Minha vida ficou difícil. Há dois dias que minha dor de dente apareceu. Hoje, ela piorou de vez. Passou o dia latejando e eu aguentei até a hora do analgésico. Finalmente, tomei-o para descobrir que a dor era mais forte que o comprimido. Tomei outro. Estou chapado.
Ontem, fui à emergência do dentista. Tiraram radiografia, analisaram, discutiram e nada descobriram de definitivo. Não há ainda um veredicto sobre as causas da minha dor. Amanhã, farei uma tomografia da minha boca, algo inédito em todos esses anos de suplício com meus dentes.
Dessa vez, parece que não tenho culpa. A dor não veio por causa de falta de cuidados ou asseio. Parece que se trata de um dente que encavala em outro. Um erro de fábricação, coisas da genética de um vira-lata.
O fato é que a dor se torna a protagonista da sua vida. Ultrapassa os projetos, os interesses e os anseios. Tudo o que se deseja é que ela termine. Ontem, dormi com ela; durante a madrugada, sonhei com ela; e, finalmente, acordei com ela.
Agora que estou chapado, consigo escrever. Terei algumas horas de alívio, mas daqui a pouco sei que ela voltará.
Dizem que a dor nos acompanha da hora de nascer até a morte. Espero que, pelo menos, eu não sofra mais desse dente. E sei que tem coisa muito, mas muito pior que isso.
Pois é. A vida é bela, mas não é fácil.
Haja comprimido.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Erros demais
O recente fato mostra erros de conduta e julgamento. Em todos esses anos, nunca havia visto ninguém censurar o Clube Militar. Não se trata de um órgão público, mas de uma associação centenária, de direito privado sem fins lucrativos, de caráter representativo, assistencial, social, cultural, esportivo e recreativo, com atuação em todo território nacional.
Por outro lado, ao militar inativo é permitida a livre manifestação sobre assuntos políticos ou ideológicos. O primeiro erro, portanto, foi o de impedir uma manifestação legítima.
Quando se fecha a válvula de uma panela de pressão no fogo, corre-se o risco dela explodir. Ao interromper um ato legal, abre-se a oportunidade para a indisciplina.
O segundo erro foi mostrar-se incomodada com a publicação. Sabe-se, agora, que há um ponto fraco que poderá ser explorado. Fica a questão sobre quem agiu ao arrepio da lei.
Ainda acredito que os controladores da mída não permitirão que se explore esse assunto. Os "heróis da resistência" erraram muito e mais uma vez mostram sua verdadeira face.
Por outro lado, ao militar inativo é permitida a livre manifestação sobre assuntos políticos ou ideológicos. O primeiro erro, portanto, foi o de impedir uma manifestação legítima.
Quando se fecha a válvula de uma panela de pressão no fogo, corre-se o risco dela explodir. Ao interromper um ato legal, abre-se a oportunidade para a indisciplina.
O segundo erro foi mostrar-se incomodada com a publicação. Sabe-se, agora, que há um ponto fraco que poderá ser explorado. Fica a questão sobre quem agiu ao arrepio da lei.
Ainda acredito que os controladores da mída não permitirão que se explore esse assunto. Os "heróis da resistência" erraram muito e mais uma vez mostram sua verdadeira face.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Rafalle
As últimas notícias indicam que finalmente o Brasil escolherá o Rafalle como o avião do Projeto FX2. Há quem se manifeste desfavoravelmente à escolha. Quanto ao assunto, é preciso fazer algumas considerações.
Quem conhece do assunto assegura que o Rafaele é um excelente avião, de altíssimo nível, mas a questão envolve outros fatores. O primeiro deles de natureza econômica.
O Rafalle é bem mais caro que seus concorrentes porque não há escala para sua produção, mas isso não tem nada a ver com mercado ou qualidade, tem a ver com política. Recentemente, o Rafalle venceu uma licitação na Índia, o que vai atenuar esse problema.
Em segundo lugar, tem o problema da transferência de tecnologia, o que é algo muito mais complicado para quem vai recebê-la do que para quem vai transferí-la.
Em relação ao parceiro estratégico, há um outro fato relevante. A Embraer venceu uma licitação para fornecer Super Tucanos para as Forças Armadas dos EUA. Contudo, a Hawker Beechcraft entrou na justiça e barrou a aquisição. Esse fato comprova que o mercado norte americano é fechadíssimo e que não se pode contar com os EUA para uma parceria estratégica.
Daí, vem a questão do peso político do parceiro comercial. A França, por mais debilitada que esteja, ainda é um ator relevante no Sistema Internacional, muito mais do que a Suécia. Uma aliança estratégica com os franceses contribuiu para a defesa dos nossos interesses.
O mais importante de tudo isso, todavia, é definir de uma vez a aquisição do avião, qualquer que seja o modelo ou fabricante, pois ele é necessário para a nossa defesa e a demora desse processo já ultrapassou todos os limites do bom senso.
Quem conhece do assunto assegura que o Rafaele é um excelente avião, de altíssimo nível, mas a questão envolve outros fatores. O primeiro deles de natureza econômica.
O Rafalle é bem mais caro que seus concorrentes porque não há escala para sua produção, mas isso não tem nada a ver com mercado ou qualidade, tem a ver com política. Recentemente, o Rafalle venceu uma licitação na Índia, o que vai atenuar esse problema.
Em segundo lugar, tem o problema da transferência de tecnologia, o que é algo muito mais complicado para quem vai recebê-la do que para quem vai transferí-la.
Em relação ao parceiro estratégico, há um outro fato relevante. A Embraer venceu uma licitação para fornecer Super Tucanos para as Forças Armadas dos EUA. Contudo, a Hawker Beechcraft entrou na justiça e barrou a aquisição. Esse fato comprova que o mercado norte americano é fechadíssimo e que não se pode contar com os EUA para uma parceria estratégica.
Daí, vem a questão do peso político do parceiro comercial. A França, por mais debilitada que esteja, ainda é um ator relevante no Sistema Internacional, muito mais do que a Suécia. Uma aliança estratégica com os franceses contribuiu para a defesa dos nossos interesses.
O mais importante de tudo isso, todavia, é definir de uma vez a aquisição do avião, qualquer que seja o modelo ou fabricante, pois ele é necessário para a nossa defesa e a demora desse processo já ultrapassou todos os limites do bom senso.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Barro na veia
Um comentário de um amigo meu no facebook me deu a oportunidade de desenvolver uma historinha sobre soldados e barro. É mais ou menos assim. O soldado novo, com pouco tempo de quartel, suja a pele de barro quando vai ao campo; mas quando se trata de um velho soldado, já calejado e experiente, o barro passa através da pele e entra na corrente sanguínea.
Tem gente que sobrevive ao quartel mas não vive a vida militar. Por isso, ter anos e anos de serviço não garante o barro na veia. Para isso, é preciso que o militar tenha um coração que aguente bombear sangue e terra. Isso quer dizer que ele tem que ser forte para suportar os dissabores, as contrariedades e dificuldades da vida militar e mesmo assim, ter o entusiasmo de enfrentar os desafios.
É difícil vencer as dificuldades. Mais fácil é fechar os olhos e deixar as coisas como estão, fazer de conta que os problemas não existem, deixar de consertar o errado porque as coisas sempre foram assim.
Barro na veia não significa resignação, mas a aceitação do sacrifício. A terra no sangue representa o amor à Instituição e a firme determinação de consertar o que está ruim e em melhorar o que está bom.
Então, velhos companheiros, que nossa couraça nos proteja dos perigos, mas que ela sempre deixe passar a terra que precisamos em nossas veias.
Tem gente que sobrevive ao quartel mas não vive a vida militar. Por isso, ter anos e anos de serviço não garante o barro na veia. Para isso, é preciso que o militar tenha um coração que aguente bombear sangue e terra. Isso quer dizer que ele tem que ser forte para suportar os dissabores, as contrariedades e dificuldades da vida militar e mesmo assim, ter o entusiasmo de enfrentar os desafios.
É difícil vencer as dificuldades. Mais fácil é fechar os olhos e deixar as coisas como estão, fazer de conta que os problemas não existem, deixar de consertar o errado porque as coisas sempre foram assim.
Barro na veia não significa resignação, mas a aceitação do sacrifício. A terra no sangue representa o amor à Instituição e a firme determinação de consertar o que está ruim e em melhorar o que está bom.
Então, velhos companheiros, que nossa couraça nos proteja dos perigos, mas que ela sempre deixe passar a terra que precisamos em nossas veias.
Fazer a cabeça
A expressão "fazer uma cabeça" era uma gíria muito usada pelos jovens dos anos setenta e me parece que estava realacionada ao uso de drogas. De certa forma, pode-se dizer, como a propaganda, o "fazer a cabeça" das pessoas servia para direcionar sua preferência a um produto ou à aceitação de uma ideia.
Até alguns anos atrás, a esquerda ainda fazia a cabeça de muita gente, sem grande contestação. Era fácil e lógico aceitar seus princípios e dogmas, que quase sempre apontavam a causa dos nossos problemas ao imperialismo norte-americano ou à exploração dos fracos pelos fortes. Há mesmo uma certa dose de realidade nesse diagnóstico, mas o fato é que o mundo evoluiu e hoje as ideias socialistas despertam críticas.
É que, ao tentar colocar em prática o pensamento utópico, os esquerdistas esbarraram em suas próprias fraquezas. Os sucessivos governos de esquerda apresentaram inúmeras contradições. Afinal, não se pode pregar a ética e a moralidade nos discursos quando no dia a dia se pratica a corrupção e a mentira. Por isso, não é mais tão fácil fazer a cabeça do povo.
Contudo, mesmo com evidentes erros e abusos na aplicação de suas ideias, há os que se recusam a rever os seus conceitos. Prova de que é difícil desfazer uma cabeça feita.
Até alguns anos atrás, a esquerda ainda fazia a cabeça de muita gente, sem grande contestação. Era fácil e lógico aceitar seus princípios e dogmas, que quase sempre apontavam a causa dos nossos problemas ao imperialismo norte-americano ou à exploração dos fracos pelos fortes. Há mesmo uma certa dose de realidade nesse diagnóstico, mas o fato é que o mundo evoluiu e hoje as ideias socialistas despertam críticas.
É que, ao tentar colocar em prática o pensamento utópico, os esquerdistas esbarraram em suas próprias fraquezas. Os sucessivos governos de esquerda apresentaram inúmeras contradições. Afinal, não se pode pregar a ética e a moralidade nos discursos quando no dia a dia se pratica a corrupção e a mentira. Por isso, não é mais tão fácil fazer a cabeça do povo.
Contudo, mesmo com evidentes erros e abusos na aplicação de suas ideias, há os que se recusam a rever os seus conceitos. Prova de que é difícil desfazer uma cabeça feita.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Quem cala, conmente!
No artigo "Verdade sem Eufemismos", publicado pela Folha de São Paulo de 09 de dezembro passado, o Hélio Schwartsman deu a tônica do pensamento que domina a mídia sobre a Comissão da Verdade.
Para ele, não procede a queixa dos que reclamam de revanchismo e reclamam da parcialidade que dita comissão adotará, investigando apenas os crimes cometidos pelas forças de segurança, pois não estavamos em guerra civil e os insurgentes armados deveriam ser tratados e respeitados como presos comuns. Os agentes do Estado teriam, então, a obrigação de zelar pela sua integridade física.
Quando li o artigo, logo pensei: ah, tá bom! A comissão da (meia) verdade só vai investigar a metade da história porque não estávamos em guerra civil. Então, da próxima vez que estivermos enfrentando terroristas, vamos deixar que a situação piore o bastante para virar um conflito de grandes proporções, de preferência com milhares de mortos, pois só assim poderemos aspirar um pouco mais de isenção no posterior julgamento histórico dos fatos.
Fica evidente que os argumentos dessa linha de pensamento do Hélio Schw¨%&)$! estão mais do que furados; eles foram mesmo é arrombados pela marcha do tempo. Jamais poderiam justificar que não se investigue também os crimes dos terroristas. Ora, vida é vida, todos devemos ter nossa existência respeitada, até mesmo os cruéis agentes da burguesia, como os numerosos vigilantes de banco e sentinelas de quartéis que foram mortos covardemente naquela época. Contudo, muita gente (pretensamente) boa se cala sobre essa desigualdade de tratamento.
Eu até entendo. Enquanto os cruéis vigilantes de banco eram filhos de lavadeiras; os bravos universitários heróis da resistência eram gente de boa índole, criada na classe média alta, como nossa atual líder. Não dá para comparar alhos com bugalhos, não é mesmo? Afinal, quem escreve melhor e mais bonito acaba reescrevendo a história.
Aproveito para lançar um novo verbo, o conmentir, que significa mentir junto. Há um ditado popular que diz: "quem cala consente". Com meu novo verbo, o ditado poderia ser reescrito para essa Comissão da (in)Verdade para: "quem cala, conmente".
Já estou ansioso pelos conmentários dos bravos heróis da resistência.
Para ele, não procede a queixa dos que reclamam de revanchismo e reclamam da parcialidade que dita comissão adotará, investigando apenas os crimes cometidos pelas forças de segurança, pois não estavamos em guerra civil e os insurgentes armados deveriam ser tratados e respeitados como presos comuns. Os agentes do Estado teriam, então, a obrigação de zelar pela sua integridade física.
Quando li o artigo, logo pensei: ah, tá bom! A comissão da (meia) verdade só vai investigar a metade da história porque não estávamos em guerra civil. Então, da próxima vez que estivermos enfrentando terroristas, vamos deixar que a situação piore o bastante para virar um conflito de grandes proporções, de preferência com milhares de mortos, pois só assim poderemos aspirar um pouco mais de isenção no posterior julgamento histórico dos fatos.
Fica evidente que os argumentos dessa linha de pensamento do Hélio Schw¨%&)$! estão mais do que furados; eles foram mesmo é arrombados pela marcha do tempo. Jamais poderiam justificar que não se investigue também os crimes dos terroristas. Ora, vida é vida, todos devemos ter nossa existência respeitada, até mesmo os cruéis agentes da burguesia, como os numerosos vigilantes de banco e sentinelas de quartéis que foram mortos covardemente naquela época. Contudo, muita gente (pretensamente) boa se cala sobre essa desigualdade de tratamento.
Eu até entendo. Enquanto os cruéis vigilantes de banco eram filhos de lavadeiras; os bravos universitários heróis da resistência eram gente de boa índole, criada na classe média alta, como nossa atual líder. Não dá para comparar alhos com bugalhos, não é mesmo? Afinal, quem escreve melhor e mais bonito acaba reescrevendo a história.
Aproveito para lançar um novo verbo, o conmentir, que significa mentir junto. Há um ditado popular que diz: "quem cala consente". Com meu novo verbo, o ditado poderia ser reescrito para essa Comissão da (in)Verdade para: "quem cala, conmente".
Já estou ansioso pelos conmentários dos bravos heróis da resistência.
Como chegar ao generalato
Depois de quase três décadas de serviço, descobri o que é necessário para um oficial chegar ao generalato.
É simples. Ele só precisa ser ter cabelo e todos os dentes; ser bem apessoado; ter excelente apresentação individual; ser inteligente, simpático, desenrolado; ter espírito de liderança, ser corajoso, ter todos os cursos, cuidar bem das mãos e, sobretudo, ser humilde. Eu só tenho um problema: roo as unhas. rs
É simples. Ele só precisa ser ter cabelo e todos os dentes; ser bem apessoado; ter excelente apresentação individual; ser inteligente, simpático, desenrolado; ter espírito de liderança, ser corajoso, ter todos os cursos, cuidar bem das mãos e, sobretudo, ser humilde. Eu só tenho um problema: roo as unhas. rs
Médicos militares
Tá ruim para todo mundo, principalmente para os sujeitos de uniforme que se dedicam a defender este País. Um aspecto sensível para os militares é a dificuldade em acessar os serviços de saúde. Há grande carência de médicos militares.
A situação é tão ruim que nem adianta pagar plano de saúde. Os convênios são caros e é insuficiente a quantidade de clínicas conveniadas. O resultado são filas e filas e haja paciência e disposição. Não é bom ficar doente, ainda mais se você mora no andar de baixo no edifício social deste País.
O fato é que falta médico no Brasil e a carreira militar oferece muito serviço e pouco dinheiro. Além disso, para vestir a farda e encarar o trabalho no quartel, o sujeito tem que possuir a danada da vocação que anda em falta para a maioria da turma de branco.
Para piorar a situação, em alguns estados, sábios juízes federais liberaram do serviço militar os formandos de medicina que já tivessem o Certificado de Dispensa de Incorporação (CDI), um papelzinho que os brasileiros em geral obtêm quando, aos dezenove anos, se apresentam e são incluídos no excesso de contingente.
A Lei do Serviço Militar é bem clara a respeito disso. O formando de medicina, tendo ou não o tal do CDI, tem que se apresentar para o serviço nas Forças Armadas. Mas, com elevada sabedoria, alguns doutos magistrados julgam que essa lei não vale.
Já que falamos de medicina, acho que meu diagnóstico está até bem bonzinho. Difícil mesmo é encontrar um remédio para esse problema.
A situação é tão ruim que nem adianta pagar plano de saúde. Os convênios são caros e é insuficiente a quantidade de clínicas conveniadas. O resultado são filas e filas e haja paciência e disposição. Não é bom ficar doente, ainda mais se você mora no andar de baixo no edifício social deste País.
O fato é que falta médico no Brasil e a carreira militar oferece muito serviço e pouco dinheiro. Além disso, para vestir a farda e encarar o trabalho no quartel, o sujeito tem que possuir a danada da vocação que anda em falta para a maioria da turma de branco.
Para piorar a situação, em alguns estados, sábios juízes federais liberaram do serviço militar os formandos de medicina que já tivessem o Certificado de Dispensa de Incorporação (CDI), um papelzinho que os brasileiros em geral obtêm quando, aos dezenove anos, se apresentam e são incluídos no excesso de contingente.
A Lei do Serviço Militar é bem clara a respeito disso. O formando de medicina, tendo ou não o tal do CDI, tem que se apresentar para o serviço nas Forças Armadas. Mas, com elevada sabedoria, alguns doutos magistrados julgam que essa lei não vale.
Já que falamos de medicina, acho que meu diagnóstico está até bem bonzinho. Difícil mesmo é encontrar um remédio para esse problema.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Votos e esforços
As recentes greves de policiais reabriram a discussão sobre os salários de militares. Há companheiros que advogam soluções radicais, mas que podem ferir a hierarquia e disciplina. Sem esses dois valores, nós perderemos nossa identidade como militares.
Há uma outra ideia, que é a da união de votos e esforços. Ela é boa e me parece viável. Somos 750 mil ativos, inativos e pensionistas. Considerando quatro pessoas por família, teríamos algo como três milhões de viventes, ops, sobreviventes driblando a carestia geral com nossos minguados soldos. Esse número representa uns três porcento do eleitorado nacional. É pouco para botar alguém no Planalto, mas a conta bastaria para eleger uns três Tiriricas ou uns trinta Bolsonaros.
Como disse, a ideia é boa, boa mesmo. Difícil é convencer nossos companheiros a votar em A, B ou C. Afinal, somos militares e temos muito em comum, mas a historinha da caldeirinha do inferno, onde uns puxam os outros para baixo, tem lá sua semelhança com a realidade.
Outro ação viável é compartilhar essas ideias com o máximo de amigos possível. Vamos difundí-las no Facebook. A maioria dos brasileiros tem mentalidade conservadora, no sentido de apreciar os valores mais importantes e distinguir o que é certo do que é errado. Certamente, muitos dos politicamente corretos nos criticariam, mas há uma maioria silenciosa e conservadora, que sabe ler e vota.
Não dá para fazer muito mais do que isso. Talvez encher a caixa postal dos deputados com mensagens reivindicatórias e participar mais dos espaços de discussão na imprensa. Tudo isso seria muito mais do que tem sido feito ao longo dos anos.
Há uma outra ideia, que é a da união de votos e esforços. Ela é boa e me parece viável. Somos 750 mil ativos, inativos e pensionistas. Considerando quatro pessoas por família, teríamos algo como três milhões de viventes, ops, sobreviventes driblando a carestia geral com nossos minguados soldos. Esse número representa uns três porcento do eleitorado nacional. É pouco para botar alguém no Planalto, mas a conta bastaria para eleger uns três Tiriricas ou uns trinta Bolsonaros.
Como disse, a ideia é boa, boa mesmo. Difícil é convencer nossos companheiros a votar em A, B ou C. Afinal, somos militares e temos muito em comum, mas a historinha da caldeirinha do inferno, onde uns puxam os outros para baixo, tem lá sua semelhança com a realidade.
Outro ação viável é compartilhar essas ideias com o máximo de amigos possível. Vamos difundí-las no Facebook. A maioria dos brasileiros tem mentalidade conservadora, no sentido de apreciar os valores mais importantes e distinguir o que é certo do que é errado. Certamente, muitos dos politicamente corretos nos criticariam, mas há uma maioria silenciosa e conservadora, que sabe ler e vota.
Não dá para fazer muito mais do que isso. Talvez encher a caixa postal dos deputados com mensagens reivindicatórias e participar mais dos espaços de discussão na imprensa. Tudo isso seria muito mais do que tem sido feito ao longo dos anos.
Viúvas
Acabo de fazer um comentário no facebook a respeito de um texto do Coronel Braga.
Transcrevo a seguir o que escrevi.
Eu entendo os que se exasperam pela falta de solução ao problema salarial. Todos compartilhamos a angústia de não sermos devidamente valorizados. O que mais dói ao miliar não é a remuneração insuficiente, mas a diferença de tratamento entre carreiras. Os que se sacrificam não são valorizados, enquanto os oportunistas conseguem tudo o que pleiteiam.
Meu pai também é militar e desde criança me acostumei às restrições da falta de dinheiro em casa. Houve tempos muito piores que os atuais, minha família passou por privações, e, veja, meu pai é oficial. Muito pior era a situação de nossos colegas filhos de sargentos.
Pelo que lembro, quarenta anos atrás já havia os que pregavam ações radicais para aumentar os soldos dos militares. Desde aquela época, havia também os que se queixavam dos generais, acusando-os de acomodados ou ineptos. Eu mesmo já pensei assim, quando mais jovem e inconsequente.
Hoje, sei que é muito baixo o poder de fogo de um general, independentemente das estrelas que ele ostente. Além disso, os tempos são outros, bem diferentes da época em que um comandante destemperado poderia desestabilizar um governo.
O fato é que não há solução fácil ou indolor para nosso problema. O que ainda não sei, é como resolver essa situação atendendo aos princípios da hierarquia e disciplina. No IME, aprendi que a solução de um problema tem que obedecer às suas condicionantes. Partir para uma greve ou rebelião é o mesmo que desprezar a essência de nossa profissão.
Por outro lado, pelo que entendo da vida militar e do jogo político, sei que não se pode aceitar de modo algum a desvinculação dos salários dos militares da ativa e os da inatividade. Por fim, aproveito as pensionistas para encerrar meu raciocínio, desejando que nossas mulheres nunca fiquem viúvas.
Transcrevo a seguir o que escrevi.
Eu entendo os que se exasperam pela falta de solução ao problema salarial. Todos compartilhamos a angústia de não sermos devidamente valorizados. O que mais dói ao miliar não é a remuneração insuficiente, mas a diferença de tratamento entre carreiras. Os que se sacrificam não são valorizados, enquanto os oportunistas conseguem tudo o que pleiteiam.
Meu pai também é militar e desde criança me acostumei às restrições da falta de dinheiro em casa. Houve tempos muito piores que os atuais, minha família passou por privações, e, veja, meu pai é oficial. Muito pior era a situação de nossos colegas filhos de sargentos.
Pelo que lembro, quarenta anos atrás já havia os que pregavam ações radicais para aumentar os soldos dos militares. Desde aquela época, havia também os que se queixavam dos generais, acusando-os de acomodados ou ineptos. Eu mesmo já pensei assim, quando mais jovem e inconsequente.
Hoje, sei que é muito baixo o poder de fogo de um general, independentemente das estrelas que ele ostente. Além disso, os tempos são outros, bem diferentes da época em que um comandante destemperado poderia desestabilizar um governo.
O fato é que não há solução fácil ou indolor para nosso problema. O que ainda não sei, é como resolver essa situação atendendo aos princípios da hierarquia e disciplina. No IME, aprendi que a solução de um problema tem que obedecer às suas condicionantes. Partir para uma greve ou rebelião é o mesmo que desprezar a essência de nossa profissão.
Por outro lado, pelo que entendo da vida militar e do jogo político, sei que não se pode aceitar de modo algum a desvinculação dos salários dos militares da ativa e os da inatividade. Por fim, aproveito as pensionistas para encerrar meu raciocínio, desejando que nossas mulheres nunca fiquem viúvas.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Salário
As greves de policiais militares têm servido para evidenciar a precária situação salarial de diversas categorias profissionais no Brasil. Pior que receber uma remuneração insuficiente é verificar a generosidade do governo em atender aos pleitos de outros grupos com maior força de barganha, nem sempre atendendo ao critério do mérito.
Os militares constituem um grupo relativamente numeroso. Considerando apenas os membros das Forças Armadas, na ativa ou na inatividade, bem como pensionistas, seu contingente alcança aos 750 mil integrantes. Esse número, embora expressivo, esconde o fato de que esse grupo está disperso territorialmente, o que diminui sua força política.
Contudo, nós, militares, pensamos e nos comportamos de um modo relativamente igual. Além disso, nosso grupo representa bem os diferentes extratos sociais de nosso país. Desde meados do século XIX, quando o Brigadeiro Manoel Felizardo adotou o critério do merecimento para o ingresso e progressão na carreira militar, que a maioria de nossos oficiais passou a ser menos de “filhos de” e mais de “filhos da”. Ou seja, as Forças Armadas tornaram-se reduto da classe média brasileira.
O resultado disso é que somos majoritariamente conservadores, no sentido de que apreciamos a ordem, respeitamos as normas jurídicas e valorizamos a família e a vida em sociedade. Não somos individualistas, mas valorizamos o mérito individual. Este último aspecto é pouco percebido pelos governantes.
Em resumo, o que mais nos dói não é propriamente a remuneração insuficiente, mas a generosidade do governo em conceder altos salários para quem merece menos que aqueles que realmente se sacrificam pelo país.
É um descalabro verificar que o mesmo governo que nega um salário digno para seus soldados escancara seus cofres para certos magistrados que percebem valores realmente astronômicos. Há relatos de juízes recebendo mais de 400 mil reais por mês, isso a despeito de todas as normas legais proibindo que se receba no serviço público mais que os ministros do STF.
Nós, militares somos disciplinados e obedientes, mas nossa paciência tem limites e, por formação, não podemos continuar tolerando tantas injustiças. Na ativa, somos impedidos de nos manifestar sobre assuntos políticos e militares. Esse impedimento, embora muito sábio, nos restringe a capacidade de defender nossos interesses. Por sermos uma carreira de Estado, é inegável que cabe aos governantes zelar pelo bem estar dos soldados.
Infelizmente, não é isso o que se percebe. Para modificar essa situação, temos que agir coordenadamente, numa estratégia que atenda inflexivelmente às condicionantes do respeito à lei e à ordem. A força do militar está justamente na sua disciplina e amor à Pátria. Sem isso, não seremos diferentes dos oportunistas que se alimentam da corrupção e da mentira.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
EU FUI!!!
Os anos 80 foram década dos meus vinte anos e eu assisti o surgimento de quase todas as grandes bandas.
Morava na Praia Vermelha e, a partir de 1983, subia no bondinho do Morro da Urca fim de semana sim, outro fim de semana também, para testemunhar as estréias de grupos então quase desconhecidos, como Legião Urbana, Paralamas, Barão Vermelho e Kid Abelha.
Isso para falar dos nacionais. The Police, Alphaville, New Order, Eurythmics e tantas outros também faziam parte do meu repertório.
Eu ouvia muita música, mas só em 1988 é que pude comprar um carro com toca fitas. Daí, então, passei a escutar diariamente o Duran Duran, Dire Straits, Talking Heads e The Smiths.
Tempos bons aqueles, mas, mesmo com todo esse repertório, fui fiel ao Led Zeppellin até gastar o vinil dos meus bolachões.
Por fim, sabe o primeiro Rock in Rio, aquele de 1985? Pois é, EU FUI!!!
Morava na Praia Vermelha e, a partir de 1983, subia no bondinho do Morro da Urca fim de semana sim, outro fim de semana também, para testemunhar as estréias de grupos então quase desconhecidos, como Legião Urbana, Paralamas, Barão Vermelho e Kid Abelha.
Isso para falar dos nacionais. The Police, Alphaville, New Order, Eurythmics e tantas outros também faziam parte do meu repertório.
Eu ouvia muita música, mas só em 1988 é que pude comprar um carro com toca fitas. Daí, então, passei a escutar diariamente o Duran Duran, Dire Straits, Talking Heads e The Smiths.
Tempos bons aqueles, mas, mesmo com todo esse repertório, fui fiel ao Led Zeppellin até gastar o vinil dos meus bolachões.
Por fim, sabe o primeiro Rock in Rio, aquele de 1985? Pois é, EU FUI!!!
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Respeito
Sempre tive muito claro a importância de se respeitar os mais velhos. Quando era aspirante, dedicava especial deferência a dois militares de minha companhia, um primeiro-sargento e um subtenente. Pela hierarquia, eu era mais antigo que ambos, que, entretanto, eram da mesma geração de meu pai.
Não era apenas uma questão de mais ou menos anos de idade. Por serem mais experientes, eles controlavam seus impulsos e mantinham sua compostura. Eram muito corretos, dedicados e disciplinados. Por isso, eu, na época um aspirante de vinte e um anos, me espelhava em sua conduta para me corrigir nas inúmeras besteiras que cometia. Eu era impetuoso demais e sábio de menos.
A recente greve da PM da Bahia me fez lembrar daqueles dois militares. Jamais os vi reclamar de seus superiores ou cometer uma transgressão pequena que fosse. E sei que ambos viviam com muita dificuldade.
No Exército, não há quem ganhe pior que os primeiro-sargentos e os subtenentes. Em geral, eles contam com mais de vinte anos de carreira, têm filhos na universidade e uma pesada carga para o sustento de sua família. Pela sua experiência e responsabilidade, esses profissionais são muito mal remunerados.
No mesmo quartel, havia um outro primeiro-sargento que uma vez me causou um grande problema. Estávamos de serviço e ele apareceu na revista do recolher com fortes sintomas de embriaguês. Esperei a formatura terminar para admoestá-lo e recolhê-lo ao seu alojamento. Quis me enfrentar, mas me mantive firme e, como resultado do inevitável processo disciplinar, ele foi punido. Depois, soube que ele havia sido um bom militar até que problemas pessoais o levaram ao alcoolismo.
Certamente, aquela situação de meados da década de 1980 se repete vinte e tantos anos depois nos tantos quartéis deste País. A profissão militar não é fácil e a remuneração insuficiente certamente é um fator agravante para quem não tem forças para enfrentar os problemas da vida. Diante disso, alguns recorrem ao álcool, às drogas ou simplesmente desabam.
Felizmente, quando lembro dos meus tempos de aspirante, visualizo o primeiro-sargento e o subtenente de minha companhia, homens corretos e profissionais exemplares. Até hoje, já coronel, menos impetuoso e mais sábio, tento ser tão bom como aqueles dois.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Greve na PM
Dentre as notícias do dia, destacam-se as que tratam da greve de integrantes da Polícia Militar da Bahia. Há quem afirme que esse movimento não se restringe àquele estado, mas que que brevemente se repetiria em outras unidades da Federação. Sua finalidade seria forçar o estabelecimento de um piso salarial para as Polícias Militares em todo País, conforme o previsto na PEC 300, em discussão no Congresso Nacional.
A greve dos policiais é muito grave. A população baiana sofre com a falta de policiamento, com aumento expressivo no número de crimes. O fato provoca discussões que ultrapassam reivindicações de cunho salarial e alcançam outros aspectos da profissão militar.
Rodrigo Pimentel, ex-capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro, reclamou ontem, no Bom Dia Brasil, que a proibição de sindicalização dos militares lhes impediria melhores condições de negociação salarial, ao mesmo tempo em que favoreceria aos que propõem medidas radicais para forçar aos governos o atendimento de suas reivindicações.
Eu considero inapropriado o argumento do ex-capitão e sou contra a sindicalização de militares. Como exemplo, cito um líder do movimento grevista que afirmou que repudia os regulamentos militares e não aceita que um policial seja punido por deixar de fazer uma continência.
Para mim, quem reclama pela obrigação de saudar seus superiores demonstra pouco apreço pelos princípios da hierarquia e disciplina, que são basilares na estrutura das instituições militares. Essa mesma falta de apreço ficou evidente em outra situação recente, quando militares do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro invadiram um quartel de sua corporação durante uma greve.
Assim como os militares estaduais, os integrantes das Forças Armadas também sofrem problemas salariais, que se destacam ao se observar a absurda desproporção entre a remuneração dos militares e de seus congêneres no serviço público. Esse problema tem se agravado ao longo dos anos e há uma percepção de que os governos não têm tratado este assunto com a devida consideração.
Os governos estaduais têm optado em anistiar os revoltosos e em não resolver os problemas salariais, o que enfraquece a autoridade dos comandantes das corporações. É evidente que se deve prover salários compatíveis aos militares ao mesmo tempo em que se reforça a estrutura de comando. Também fica claro que as instituições militares devem permanecer fora do alcance das disputas político- partidárias.
Quartel não é lugar de política, tampouco de sindicatos. Os regulamentos militares sobre o assunto são sábios e devem ser obedecidos. Cada militar é diretamente responsável por manter os princípios da hierarquia e disciplina e zelar pelo bem da sua Instituição.
Até o momento, não se vislumbra um desfecho para a greve da Polícia Militar da Bahia. Esta situação ultrapassa o aspecto financeiro e pode ter repercussões muito mais amplas, afetando a própria capacidade de comandamento das instituições militares, com desdobramentos para a segurança pública e a defesa do País.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Missing
Acabo de rever um filme de 30 anos atrás. O missing, do diretor Costa-Gravas, tem o Jack Lemmon representando o pai de Charles Horman, um estadunidense que foi morto durante o golpe militar de 1973, no Chile. Trato do filme por que ele tem a ver com a Comissão da Verdade.
O grego Costa-Gravas estudou na Sorbonne e é um expoente do cinema político, com especial ênfase em denunciar abusos de ditaduras militares. O Missing faz uma série de ilações. Uma delas é que brasileiros ajudaram os chilenos a exterminar esquerdistas. Isso está claro numa das cenas do filme, em que um sujeito de terno e gravata e falando português orienta militares chilenos, em pleno Estádio Nacional, como proceder em interrogatórios.
Esse papo de brasileiro metido em golpe militar do Chile é uma grossa mentira. Se fosse verdade, haveria centenas de publicações tratando do tema. Não há resquício de prova, só boataria.
Suspeito que essa comissão da verdade também vai tratar de boatos e suposições e também servirá a uma determinada corrente ideológica. Vai ser um pouco como o Missing, que é um bom filme, mas tem suas falsidades. Uma obra de arte que serviu para os interesses de um diretor engajado e pouco preocupado em ser isento.
O grego Costa-Gravas estudou na Sorbonne e é um expoente do cinema político, com especial ênfase em denunciar abusos de ditaduras militares. O Missing faz uma série de ilações. Uma delas é que brasileiros ajudaram os chilenos a exterminar esquerdistas. Isso está claro numa das cenas do filme, em que um sujeito de terno e gravata e falando português orienta militares chilenos, em pleno Estádio Nacional, como proceder em interrogatórios.
Esse papo de brasileiro metido em golpe militar do Chile é uma grossa mentira. Se fosse verdade, haveria centenas de publicações tratando do tema. Não há resquício de prova, só boataria.
Suspeito que essa comissão da verdade também vai tratar de boatos e suposições e também servirá a uma determinada corrente ideológica. Vai ser um pouco como o Missing, que é um bom filme, mas tem suas falsidades. Uma obra de arte que serviu para os interesses de um diretor engajado e pouco preocupado em ser isento.