sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Levandogranowski

Estou aqui no país do Mickey e do Pato Donald já fazem cinco dias e tenho visto muita coisa boa; e também algumas coisas ruins. Para começar, no país mais capitalista do mundo, é admirável como esses caras se vendem bem.
Os parques da Disney são todos monumentais; os brinquedos são ótimos; os shows, todos eles, incrivelmente ótimos. Tudo muito bom e caro, mas longe de ser aquele mundo de sonhos que domina nossa imaginação desde que nos damos por gente. O resumo da ópera é que a Disney World é muito boa, mas não é essa coca-cola toda. Os caras sào bons de propaganda.
Aqui, tudo é caro. Os ingressos dos parques, as bugigangas, o hotel. Mesmo assim, desconfio que pago menos por aqui do que pagaria num hotelzinho meia boca de qualquer cidade praiana do meu país.
Nos EUA, sempre levo um susto quando a conta vem mais alta por causa das taxas, mas não dá para criticar os seis e meio porcento de impostos do Tio Sam quando a Tia Dilma me leva pelo menos uns quarenta. Issojuntando ICMS e outras tantas tramóias.
Aqui na Flórida, paga-se caro pelas coisas, mas ninguém é obrigado a comprar nada. Para cá, vem quem quer; e saibam tem muita gente vindo feliz da vida. Tudo tudo por aqui está muito lotado. Já o nosso Brasil, il, il, il é considerado, mesmo pelos gringos rosados do hemisfério norte, um país muito caro, onde o governo dá una bela mordida em tudo o que se compra ou se faz.
Por isso, fico revoltado quando leio nos jornais as notícias da corrupção em terras brasilis. Pior é quando um Levandogranowski resolve inocentar a quadrilha da estrelinha vermelha. A vontade que dá não é de ficar por aqui, mas de voltar e aplicar meus conhecimentos em bombas caseiras e outras cositas más.
Paro por aqui antes que alguém chame o 911. Afinal, na terra do Tio Sam, o imposto é baixo, mas a tolerância é zero.

sábado, 11 de agosto de 2012

IME

Trinta anos atrás, fiz o concurso do IME e foi uma dureza. Frequantava um bom colégio, estudava muito e meu objetivo era passar na UnB. A prova do IME era apenas uma etapa de minha preparação. Obviamente, não deu certo. Entrar no IME requeria muito mais do que ser um bom estudante.

Anos depois, pelas voltas da vida, acabei ingressando no IME e, durante cinco anos, me matei de estudar. Naquele instituto, basta a reprovação numa única matéria para o aluno ser sumariamente desligado do curso. Ali, não há  repetência, aproveitamento de crédito, repescagem, piedade ou misericórdia. Via de regra, as provas são difíceis e exigem muita dedicação.
O aluno aprende, mas tem que ralar. Ele precisa dedicar-se, mas só conseguirá concluir o curso se tiver uma boa base.
No primeiro ano do básico, havia um garoto alto, magrinho,  espinhento, com dezesseis anos de idade. Ele era pobre, negro, morava em Nilópolis e dava um duro danado para chegar no horário das aulas. Aquele nerdezinho simplesmente foi, durante boa parte daquele ano, o primeiro aluno da turma.
O geniozinho negro e pobre não se beneficiou de nenhuma cota, mas de sua dedicação e talento. Evidentemente, ele não veio do zero absoluto, mas ninguém poderia duvidar de seus méritos. Todos nós, mesmo os oficiais mais velhos, o respeitávamos.
Para falar a verdade, a maioria de meus colegas do IME morava mesmo era no subúrbio do Rio. Eram adolescentes que não tinham grana em casa, mas muita garra para vencer na vida.
Hoje, o IME tem alunos e alunas, mas o estrato social é o mesmo, com a diferença que há mais gente de fora do Rio de Janeiro, com um destaque para os cearenses.
Essa turma se mexe para se manter e conseguir concluir o curso. Realizam uma trajetória igual à dos antigos alunos da Escola Militar da Praia Vermelha, que funcionava onde hoje se situa a Praça General Tibúrcio, cento e tantos anos atrás. O IME segue as tradições do Exército.
Ninguém veio da cota; as provas valem de zero a dez; quem tem nota boa passa; quem não tem vai embora.
Conto essa história para adicionar meu argumento na questão das cotas. A reserva de vagas nas universidades federais para alunos oriundos da escolas públicas pode ser uma medida muito correta, mas sozinha não resolverá nada. O grande perigo dessa medida é que ela derrube a qualidade da universidade pública.
Muitos apontam a contradição no Brasil dos alunos ricos ingressarem nas universidades públicas, restando aos mais pobres os encargos de pagar caro pela sua educação em instituições privadas. Eu digo que não é bem assim. As greves nas universidades federais já levam aos estudantes de maior posse a preferirem as boas faculdades particulares, onde têm maiores garantias de concluir seu curso com um bom ensino e no prazo previsto.
É muito importante fazer um bom curso de graduação. Isso depende do nível de ensino e de exigência das universidades, mas muito mais da dedicação e talento dos alunos.
Costumo dizer que é o aluno quem faz a universidade.
Assim como meus colegas do subúrbio, os aspirantes a uma boa formação acadêmica têm que estudar muito, mas também precisam de apoio e seriedade. Sem isso, não há chance de sucesso.

domingo, 5 de agosto de 2012

Jack Bauer

Este texto segue com bem uns dez anos de atraso. Graças ao Netflix, estou assistindo à primeira temporada do 24 horas, que foi ao ar em 2001, pouco depois dos atentados do 11 de setembro.
Já fazem onze anos, mas lembro que comecei a acompanhar o seriado a partir dos últimos episódios de 2001. Comecei e não parei mais. No total, foram oito temporadas e eu não perdi mais nenhuma hora das que foram exibidas sobre a vida de Jack Bauer.
O agente da Unidade Contra Terrorismo do governo americano é um personagem no mínimo controverso. Minha esposa, por exemplo, o considera um crápula; para mim, ele é um sujeito complicado, que busca o bem, mesmo que tenha que fazer muita maldade para conseguí-lo.
No final das oito temporadas, Bauer se transformou quase numa paródia de si mesmo. Finalmente, pude vê-lo no início de sua trajetória, quando Kiefer Sutherland ainda o construía, dando vida à personagem mais importante de sua carreira artística.
O Jack Bauer de 2001 era um sujeito muito mais próximo do homem comum, com suas virtudes e falhas. Jack errava alguns tiros e também dava suas mancadas. Estava longe do super-herói que se tornaria ao longo da série.
Bauer foi a encarnação do governo Bush, pego de surpresa pela violência dos atentados e que via a si mesmo como o dono infalível da verdade e da virtude.
O ambiente político do início da última década contribuiu para o estrondoso sucesso do seriado. Foi um dos melhores programas que assisti. Lamento que tenha perdido episódios de 2001. Eles fizeram falta quando tentei entender o Jack Bauer que foi se tornando menos humano e vulnerável com o passar do tempo.
Mais que um homem complicado, Bauer encarna o comportamento dos Estados Unidos do governo Bush, bem intencionado, mas violento e amoral em sua luta anti-terror.
Assim como o governo Bush, também comemoro que todas as 24 horas da vida de Jack Bauer tenham terminado.








sábado, 4 de agosto de 2012

Engenheiros-militares

Gosto muito de ser engenheiro-militar. Desejo que, no futuro, nosso quadro esteja presente nas fábricas, nos laboratórios, estradas e tenha seu lugar reconhecido, também, no campo de batalha. Como diz nossa canção, somos e queremos ser, cada vez mais, os combatentes da tecnologia.

Chico Buarque

O mais curioso é que as músicas de Chico Buarque, compostas nos anos setenta, falavam de escabrosas armações para farta roubalheira. Na prática, os ditos governos militares terminaram no início da década de 1980. Três décadas se passaram e a esquerda esquadrinhou cada ato, cada atitude dos governantes da época. NADA ENCONTRARAM quanto a corrupção. Daí, centram seus fogos nos casos de tortura e na morte dos guerrilheiros do Araguaia. Hoje, os que se autodenominaram de "heróis da resistência" são constantemente flagrados com dinheiros nas cuecas e Chico Buarque é um sonoro mudo, mas muito bem pago, da geração dos rebeldes sem causa. COMUNISTA GOSTA MESMO É DE DINHEIRO!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Nunca fomos tão felizes

Na época da cruel e sanguinária ditadura militar, a imprensa publicava as mazelas dos governos tecnocratas, que privilegiavam o planejamento e executavam o que planejavam. Criticava-se os governantes que queriam fazercrescer o bolo primeiro para só depois repartí-lo. Há vinte e sete anos vivemos na democracia. 

Nosso país é chefiado pelos políticos, homens de bem(ns) que ouvem os anseios do povo; partem e repartem os bolos conforme a vontade popular (e de votos que vão ganhar). É verdade que não planejam muito, executam pouco, mas fazem uma tremenda propaganda. 

Nunca fomos tão felizes!

Defensores públicos

Estamos em guerra! E não é de hoje; já faz tanto tempo que os combates vão nos consumindo, que nem nos damos mais conta que eles ocorrem todos os dias, todas as horas. Pior que isso, estamos perdendo!

Hoje e agora, como ontem e anteontem, há uma guerra entre o certo e o errado; o justo e o injusto; o razoável e o absurdo. Disputam a integridade de nossos valores. A cada dia, os vamos cedendo aos poucos; quando os perdermos de vez, seremos escravos da ditadura do proletariado.

Nos convenceram que justiça social nada tem a ver com meritocracia; que a luta de classes é justa; que é certo privilegiar raças; que é correto matar fetos para que as mulheres tenham plenos direitos sobre seus corpos; que os chamados excluídos são inimputáveis; e que somos todos culpados, mesmo pelos pecados que não cometemos.

Hoje, a Defensoria Pública de São Paulo já é território inimigo.  Ainda temos terreno a defender, mas não se iludam. No dia em que cair a última trincheira da nossa moral, os defensores do povo não terão a menor compaixão conosco.