Uma das diferenças entre as ações táticas e as estratégicas situa-se na capacidade de antever suas consequências em longo prazo e além do espaço de sua vizinhança.
Muitos consideram modestas as represálias adotadas pelos EUA e seus aliados europeus contra a Rússia. Seu teor, notadamente de ordem econômica, mostrará efeito, mas só a longo prazo e apenas se persistir a vontade de retaliar a agressão cometida.
Faltam poucos dias para começar a primavera no hemisfério norte. Temperaturas mais amenas diminuem a necessidade de calefação e pode admitir um menor consumo de gás.
Mas todo ano tem inverno e frio por lá.
Significativa parte da economia russa se baseia na exportação de commodities, como petróleo e outros combustíveis. É provável que esse setor não seja muito afetado pelas sanções.
Mas, há outros aspectos a se considerar.
Independente da imposição de sanções, as próprias decisões de Putin nessa crise provocam temores em quem pense em investir na produção de bens e serviços na Rússia. É certo que dinheiro chama dinheiro, mas é preciso coragem para colocar seu capital num país onde o governo é capaz de se apropriar do território alheio. Ora, quem tem ganas de confiscar um naco de outro país, mesmo enfrentando uma reação Internacional pode, sem muito esforço, nacionalizar os ativos de uma empresa estrangeira.
Assim, a invasão da Crimeia pode ter consequências negativas a longo prazo. Putin estaria errando como estrategista.
E Obama?
O presidente dos EUA pode estar com seu pensamento focado para o pacífico. Inegavelmente, a Rússia é um adversário formidável no campo militar e, por isso mesmo, pode ser um valioso aliado na disputa de poder que certamente aflorará entre os EUA e a China.
Insistir em sanções econômicas tem efeitos na política interna, diante do eleitorado norte-americano, e também no campo internacional, atingindo o adversário onde dói, ou seja, no bolso. Com isso, consegue-se retaliar, mas sem precisar trilhar o caminho sem volta do conflito militar.
A visão do estrategista enxerga o adversário de hoje como o potencial aliado de amanhã.
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