sábado, 1 de julho de 2017

Nelson, o grande Nelson

Nelson Rodrigues é o grande gênio brasileiro do século XX. Controverso, polêmico? Só para quem não gosta dele. Para mim, não tem discussão: Nelson Rodrigues é mais do que  qualquer outro, mesmo aqueles que vestiram o fardão da Academia Brasileira de Letras, aquele que ele nunca vestiu, por puro despeito dos comunas que não perdoam os que se atrevem a não seguir sua cartilha.



Eu lia religiosamente a sua coluna de esportes. Nem sei bem se era do Globo ou do JB, lá em casa líamos os dois, mas corria ávido pelo seu texto, buscando-o com de tudo mais na cobiçada seção de esportes, aquela que fazia a contracapa do bloco principal do jornal.

Meu pai resignava-se. O jornal chegava às suas mãos apenas depois que eu tivesse saboreado primeiro a coluna do Nelson e depois as notícias do Mengão e, por fim, o obituário (não, não se espantem, eu consultava o obituário todo santo dia).

A história de qualquer domingo de Fla x Flu começava dez mil anos antes, quando Deus nem criara o mundo direito e já definia quem marcaria os gols e quem seriam os gênios da partida daquela tarde. 

Eu tinha uns dez anos de idade, mas já sabia quem eram meus ídolos para toda vida: o Zico e o Nelson Rodrigues, sim, os dois, nessa exata ordem, porque para mim a paixão pelo Flamengo vem antes do amor pela leitura. 

Não me arrependo de gostar mais do gênio dos gramados do que do gênio dos gênios. Sei que Nelson aprovaria isso, afinal ele sabia que Deus já havia escrito desse jeito, dez mil anos atrás. 



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