A notícia saiu no Estadão de hoje e está acessível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,mirage-da-fab-para-de-voar-em-dezembro-,1060647,0.htm
Acabou. A capacidade dos Mirage-2000 em defender o Brasil acabou antes da nossa paciência e mais de dez anos não foram suficientes para o governo decidir-se pelo caça FX2. O que se decidiu mesmo é que defesa não é prioridade.
A Força Aérea vai desativar a sua frota de caças
de interceptação, os Mirage-2000 C/B, à meia-noite de 31 de dezembro. O
lote, que equipa o 1.º Grupo de Defesa Aérea, da Base de Anápolis, a
140 km de Brasília, chegou ao fim de sua capacidade de operação. A vida
útil do grupo, a rigor, foi alongada em dois anos por meio de um
programa logístico que superou o limite previsto inicialmente até 2011
pelo fabricante, a Dassault Aviation.
O esgotamento é total. As aeronaves não apresentam condições sequer para serem negociadas no mercado internacional.
A FAB não tem um plano fechado para evitar que a unidade de defesa da
capital federal e de mais 1,5 milhão de quilômetros quadrados do
território nacional continue ativa. A solução mais viável é a de
promover o deslocamento de 6 a 12 caças F-5M, rejuvenescidos pela
Embraer, e que compõem a espinha dorsal da aviação de combate. A Força
utiliza 46 deles e encomendou a revitalização de outros 11, adquiridos,
usados, na Jordânia. Todos foram fabricados há 35 anos em média, pela
americana Northrop Corporation. Outra possibilidade que, todavia, não
agrada o Alto Comando, é a incorporação de outros aviões de segunda mão,
o caso do conjunto descontinuado.
Os Mirage foram comprados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em 2005 por US$ 80 milhões, na França. Usados, deveriam servir de
recurso provisório, até a chegada das aeronaves avançadas previstas na
escolha F-X2, destinada ao reequipamento da aviação de combate. Todavia,
o processo, que dura 17 anos e está na segunda geração, ainda não foi
resolvido.
O valor do contrato do F-X2, para a compra de 36 supersônicos,
suprimentos, simuladores, e sobretudo de amplo pacote de transferência
de tecnologia, deve ficar entre US$ 4,5 bilhões e US$ 6,4 bilhões
financiados. Há três finalistas: o Gripen NG, sueco, da Saab; o Rafale,
francês, da Dassault; e o Super Hornet F-18, da americana Boeing.
A deliberação foi transferida, em 2002, de Fernando Henrique Cardoso
para Lula que, em 2010, repassou a tarefa para Dilma Rousseff. A
presidente adiou o anúncio por duas vezes. Celso Amorim, ministro da
Defesa, tem dito que a opção será conhecida até dezembro. Em épocas
diferentes, os três concorrentes foram cotados como eventuais favoritos.
Missão. Em Anápolis, a missão do seleto time de
oficiais, cujo treinamento custa ao final cerca de US$ 3 milhões, exige
pronta resposta. A sirene dispara e em cinco minutos um piloto acelera
pela pista de 3 mil metros a bordo do caça cinzento. O caçador a bordo
só recebe os dados da missão quando voando, com a turbina Snecma
trovejando sobre o planalto goiano. Localizado e identificado o alvo, um
avião desconhecido sem rota registrada, o militar volta à base em pouco
mais de 20 minutos. O clima na reservada instalação é o de tempo de
guerra. A missão é defender o centro do poder, Brasília. No abrigo do
alerta, um ou dois Jaguares F-2000, o nome de código dos Mirage-2000,
estão sempre armados e abastecidos. As construções ficam próximas da
pista, para permitir decolagem rápida e o suficiente espaçadas para
escapar das bombas de um ataque.
Não há portas. O avião deve sair sem dificuldades. A missão é sempre
de urgência. Com dois mísseis e os canhões Defa de 30mm, ele voa a 2,2
mil km por hora e cobre 1,4 mil quilômetros. São feitas até 8 decolagens
por dia. Quase sempre operações dedicadas ao treinamento dos cerca dos
30 combatentes titulares dos quadros do GDA. Mas há lançamentos reais,
de identificação de aeronave clandestina, sem plano de voo e em atitude
hostil.
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