quinta-feira, 29 de março de 2012

Ovo da serpente

No último 23 de março, o Leonardo Sakamoto publicou em seu Blog o texto "Cale-se! O silêncio machuca, o diálogo é música". Do texto, destaco o seguinte trecho: "No dia 21 de março, um protesto contra o direito ao aborto reuniu pessoas na Praça da Sé, em São Paulo. Elisa Gargiulo, da banda Dominatrix, resolveu dar a sua opinião, contrária, pacificamente. Poderia ser um momento de diálogo, rico. Mas calar Elisa foi mais fácil." 

Pois é, o Sakamoto reclamou quando impediram uma de suas correligionários de se manifestar; chegou a falar da riqueza do diálogo, da oportunidade perdida em se trocar ideias civilizadamente. É claro que a tal dominatrix provocou uma reação para depois se fazer de vítima. Em linguajar bolchevique, ela agiu como uma provocadora. 

O Sakamoto, que tanto reclamou uma semana atrás, hoje não escreveu uma linha sequer para se queixar da violência contra a livre manifestação dos militares da reserva. É obvio: tinta na roupa dos outros é refresco. 

Um bando, devidamente orquestrado pelos caciques vermelhos, dedicou sua tarde de hoje para tumultuar um evento legítimo. O resultado é que homens de setenta e tantos anos, alguns até mais idosos, se viram acossados por uma turba que não os poupou de cusparadas, xingamentos e até agressões físicas. Tudo isso porque a bandeira vermelha não admite opiniões contrárias. 

Daí, pergunto: isso é mesmo o estado democrático de direito? Eu respondo que não. Há muita coisa errada e truculência não faz parte do repertório de uma democracia saudável. Também tenho uma convicção: todo revolucionário tem dentro de si um germe de autoritarismo. Concluo que o jovem que hoje cuspiu nos velhinhos do Clube Militar é o protótipo do autocrata do amanhã. 

Estamos diante do ovo da serpente.

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