O momento do Brasil é difícil e, admito, confuso, mas é, sobretudo, de revelação. Para uns, é a hora de uma verdade incômoda; para outros, é apenas a consolidação de suas certezas. Descortinam-se mais alguns véus que escondiam o teatro de sombras da corrupção e incompetência dos representantes de uma linha ideológica que predominou no Brasil nos últimos trinta anis.
Quebram-se alguns ídolos de barro ordinário. Um deles, fez-se em pequenos cacos de decepção. Para minha tristeza, o filósofo Mario Sérgio Cortela revelou sua estupidez no programa Hora do Expediente ao classificar a direita de demofóbica.
Para ele, os da esquerda são a gente do bem, que gosta do povo; os da direita, os malvados, os que sentem nojo dos pobres viajando de avião ou comprando televisões de LCD.
Não gosto de rótulos e essa classificação de direita e esquerda é muito conveniente para quem quer misturar tudo para esconder suas intenções. Não se pode associar todos de esquerda à corrupção, nem os de direita à exploração dos mais fracos. Uma pena ter ouvido Cortela associar o pensamento conservador à repugnância pelos pobres.
Sei o que penso e o que sinto. Gosto de ordem, cumpro as leis, mesmo aquelas as quais não concordo, tento fazer o que é certo e respeito o direito dos outros. Também quero ser respeitado. Não quero uma sociedade cristalizada em ricos e pobres, fragmentada em raças, opiniões ou credos em conflito. Vibro de alegria quando vejo gente de diferentes cores e posses numa fila de embarque no aeroporto. Não gosto da pobreza porque acredito numa sociedade em que todos tenham poder de compra e liberdade para definir seus destinos. Não quero muito pobres e menos ainda os muito ricos.
Pobreza é ruim, mas riqueza em excesso é pior. Mesmo assim, quero liberdade mais do que igualdade, porque os homens são diferentes e têm que ser livres.
Meu pensamento me afasta da esquerda, ao menos daqueles socialistas socialaites que ainda não se deram conta que o mundo mudou.
Juan Arias citou Marilena Chauí, um ser anacrônico que me faz lembrar de Cazuza no fim de sua curta vida, tentando cantar que a burguesia fede. A classe média, na qual me incluo, tem que suar a camisa para viver honestamente. Pena que isso cheire mal para alguns bacanas.
Para finalizar, se agora é o momento da verdade, espero que venha também a hora da prestação de contas.
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