Desde aproximadamente o início do século XIX, o mundo vem experimentando um rápido crescimento científico e tecnológico. A revolução industrial e as outras revoluções que a seguiram alimentaram a busca por mais inovações e descobertas, num processo contínuo e acelerado que trouxe grandes benefícios materiais, mas que também privou o homem daquilo que ele tinha de mais elevado: o seu próprio sentido de humanidade.
A tendência intelectual de afirmar que a ciência é capaz de sozinha explicar o mundo e o universo tornou o homem num ser cético e materialista, um alguém que não acredita naquilo que não possa ser observado e medido. Como nem tudo pode ser comprovado cientificamente, empobrecemos a nossa compreensão da realidade e ficamos mais fracos afetivamente.
Materialistas e céticos, rompemos nossos laços com o que há de mais elevado. A vida passou a ser o próprio sentido de si mesma. Ficamos cada vez mais ligados ao lado material da existência e nos tornamos egocêntricos e hedonistas.
Em síntese, o homem de hoje em dia se entrega ao prazer, tem aversão à dor, paralisa de medo diante do perigo e é incapaz de pensar em algo fora de si mesmo.
E a juventude vai por esse caminho. Observem que há praticantes do bungee jump que experimentam a sensação dos jatos de adrenalina no sangue ao atirar-se em precipícios. Via de regra, eles se lançam num abismo amarrados por uma simples corda que nem sabem se está mesmo presa no lugar certo. Em resumo, se a corda romper, rompeu.
Isso é apenas um exemplo, mas há outros. Pensem naqueles que praticam o sexo irrestrito, dirigem pelas estradas velozes e furiosamente, ou nos tantos que se entregam às drogas. Em síntese, muitos buscam sensações intensas e prazerosas, mesmo sabendo que são instantâneas e potencialmente destrutivas. E a sociedade acaba chamando isso de desprendimento e de meios alternativos de vida.
Estamos num mundo em que as relações conjugais se rompem num piscar de olhos, as instituições desmoronam e o dinheiro compra todos e tudo mais que se vende. O hino da moda diz que é melhor viver dez anos a mil do que mil anos a dez. A música não explica o que acontece depois, mas muitos querem mesmo viver assim. Emoções fortes são entendidas como um fenômeno dos nossos dias, de comunicação instantânea, computadores potentes, cálculos rápidos e aviões a jato. Ah, e também devemos lembrar da regra número um: é proibido proibir!
Vivemos num tempo em que não há tempo para o tempo. Escravo das emoções e paixões, e privado de sua consciência superior, o homem está desatento ao seu próprio declínio e não consegue desenvolver seus veículos emocionais.
Nesse quadro tenebroso, o que fazer?
Sabemos que as emoções são autênticas e intensas, mas logo desaparecem; as paixões incendeiam o coração, mas são sufocantes; e os sentimentos são nobres e duradouros, mas precisam da âncora da consciência. Para aprender a lidar com seus estados afetivos, é preciso elevar o espírito, tentar sempre fazer o bem, ser fiel aos seus propósitos e buscar outras respostas para as questões mais fundamentais da existência.
Não sei se é mesmo indispensável uma conduta moral para controlar as emoções e as paixões e fazer aflorar os bons sentimentos, mas certamente ao balizar bem um caminho, nós o tornamos mais fácil de se trilhar. Esse é um mundo que precisa de regras e de disposição para olhar para o céu e caminhar para o alto.
É claro que tudo isso requer vontade, confiança e muita perseverança, mas tenhamos fé em nós mesmos, pois, naquilo que realmente importa, todos fazemos parte do Todo.
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