a renúncia, um avião caiu na Ilha de Juan Fernandes, provocando uma comoção nacional.
De uma hora para outra, os noticiários só tiveram olhos para o avião desaparecido no mar. Não havia espaço para nenhuma outra notícia. Ou seja, se o comandante resistisse um pouco mais, provavelmente as denúncias contra ele teriam arrefecido e ele conseguiria manter-se no seu cargo.
Os dois acontecimento mostram que ambos comandantes, o da PMRJ e o dos carabineros, fizeram bem em renunciar. As instituições estão acima das pessoas e no mundo não existe opinião pública, mas sim opinião publicada.
Os casos servem de ensinamento. Afinal, como diria Maquiavel, na política a ética é diferente.
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