segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Números, discursos e práticas

A Resenha do Exército de hoje traz um artigo do George Vidor, publicado no Globo. Nele, o articulista enumera vários benefícios da Usina de Belo Monte, muitos de caráter social e até mesmo ambiental.

Todos sabemos que Belo Monte tem recebido grande destaque da mídia. Há os que são inflexivelmente contrários à sua construção, outros são defensores ferrenhos. Cabe, então, relembrar alguns dados extraídos da imprensa.

A edição do dia 14 de fevereiro da Folha de São Paulo publicou dois artigos sobre o tema. No primeiro, Luiz Pinguelli Rosa lembrou que a Região Norte concentra a maior parte do potencial hidrelétrico do Brasil. Ele destacou as medidas que minimizariam os impactos ambientais causados pela construção da Usina.

O outro articulista foi o Diretor-Executivo do Greepeace, Marcelo Furtado, que ressaltou os efeitos adversos da obra. Um deles seria o desmatamento de doze mil hectares.

Quem leu o artigo certamente impressionou-se com o número doze mil, que é um bocado alto. Parece que correspondem a uma área imensa. Mas, fazendo as contas, doze mil hectares correspondem a 120 km2, o que já não é tão impactante, ainda mais quando se compara essa área com o total desmatado a cada ano na Amazônia. Anualmente, as queimadas na Amazônia desmatam de dez a vinte vezes a área que será submersa com as barragens de Belo Monte.

O diretor do Greenpeace também cita outros dados espantosos como a movimentação de duzentos e trinta milhões de metros cúbicos de terra, a remoção forçada de vinte mil pessoas, etc. Mas o que realmente espantou, foi uma confissão. Ele afirma textualmente que a discussão sobre Belo Monte não é sobre a tecnologia de geração hidrelétrica, mas sobre o tamanho da obra e sua localização.

Saio de Belo Monte e cito outra obra de grande porte. A Senadora Marina Silva afirmou, em evento em Manaus no dia 22 de fevereiro, que é contrária ao asfaltamento da BR-319 e essa sua posição é coerente com seus discursos e práticas. Contudo, lembremos que a BR-319 é uma rodovia que interliga Manaus ao resto do Brasil. Seu abandono dificulta muito a vida dos manauaras.

Coloquemos os pingos nos is. As críticas mais eloquentes contra Belo Monte partem de pessoas que se opõem a quaisquer obras e investimentos de grande porte na Amazônia, mesmo que esses empreendimentos beneficiem a população da região e o Brasil.

Meu recado é que fiquemos atentos com números, discursos e práticas.

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