quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Energia nuclear

Um artigo do Globo de hoje me chamou a atenção. O texto "Revisão Nuclear", de Reinaldo Calixto Campos posiciona-se contrário à ampliação do programa atômico brasileiro. Discordo de seus argumentos.

O autor identifica-se como um pesquisador do Centro Técnico Científico da PUC-Rio. Não discuto seus méritos profissionais ou acadêmicos, mas contestarei algumas de suas ideias.

Aquele pesquisador enfatiza que o Brasil possui suficientes opções para reforçar sua matriz energética, sem a necessidade de recorrer às usinas nucleares. Nesse aspecto, concordo com ele. Diferente de outros países, o Brasil pode ampliar a geração de energia sem ter que recorrer às usinas atômicas.

Ocorre que essa questão ultrapassa o fato de se precisar, ou não, de mais energia. Quando se trata da tecnologia atômica, a análise deve abordar outros aspectos relevantes.

Em primeiro lugar, deve-se considerar a importância de se dominar a tecnologia do processamento e do uso da energia atômica. Embora o Brasil afirme veementemente que não fará uso de armas nucleares, é indubitável que o domínio da tecnologia para a produção desses artefatos o coloca num patamar superior aos das demais nações.

No que tange à defesa nacional, a importância da energia nuclear vai além da posse de bombas atômicas. Por exemplo, a capacidade de construir submarinos de propulsão nuclear é fator primordial para o exercício de nossa soberania nos mares sob a nossa juridisdição. Lembro que a existência das imensas reservas petrolíferas na região chamada de pré-sal atrai o interesse e a cobiça de outras nações.

Acrescento as oportunidades de trabalho devidas à presença de usinas atômicas. Essa presença favorece a formação de quadros técnicos e de pesquisadores nacionais, o que incrementa as possibilidades do domínio de todo o ciclo dos combustíves nucleares, bem como da construção e operação das unidades de produção de energia nuclear.

Evidentemente, é fato que essas usinas, por melhor que sejam construídas e administradas, são perigosas para as comunidades vizinhas. Isso implica em restrições quanto à sua localização.

Outro fato reside na atual impossibilidade de eliminar a radioatividade dos resíduos gerados na produção de energia térmico nuclear, o que acarreta num problema de gestão ambiental ainda sem solução. Nesse aspecto, ressalto que o problema já existe devido aos resíduos que já se acumulam. 

Se por um lado a construção de novas usinas levaria à geração de resíduos adicionais, por outro desistir desses empreendimentos não resolveria o passivo ambiental já existente.

Por fim, acrescento que as usinas termonucleares apresentam vantagens importantes, tais como a ausência de emissões de gases potencialmente tóxicos e a maior flexibilidade para a sua localização próximo aos centros consumidores.

Sem dúvida, a tecnologia nuclear é de natureza sensível e é bom que permaneça sendo considerada assim. Acredito, porém, que ela é necessária para um país do tamanho e da importância do Brasil.

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