domingo, 30 de junho de 2013
Boechatinho
Coqueteleira espanhola
Pareceu aquela história da menina linda que não arruma namorado porque é a insuportavelmente chata.
Os chatos de galochas agora usam aquela máscara do Guy seiládoqué, que, convenhamos, era um terrorista bem cruel.
Os manifestantes de capuz, com suas mochilas repletas de vinagre e coquetéis molotov, são seres insuportáveis, que conseguem transformar um protesto por motivos certos numa baderna violenta e injustificável.
Talvez os bandidos de máscara sejam tão arrogantes que não percebam que já enchem nosso saquinho. Ou, quem sabe, seja apenas o velho salto alto de quem se julga um craque.
Depois de mexer a mistura na coqueteleira, a bebida não está nem amarga, nem doce, mas no ponto para o brinde.
Parabéns, Brasil, pelos três a zero na Fúria Espanhola e também por mostrar pela milésima vez que futebol e política não se misturam. Nem mesmo numa coqueteleira.
FALTAM 462 DIAS
FALTAM 462 DIAS PARA TIRAR ESSA CORJA DO PODER.
sábado, 29 de junho de 2013
Limpar a casa
Nossa democracia inspira cuidados. Não gosto de quem apedreja a polícia ou ateia fogo ao patrimônio público ou alheio. Mas não são os vândalos a maior ameaça às nossas instituições.
Pior baderna é a do clientelismo do bolsa família ou a dos conchavos das coligações partidárias.
A corrupção se manifesta mais claramente pelo desvio de dinheiro público, mas ela tem outras formas. O aparelhamento do Estado, a troca de favores e mesmo a prostituição intelectual de boa parte da imprensa também são formas de se vender. A tudo isso se acrescenta a constante distorção de nossos valores, a defraudação de nossa história, a percepção da impunidade e de impotência das instituições.
Precisamos da verdade, da liberdade e da Justiça. Não se deve derrubar prédios, mas abrir as janelas, varrer o piso, tirar o mofo e jogar fora o lixo acumulado.
FALTAM 463 DIAS
FALTAM 463 DIAS PARA TIRAR ESSA CORJA DO PODER.
Voz do povo
Com saída, de Sérgio Paulo Muniz Costa
Com saída
* Sérgio Paulo Muniz Costa
A resultante das manifestações que se desenvolvem no País não poderia deixar de ser política e a essa altura ela está por demais evidente. O Executivo se arroga a convocar um plebiscito sem que ninguém saiba o que vai ser perguntado à população, mas que ninguém duvida que vai acontecer de acordo com a vontade dele. Se o noticiado envolvimento de setores do governo com os primeiros incidentes nas ruas e se a descarada pressão de cúpula exercida pelo Planalto sobre o Congresso em sincronia com a pressão de base não fossem suficientes para concluir sobre a manipulação do movimento pelo PT, o ululante cui prodest (a quem interessa?) que atravessou os séculos nas penas de Cícero a Lenin não deixa mais quaisquer dúvidas.
O que começou como manifestação popular por causas tidas como justas - graças ao oportunismo e a um monumental erro de foco de autoridades, políticos e formadores de opinião ‐ adquiriu uma dinâmica que agora prescinde de motivos e justificativas para espalhar o caos nas ruas e continuar a alimentar a pressão sobre as instituições e lideranças políticas da Nação. Protesta-se sem que se saiba mais por que. As manifestações que haviam tomado inicialmente o cenário cívico das cidades se deslocou para as periferias, numa manobra estratégica que vai reposicioná-‐las nos espaços controlados pelo PT, justamente onde há os maiores problemas de segurança pública, o que gera um potencial de agitação e violência muito maior. O que aconteceu na Maré, no Rio de Janeiro, é uma pálida amostra do que pode vir por aí.
Em um cenário ampliado, o que se assiste é a tentativa petista de rompimento do impasse decorrente do esgotamento político, econômico e moral da fórmula lulista. A resultante disso, materializada na insatisfação crescente da população, na aproximação entre oposicionistas e setores que apoiam o governo e na inevitabilidade do desenlace do mensalão, delineiam um revés em 2014 que o PT deseja evitar a todo custo. Não é possível garantir qual será a via que o PT profundo vai priorizar nos próximos passos: se a radicalização direta que leve a um vácuo de poder, algo factível com a possibilidade até aqui contida de colapso da ordem pública, ou a combinação da pressão de cúpula e de base que dá os seus primeiros frutos. Para quem gosta de cronologia, repete-‐se o golpismo quadrienal que o PT pratica desde que assumiu o poder: em 2005, no mensalão; em 2009, com o pacote de medidas contra a imprensa, forças armadas e agronegócio; e agora, com o emprego de seus satélites ideológicos radicais para agitação popular, como sempre, no ano anterior à eleição. É, golpe mesmo, mais um, mais grave e melhor elaborado.
A oposição liberal ao regime de 1964 que emergiu vitoriosa em 1985 e fundou a atual República está sendo irremediavelmente suprimida e com ela a democracia no Brasil. Cabe perguntar como chegamos até esse ponto e as razões para esse estado de coisas não poderiam deixar de resultar da história recente do País, que parece perdida. Um autoritarismo que se reconhecia como tal e que pregava a auto-‐extinção é julgado univocamente por um autoritarismo muito mais abrangente que pretende se eternizar no poder, e pior, sob o manto democrático. E isso ocorre por que a batalha pela história está sendo vencida pela esquerda revolucionária que conseguiu calar seus companheiros de palanque das Diretas Já, apagou as próprias responsabilidades pela ruptura ocorrida em 1964 e pelo posterior endurecimento do regime e, por fim, suprimiu da agenda nacional o potencial de livre iniciativa, autonomia e valorização da atividade produtiva que surgira no Brasil na década de 1970, substituindo-‐o pela quimera do Estado em tudo e em todos.
As declarações feitas no dia 25 de junho em reação às iniciativas do Planalto não desmentem os riscos à democracia que estão bem presentes na atual crise. Mas, neste momento grave, o maior risco, o primeiro, imediato, aquele que abre um caminho sombrio para o Brasil, é o eclipse das lideranças políticas comprometidas com a liberdade e a democracia no País, independentemente de posições ideológicas. Não é só o PMDB a bola da vez, mas todos os partidos, tal como se entendem numa democracia representativa e plural. Essas lideranças políticas têm que vir a público, veementes, nas tribunas, nas ruas, nas páginas dos jornais, nas TV, nos rádios, em todos os espaços possíveis, para denunciarem o que acontece. Se estamos falando em fim de conchavos e acordos de gabinetes que corroem a representatividade política no País, este é o primeiro passo da atitude que tem duas pernas e há de impedir os efeitos da tsunami que já secou a praia: reação política e resiliência institucional.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Cobras e contracatracas
Esse é o problema das cobras; elas rastejam de volta.
O MPL não surgiu do nada. Para fazer um movimento tem que haver um financiamento, entende? Cartazes, carros de som, a conta da internet, tudo isso custa dinheiro. Além disso, barbudinhos e descabeladas também comem, sabiam? Os porcos capitalistas insistem em cobrar pelo almoço.
Bem, dizem que um sujeito bacana, próximo da soberana, deu uma graninha pros contracatracas fazer uma baderninha lá em São Paulo. O que o bacanão fez foi jogar uma cobra no quintal do vizinho.
O problema é que ela rastejou de volta. As manifestações passaram a exigir o fim da corrupção, a prisão dos mensaleiros e a proibir bandeirinhas vermelhas nas passeatas.
Teve gente gritando "Fora Partidos" e botando uns companheiros para correr.
Daí, o MPL ficou zangadinho. barbudinhos e descabeladas correram para os microfones e juraram: "se é assim, não brincamos mais."
Depois, desdisseram-se e voltaram todos para o playground.
Só que dessa vez, vieram de botas. Afinal, tem cobra por aí.
Indenizações
Imaginem se uma prefeitura resolve processar o Facebook por causa dos danos dos baderneiros? Os vândalos usam aquela plataforma para combinar suas ações, detonam o patrimônio público e o Facebook é quem pagaria os danos.
FALTAM 464 DIAS
FALTAM 464 DIAS PARA TIRAR ESSA CORJA DO PODER.
O que é público é patrimônio de todos
Quando estive por lá, o pau comeu por causa das manifestações estudantis. Nem por isso, soube de alguém ter incendiado ônibus ou quebrado trens. O que é público é patrimônio de todos.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Sakamoto
Só sei que é assim
Por aqui, dentre tantas outras barbaridades, monstros arrastam pelas ruas meninos de cinco anos presos no carro roubado; filhas matam os pais em busca de herança; mulheres e goleiros cortam maridos e amantes em pedacinhos. A crueldade aflora sob o quente impulso do ódio ou do frio prazer de matar.
Somos assim desde há muito tempo. Lembrem-se de índios massacrados pelo branco ou do Bispo Sardinha devorado; dos degolados na revolução federalista, dos massacres de Canudos e do Contestado. Lembrem-se do chicote da escravidão e de Tiradentes enforcado.
Não, o brasileiro não é mesmo pacífico, nunca foi, nem nossa índole é tão boa assim.
É pena que a banda toque desse jeito por aqui. O motivo? Respondo como João Grilo. Não sei qual a razão, só sei que é assim mesmo.
Por enquanto, vamos bem, mesmo sob vaias e protestos, mas quem atiçar o fogo da nossa gente pode se chamuscar muito feio.
FALTAM 465 DIAS
FALTAM 465 DIAS PARA TIRAR ESSA CORJA DO PODER.
Vinho e protestos
Sou ruim de copo, mas gosto de jantar num bom restaurante e saborer um vinho de qualidade. Esse é um prazer que me roubaram. Há uma lei que não permite beber e dirigir. Não há tolerância. Basta um traço pequeno que seja de álcool no sangue que o condutor está condenado ao pagamento de uma multa e outros castigos. Para os que fazem questão de agir corretamente, nada pior que o vexame de descumprir a lei.
Reclamo dessa situação, mas me submeto à proibição. Primeiro porque cumpro meus deveres; depois porque sei que a Lei busca reduzir as mortes no trânsito. É uma boa causa, ainda que me prejudique.A Lei foi injusta comigo, mas busca o bem de todos.
Vem daí o motivo deste texto. As manifestações e protestos das últimas semanas.
Muitos foram às ruas. Jornais e telejornais afirmam que os manifestantes somaram um ou dois milhões de pessoas, ou ainda mais gente.
Os que tomaram as ruas foram na grande, enorme, imensa maioria, pacíficos. Um pessoal que simplesmente cansou de reclamar em casa e não ver nada acontecer.
Quando começaram, os protestos visavam o preço das passagens de ônibus. Começaram pequenos e se avolumaram à medida que agregaram outros motivos de reclamação.
É curioso esse paradoxo. As passeatas reclamavam melhores condições de transporte, mas provocaram, invariavelmente, embaraços no trânsito. Diziam defender os direitos das populações mais carentes, daqueles que pagam muito pela passagem de ônibus. Contudo, toda vez que ocorreram, as manifestações causaram dificuldades para o direito de ir e vir justamente daqueles que, cansados depois de um dia de trabalho, queriam simplesmente chegar em casa.
Sei que esses prejuízos são próprios das manifestações, mas também sei que as pessoas poderiam protestar, reclamar, fazer barulho, mostrar cartazes, tudo isso sem prejudicar ainda mais o direito dos outros.
Faltou sensibilidade às lideranças dos movimentos. Elas ou se recusaram a negociar seus trajetos com a polícia, ou simplesmente não cumpriram o que foi combinado. Isso, por si só, diz muito do caráter desses supostos líderes. Mas esse cenário contém algo ainda pior, o vandalismo.
Embora devamos reconhecer o direito da manifestação pacífica, é óbvio que muitos marginais se aproveitam dos protestos para atacar a polícia, depredar o patrimônio público e praticar atos de puro vandalismo. Incendiaram ônibus, quebraram vidraças, picharam mutos, jogaram pedras na polícia, saquearam lojas, promoveram arrastões em ônibus, deixaram atrás de si um rastro de destruição. Tudo isso impunemente.
A polícia, detentora do direito legítimo do uso da força e da obrigação de manter a ordem pública, não teve liberdade de ação para impedir a violência porque poderia atingir inocentes misturados aos vândalos.
Há quem diga que não se pode impedir ou mesmo impor limites a uma manifestação pacífica, que representaria, ela mesma, o exercício da liberdade de expressão, um direito garantido pela Constituição.
Discordo dessa interpretação. Do mesmo modo que a Lei me cassou o direito de beber um gole de vinho e depois dirigir, o interesse de todos nós requer que essas manifestações ocorram sem violar o direito alheio, permitindo que as autoridades mantenham a ordem pública.
Meu pensamento está conforme à norma mais elementar da vida em sociedade, aquela que diz que o direito de um termina onde começa o direito do outro.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
FALTAM 466 DIAS
FALTAM 466 DIAS PARA TIRAR ESSA CORJA DO PODER.
Domingo tem jogão
Dois a um, no Mineirão, pela semifinal da Copa das Confederações.
Jogo duríssimo. Que bom que foi assim.
Que isso nos fortaleça na final
terça-feira, 25 de junho de 2013
Mário Lago
A receita de Lago era que o bom comunista deveria mentir, mentir muito, mentir sempre.
Lago morreu bem velho e já faz tempo, mas a turma de vermelho ainda segue à risca os seus ensinamentos.
FALTAM 467 DIAS
FALTAM 467 DIAS PARA TIRAR ESSA CORJA DO PODER.
segunda-feira, 24 de junho de 2013
FALTAM 468 DIAS
FALTAM 468 DIAS PARA TIRAR ESSA CORJA DO PODER.
domingo, 23 de junho de 2013
Mi Blog, tu blog - navio à deriva, de Milton Simon Peres
Parabéns, Milton.
Copio para ter seu texto sempre por perto
Milton Simon Pires - 23/06/2013 às 18:04O NAVIO À DERIVAMilton Simon PiresMuito raramente, de tempos em tempos, cria-se na história política da humanidade uma situação chamada “vazio de poder” – um momento raro em que o velho não se sustenta mais e o novo ainda não surgiu. Há quem diga que esses momentos são bons. Há quem diga que o mesmo “ideograma chinês para palavra crise define também o conceito de oportunidade” , há quem diga até que “assim caminha a humanidade”.Sempre correndo o risco de se apresentar como alguém que tem a chave da compreensão da história, eu insisto que tal tipo de situação deve ser vista com extremo cuidado.Não houve, em toda história humana, nenhuma situação assim que não tenha permitido o surgimento daquilo que existe de mais primitivo nos instintos políticos. Foi assim na União Soviética, foi assim na Alemanha, na Espanha de Franco, na China de Mao Tse Tung e depois no Camboja de Pol Pot. Acreditem portanto quando eu digo – temos, sim, elementos para pensar que pode ocorrer o mesmo no Brasil dessas manifestações de junho.Já escrevi antes sobre aquelas que considero as causas daquilo que está havendo. Deixei claro que para compreender o caos em que caiu o país, a chave é estudar o Partido dos Trabalhadores – sua origem, plano de poder e a crise estabelecida pelo Julgamento do Mensalão. Hoje o texto é especulação pura. É exercício no sentido de tentar responder o que todo mundo está perguntando – “E agora, o que vai acontecer?”Tenho visto historiadores, sociólogos, filósofos e tanta gente com formação profissional muito melhor que a de um simples médico responder – “não se sabe”. Faço coro com eles! Deus me livre de me apresentar como alguém que é “especialista nas leis da História”. Não levo nenhuma estrelinha vermelha no peito, não, mas gostaria de me propor a uma tarefa inversa – escrever sobre aquilo que penso que NÃO vai acontecer. Aí sim; eu peço licença para me arriscar.A primeira coisa a dizer é que o Brasil NÃO vai sair disso mais democrático. Vou dizer que as pessoas nas ruas NÃO estão mais conscientes do que no dia do capítulo final de “Avenida Brasil”. Afirmo que esse movimento NÃO começou espontaneamente e NÃO vai parar sem motivo algum. NÃO nasceu desses protestos nenhuma alternativa política séria a organização criminosa e associada ao narcotráfico que governa o Brasil, e o movimento das ruas NÃO é o sua parteira.Tenho conversado com pessoas que dizem – “tudo bem, Milton, mas ninguém aguenta mais. Já é um início de mudança, não é?” Respondo que não, não é não.Centenas de milhares, milhões de brasileiros estão nas ruas mas até agora não há um só discurso capaz de definir no fundo, e como um todo, o que as pessoas querem. Sabe-se muito bem o que as pessoas NÃO querem mais de jeito nenhum. NÃO querem mais o SUS nas atuais condições, não querem mais escolas e delegacias desmoronando, não querem mais saber de política nem de partido algum, não querem a Copa do Mundo.. mas é estarrecedor perceber que não oferecem NADA como projeto de poder alternativo. Pegunto a vocês: quantas mil pessoas querem a renúncia imediata da Dilma e novas eleições, hein?O país é constituído de dezenas de milhões de habitantes que não querem nem saber de casamento gay, que detestam essa história de legalizar a maconha, de aquecimento global, de tirar crucifixos dos tribunais, ou marchar com as vadias, que sabem que “médico cubano é para tratar pobre enquanto Lula e Dilma vão para os melhores hospitais”..em resumo, gente conservadora mas que não tem absolutamente representatividade política nenhuma.Talvez, vejam bem que estou escrevendo talvez, tenha chegado a hora dos “cientistas políticos”, historiadores, sociólogos, filósofos, enfim..gente que estuda isso profissionalmente afirmar em público com todas as letras – Não há, até agora no Brasil, um projeto de alternativa de poder ao delírio petista que nos levou ao ponto que chegamos!Gostaria de saber por que ninguém diz isso..Não se dão conta ou fingem que não sabem, hein? De uma coisa eu sei – e vou escrever aqui com todas as letras: Não há ordem social, sistema político ou governo legal (por mais cruel que seja) mais perigoso que a anarquia total..Nada é mais arriscado que o vazio, que a ausência da lei escrita, do respeito à Constituição e ao Poder Judiciário. É assim meus amigos que estamos navegando – num Brasil que não tem mais comandanteEstamos todos num navio à deriva..para o meu pai,Porto Alegre, 23 de junho de 2013O
Direitos e deveres, por Merval Pereira
O país vive nos últimos dias situações de tensão de diversas origens que, misturadas à percepção crescente de pessimismo em relação ao futuro captada por pesquisas de opinião, podem levar a uma crise institucional de grave repercussão.
Não há ainda uma ligação direta entre os problemas econômicos que se avolumam e as manifestações nas ruas das principais cidades do país, como apressadamente alguns analistas estrangeiros registram.Mas a insatisfação difusa que se revela pelas redes sociais e desemboca nas manifestações a pretexto de protestar contra o aumento das tarifas de ônibus sem dúvida serve à manipulação de atividades políticas de grupos radicais e anárquicos que não se sentem representados pelos partidos políticos do mainstream
Existem diversos grupos de ativistas em ação pelas ruas, alguns ligados a partidos políticos, que escolhem temas variados para protestar “contra tudo isso que está aí”.
Engana-se o governo da presidente Dilma se acha que pode tirar proveito político de um eventual desgaste do governador tucano de São Paulo Geraldo Alckmin na repressão aos manifestantes. O teor de cartazes afirmando que “Nenhum partido nos representa” mostra que a intenção dos grupos mais organizados é minar a representatividade política tradicional, inclusive a do PT que, agora no governo, prova do veneno que utilizava contra seus adversários.
Se a polícia paulista certamente se excedeu nos confrontos de quinta-feira, como diversas imagens registraram, há também imagens suficientes para mostrar que entre os manifestantes havia os que foram às ruas para provocar o confronto.
Independentemente, porém, dos objetivos ainda não totalmente revelados dessas manifestações, uma coisa é certa: nos últimos dias o país está vivendo situações que mostram que é preciso definir os limites da atuação de cada um para que a balança dos direitos fique mais equilibrada com a dos deveres.Afinal, que país queremos ser?
A censura do politicamente correto, utilizada como instrumento de constrangimento político, acabou criando uma situação em que qualquer atitude de repressão oficial se transforma em autoritarismo.Essa leniência com as ações marginais se reflete na violência urbana e transborda para os conflitos rurais em que fazendas são invadidas a pretexto da defesa de pretensos direitos indígenas ou em ações do MST, que não têm a rejeição de quem é pago para garantir a prevalência da lei. Pois não se soube recentemente de um comentário da presidente censurando o cumprimento de ordem judicial de reintegração de posse, em episódio que resultou na morte de um índio?
A presidente pelo menos desmentiu oficialmente que houvesse feito tal comentário, indevidamente revelado por um assessor seu, mas não é de hoje que governadores e prefeitos recusam-se a cumprir mandatos judiciais mesmo diante de flagrantes ilegalidades cometidas.
A destruição das plantações da Cutrale ainda está para ser punida, e já foi repetida pelo MST. E já houve tentativa do PT de aprovar legislação que previa uma negociação com o invasor para que o proprietário pudesse entrar na Justiça para reaver o que era seu.
No Brasil, os menores com 16 anos podem votar para escolher seus representantes, mas não podem ser condenados mesmo quando praticam crimes hediondos. E, previsivelmente, tornam-se “laranjas” de criminosos até a véspera de completar 18 anos para a execução de atos que ficarão impunes.Os indígenas são inimputáveis, e por isso podem invadir o plenário do Congresso ou caçar carpas nos lagos de Brasília com arco e flecha, mas também querem todos os direitos do “homem branco”.
E os protestos contra o aumento de 20 centavos na passagem dos ônibus são feitos com a incoerência dos anarquistas, a depredação de pontos de ônibus e queima de veículos que em teoria eles defendem.
O direito de cada um termina quando começa o do outro, a frase simplificadora das relações humanas define que as individualidades devem se submeter à coletividade. Precisamos no país, acima das divergências políticas e ideológicas, impor limites à ação de cada um para que a sociedade não fique com a sensação de insegurança que hoje já predomina.
efervescência
Leiam o texto de Rodrigo constantino, em
http://rodrigoconstantino.blogspot.com.br/2013/06/brincando-de-revolucao.html
Eu o transcrevo a seguir para a posteridade
Tuesday, June 18, 2013
Brincando de Revolução
Rodrigo Constantino“A raiva e o delírio destroem em uma hora mais coisas do que a prudência, o conselho, a previsão não poderiam construir em um século.” (Edmund Burke)
Não vou sucumbir à pressão das massas. É claro que eu posso estar enganado em minha análise cética sobre as manifestações, mas se eu mudar de idéia – o que não só não ocorreu ainda, como parece mais improvável agora – será por reflexões serenas na calma de minha mente, e não pelo “linchamento” das redes sociais.
Ao contrário de muitos, eu não vejo nada de “lindo” em cem mil pessoas se aglomerando nas ruas. Tal imagem me remete aos delicados anos 60, que foram resumidos por Roberto Campos da seguinte forma: “É sumamente melancólico - porém não irrealista - admitir-se que no albor dos anos 60 este grande país não tinha senão duas miseráveis opções: ‘anos de chumbo’ ou ‘rios de sangue’...”
Eu confesso aos leitores: tenho medo da turba! Eu tenho medo de qualquer movimento de massas, pois massas perdem facilmente o controle. Em clima de revolta difusa, sem demandas específicas (ao contrário de “Fora Collor” ou “Diretas Já”), o ambiente é fértil para aventureiros de plantão. Um Mussolini – ou um juiz de toga preta salvador da Pátria – pode surgir para ser coroado imperador pelas massas.
Alguns celebram a ausência de liderança, se é mesmo esse o caso. Cuidado com aquilo que desejam: sem lideranças, há um vácuo que logo será preenchido. As massas vão como bóias à deriva. E sem rumo definido, não chegaremos a lugar algum desejado. Disse Gustave Le Bon sobre a psicologia das massas:
Uma massa é como um selvagem; não está preparada para admitir que algo possa ficar entre seu desejo e a realização deste desejo. Ela forma um único ser e fica sujeita à lei de unidade mental das massas. No caso de tudo pertencer ao campo dos sentimentos, o mais eminente dos homens dificilmente supera o padrão dos indivíduos mais ordinários. Eles não podem nunca realizar atos que demandem elevado grau de inteligência. Em massas, é a estupidez, não a inteligência, que é acumulada. O sentimento de responsabilidade que sempre controla os indivíduos desaparece completamente. Todo sentimento e ato são contagiosos. O homem desce diversos degraus na escada da civilização. Isoladamente, ele pode ser um indivíduo; na massa, ele é um bárbaro, isto é, uma criatura agindo por instinto.
Muito me comove a esperança de alguns liberais que pensam que o povo despertou e que será possível guiá-lo na direção do liberalismo. Não vejo isso nos protestos, nas declarações, nos gritos de revolta. Vejo uma gente indignada – e cheia de razão para tanto – mas sem compreender as causas disso, sem saber os remédios para nossos males. Que tipo de proposta decente e viável pode resultar disso?
Estamos lidando aqui com a especialidade número um das esquerdas radicais, que é incitar as massas. Assim como a década de 60 no Brasil, tivemos o famoso e lamentável Maio de 68 na França, quando apenas Raymond Aron e mais meia dúzia de seres pensantes temiam os efeitos daquela febre juvenil. A Revolução Francesa, a Revolução Bolchevique, é muito raro sair algo bom desse tipo de movimento de massas. Os instintos mais primitivos tomam conta da festa. Por isso acho importante resgatar alguns alertas de Edmund Burke em suasReflexões sobre a Revolução em França, a precursora desses movimentos descontrolados.
Não ignoro nem os erros, nem os defeitos do governo que foi deposto na França e nem a minha natureza nem a política me levam a fazer um inventário daquilo que é um objeto natural e justo de censura. [...] Será verdadeiro, entretanto, que o governo da França estava em uma situação que não era possível fazer-se nenhuma reforma, a tal ponto que se tornou necessário destruir imediatamente todo o edifício e fazer tábua rasa do passado, pondo no seu lugar uma construção teórica nunca antes experimentada?
Não se curaria o mal se fosse decidido que não haveria mais nem monarcas, nem ministros de Estado, nem sacerdotes, nem intérpretes da lei, nem oficiais-generais, nem assembléias gerais. Os nomes podem ser mudados, mas a essência ficará sob uma forma ou outra. Não importa em que mãos ela esteja ou sob qual forma ela é denominada, mas haverá sempre na sociedade uma certa proporção de autoridade. Os homens sábios aplicarão seus remédios aos vícios e não aos nomes, às causas permanentes do mal e não aos organismos efêmeros por meios dos quais elas agem ou às formas passageiras que adotam.
Se chegam à conclusão de que os velhos governos estão falidos, usados e sem recursos e que não têm mais vigor para desempenhar seus desígnios, eles procuram aqueles que têm mais energia, e essa energia não virá de recursos novos, mas do desprezo pela justiça. As revoluções são favoráveis aos confiscos, e é impossível saber sob que nomes odiosos os próximos confiscos serão autorizados.
A sabedoria não é o censor mais severo da loucura. São as loucuras rivais que fazem as mais terríveis guerras e retiram das suas vantagens as conseqüências mais cruéis todas as vezes que elas conseguem levar o vulgar sem moderação a tomar partido nas suas brigas.
São importantes alertas feitos pelo “pai” do conservadorismo. Ele estava certo quanto aos rumos daquela revolução, que foi alimentada pela revolta difusa, pela inveja, pelo ódio. Oportunistas ou fanáticos messiânicos se apropriaram do movimento e começaram a degolar todo mundo em volta. Se a revolução é contra “tudo que está aí”, então quem é contra ela é a favor de “tudo que está aí”. Cria-se um clima de vingança, revanchismo, que é sempre muito perigoso. As partes íntimas da rainha morta foram espalhadas pelos locais públicos, eis a imagem que fica de uma turba ensandecida.
O PT tem alimentado há décadas um racha na sociedade brasileira. Desde os tempos de oposição, e depois enquanto governo (mas sempre no palanque dos demagogos e agitadores das massas), a esquerda soube apenas espalhar ódio entre diferentes grupos, segregar indivíduos com base em abstrações coletivistas, jogar uns contra os outros. Temos agora uma sociedade indignada, mas sem saber direito para onde apontar suas armas. Cansada da política, dos partidos, do Congresso, dos abusos do poder, as pessoas saem às ruas com a sensação de que é preciso “fazer algo”, mas não sabe ao certo o que ou como fazer.
E isso porque o cenário econômico começou a piorar. Imagina quando a bolha de crédito fomentada pelo governo estourar, ou se a China embicar de vez. Imagina se nossa taxa de desemprego começar a subir aceleradamente. É um cenário assustador. Alguns pensam que nada pode ser pior do que o PT, e eu quase concordo. Mas pode sim! Pode ter um PSOL messiânico, um personalismo de algum salvador da Pátria, uma junta militar tendo que reagir e assumir o poder para controlar a situação. Não desejamos nada disso! Temos que retirar o PT do poder pelas vias legais, pelas urnas, respeitando-se a ordem social e o estado de direito.O desafio homérico de todos que não deixaram as emoções tomarem conta da razão é justamente canalizar essa revolta para algo construtivo. Mas como? Como dialogar com argumentos quando cem mil tomam as ruas e sofrem o contágio da psicologia das massas? Alguém já tentou conversar com uma torcida revoltada em um estádio de futebol? Boa sorte!
Por ser cético quanto a essa possibilidade, eu tenho mantido minha cautela e afastamento dessas manifestações. Muita gente acha que o Brasil, terra do pacato cidadão que só quer saber de carnaval, novela e futebol, precisa até mesmo de uma guerra civil para acordar. Temo que não gostem nada do gigante que vai despertar. Ele pode fazer com que essa gente morra de saudades do "homem cordial". Não se brinca impunemente de revolução. Pensem nisso, enquanto há tempo.
cotovelo
Aliás,convenhamos que Neymar também foi muito violento. Abateu o ombro do Abati e deixou toda Itália com dor de cotovelo.
Faltam 469 dias
FALTAM 469 DIAS PARA TIRAR ESSA CORJA DO PODER.
RETROSPECTIVA
Unir os pontos
Eu não esqueci.
Não esqueci do filhote de Fidel cuspindo num coronel nonagenário, ex-combatente da segunda guerra mundial. Revoltante.
O general Nilton Cerqueira, então com seus 81 anos, perguntou a uma reporter da Folha de São Paulo qual era o mal que aquele monte de idosos poderiam fazer, eles que tentavam apenas assistir a uma palestra. O general perguntou isso e voltou para casa de metrô.
Perto dali, num carro decerto luxuoso, o governador Tarso Genro foi visto acompanhando tudo o que acontecia.
O detalhe é que ele é governador do Rio Grande do Sul e o fato aconteceu no Rio de Janeiro.
Agora, descubro que o MPL, que começou as manifestações que chacoalham o País, tem fortes vínculos com organizações lideradas por Luciana Genro, filha do governador Tarso e uma expoente do PSOL.
Nesse jogo de unir os pontos, descubro que há tempos tem gente carregando gasolina numa das mãos e fósforos na outra.
sábado, 22 de junho de 2013
Brincar com fogo
Neste momento, precisamos de líderes que resolvam os conflitos, não o contrário.
Há um informe de que os indígenas teriam invadido outra fazenda em Sidrolândia-MS. O Brasil em crise social e política e ainda tem gente botando gasolina na fogueira.
Péssima hora para brincar com fogo.
TAITÍBIS
para evitar briga de quem é o pior time do mundo, a torcida pernambucana juntou a seleção do Taiti com o Íbis.
Resultado: TAITÍBIS.
KKKKKK
Faltam 470 dias
Daí, usei o excel e descobri que faltam 470 dias para as eleições.
Neste momento solene e neste Blog sacramentado, lanço a campanha:
FALTAM 470 DIAS PARA TIRAR ESSA CORJA DO PODER.
Vamos brincar?
Vamos brincar de médico, vamos? É assim, ó.
Você paga um imposto bem caro e eu monto um sistema único de saúde, com hospitais lotados, poucos médicos, muitos picaretas, botando seu dinheiro no ralo. Topa?
Não?
Então, eu faço você pagar plano de saúde, bem caro, que os médicos não querem aceitar e aí quando você ficar doente, tem que dar 400 reais por uma consulta. Topa?
Ah, você não quer?
Então, vamos brincar de professor, vamos? É assim, ó.
Você paga um imposto bem caro e eu monto uma rede pública de ensino de má qualidade, com professores ganhando uma miséria, e seu filho fica bem burrinho. Topa?
Não?
Então, eu faço você pagar escola particular, bem caro, mas bem caro mesmo, para o seu filho ter um mínimo de educação. Daí, eu estabeleço cotas raciais nas universidades públicas e deixo ao seu garoto só as vagas nas faculdades particulares, pagando uma fortuna.
Ah, você não quer?
Então, vamos brincar de bobinho, vamos? É assim, ó.
Você fica de saco cheio, vai pra rua protestar, grita bastante, diz que não aguenta mais, chama o governo de ladrão, reclama contra a corrupção e faz muito barulho.
Daí, eu distribuo o bolsa miséria para os pobres, sustento o MST, incentivo a revolta indígena, tiro a terra do produtor e dou para o preguiçoso, compro deputados e senadores e não deixo a turma do Mensalão ir para a cadeia. Nas eleições, você vota contra mim e outros dez vagabundos me mantêm no poder.
Que tal?
Ah, você é muito chato, não quer brincar de nada.
Seu chato.
Gente ruim
Penso que o estelionato eleitoral do Bolsa Família manterá a corja no poder.
Nas manifestações, sempre há a turma que depreda o patrimônio público e a propriedade alheia. Imagino que há quem o faça por revolta, mas sei que muitos saqueiam lojas se aproveitando da situação. É triste dizer isso, mas nosso povo não é tão bom como desejaríamos.
Os brasileiros sem caráter também votam, e eles são muitos.
Daí que cresce a rejeição ao partido dominante, mas isso não significa sua derrota nas urnas.
E, finalmente, lembremos que o que vale mesmo é o voto.
Clientelismo
Em poucas semanas, assistimos à confusão dos boatos do fim do Bolsa Família, escancarando o tamanho do clientelismo eleitoral, e aos protestos contra a corrupção dos últimos dias.
Enquanto centenas de milhares reclamam por moralidade, outros se aproveitam e saqueiam lojas durante os protestos.
Vejo uma divisão entre nós.
Qual parte prevalescerá? A reformadora ou a clientelista?
Um dado do problema é que um milhão vai às ruas protestar, os outros cento e oitenta e nove milhões, não.
sexta-feira, 21 de junho de 2013
bandido e mocinho
Afirmo e reafirmo: sou contra as manifestações. Elas interrompem o trânsito, atrapalham a vida de muita gente, não têm uma pauta exequível de reivindicações, ameaçam as instituições e são um perigo com a democracia.
É perigoso brincar com fogo. A turma do MPL é inconsequente e seu discurso simplesmente ridículo.Além de tudo isso e acima de tudo, quero que a turba da arruaça vá para a cadeia e pague os prejuízos que causou.
Minha posição contra os protestos estava bem consolidada quando o MPL resolveu cair fora porque os manifestantes já não permitiam que a petezada tomasse conta. Rasgaram as bandeiras do PT e um desses democratas de vermelho desceu a lenha na careca de um jovem, confundido com skinhead. O garoto apareceu todo ensanguentado no jornal de ontem e sei que muito jornalista se frustou quando descobriu que não foi a polícia, mas um petista que machucou o rapaz.
Agora, vem outra notícia. Depois que o MPL tirou seu time, os militantes da imprensa começaram a chamar os marginais de baderneiros e não têm mais o mesmo entusiasmo de antes em retratar os protestos. Dá uma vontade de ver essa cambada da mídia vermelha se ferrar!
Não gosto de hipocrisia, mas também não gosto das manifestações. E agora? Torcer para quem?
Era mais mesmo mais fácil quando eu era criança.
Câncer
Sou uma exceçao. No meu trabalho, quase todos apoiam o povo na rua, mas eu não.
Comparo esses protestos com o câncer. O sujeito descobre a doença, desconfia dos motivos que o levaram a ficar doente e parte para o tratamento. Daí, depois do sofrimento, consegue se curar.
O câncer causa muito sofrimento e tem até quem, depois da cura, corrija hábitos ruins e passa a ter uma vida mais saudável.
Pode ser, mas ninguém gosta do câncer. Ele é perigoso e pode matar.
Daí que eu entendo os protestos e compartilho a mesma indignação que move a grande maioria dos manifestantes, mas não posso gostar de um movimento que ameaça democracia.
Tem gente que vai para rua para descarregar suas frustrações. É como uma catarse e o sujeito reclama para aliviar a raiva contida dentro de si.
Nos acostumamos a acreditar que o único jeito no Brasil era o povo na rua, que somente o povo poderia dar jeito com a corrupção, com a bandalheira, com o desgoverno.
Mas não é bem assim. Há um tremendo perigo para as instituições, para a própria democracia.
Um movimento que não sabe o que quer e nem para onde vai pode nos levar ao desastre.
A violência que ocorre em cada uma dessas manifestações mostra como é pequeno o limite entre o protesto e a anarquia.
Por vezes, é somente o tamanho da dose o que distingue o remédio do veneno
Então, cuidado com essas manifestações sem controle, pois elas podem até matar a democracia.
Orelhão
Pois é, tem jornalista que a ficha tá caindo agora. A Globonews finalmente passou a chamar marginal de baderneiro. Percebeu que o sujeito que ataca a polícia, incendeia ônibus, quebra vidraças e saqueia lojas, esse cara não pode ser chamado de “um manifestante mais exaltado”. É bandido, mesmo.
Que bom que a ficha dos jornalistas começa a cair, mas, convenhamos: demorou!
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Contra
É contra o aumento da passagem? Contra a violência da polícia? Contra a corrupção? Contra a PEC 37? Contra a Copa do Mundo? Contra os partidos? Contra o latifundio urbano? Contra o capitalismo? Contra o gol contra?
Contra o que esse povo protesta?
Ah Deus, ajuda! Manda chuva, muita chuva cair do céu para apagar tanto fogo sem razão.
Libera a borracha, governador!
Como é que um policial acuado pode se defender?
Em São Paulo e no Rio, faltou um triz para a turba linchar os policiais.
Mas a morte de um soldado da PM não emociona ninguém; nem os jornalistas, nem os professores e muito menos os alunos.
Ontem, prenderam o garotão que barbarizou a Prefeitura de São Paulo. Vinte anos, estudante de arquitetura, malhado de academia, um filho feliz da classe média paulistana. Estúpido como uma porta.
Não teve pena nem do portão que atacou, nem dos policiais que agrediu. Tudo isso ao vivo e a cores, visto e revisto na TV e no youtube.
Um tiro de borracha na perna do fortão pouparia vidros, portas e paredes quebradas; outros não teriam cicatrizes e hematomas dos tapas que o galalau distribuiu. A família certamente lhe lamberia a ferida, mas se pouparia da vergonha de ver o filho algemado depois de tanto prejuízo causado.
Libera a borracha, governador; ela salva a vida do cidadão fardado e apaga a vergonha do despudorado.
O MPL não me representa.
Suas ideias não me convencem e nem conquistam minha simpatia. Não é um movimento pacífico. Sabe que toda vez que vem à rua ocorre vandalismo, depredações, violência.
Coloca a culpa nos governos para esconder sua própria responsabilidade.
As manifestações me surpreendem. Já era para termos algum sinal de cansaço dessa gente, depois de duas semanas de protestos. Mas os protestos continuam com cada vez mais gente.
É verdade que não faltam motivos para protestar, mas os episódios explícitos de violência já deveriam ter afastado as pessoas das ruas. Pelos menos as de bom senso.
As manifestações seriam um sinal de vitalidade da democracia se permitissem o funcionamento normal da vida cotidiana. Mas não permitem. A interrupção do trânsito prejudica milhões de trabalhadores logo na hora da volta para a casa; os recursos para recuperar os resultados da depredação do patrimônio público e privado virá de todos nós, de nossos impostos. Nós todos pagaremos essa conta.
A desmoralização dos governos é preocupante. O sucesso do MPL na redução das passagens dá a impressão de que os governos não reduziram antes porque não quiseram. Teria bastado pressioná-los para se conseguir baixar o preço das tarifas.
Quem pensa assim se engana. O cobertor é curto e a redução das tarifas significará necessariamente perda de investimentos em outras áreas.
Hoje, é mais fácil seguir a opinião dominante e apoiar as manifestações. É mais fácil, mas é errado.
Eu sou contra esses protestos, principalmente por causa do vandalismo. Mas há outra forte razão. A manipulação ideológica desse movimento.
Infelizmente, há muitos garotos participando dos protestos por pura ignorância. Não se dão conta que são apenas peões do jogo de uma esquerda autoritária e irresponsável, que engana muita gente, principalmente aqueles que querem ser iludidos.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Janaína
18/06/2013
às 16:27
EXCLUSIVO – Relato de uma uspiana muito estranha. Ou: O “território livre” se encontra com o Construtivismo na Terra do Nunca
Janaina Conceição Paschoal é uma jovem professora de Direito Penal da USP. Além do rigor técnico, da dedicação ao direito e à academia, exibe uma outra virtude raríssima no seu meio intelectual e cada vez mais rara no Brasil: a coragem de dizer “não” quando discorda, pouca importando as vagas dominantes de opinião.
Ela escreve para o blog, com exclusividade, um artigo que lê, ou relê, o espírito do tempo. Quem são esses “jovens” que estão nas ruas e acreditam que podem impor aos outros a sua vontade, sem atentar para os limites das leis, do estado democrático de direito?
A professora chega à conclusão de que a “geração do Construtivismo” se encontrou, finalmente, com a perigosa noção do “território livre”. E então tudo passa a ser permitido. O título que vai acima é meu, pegando carona no livro de Lobão, que também ousou dizer “não”, a saber: “Manifesto do Nada na Terra do Nunca”.
Leiam o iluminado artigo de Janaina.
*
Desde que ingressei na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 1992, intriga-me ouvir que a USP e, por conseguinte, o Largo, constitui território livre. Sempre tentei compreender o que essa liberdade significaria.
Ao compor a diretoria do Centro Acadêmico “XI de Agosto”, já comecei a questionar esse tal território livre, buscando modificar o trote, muitas vezes, humilhante e até perigoso, como ocorria nas Carruagens de Fogo (“brincadeira” em que o calouro era obrigado a beber continuamente e a correr no chão molhado, ao som da música clássica de idêntico nome).
Também me voltei contra o “Pendura”. Eu, que nunca fui comunista, nem lulista nem petista, confesso, não me conformava com o fato de jovens, majoritariamente de classe média, se sentirem no direito de entrar em um restaurante e dizer ao dono, com muita naturalidade, que simplesmente não iriam pagar. E ai da autoridade que lhes dissesse o contrário! Cheguei a participar do tal “Pendura”, mas, imediatamente, senti que aquilo não era direito.
Em 1997, quando iniciei o doutoramento e comecei a auxiliar os professores na graduação, já conversava com os alunos sobre o sentido da “Peruada”. Por que, afinal, eles não podiam fazer seu Carnaval sem beber até cair? À resposta pronta de que se tratava de tradição, instintivamente, passei a responder que tradição também se modifica. Até hoje, meus alunos não acreditam que nunca participei da “Peruada” e, às vezes, me “acusam” de ser evangélica.
Já professora concursada, nas últimas aulas do curso, normalmente, dedico um tempo perguntando aos alunos o que eles querem para as suas vidas. Nessa era dos textos curtos, das mensagens cifradas, da informação fácil, é muito difícil conseguir que eles leiam um artigo de dez páginas, em português.
Há algumas semanas, quando uma de minhas turmas não leu um projeto de lei de três páginas, eu os avisei sobre o perigo de serem manipulados, pois quem não lê, quem não conhece, acredita apenas no mensageiro.
Costumo dizer aos meus alunos que o estudante que realmente crê estar em um território livre será o promotor que acredita que pode denunciar o outro por dirigir embriagado, mas ele próprio está autorizado a beber e baixar um aplicativo da internet para saber onde estão os bloqueios policiais. Esse aluno será o juiz que acredita que ganha pouco e tem direito de viajar para o Nordeste sob o patrocínio de empresas cujas causas julga, e assim por diante.
Quando alguns alunos invadiram e depredaram a Reitoria, e grande parte dos professores achou natural aquele espetáculo de liberdade de expressão, eu escrevi para a Folha de S. Paulo o texto intitulado “Quem é elitista”, apontando que esse tipo de comportamento é decorrente da certeza de que, realmente, a universidade constitui um território livre e que apenas os pobres, que precisam trabalhar e estudar à noite e que têm os seus salários descontados para pagar os estudos do pessoal da USP, podem ser abordados por estarem fumando maconha na esquina.
É interessante. Ao mesmo tempo em que os intelectuais denunciam que o Direito Penal serve apenas para punir pobre, contraditoriamente, aceitam que só pobres sejam penalizados. A lei não diz respeito a eles próprios. Coincidência ou não, os atuais protestos se iniciaram após a rejeição da denúncia referente à invasão da Reitoria da USP.
Pois bem, quando começaram as manifestações, e os discursos dos líderes surgiram, imediatamente, identifiquei o dogma do território livre.
Foram muitas as notícias de violências e abusos, e eu tive relatos de pessoas que estavam, por exemplo, no Shopping Paulista e foram surpreendidas por rapazes encapuzados, que exigiam o fechamento das lojas, sob o brado de que estavam “tocando o terror”.
Chamou minha atenção o fato de uma das pessoas que fizeram tais relatos ter dito que logo percebeu que não seriam criminosos, pois eram pessoas bem vestidas. Para alguém que estuda Direito Penal, há anos, esse tipo de frase dói, pois é a confirmação de que a sociedade não quer mesmo punir atos, mas estereótipos.
Se a garotada da periferia tivesse tomado a Paulista, ninguém acharia exagero a Polícia Militar tomar providências. Percebe-se que mesmo quem estava indignado contemporizava, pois, afinal, amanhã, pode ser seu filho. De novo, o dogma do território livre.
Na véspera do protesto em que a Polícia Militar reagiu, conversei com uma senhora, que julgo esclarecida, e fiquei surpresa com seu encantamento frente ao brilho do neto, que aderira às manifestações a fim de lutar pelos mais necessitados.
Ontem, durante uma reunião com amigos, quando todos cobravam apoio ao movimento, tomei a liberdade de dizer que não acredito ser esse o melhor caminho.
Apesar de destacar estar convencida de que houve excessos da polícia, sobretudo no caso do tiro mirado no olho da jovem jornalista, situação que caracteriza lesão corporal dolosa, de natureza grave, ponderei que devemos ser cautelosos, pois nem toda prisão foi descabida, e os manifestantes podem estar servindo de massa de manobra.
A reação dos colegas foi surpreendente. Alguns, lembrando a importância dos jovens em todas as mudanças sociais, destacando sua própria luta contra a ditadura, chegaram a se emocionar, falando de seus próprios filhos como grandes políticos, verdadeiros heróis, pessoas esclarecidas, apesar dos vinte e poucos anos.
Sendo uma criatura insuportavelmente crítica, sobretudo comigo, passei a noite pensando se não teria sido injusta com os manifestantes e insensível com os colegas. Afinal, se todos estão tocados com a beleza deste momento, parece razoável que os pais estejam orgulhosos da lucidez de suas crias.
Mas essa experiência, sofrida, de magoar os colegas, aos quais, nesta oportunidade, peço desculpas, foi muito importante para eu poder ver algo que ainda não estava claro.
As gerações passadas também tinham esse sentimento arraigado de território livre, de que a lei vale apenas para os outros e não para os iluminados da USP. No entanto, no passado, havia o contraponto de pais que impunham limites; pais que diziam mais NÃOs do que SIMs; pais que ensinavam os deveres antes de falar sobre os direitos.
O fenômeno que nos toma de assalto é preocupante. Une-se o dogma do território livre com a geração “construtivismo”.
Chegam à idade adulta os garotos que nunca ouviram um NÃO, os garotos que sempre puderam se expressar, ainda que agredindo o coleguinha, ou chutando a perna de um adulto em uma loja.
Chegam à idade adulta os garotos cujos pais vão à escola questionar por quais motivos os professores não valorizam a genialidade de seus filhos. Pais que realmente acreditam que seus filhos, aos vinte anos, são verdadeiras sumidades e têm futuro por possuírem vários seguidores no Twitter.
Nossos iluminados já avisaram que, se a tarifa de ônibus não baixar, vão continuar a parar São Paulo. Quem vai lhes dizer não? A Polícia não pode, nem quando estão queimando carros e constrangendo pessoas. Os professores, salvo raras exceções, incentivam, em um saudosismo irresponsável, para dizer o mínimo. E os pais, entorpecidos pela necessidade de constatar o sucesso da educação conferida, acham tudo muito lindo e vão às ruas acompanhar a prole, pedindo algo indefinido e impalpável.
Nestes tempos em que falar em Deus é crime, peço a Deus que eu esteja errada e que, realmente, não tenha alcance para perceber a importância e a beleza deste momento histórico.
Há duas décadas, quando o presidente do Centro Acadêmico “XI de Agosto” me destacou para falar algumas palavrar para recepcionar Lindbergh Farias, pouco antes de sairmos em passeata pela derrubada de Collor, eu peguei o microfone e disse: “Nós vamos a essa passeata porque a causa é justa, mas sua cara bonita não me engana”. Por pouco não fui destituída do cargo. Creio que meus colegas de chapa nunca me perdoaram.
Há alguns anos, durante uma cerimônia em que todos reverenciavam o então ministro da justiça, Márcio Tomaz Bastos, eu o questionei sobre a quebra do sigilo do caseiro Francenildo. Cortaram-me a palavra e, até hoje, há quem não me cumprimente direito pela absurda falta de sensibilidade e educação.
A maior parte dessas pessoas apoia e estimula os atuais protestos e propala que o Mensalão não passou de uma ficção.
Tenho enviado comentários para a Imprensa, dizendo que os grupos que estão estimulando esses jovens a irem para as ruas estão torcendo muito para aparecer um cadáver em São Paulo, pois é só disso que precisam para tentar tomar também o estado.
Eu, por amar todos os meus alunos, os que concordam e os que não concordam comigo, estou bastante preocupada com essas forças ocultas, que manipulam nossos jovens marxistas de twitter.
Quando digo isso, costumo ouvir, mais uma vez, que estou fora da realidade, que é o PT que está na berlinda. Afinal, os protestos não estão apenas em São Paulo, estão no país inteiro.
É verdade, mas tem alguém, que dialoga muito bem com as massas, que precisa de um argumento palatável para voltar em 2014. E, segundo consta, funcionários da Presidência da República, subordinados a Gilberto Carvalho, foram organizadores e fomentadores do protesto. Não é a oposição que Dilma deve temer. A oposição simplesmente não existe. Apenas as cobras que cria no próprio Palácio, ou das quais não pode se livrar, é que, no futuro próximo, têm condições de picá-la.
Algumas pessoas me perguntam como posso ser liberal em alguns aspectos e conservadora em outros. Em regra, quando recebo esse tipo de questionamento, procuro compreender o que o interlocutor entende por “conservador” e por “liberal”.
Não sei como etiquetar, mas acredito que todo educador, seja o de casa, seja o da escola, deve mostrar ao pupilo que existem direitos e existem deveres. E que ninguém pode tudo. Talvez o que esteja prejudicando o país seja justamente esse sentimento generalizado de território livre. Os manifestantes de hoje podem ser os políticos de amanhã. Se não lhes dissermos “não” agora, como impor limites no futuro?
Talvez eu seja apenas uma canceriana pouco romântica. Talvez esteja velha demais para perceber a grandeza dessa novidade que invade o país. Tomara!
Mas esses 21 de USP e quase 15 de docência me permitem afirmar que são jovens muito promissores, mas ainda são garotos de vinte anos, que não estão acostumados a ouvir um “não”.
Se não posso pedir razoabilidade aos pais e aos professores, peço, encarecidamente, à imprensa que tenha cautela ao estimulá-los, pois não temos instrumentos para fazê-los parar. Teremos que, pacientemente, aguardar que eles se cansem do que pode ser uma grande brincadeira
Dornelas
A Teoria Política empregada pelo atual Governo, salvo melhor juízo, pode ser compreendida quando se lê o "Decálogo de Lenin" e se estuda a Teoria Política Gramscista ou a "A Estratégia do Doutrinador Antonio Gramsci":
Por Marcelo Dornelas
"Para quem talvez ainda não conheça a estratégia do doutrinador italiano, ativista político e filósofo Antonio Gramsci, é bom deixar bem claro, pelo menos em poucas palavras, o que ele preconizava. Segundo o líder comunista, falecido em 1937, após passar anos na cadeia elaborando sua estratégia, a instauração de um regime comunista em países com uma democracia e uma economia relativamente consolidadas e estáveis, não podia se dar pela força, como aconteceu na Rússia, país que sequer havia conhecido a revolução industrial quando foi aprisionada pelos bolcheviques. Seria preciso, ao contrário, infiltrar lenta e gradualmente a idéia revolucionária (sem jamais declarar, que isso estava sendo feito), sempre pela via pacífica, legal, constitucional, entorpecendo consciências e massificando a sociedade com uma propaganda subliminar, imperceptível aos mais incautos que, por sinal, representam a grande maioria da população.
O objetivo somente seria atingido pela utilização de dois expedientes distintos: a hegemonia e a ocupação de espaços.
A hegemonia consiste na criação de uma mentalidade uniforme em torno de determinadas questões, fazendo com que a população acredite ser correta esta ou aquela medida, este ou aquele critério, esta ou aquela análise de situação, de modo que quando o Comunismo tiver tomado o poder, já não haja qualquer resistência. Isso deve ser feito, segundo ensina Gramsci, a partir de diretrizes indicadas pelo intelectual coletivo (o partido), que as dissemina pelos intelectuais orgânicos (ou, formadores de opinião), sendo estes constituídos de intelectualóides de toda sorte, como professores principalmente universitários (porque o jovem é um caldo de cultura excelente para isso), a mídia (jornalistas também intelectualóides) e o mercado editorial (autores de igual espécie), os quais, então, se encarregam de distribuí-las pela população.
É essa hegemonia, já adredemente fabricada, que faz com que todos os brasileiros, independentemente da idade, da condição sócio-econômica e do grau de instrução que tenham atingido, pensem de maneira uniforme sobre todo e qualquer assunto, nacional ou internacional.
O poder de manipulação é tamanho que até mesmo o senso crítico fica completamente imobilizado, incapaz de ajudar o indivíduo a analisar as questões de maneira isenta.
Os exemplos são numerosos: do desarmamento, ao aborto, da eutanásia, do movimento gay às políticas sociais, do racismo ao trabalho escravo, da inculpação social pelos crimes individuais à aceitação do caráter social de movimentos comprovadamente guerrilheiros (FARC, MST, MLST, MIR, ETA, etc.), todos eles visando destruir, por completo, valores que a sociedade tinha entranhados em sua alma, mas que, justamente por isso, não servem aos interesses do partido.
É que esses valores representam um conjunto de virtudes diametralmente opostas aos conceitos que o partido deseja inserir no corpo social e que servirão de embasamento para as transformações que pretende implantar.
Uma vez superada a opinião que essa mesma sociedade tinha a respeito de várias questões, atinge-se o que Gramsci denominava superação do senso comum, que outra coisa não é senão a hegemonia do pensamento.
Cada um de nós passa, assim, a ser um ventríloquo a repetir, impensadamente, as opiniões que já vêm prontas do forno ideológico comunista. E quando chegar a hora de dizer agora estamos prontos para ter realmente uma democracia (que, na verdade, nada mais é do que a ditadura do partido), aceitaremos também qualquer medida que nos leve a esse rumo, seja ela a demolição de instituições, seja ela a abolição da propriedade privada, seja ela o fim mesmo da democracia como sempre a entendemos até então, acreditando que será muito normal que essa volta à pseudo-democracia, se faça por decretos, leis ou reformas constitucionais. Afinal, Hitler, também não foi eleito pelo povo e não passou a ditar normas legais?! É exatamente a superação do senso comum, que fez com que todos acreditassem piamente que a contra revolução de 1964, não passou de um ato impensado dos Militares que, à falta do que fazer, decidiram implantar uma ditadura.
Como uma única palavra não foi dita sobre a ditadura que esses mesmos comunistas estavam praticamente conseguindo implantar naquela época (como haviam tentado em 1935 e como voltariam a tentar entre o final dos anos 60 e meados dos 70), ficou impossível ao brasileiro médio compreender que a intervenção das Forças Armadas veio justamente impedir que aquela desgraça se concretizasse. E, se elas não intervém também agora, é porque o povo, já completamente anestesiado, não tem nem forças para ir às ruas exigir tal providência.
É exatamente essa hegemonia de pensamento, que pôde imprimir nos brasileiros a idéia de que só o Estado pode resolver seus problemas mais comezinhos, o que tem causado um gigantismo antes nunca visto, com o crescente aumento da carga tributária para sustentá-lo.
A cada dia são criadas mais delegacias especializadas, mais conselhos, mais isso e mais aquilo para controlar e fiscalizar as ações de cidadãos, antes livres. É exatamente ela, a hegemonia gramsciana, utilizada pelo PT que inculcou em todos os cidadãos a crença de que os sem-terra foram massacrados pela Polícia Militar em Eldorado do Carajás, no Sul do Pará, quando na verdade a fita de vídeo original, contendo a gravação do episódio, mostrava claramente que eles agiram em legítima defesa diante de um número muito maior de sem-terras que, armados com foices, enxadas e até mesmo revólveres (como aparece naquela fita), avançou para cima dos policiais. É exatamente isso que fez espalhar a crença de que os fazendeiros são todos uns malvados e escravizadores de pobres trabalhadores indefesos, servindo, assim, de embasamento para que, em breve, o direito à propriedade seja eliminada da Constituição, se nela for encontrado algum tipo de trabalho escravo, cuja definição legal nem mesmo existe.
É exatamente isso que autorizou todos os brasileiros a imaginar que o Brasil é um país racista, a despeito de contar com o maior número de mulatos do planeta e de jamais ter sido registrado um único caso de desavença entre negros e brancos por causa da raça, como acontece nos Estados Unidos e na África do Sul. E é também graças à força da hegemonia, que ninguém parou para pensar que todas as desavenças já havidas entre negros e brancos entre nós, iniciaram-se por motivos fúteis, que vão do futebol à briga por ciúmes, muitas vezes regadas a uma boa caninha, nada tendo a ver com a cor da pele, já que também ocorrem da mesmíssima maneira entre indivíduos da mesma raça.
Evidente que, depois do que estou escrevendo, nada impede que se fabrique uma briga por causa da raça, com notícias em todos os jornais, para servir de prova do racismo por aqui. Isso nada mais seria do que o intelectual coletivo, agindo para o bem de sua própria causa.
É exatamente essa superação do senso comum, que fez com que a maioria acreditasse que as armas de fogo matam mais do que os acidentes de trânsito ou a desnutrição crônica infantil, malgrado os índices infinitamente superiores de mortes por estas duas causas, sem que medida alguma seja tomada para eliminá-las ou diminuí-las e sem que nenhuma propaganda incisiva seja feita para alardear tais descalabros.
A maciça propaganda do desarmamento foi, portanto, uma mentira descarada que salta aos olhos dos que realmente os têm. É exatamente isso que fez com que todos odiassem Bush e os norte-americanos e, inversamente, amassem de paixões Fidel Castro – Hugo Chavez, e vissem os terroristas iraquianos como meros resistentes contra o imperialismo americano.
É exatamente isso que fez com que todos pensassem que o Comunismo acabou, com a queda do Muro de Berlim e a desintegração da União Soviética, quando na verdade ele está hoje mais vivo do que nunca, principalmente em nosso continente, é só querer ver.
É exatamente isso que faz com que todo mundo se escandalize com assassinatos de fiscais do trabalho, como ocorrido em Unaí, ou de Irmã Dorothy Stein, no Pará, só para ficar em exemplos mais recentes. Essa escandalização foi sutilmente preparada para que todos os despreparados ficassem indignados com tamanha brutalidade, como se esta tivesse sido o resultado de uma reação iníqua à cândida e legal atuação do Estado ou de ONGs a ele atreladas.
É exatamente isso que permite que aceitemos, como a coisa mais natural do mundo que se chame chacina a morte de dois ou três sem-terras, enquanto que a morte de dois ou mil fazendeiros continuará sendo chamada de morte, simplesmente.
E tem sido exatamente isso, enfim, que permite várias outras opiniões uniformes que não passariam pelo crivo do juízo crítico caso ele ainda encontrasse forças para entrar em ação.
Mas como encontrar forças com tamanho rolo compressor a aplainar toda e qualquer opinião sobre o que quer que seja?! Daí a facilidade com que chavões do tipo justiça social, cidadania, construção de uma sociedade justa e igualitária, direitos humanos, etc., que só servem para estimular a velha luta de classes proposta por Marx e Engels, em seu Manifesto Comunista – 1848, passaram a habitar o imaginário popular. Afinal, são eles, os comunistas, que não desistem nunca!
A outra técnica Gramsciana, amplamente utilizada pelo PT é denominada de ocupação de espaços. Já dava mostras tão evidentes de visibilidade entre nós, com a nomeação de mais de 20 mil cargos de confiança pelo PT, em todo o território nacional (só para cargos federais), que nem mesmo precisaria ser novamente denunciada. O que faltava, entretanto, era fazer a conexão com a primeira técnica – a hegemonia.
Ora, sabendo que a superação do senso comum é tarefa dos intelectuais orgânicos importa reconhecer a necessidade de que eles estivessem em toda parte como erva daninha. Daí a nomeação, pelo intelectual coletivo, para todos os escalões do desgoverno petista (federal, estaduais ou municipais), de pessoas alinhadas com a ideologia do partido. Não foi à toa que o presidente Lula colocou nos ministérios vários derrotados pelo povo nas eleições estaduais e municipais como: Olívio Dutra, Tarso Genro, Humberto Costa, além de outros que de há muito estão comprometidos com o Comunismo, inclusive com vinculações internacionais. Basta ver como e o quê aconteceu e acontece no Foro de São Paulo e no Fórum Social Mundial, bem como quem são os seus patrocinadores e entidades integrantes, sabidamente criminosas.
A conclusão é tão lógica e óbvia, que chega a ser surpreendente que a ela ainda não tenham chegado todos os brasileiros, principalmente muitos daqueles que ostentam diploma de doutor e que têm, por isso mesmo, a obrigação moral de alertar seus compatriotas.
Só se pode entender sua adesão incondicional às táticas gramscistas por uma de duas razões: ou porque, apesar de doutores, são, na verdade, ignorantes da pior espécie, deixando-se levar por uma esparrela dessa, ou porque estão a serviço da engenhoca. Não há outra explicação!
O Brasil talvez seja o País no mundo onde a estratégia gramscista de tomada do poder utilizada pelo PT, mais se encontra avançada. A eleição de Lula foi apenas mais um passo numa estratégia muito mais densa.
O Brasil atualmente não possui uma oposição política onde impere a pluralidade de idéias, estamos atolados na unanimidade dos desesperados, a prova disto é que a esquerda se radicaliza cada vez mais.
O que é ainda mais demonstrativo do atual avanço da Revolução Gramscista, utilizado pelo PT no Brasil, é que a consciência individual está sendo substituída pela idéia do politicamente correto e do relativismo moral, os exemplos são gritantes: Sem-Terras armados invadindo fazendas produtivas e grandes empresas multinacionais de pesquisas são vítimas; fazendeiros ao se defenderem são criminosos; os traficantes que estão incitados numa guerra civil no Rio de Janeiro e São Paulo, são vítimas do sistema, sequer chegam a ser culpados; nós, os cidadãos que respeitamos as Leis, também devemos ser um pouco responsabilizados por estes atos (assim nos diz a mídia, todos os dias); os pastores e padres que falam contra o aborto e o homossexualismo são monstros comedores de crianças, os ditos freis que embalados na teologia da libertação, afirmam que Cuba é o paraíso na terra, não importa os dezessete mil mortos, são expoentes máximos da cristandade.
Analisem agora friamente e com a razão essa afirmativa: Nenhum presidente na História do Brasil, teria se mantido no Poder, se houvesse sido acusado de pelo menos metade das irregularidades e dos crimes cometidos de fato pelo Partido dos Trabalhadores, sob a benemérita liderança do Senhor Luís Inácio Lula da Silva. Ou por exemplo, o caso Waldomiro Diniz que é uma gota d'água no oceano;-muito mais difícil de explicar são as irregularidades no Programa Fome-Zero, ou os abusos totalitários contra o patrimônio público cometidos por diversos membros do desgoverno Lula-Dilma (onde até a cadela do presidente, passeava de carro oficial tranqüilamente),-o caso do Mensalão, amplamente discutido e comprovado em CPI e, devidamente denunciado pelo Procurador Geral da República;-o caso de caixa dois do PT (verbas não contabilizadas) e, que o próprio presidente em entrevista confirmou ser esta, uma prática de rotina no Brasil; envio de dinheiro ao exterior de forma ilícita;-quebra de sigilo bancário, telefônico e postal, de um simples caseiro que ousou denunciar um Ministro do desgoverno Lula e, as alianças sinistras entre o PT e as FARC (Colombianas), MIR (Chileno), PCC (Partido Comunista Cubano), ELN (Exército de Libertação Nacional), FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional), PRD (Partido da Revolução Democrática), FMLN (Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional), URNG (União Revolucionária Nacional da Guatemala), dentre outros.
O que me causa estranheza nestas alianças sinistras, é o quase segredo absoluto que impera sobre os fatos ocorridos no Foro de São Paulo, onde não se viu ou vê, nenhum comentário mais acirrado da mídia especializada (ou não), ou até mesmo um ato de repúdio de nossas Forças Armadas, sobre tais acontecimentos no mínimo suspeitos.
Parece até que tudo está cor de rosa, neste mar de lama chamado Brasil!
Qualquer debate hoje no Brasil que envolva a Política Nacional, especialmente após os efeitos da queda do Muro da Vergonha, só pode ser considerado sério se discutido desde o ponto de vista da Revolução Gramscista, não por imposição ideológica, mas por verificação histórica, caso contrário tudo que teremos é um exercício de abstração teórica cujo conteúdo e implicações práticas não terão mais significação que uma discussão acalorada de mesa de bar.
Isto é exatamente em que será resumida a essência da intelligenzia nacional, quando todos os brasileiros se tornarem, sob as graças de Antonio Gramsci, intelectuais orgânicos, cuja única verdade é a mentira do partido. É dogmática ou romantizada a crença de que o homem é um fruto homogêneo de seu meio. Todavia, é deste último que a maioria das pessoas retira seus principais pontos de referência, distinguindo-se como indivíduos em sociedade. Raros são os homens que conseguem olhar dentro de si e não apenas em sua volta.
Por isso, reafirmo que o PT não tem Plano de Governo. Tem é Plano de Poder, adaptado-se ao projeto de instauração da Nova Ordem Mundial!".
Álea jacta est...
Villa
Publicado: 18/06/13 - 0h00
Atualizado: 18/06/13 - 0h00
As manifestações ocorridas em São Paulo nas últimas duas semanas permitem algumas reflexões. Que o transporte coletivo é ruim e caro, para os padrões do serviço oferecido, ninguém discorda. Mas não é esta a questão que está no centro do debate. O que se discute é como combinar a defesa do Estado Democrático de Direito, a liberdade de manifestação e o direito de ir e vir. O que está ocorrendo em São Paulo não tem qualquer relação com as manifestações de Brasília ou do Rio de Janeiro. Nestas cidades, o centro das reivindicações são os gastos abusivos da Copa do Mundo e o abandono daquilo que afeta o cotidiano da população: a saúde, educação, etc. É como em 1968: enquanto no Rio a passeata dos 100 mil defendia a democracia, em São Paulo, no mesmo dia, teve o atentado terrorista contra o II Exército.
Na busca de paralelos onde eles não existem, já foi possível ler e ouvir relações entre as manifestações de São Paulo com o que aconteceu nos países árabes, na Turquia, ou até com 1968. Os mais exaltados apontaram que nada mais é que o mal estar da civilização com a globalização e que o capitalismo vive uma crise terminal (como profetizado desde o século XIX...). Os jovens seriam emissários desta nova ordem pós (sempre tem de ter um “pós”) globalização, uma continuidade do falecido movimento Ocuppy Wall Street. Lembram-se que, em 2011, diziam que o movimento iria se espalhar pelo mundo inteiro? O que aconteceu semanas depois? Nada. A tentativa de relacionar com momentos da nossa história onde inexistiam – como agora – um regime de amplas liberdades, é patética. Neste ritmo, logo veremos algum estudante de 68 gritando – quarenta e cinco anos depois, já idoso - pelas ruas de São Paulo: “a luta continua.” Qual luta?
A organização efetiva dos atos não é de um movimento autônomo, apartidário, de jovens insatisfeitos com a política e desejosos de encontrar alguma forma de participação. Nada disso. Quem efetivamente dá as ordens são pequenos grupos ultra-esquerdistas. E o fazem para dar alguma satisfação aos seus exíguos militantes. Estão há anos discutindo e escrevendo sobre a crise do capitalismo. Falam e não encontram adesão na sociedade. Continuaram só falando. E foram perdendo o ralo apoio que tinham. Sem crise econômica e um desemprego monstruoso, como em vários países europeus, restou a estes grupos encontrar algum móvel de luta, para que não desaparecessem. O aumento das passagens de ônibus – abaixo da inflação, registre-se – caiu do céu. Foi o meio que as lideranças obtiveram para obter a legitimação das bases cansadas de ouvir discursos revolucionários sem uma efetiva ação.
O ataque aos bens públicos e privados, a tentativa de linchamento de um policial militar na Praça da Sé, atos que não tem qualquer relação com o aumento das passagens, são vistos como ação revolucionária, de resistência ao capitalismo e ao seu poder opressor, a polícia. O vandalismo é o alimento destes grupelhos que agem de forma violenta, desprezando os valores democráticos e os direitos constitucionais. Sonham com um Brasil nos moldes de Cuba, Coreia do Norte. Não entendem que a liberdade de manifestação não se sobrepõem ao direito de ir e vir. E este é o desafio da democracia: garantir ambos os direitos. E agir com energia – dentro dos limites legais - quando qualquer um deles estiver sendo violado.
Nestes momentos de tensão – inerentes ao regime democrático – é que são testadas as autoridades. O governador de São Paulo não se omitiu. Presumo que saiba que tem um custo político a defesa da lei e da ordem democráticas em um país que valoriza e estimula tudo o que é ilegal. Temos uma propensão à marginalidade. No caso das manifestações há os que justificam o vandalismo como uma forma de protesto, de insatisfação, de jovens que são incompreendidos pelo que chamam de sistema. E a ação do Estado Democrático de Direito é demonizada. Como é possível conter a destruição de ônibus, lojas, bancas de jornais, bares, liberar ruas e avenidas, sem o uso da força? E os abusos cometidos pela ação policial deverão ser investigados e devidamente punidos.
É evidente a tentativa do governo federal de obter algum dividendo político das manifestações. As declarações dos ministros José Eduardo Cardozo e Ideli Salvatti visam desgastar politicamente o governador Geraldo Alckmin. Os mandriões atacaram quem simplesmente fez cumprir a Constituição. A pergunta é: quem vai ganhar, politicamente falando? Ou será que todos – os partidos constituídos – vão perder?
Não faltam praças para mostrar indignação contra tudo e todos. Por que não aproveitam e pedem a prisão dos mensaleiros, a começar pelo sentenciado José Dirceu? Mas não é esse o objetivo dos manifestantes em São Paulo, volto a dizer, diferentemente do Rio ou Brasília. Grande parte dos manifestantes – especialmente a liderança que se pronuncia pela imprensa – são da classe média. Da classe média mesmo, não daquela inventada pelo petismo, a tal “classe c.” Nas imagens não encontrei trabalhadores, pobres, negros. Não vi também, protegendo os próprios municipais, a Guarda Civil Metropolitana. Foram omissos, como o prefeito Fernando Haddad - e o aumento das passagens de ônibus é da esfera da prefeitura. E a Câmara Municipal? Mutismo total. Os 55 vereadores servem para que? Pode ser que a luz contra o marasmo venha do Rio ou de Brasília.
Marco Antonio Villa é historiador
Em primeiro lugar, recomendo a todos que leiam o texto em
http://www.sul21.com.br/jornal/2013/06/atual-modelo-de-democracia-representativa-esta-esgotado-afirma-manuel-castells/
Li o texto e não queria acreditar, mas os argumentos são sólidos. Trata-se da palestra de Manual Castells, um sociólogo espanhol, que assusta ao afirmar que o atual modelo de democracia representativa está esgotado. É triste, mas parece que é mesmo verdade.
O texto é profético, de 11 de junho, mas explica muito mais do que complica.
A política tem mesmo que evoluir. As tecnologias da informação e comunicações impõem essas transformações. Não quero acreditar que a democracia representativa esteja condenada, mas ela não pode ficar cristalizada, acomodada nas velhas práticas, muitas corruptas, da manutenção do poder político no Brasil.
Hoje, a esquerda segue a estratégia concebida por Gramci, escrita em seus cadernos na prisão, oitenta e tantos anos atrás. Ela impele os vermelhos em duas direções estratégicas: demolição das instituições e desestruturação dos valores sociais.
A própria internet e, porque não dizer, o facebook são território da livre expressão de ideias e da articulação do pensamento. Esse caráter libertário, por si só, já é um fundamento favorável à democracia. Temos, então, de nos valer dela para impedir as ações daqueles que querem destruir nossos valores e tiranizar sociedade.