quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Greve na PM

Dentre as notícias do dia, destacam-se as que tratam da greve de integrantes da Polícia Militar da Bahia. Há quem afirme que esse movimento não se restringe àquele estado, mas que que brevemente se repetiria em outras unidades da Federação. Sua finalidade seria forçar o estabelecimento de um piso salarial para as Polícias Militares em todo País, conforme o previsto na PEC 300, em discussão no Congresso Nacional.
A greve dos policiais é muito grave. A população baiana sofre com a falta de policiamento, com aumento expressivo no número de crimes. O fato provoca discussões que ultrapassam reivindicações de cunho salarial e alcançam outros aspectos da profissão militar.
Rodrigo Pimentel, ex-capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro, reclamou ontem, no Bom Dia Brasil, que a proibição de sindicalização dos militares lhes impediria melhores condições de negociação salarial, ao mesmo tempo em que favoreceria aos que propõem medidas radicais para forçar aos governos o atendimento de suas reivindicações.
Eu considero inapropriado o argumento do ex-capitão e sou contra a sindicalização de militares. Como exemplo, cito um líder do movimento grevista que afirmou que repudia os regulamentos militares e não aceita que um policial seja punido por deixar de fazer uma continência.
Para mim, quem reclama pela obrigação de saudar seus superiores demonstra pouco apreço pelos princípios da hierarquia e disciplina, que são basilares na estrutura das instituições militares. Essa mesma falta de apreço ficou evidente em outra situação recente, quando militares do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro invadiram um quartel de sua corporação durante uma greve.
Assim como os militares estaduais, os integrantes das Forças Armadas também sofrem problemas salariais, que se destacam ao se observar a absurda desproporção entre a remuneração dos militares e de seus congêneres no serviço público. Esse problema tem se agravado ao longo dos anos e há uma percepção de que os governos não têm tratado este assunto com a devida consideração.
Os governos estaduais têm optado em anistiar os revoltosos e em não resolver os problemas salariais, o que enfraquece a autoridade dos comandantes das corporações. É evidente que se deve prover salários compatíveis aos militares ao mesmo tempo em que se reforça a estrutura de comando. Também fica claro que as instituições militares devem permanecer fora do alcance das disputas político- partidárias.
Quartel não é lugar de política, tampouco de sindicatos. Os regulamentos militares sobre o assunto são sábios e devem ser obedecidos. Cada militar é diretamente responsável por manter os princípios da hierarquia e disciplina e zelar pelo bem da sua Instituição.
Até o momento, não se vislumbra um desfecho para a greve da Polícia Militar da Bahia. Esta situação ultrapassa o aspecto financeiro e pode ter repercussões muito mais amplas, afetando a própria capacidade de comandamento das instituições militares, com desdobramentos para a segurança pública e a defesa do País.

Nenhum comentário:

Postar um comentário