sábado, 6 de setembro de 2014

OTAN


Recentemente, Francis Fukuyama afirmou que a OTAN deixou de ser uma aliança militar para se transformar num instrumento de promoção dos valores políticos dos EUA e da Europa Ocidental. É curioso que o mesmo autor que publicou o fim da história, duas décadas atrás, hoje reconheça um de seus efeitos mais evidentes.
A queda do Muro de Berlim e do Império Soviético marcaram a vitória do liberalismo e sinalizavam um longo período de predomínio daquela  ideologia. A partir de então, a União Europeia cresceu com a adesão de antigos membros do bloco comunista e consolidou-se com medidas de integração econômica. Ao mesmo tempo, uma Rússia enfraquecida via seu poder militar desmilinguir-se e enfrentava as rebeliões separatistas do Cáucaso.
Esse cenário levou a que se questionasse os propósitos da OTAN. Sem o inimigo de sempre, aaquela aliança encontrou novos adversários no terrorismo, crime organizado e narcotráfico. As chamadas novas ameaças relacionavam-se muito mais com a segurança pública do que com a defesa propriamente dita.
Sim, a OTAN foi realmente empregada como força armada nas intervenções na antiga Iugoslávia e no Afeganistão, mas guardou a tendência de se tornar uma estrutura cara e dispensável.
Os recentes movimentos de Putin servem como um choque de realidade. A OTAN foi criada com um propósito, ae afastou dele e precisa voltar a cumprir a finalidade de sua criação.
Os EUA exercem indiscutível liderança na OTAN. O longo tempo de reação de Obama aos movimentos russos na Ucrânia indicam mais hesitação do que prudência. As sanções impostas à Rússia podem ser efetivas, sem necessidade de um conflito militar, mas seus efeitos serão percebidos apenas em médio prazo.
Enquanto isso, Putin permanece ameaçando a integridade ucraniana e amedrontando os vizinhos do leste europeu e do Báltico.
Pela garantia da paz, é mesmo preciso impedir o avanço militar russo. Já é tarde, mas isso é melhor do que nunca.

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