segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O TEATRO DE GUERRA DE BOLSONARO - Paulo Emendabili Souza Barros de Carvalhosa – 04/01/2019.

O TEATRO DE GUERRA DE BOLSONARO

Existem aqueles que acreditam em guerras ditas “parciais”, “limitadas”, e até românticas. Só acredita nisto quem nunca esteve num cenário de guerra, convencional ou guerrilheira. Só ama a guerra quem nunca esteve em uma.

A esclarecer e ilustrar o que escreverei a seguir, sobre estes tempos contemporâneos sugiro, para quem tem familiaridade com o idioma Italiano, que assista pelo Youtube a recente entrevista concedida pelo Gen. Fabio Mini, à jornalista Margherita Furlan, intitulada "Che guerra sarà” (Que guerra será).

Mini foi comandante geral da OTAN – Sul nos anos 1970. A certo ponto da entrevista afirma que nos cenários de guerra elaborados pelos comandos da OTAN, em 1975, portanto antes da queda do muro de Berlim, ainda em tempos do Pacto de Varsóvia (bloco militar da ex-URSS, hoje Federação Russa), aventou-se à hipótese da própria OTAN bombardear nuclearmente a cidade italiana de Udine para bloquear o eventual avanço de tropas soviéticas em território italiano.

Mini, comandante italiano, notou, quando da explanação do plano de parte de outros comandantes, especialmente o belga e o alemão, a absoluta frieza destes quando se estimou a morte instantânea de mais de 300 mil cidadãos e cidadãs, crianças, mulheres, homens e velhos, com a propagação da nuvem nuclear radioativa até Milão e toda Lombardia, para Oeste, e a ainda Iugoslávia, a Leste, a Áustria, à Norte, e os territórios da Itália Central, a Sul, matando lentamente centenas de milhares de pessoas nos momentos mediatos do ataque.

Ressaltou Mini, então, ter percebido neste momento que o alvo civil passou a ser também prioritário para se atingir objetivo militar. Não somente atingir plataformas de lançamento, radares, aeroportos e portos militares, ou ferrovias, usinas elétricas, refinarias de petróleo e fábricas de armamentos vários, mas usar da população civil, inclusive própria, de um país aliado, como meio e estratégia de guerra, no caso de invasão pelo inimigo.

Concluiu Mini, para o manifesto espanto mudo e boquiaberto da sua entrevistadora, que as forças militares antepostas e contemporâneas tem por princípio basilar o uso de TODOS os meios e recursos militares, inclusive nucleares, biológicos e químicos, em caso de deflagrado conflito, para ou vencer e aniquilar o inimigo, mesmo sofrendo perdas ingentes, ou contê-lo enquanto se espera melhor estratégia e meios de ataque e de resposta, ou simplesmente se aniquilarem mutuamente, se necessário.

Evidente que este cenário é maximamente evitado pelas chamadas superpotências militares atuais, caso do EUA, Rússia e China, além de França, Inglaterra e Israel, que sabem nunca dever se enfrentarem mutuamente, preferindo-se sempre o combate indireto, travado por interpostos países em território estrangeiro, em caso de conflito de interesses, tanto por recursos, como geoestratégicos, caso da Síria, exemplificativamente, nos nossos dias atuais.

Sabe-se que a política externa do PT, durante 13 anos, aproximou o Brasil de ditaduras latino-americanas fomentadas pelo PT e pelo Foro de São Paulo, além de perfilar o Brasil com os interesses russos, caso do Irã, apoiando regimes como os da Coreia do Norte, Cuba, Nicarágua, Bolívia, Equador e, sobretudo, Venezuela.

Ocorre que a Rússia (além da China) colocou bilhões de dólares na extenuada economia venezuelana, e recentemente colocou mais 6 bilhões, sabidamente a fundo perdido, pois que a Venezuela não vem pagando ninguém, visto estar tecnicamente em default, sendo que a China, por múltiplas razões, que demandariam outro post para explanar, vem progressivamente se retirando desta constante “ajuda” à Venezuela, deixando para a Rússia o “encargo” de permanecer no teatro caribenho.

A Venezuela, por sua vez, se aproximou do regime norte-coreano, do Irã, e muito da Rússia, a qual vê na Venezuela não somente uma fornecedora de torneira aberta de petróleo, mas uma imensa base militar de ataque aos EUA, antepondo-se às bases militares dos EUA no Leste Europeu, com mísseis apontados para Moscou, afora as bases militares sediadas na Ásia, capazes de atingir território russo.

Dada a enorme e impagável dívida que a Venezuela contraiu com a Rússia, e no desespero de manter-se no poder o servo Nicolás Maduro à frente da narcoditadura venezuelana, a Rússia de Putin impôs à Venezuela de Maduro a cessão da ilha caribenha Orchila, situada a 200 Km de Caracas, na qual está montando uma base militar russa, visto contar com uma pista de decolagem e aterrisagem para os seis Tupolev TU 160, capazes, cada qual, de carregarem 40 toneladas de armamento, sobretudo nuclear, com autonomia de 12 mil Km de voo...

Evidente que estes aviões tem a capacidade de ataque rápido e letal em qualquer ponto do território norte-americano, afora o uso eventual do míssil nuclear hipersônico Avangard, invisível para os radares americanos (o que representa a ameaça mais séria aos EUA desde os tempos da crise dos mísseis de Cuba), valendo destacar que, para os EUA, tornou-se muito mais difícil proteger a sua costa Oeste, a do Oceano Pacífico, sendo que em caso de ataque coordenado, este viria da Venezuela, pelo Sul, e da Rússia, via Alasca e Costa Oeste, tornando a Europa inteira o campo de batalha natural para aniquilar aliados dos EUA, dominando o Mediterrâneo, para se chegar à Costa Leste por esta via.

Para entornar mais o caldo, a Rússia municiou a Venezuela com o sistema de defesa antiaérea S 400, o melhor do mundo, sendo que abrirá este ano em território venezuelano uma fábrica de produção de fuzis Kalashnikov, sendo que a empresa exportadora de armas russa, a Rosoboronexport, exportará o seu avançado sistema de defesa antimísseis S-400 à Turquia neste ano.

Não é necessário ser nenhum Bismark para intuir de pronto que o Brasil se tornou alvo, enquanto aliado dos EUA e hostil à Venezuela, das forças coordenadas russas e venezuelanas sediadas e se sediando progressivamente no país caribenho, o que nos coloca, junto com a Colômbia, no centro do teatro de guerra indireta possível e para breve entre EUA e Rússia.

Não escrevo “ataque”, mas “alvo”, porque o Brasil, com o sistema S 400 russo-venezuelano, tem a sua Aeronáutica absolutamente ineficaz no apoio de tropas em terra, que teriam de avançar sozinhas, expondo-se ao aniquilamento, enquanto os bombardeios TU 160 penetrariam em território brasileiro para bombardearem Itaipu e Belo Monte, refinarias de petróleo, portos, aeroportos, radares e bases militares, enquanto as tropas norte-americanas se concentrariam em defender seu território e anular a base insular russa de Orchila.

Também não é necessário ser nenhum Caxias para pressupor uma forte escalada militar na América do Sul, especialmente no Brasil e na Colômbia.

Um passarinho verde veio piar na minha janela e outro, uma harpia brasileira pousada em território dos EUA, dentro da indústria bélica aeronáutica, pousando no meu terraço, contaram que Pompeu pedirá a Bolsonaro a instalação de uma base militar no Brasil, provavelmente em Roraima, armando-a, além de transferir equipamentos, meios e tecnologia para as Forças Armadas brasileiras como nunca d’antes, em resposta ao avanço russo na América do Sul, e que Bolsonaro tende a aceitar a proposta ianque.

Pois é. Ao que parece, a cobra vai fumar de novo, enquanto por aqui se discute a cor das roupas infantis...

Paulo Emendabili Souza Barros de Carvalhosa – 04/01/2019.

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