sábado, 16 de junho de 2012

Preguiça moral

O Editorial do Globo de hoje trata dos efeitos colaterais do Bolsa Família. Primeiro, apresenta um pouco da história dos programas de transferência de renda no Brasil. Depois, cita que, no ano passado, o Bolsa Família distribuiu um montante de R$ 16,7 bilhões a cerca de 13,3 milhões de famílias, um universo que continua a se expandir.
Reportagem anterior apontou indícios de que haveria uma escassez de mão de obra no Nordeste, o que seria devido a um efeito colateral do Programa.  Em português castiço, neguinho não se levanta para trabalhar, porque já tem como passar o mês. 

Portanto, os problemas do Bolsa Família são o resultado da tendência de seus beneficiários em se acomodar ao benefício do Estado, num estágio de pobreza pouco acima da miséria. 
Tal quadro representaria, ao mesmo tempo, duas perversidades. A primeira, um congelamento das possibilidades de ascenção social e, a segunda, o bloqueio de vultosos recursos orçamentários que poderiam ser melhor empregados para financiar outros gastos, como educação, defesa, segurança e saúde.
Isso me lembra um amigo que trabalhou na SUDENE, uns vinte anos atrás. Ele me contou que inspecionava localidades do interior do Nordeste que recebiam incentivos financeiros para projetos locais. Havia  comunidades que prosperavam, enquanto outras não conseguiam, dizia ele, "botar um prego numa barra de sabão".
É feio falar mal de pobre, mas é inegável que muita gente não gosta mesmo de progredir. Pior é que há um pensamento circulando na mídia e nas conversas em restaurantes parisienses dizendo que o bonito é viver na pobreza e na ignorância. Nesse pensar, o certo é agricultura orgânica e preservação incondicional do meio ambiente, mesmo que isso represente fome e miséria.
Imagino que há muito neguinho e loirinho rindo a toa de nossa preguiça moral.
 

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