terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Quem cala, conmente!

No artigo "Verdade sem Eufemismos", publicado pela Folha de São Paulo de 09 de dezembro passado, o Hélio Schwartsman deu a tônica do pensamento que domina a mídia sobre a Comissão da Verdade. 

Para ele, não procede a queixa dos que reclamam de revanchismo e reclamam da parcialidade que dita comissão adotará, investigando apenas os crimes cometidos pelas forças de segurança, pois não estavamos em guerra civil e os insurgentes armados deveriam ser tratados e respeitados como presos comuns. Os agentes do Estado teriam, então, a obrigação de zelar pela sua integridade física. 

Quando li o artigo, logo pensei: ah, tá bom! A comissão da (meia) verdade só vai investigar a metade da história porque não estávamos em guerra civil. Então, da próxima vez que estivermos enfrentando terroristas, vamos deixar que a situação piore o bastante para virar um conflito de grandes proporções, de preferência com milhares de mortos, pois só assim poderemos aspirar um pouco mais de isenção no posterior julgamento histórico dos fatos. 

Fica evidente que os argumentos dessa linha de pensamento do Hélio Schw¨%&)$! estão mais do que furados; eles foram mesmo é arrombados pela marcha do tempo. Jamais poderiam justificar que não se investigue também os crimes dos terroristas. Ora, vida é vida, todos devemos ter nossa existência respeitada, até mesmo os cruéis agentes da burguesia, como os numerosos vigilantes de banco e sentinelas de quartéis que foram mortos covardemente naquela época.  Contudo, muita gente (pretensamente) boa se cala sobre essa desigualdade de tratamento.


Eu até entendo. Enquanto os cruéis vigilantes de banco eram filhos de lavadeiras; os bravos universitários heróis da resistência eram gente de boa índole, criada na classe média alta, como nossa atual líder. Não dá para comparar alhos com bugalhos, não é mesmo? Afinal, quem escreve melhor e mais bonito acaba reescrevendo a história.

Aproveito para lançar um novo verbo, o conmentir, que significa mentir junto. Há um ditado popular que diz: "quem cala consente". Com meu novo verbo, o ditado poderia ser reescrito para essa Comissão da (in)Verdade para: "quem cala, conmente".

Já estou ansioso pelos conmentários dos bravos heróis da resistência.

Um comentário:

  1. Meu caro Cel. Ilha,
    Não tenho encontrado com facilidade pessoas sóbrias o suficiente para lidar com coragem e imparcialmente com a verdade dos fatos de forma que deste ato possa surgir uma solução. Os partidários e oportunistas polulam no ambiente. Embora, até pelo que eu me lembre de vc, sem muitas surpresas neste meu comentário, meus parabéns pelas opiniões do blog. Grande abraço Leonidas.

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