domingo, 29 de maio de 2011

Um erro não justifica o outro

O Paulo Moreira Leite postou um texto em seu blog defendendo a exibição dos filmes do kit-antihomofobia. Eu lhe enviei o comentário a seguir:



O kit anti-homofobia é como um trem com uma boa locomotiva que carrega vários vagões podres.

O repúdio à violência aos homossexuais parece uma causa bastante justa e meritória. Essa é a locomotiva do trem.

O problema não é a locomotiva, mas alguns vagões que lhe estão atrelados.

Como estratégia para reduzir o preconceito contra os homossexuais, resolveu-se valorizar o homossexualismo. Daí, inventaram os filmes para crianças de onze anos e algumas propostas como reserva de mercado para professores homossexuais, bolsas de estudo especialmente para profissionais travestis e transexuais, financiamento de paradas gay com dinheiro público, reforma agrária para população LGBT, etc. Esses são os vagões podres.

A estratégia é maliciosa. Quem reclamar dos vagões será prontamente rotulado como homofóbico.

Falemos um pouco mais dos filmes. O Paulo nos conta das crianças pequenas que podem assistir programas com cenas eróticas na televisão. Aproveito a recente polêmica quanto à liberdade de expressão e consumo de drogas para comparar o argumento do Paulo com os dos maconheiros.

Os adeptos da maconha invariavelmente comparam aquela droga ao álcool e tabaco. Insistem em rotular de hipócrita a sociedade que reprime as drogas ilícitas, mas tolera a bebida e o fumo, que também fariam muito mal à saúde.
Paulo adota a mesma linha de raciocínio. Ora, se as crianças podem escapar à vigilância dos pais e assistir programas impróprios, que mal faria a exibição dos filmes do kit?

Minha resposta é que crianças não devem assistir programas impróprios e nem os filmes do kit.

Do mesmo modo, quem bebe e fuma deve esforçar-se em beber menos e parar de fumar, pois ambos fazem mal à saúde. Os maconheiros, por sua vez, devem parar de se drogar imediatamente, pois está mais do que provado que a maconha destrói os neurônios do cérebro e é a porta de entrada de drogas mais pesadas.

O meu argumento é muito simples e é como um trem com locomotiva muito boa. Ele diz que um erro não justifica o outro.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ordens da matriz

O crescimento econômico da China repercute na melhoria das condições alimentares de sua população. O chinês que antes comia só um pouquinho, agora consegue comer um bocadinho mais. Multiplicando esse bocadinho por mais de um bilhão de pessoas chega-se a uma imensa demanda por alimentos.

Ao mesmo tempo, a crise econômica no velho continente afeta sobretudo os países mais debilitados do bloco europeu. O resultado é que o barco da União Europeia faz água no porão, onde estão gregos, espanhóis e portugueses. A turma dos camarotes se recusa a tirar esse pessoal da inundação e repete com gosto: austeridade, austeridade, austeridade.

Os jovens espanhois estão desempregados e, mesmo sem dinheiro no bolso, também precisam comer. Essa lenga-lenga toda é para lhe dizer que a comida hoje está cara para muita gente branca de olhos azuis.

Daí, a conclusão é se precisa aumentar a oferta de alimentos. Mas, como fazê-lo sem desmatar? Resposta: aumentando a eficiência da produção agrícola.

Aumentar a produtividade na agricultura dependerá cada vez mais dos avanços da biotecnologia.

Por falar nisso, já percebeu como as ONG pararam de encher tanto o saco de quem vende transgênicos?

Devem ser ordens da matriz.

Trem oportunista

As causas do combate à homofobia, do respeito à dignidade humana, do reconhecimento das uniões homoafetivas, e tantas outras, me parecem todas muito razoáveis e justas. O problema é que elas funcionam locomotivas e carregam consigo um monte de vagões mal intencionados.

Digo isso porque percebo que há grupos que se aproveitam das boas causas para nelas atrelar outras iniciativas bem menos nobres.

Uma analogia com os trens ajuda a compreender a ideia. A locomotiva do combate à homofobia acaba carregando vagões oportunistas, como reserva de mercado para professores homossexuais, promoção de paradas gay, bolsas de estudo especiais para profissionais travestis e transexuais, reforma agrária para população LGBT, etc.

Ou seja, esse trem tem uma locomotiva muito boa, mas carrega dezenas de vagões podres.

Ai de quem reclamar dos vagões” Esse será prontamente rotulados como conservador anacrônico, um homofóbico. Afinal, com uma locomotiva tão nobre, como se atrever a criticar o trem?

Resumindo: nesse trem, a palavra chave é OPORTUNISMO.

Competência

Para os que estudam as relações de trabalho, passo-lhes um conceito.
A competência, que pode estar associada a outro termo, atribuição.


A competência está alicerçada em 3 colunas:
- conhecimento;
- habilidade;
- atitude.

Uma organização, seja pública ou privada, só pode assumir atribuições se demonstrar competência para cumprí-las.

De nada adianta a organização demonstrar um ou dois desses fatores. Para ser respeitada, ela precisa de todos os três.

Pensem nesse conceito. Acho que ele é bem pertinente.

Papai Noel

O Blog do Paulo Moreira Leite traz um texto sobre os impostos que pagamos no Brasil. Para ele, não há mágicas. O governo precisa do dinheiro para tocar a máquina pública, pagar as dívidas e manter o trapezista equilibrado no fio da navalha. 

Para o Paulo, o contribuinte não pode acreditar em Papai Noel. Concordo com ele, mas tenho algo a acrescentar. Soltarei uma coisa que me entala a garganta já há tempos.


O que mais me incomoda não é o imposto alto, a falta de serviços dignos, a indiferença de alguns governantes aos problemas urgentes da população.

O que me doi mesmo é a mentira, a desfaçatez, a mania de desacreditarem da nossa inteligência. 

O caso do CPFM é emblemático. Foi instituído para ser uma contribuição provisória e atender a uma necessidade da saúde. Foi sendo prorrogado continuamente e os recursos não foram aplicados na finalidade proposta. A queda da CPFM foi uma vitória do povo brasileiro.

Mais dois exemplos. Primeiro, a malfadada proposta de nova campanha do desarmamento. Após o massacre do Realengo, algumas ONGs, com destaque para o Viva Rio, nos encheram de novas estatísticas querendo nos convencer da pertinência de um outro plebiscito. Um movimento que não passa de uma tentativa de esbulho da vontade popular. Os hipócritas chegam a dizer que o povo votou mal cinco anos atrás.

Agora, a tentativa de vincular o recente desmatamento em Mato Grosso com a perspectiva de aprovação do novo código florestal. Mais uma mentira, como tantas outras que enchem o noticiário de cada dia.

O brasileiro paga muito imposto, os encargos sociais são elevados e há muita gente amarrada no governo e fora dele. Gente pouco compromissada com o bem estar da população e interessada somente em aparecer sob os holofotes.

A fábula do Papai Noel pode até ser um engodo, mas é uma mentira boa, uma estória bonita que faz bem à alma. O que corrói o espírito é ter que pagar o presente de uma gente que se comporta tão mal. 
Isso é que mais me dói.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pindorama

Eu tenho que esclarecer o que é Pindorama.
 

Pindorama é uma terra generosa, onde se plantando tudo dá, onde as aves gorgeiam e onde canta o sabiá.

Manuel Bandeira queria ir embora para Pasárgada, onde era amigo do rei. Coitado, não sabia que o bom mesmo é ser amigo dos amigos em Pindorama.

Em relação ao código florestal, faltei dizer que a prosperidade dos emergentes, sobretudo a China, botou mais dinheiro no bolso de um monte de gente esfomeada, que passou a comer um pouquinho melhor. Por isso, o mundo precisa de muito mais comida. 

No velho continente, o navio da União Europeia está com água no porão. Tem crise, desemprego e a palavra de ordem é austeridade, austeridade e austeridade.

Daí, como se diz na alta roda da sociedade paulistana: “em terra de pouca farinha, meu pirão primeiro”.

Até os socialistas socialaites já perceberam que devem deixar os pruridos morais de lado e não encher mais o saco de quem trabalha com biotecnologia.

Afinal, comida transgênica também enche a barriga.

Viva Pindorama que alimenta o mundo.

Perguntar não ofende

Eu estava lendo um gibi do Tio Patinhas com a minha filha e notei que o cofre dele está cheio de verdinhas notas de dinheiro.


Verde, verdinhas, me lembrei da ameaça de veto à anistia contida no Código Florestal, das multas aos produtores que desmataram até julho de 2008.


Ué… Essa grana das multas vai para onde? Será que é para os órgãos ambientais? Hummm. Essas multas devem somar uma fortuna de dinheiro, não é mesmo?


Dou uma pista. Dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indicam a existência de cerca de 13 mil multas com valor total de R$ 2,4 bilhões até 22 de julho de 2008. Quem quiser conferir, acesse:


http://www.rondoniadinamica.com/arquivo/rondonia-e-mais-tres-estados-respondem-por-85-de-multas-ambientais-num-montante-de-r-24-bi,25849.shtml


Aí, a minha ingênua indagação. O verde que se quer proteger é o da floresta ou será que é o do dinheiro do cofre do tio Patinhas?


Fiquem zangados não. Perguntar não ofende.

Morrer de fome em Pindorama

O Blog do Paulo Moreira Leite traz hoje um texto entitulado "uma causa irresistível". Ele trata da votação do código florestal e das conquistas de nossa agricultura. Quem quiser ler, está disponível em http://colunas.epoca.globo.com/paulomoreiraleite/2011/05/25/uma-causa-irresistivel/

Eu não resisti e mandei meu comentário a respeito do assunto e o transcrevo a seguir.

Paulo, alguns países antes chamados de subdesenvolvidos agora são conhecidos como “emergentes”. Essa nova classificação engloba o Brasil e gigantes como China e Índia, cuja população somada representa 20% de todos humanos viventes nesse mundo.


Vamos convir que uma população de dois bilhões e quinhentos mil dá um bocado de gente e esse pessoal come. Ora, mas essa gente sempre comeu. Qual é a novidade?


O que aconteceu é que a prosperidade, principalmente da China, tem aumentado o poder de compra de boa parte da população mundial.


Anos atrás, aconteceu o mesmo no Brasil, quando a estabilidade do Plano Real permitiu os mais pobres a comerem carne de frango e iogurte.


Na China, quem antes comia um pouquinho só, agora come um bocadinho mais. Multiplicando esse bocadinho mais de comida por um bilhão de pessoas resulta uma imensa demanda por alimentos.


Nessa história, o Brasil está muito bem. Afinal, aqui em Pindorama, plantando tudo dá. Melhor ainda, nós brasileiros aproveitamos na agricultura apenas trinta porcento do nosso território. Mesmo assim, somos campeões da produtividade e abastecemos o mundo de comida.


Por falar nisso, vamos falar um pouco dos transgênicos. Anos atrás, esse era um assunto muito polêmico, dava até briga com golpes baixos. Contudo, já reparou que não se fala mais nisso? As ONG simplesmente deixaram de encher o saco sobre os transgênicos. Caros comentaristas, dou um quilo de soja geneticamente modificada para quem disser o motivo.


Eu mesmo respondo. A razão é simples: o mundo precisa de alimentos e comida transgênica também enche a barriga.


É assim que a banda toca. Ontem, na votação do código florestal, a banda tocou a música do agronegócio.


Agora, Paulo, é manter os sessenta porcento de mata que ainda preservamos e investir em aumento da produtividade agrícola. Precisamos de fiscais, polícia e, sobretudo, mais e mais cientistas.


Por fim, meu recado. Agronegócio não é pecado. Pecado é morrer de fome em Pindorama.

Cana de açúcar transgênica

Com a discussão sobre o novo código florestal, uma notícia passou praticamente desapercebida da grande mídia.
A Embrapa obteve as primeiras plantas transgênicas de cana-de-açúcar resistentes a seca.
A matéria está no site do Agronotícias, disponível em 
http://www.sonoticias.com.br/agronoticias/mostra.php?id=43411 
Ela informa sobre as primeiras plantas transgênicas confirmadas tolerantes à seca com o gene DREB2A. As perdas em cana-de açúcar devido à seca podem variar de 10% a 50 %, dependendo da região de cultivo e da época de plantio.
Assim, abre-se uma nova perspectiva para o crescimento na produção de cana, sem o aumento na área plantada.

Assassinato no Pará

É bem provável que os matadores dos ativistas no Pará sejam pistoleiros contratados por madeireiros ilegais que operam na região.
A morte deles não pode ser vinculada ao novo código florestal. Eles foram vítimas de criminosos. Ontem, o site da presidência já estampava a notícia de uma determinação para que a polícia federal investigue o caso.

Cadeia para os todos os bandidos; pistoleiros e mandantes.
Ilações são perigosas. Tem gente que escorrega no achismo.
Em março, o Blog do Sakamoto foi enfático em vincular a rebelião em Jirau ao trabalho escravo. Hoje, o Valor Econômico apresenta informações do Delegado Hélio Teixeira Lopes Filho, diretor da divisão de repressão ao crime contra o patrimônio da Polícia Civil de Rondônia.


Transcrevo o seguinte trecho da reportagem:
"Em março, quando a confusão tomou conta de Jirau, a construção da usina estava no seu pico de contratação, com 22 mil trabalhadores na obra, dos quais 19 mil estavam sob responsabilidade da Camargo Corrêa. “A revolta arrebentou exatamente no dia de pagamento de salário, quem fez sabia que os caixas automáticos estavam abastecidos”, comenta Lopes Filho. Durante o corre-corre, quatro dos dez caixas instalados no canteiro de obras foram arrancados de suas bases e levados por um caminhão até a oficina do canteiro, onde maçaricos já estavam a postos para cortar a porta dos cofres.
A Polícia Civil já identificou quatro pessoas que participaram dessa operação. Ainda não há informações sobre quanto dinheiro foi roubado. Em data de pagamento, os caixas de Jirau costumavam ser abastecidos com até R$ 1,5 milhão, ou seja, cada caixa automático era alimentado com cerca de R$ 150 mil. A partir dos depoimentos colhidos até agora, a Polícia Civil detectou que a tensão entre os trabalhadores no canteiro de obras já era grande antes da rebelião. “A situação estava complicada, havia reclamações sobre diferenças salariais e benefícios, além de relatos de tratamento com muita truculência junto dos trabalhadores”, comenta o delegado Lopes Filho."



Então:
- o tratamento da empresa era ríspido com os trabalhadores, mas não havia trabalho escravo;
- muito provavelmente, a rebelião foi obra de criminosos, para desviar a atenção e roubar os caixas eletrônicos.



Portanto, vamos acompanhar as investigações sobre o assassinato dos ativistas no Pará e cobrar a devida punição para os culpados.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Petróleo na Amazônia

O Valor Econômico de hoje tem uma matéria sobre uma nova corrida para exploração de petróleo na Amazônia. 

A empresa HRT Oil & Gas iniciou há um mês a perfuração de seu primeiro poço perto de Tefé. A companhia é operadora de 21 blocos no Amazonas, numa área de 48.485 km2, duas vezes maior que a da
Petrobras na região e equivalente a duas Dinamarcas. 


Para azeitar o lado ambiental dessa exploração, a empresa contratou o advogado Graco Fregapani para ser o gerente-geral em Manaus. O sujeito em questão é ex-presidente do Ipaaam, órgão ambiental do Estado do Amazonas, que concedeu o licenciamento prévio à HRT.

Essa contratação é, para dizer o mínimo, fora dos padrões. Humm… sente-se no ar o cheiro de tráfico de influência.

Pelo sim, pelo não, o presidente da HRT perguntou: “Qual a companhia que vai explorar petróleo na Amazônia e bota como chefe máximo da exploração o cara que era responsável por toda a política ambiental do Estado?” Então, arrematou: “Ou sou louco ou sou um cara que quer fazer a coisa diferente.”

Louco ou não, a contratação foi uma ousadia.

É bom deixar a HRT trabalhar dentro das regras. Por enquanto, ela tem autorização apenas para pesquisa. Quando ela descobrir o petróleo, aí vai ter que se entender com a Agência Nacional do Petróleo, fazer estudos de impacto ambiental e audiências públicas nos municípios afetados. 

Quer saber? Tomara que ela ache bastante petróleo.

Sacolinhas plásticas

O Blog do Paulo Moreira Leite hoje trata de uma lei em São Paulo proibindo as sacolinhas plásticas, aquelas que nós usamos no supermercado. Eu fico assombrado com tanta esperteza travestida de bom mocismo. 

O problema das sacolinhas plásticas não é mesmo o impacto ao meio ambiente. Fosse assim, a solução seria desenvolver um plástico biodegradável. Aliás, já inventaram esse plástico, que é um produto da alcoolquímica. Seria fácil colocar à venda essas sacolinhas ambientalmente corretas. Porque não o fazem?

É que proibir as sacolinhas plásticas é somente mais um capítulo de uma longa novela, cujo enredo tem um mocinho que passa o tempo todo levando pancada.

A novela se passa em Pindorama, terra generosa, onde tudo o que se planta dá e onde canta o sabiá. O mocinho é o povo brasileiro, que só leva na cabeça.

Toda hora inventam uma nova maldade. Proibiram fumar e os não fumantes aplaudiram; proibiram dirigir depois de beber (mesmo que seja uma mísera taça de vinho) e também aplaudiram; proibiram dar palmada nos filhos e tem gente aplaudindo de pé. Agora, proibiram a sacolinha de plástico e quem está de pé é a Dona Maria, no ônibus, toda atrapalhada com as compras do supermercado.

Está ou não está na hora de dar um corretivo no autor dessa novela?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

União Europeia

O Paulo Moreira Leite publicou hoje, no seu Blog, um texto tratando da derrota do partido do governo nas eleições de ontem, na Espanha. Para ele, essa derrota serve como uma aula de Ciencia Política para iniciantes.

A respeito do assunto, postei o segunte comentário:


"Paulo, parece que a antes tão festejada União Europeia dá sinais de água no porão. 

Os países europeus adotaram o Euro, abandonaram suas próprias moedas e perderam a capacidade de implementar políticas econômicas. A economia alemã, a maior do bloco europeu, é quem dita as regras para os demais países. E as regras são austeridade, austeridade e austeridade. 

A cara da economia é cada vez mais feia e seus reflexos aparecem no espelho social. Nessa história, são os jovens desempregados quem pagam a parte mais salgada da conta. 

Pois, é, Paulo. Para mim, daqui de longe, fica parecendo que nem sempre a união faz a força."

Tem mais briga por aí

Enquanto os blogs concentram a atenção no Código Florestal, a discussão de Belo Monte progride para uma disputa entre a AGU e o MPF do Pará.
Conforme matéria publicada em http://www.pernambuco.com/ultimas/nota.asp?
materia=20110521173934&assunto=5&onde=Brasil,
O consórcio Norte Energia S.A, responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, está sendo acusado de intimidar agentes do Poder Judiciário contrários ao início das obras. Entidades brasileiras de direitos humanos encaminharam a denúncia à Relatoria Especial para a Independência e Autonomia Judicial da Organização das Nações Unidas (ONU).
A denúncia é uma represália à representação feita pelo consórcio contra o procurador Felício Pontes Júnior no Conselho Nacional do Ministério Público. A representação pede que Pontes seja afastado do acompanhamento do assunto e o motivo é a publicação pelo procurador, em um blog, de informações e considerações pessoais sobre os processos judiciais envolvendo o projeto de construção da usina. O blog (http://belomontedeviolencias.blogspot.com) pode ser acessado a partir do próprio site do Ministério Público Federal no Pará.
A AGU entrou com uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público contra os procuradores e ameaçou ajuizar ações de improbidade administrativa contra os membros do Ministério Público.
Em fevereiro de 2010, dois dias após o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ter concedido a licença prévia autorizando a realização do leilão de
concessão, membros do MPF no Pará anunciaram que, se necessário, processariam os técnicos do instituto que assinassem o documento.
Em matéria publicada em 4 de abril, disponível em http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/belo-monte-quase-70-de-obras-contra-impactos-tem-atraso/, o procurador Pontes Júnior prometeu entrar com novo recurso judicial caso fosse concedida a licença para início da construção da usina antes do cumprimento total das condicionantes estabelecidas pelo IBAMA.
Cabe dizer que o Procurador Felício Pontes Júnior, na reportagem “OEA pede ao governo para suspender licença de Belo Monte por risco a índios e irrita Dilma “, veiculada pelo Globo de 06 de abril, declarou sobre entendimentos de alguns juristas de que a Corte de Direitos Humanos da OEA teria poderes superiores aos do próprio Supremo Tribunal Federal.
Em 18 de abril, o Jornal O Globo publicou um artigo do mesmo procurador, com o título O custo de Belo Monte “, cujo último parágrafo continha a seguinte conclusão “Em Belo Monte, senhores investidores, tenham certeza de que todos esses custos socioambientais serão cobrados se a barragem vier a ser construída. “
Quanto a essa disputa sobre Belo Monte, considero que ela alinha-se à discussão sobre o novo código florestal e insere-se num contexto mais amplo. O que na verdade está em jogo é a capacidade do do Brasil em decidir soberanamente sobre o uso dos recursos amazônicos, sem sujeitar-se aos ditames das ONG internacionais.

Briga feia

Um jornal de Mato Grosso publicou ontem uma declaração do Secretário do Meio Ambiente de Mato Grosso de que o aumento do desmatamento seria motivado por distorções no entendimento do novo código florestal. Para ele, alguns produtores teriam derrubado a floresta irresponsavelmente, na esperança de serem anistiados com a alteração da legislação. Como resultado, 16 propriedades teriam sido embargadas por aquela prática ilegal.

Na sexta-feira, outro jornal de Mato Grosso publicou uma declaração do superintendente do IBAMA naquele estado de que teria detectado dez propriedades desmatadas, sendo que, em seis delas, os proprietários não eram produtores rurais. Naquelas propriedades, os desmatadores realizaram a extração ilegal de madeira, para revenda.

Cabe, então, lembrar que o DETER é um sistema do INPE de monitoramento por satélite. Esse sistema sofre forte influência da camada de nuvens e, desse modo, seus dados são inerentemente imprecisos. Mesmo assim, servem como parâmetros de comparação. Além disso, os dados divulgados pelo INPE referem-se a um período de oito meses, entre agosto de 2010 a abril de 2011, relativamente longo e que reduz os erros de observação provocados pela nebulosidade.

Salta aos olhos o fato do desmatamento verificado pelo DETER para o mesmo período de 2009/2010 ter sido a apenas metade do constatado entre 2008/2009. Uma queda de 50% do índice de um ano para o outro representa um forte indicativo de discrepância. Por outro lado, os dados de 2010/2011, embora 27% superiores aos do período anterior, correspondem a apenas 65% do que foi observado em 2008/2009.

Assim, pode-se inferir que:
  1. a maior parte do desmatamento é obra de oportunistas, gente que explora madeira ilegalmente, com uma infundada expectativa de perdão de seu crime;
  2. provavelmente, o aumento do índice de desmatamento verificado este ano não representaria motivo para tanto alarde;
  3. todo o barulho em torno desse fato associa-se a um outro tipo de oportunismo,  praticado por ONGs que se aproveitaram de um fato para vincular o desmatamento ao novo código florestal.

Para o diretor do Greenpeace, o que está em jogo é a forma de ocupação da última grande fronteira de terras do planeta. Acho que ele está apenas parcialmente correto.

Na verdade, a discussão do novo código ambiental insere-se numa disputa mais ampla, que determinará se o Brasil decidirá seu futuro soberanamente ou se obedecerá aos ditames das ONG europeias quanto ao futuro da Amazônia.


domingo, 22 de maio de 2011

Erros de português

Hoje, o Blog do Paulo Moreira Leite publica o texto “Todo mundo fala errado
Nele, o blogueiro afirma que mais de 95% dos brasileiros cometem erros de fala. Ele afirma que, em geral, as pessoas cultas vêm de famílias de posse e é pedantismo ficar corrigindo os erros de português dos outros.

Eu discordo dele e lhe enviei o comentário abaixo transcrito.

Paulo Moreira Leite, você está errado.

É bem verdade que cultura se obtém em casa e na escola, por orientação da mãe e dos professsores. Contudo, ela se adquire, principalmente, pelo esforço próprio.

Não fosse assim, os pobres estavam irremediavelmente condenados à ignorância. E não estão.

Dou-lhe um exemplo.
Há várias e várias décadas que mais da metade dos aspirantes formados pela Academia Militar das Agulhas Negras são filhos de sargentos.
Então, a maioria dos oficiais do Exército vem de famílias muito pobres, que não têm condições de prover muito mais que a própria subsistência.

Mesmo assim, esses oficiais sabem escrever, e muito bem. Ao longo de sua vida, eles aprendem a se expressar corretamente em casa, na escola, depois nos colégios militares, nas academias e nos demais cursos da carreira.

Os oficiais escrevem bem porque se esforçam para isso. Sabem que a boa expressão é fundamental para o sucesso profissional.

Os sargentos, mesmo ganhando muito mal, também acompanham o ritmo da oficialidade. É cada vez mais difícil encontrar um sargento que não se expresse corretamente.

Sou militar e engenheiro. Na minha vida, aprendi muita matemática, física e química. Perdi horas e horas de sono resolvendo problemas de cálculo. Uma ralação. Contudo, hoje, vejo como é importante escrever bem. Aprendi que isso é o que conquista corações e mentes.

Não se esqueça, Paulo, que a língua nos une.

A cultura não mostra apenas de onde viemos, mas, principalmente, para onde vamos.

O sujeito que se esforça em escrever certo demonstra força de vontade, que é um atributo moral. Eu admiro muito os sargentos do Exército que conseguem transmitir esse valor para seus filhos e os preparam para a vida.

Então, cultura não é uma questão de origem; é uma questão de vontade.

Paulo, não fique triste com o meu comentário. Vamos convir que não se pode acertar sempre. Infelizmente, hoje você errou.

Abraços,
Clóvis “

O peixe morre pela boca

Em notícia veiculada em 19 de maio, o Secretário de Estado do Meio Ambiente do Mato Grosso afirmou:
  1. que vai tomar providências para punir os responsáveis pelo recente desmatamento ocorrido em Mato Grosso; dentre essas punições incluem-se a suspensão de licenças, perda de benefícios, apreensão de 40 tratores e a abertura de processos tanto penais quanto administrativos foram algumas das ações tomadas;
  2. se os proprietários fizeram uma interpretação errada do Código Florestal pensando que serão anistiados estão enganados. O Código não perdoa quem desmatou recentemente."

  3. o desmatamento observado em Mato Grosso em março e abril foi realizado principalmente por especuladores mobiliários e não por produtores rurais.

Essa notícia está acessível em

Assim, não se pode vincular o novo código ao desmatamento em Mato Grosso. Os produtores rurais matogrossenses estão indignados por serem responsabilizados por algo que não fizeram.

De acordo com o superintendente do IBAMA em Mato Grosso, houve queimadas no ano passado e somente agora conseguiram identificar os locais onde ocorreram.

Cabe dizer que o DETER é um sistema de monitoramento sujeito a erros, pois um eventual cobertura de núvens o impede de identificar os locais de desmatamento.

Eu acompanho as notícias da imprensa regional sobre o assunto e, pelo que verifiquei, o Secretário do Meio Ambiente de Mato Grosso é quem tem feito as declarações mais sensatas sobre o tema.

Acho que ele não merece críticas. Quem as merece mesmo são as
ONG oportunistas que aproveitaram um aumento do ritmo de desmatamento para vinculá-lo à sua luta contra o Código Florestal. 

Essas ONG divulgam apenas o que lhes interessa e escondem outros fatos, tentando nos  nos enganar. 

Só que o peixe morre pela boca e os mentirosos da Internet se esquecem que tudo está gravado e acessível.

Felizmente, hoje em dia está mais difícil mentir impunemente.

Abraços,
Clóvis

sábado, 21 de maio de 2011

Marina Silva

A ex-senadora Marina Silva posiciona-se contra a construção de Belo Monte, o asfaltamento da BR-319 e o novo código florestal. Ela considera que a hidrelétrica não possui sequer viabilidade econômica; a rodovia ameaça a floresta e o novo código é um retrocesso nas leis ambientais.

Discordo de todas essas posições.

Sou favorável à utilização dos recursos amazônicos, do aproveitamento de seu potencial hidráulico e da integração rodoviária de Manaus ao restante do país.

Nesta última semana, a imprensa publicou farto material sobre o aumento do desmatamento na Amazônia. Os dados do DETER/INPE referem-se à derrubada das matas entre agosto e abril, mas não são tão alarmantes assim. Basta comparar os números com os apresentados anteriormente

2008/2009 – 2.835,30 km2
2009/2010 – 1.455,71 km2
2010/2011 – 1.848,87 km2.

Os dados de 2010/2011 são 27% maiores que os verificados no período imediatamente anterior; mas também são 35% menores que os apontados entre 2008/2009.

Nilo D´Ávila, coordenador de políticas públicas do Greenpeace é enfático em associar o desmatamento à expectativa de aprovação do Novo Código Florestal, Para Márcio Astrini, coordenador da campanha Amazônia daquela ONG, o salto não pode ser explicado por fatores econômicos, como a alta de commodities como soja ou carne no mercado internacional.

Desse modo, o Greenpeace e outras ONG ambientalistas foram enfáticas em vincular o desmatamento ao Novo Código e rápidas em desvinculá-lo de quaisquer outras motivações, como o aumento das commodities.

Quase a metade do desmatamento verificado entre agosto de 2010 e abril de 2011 ocorreu em Mato Grosso, justamente o maior produtor de soja do Brasil. Mesmo assim, para Alexandre Torres Maia, Secretário do Meio Ambiente daquele Estado, a maior parte da derrubada das árvores foi motivada para a extração ilegal de madeira e não foi realizada por produtores rurais.

Não dá, portanto, para se dizer que o aumento do ritmo da derrubada da floresta é resultado do novo código e nem que seja tão desastrosa como querem nos convencer.

Há uma evidente manipulação do aumento do desmatamento pelos ambientalistas, que buscam a imposição de seus pontos de vista. Eles aplicam a Doutrina Ricuperana de amplificar o que lhes interessa e esconder o que não lhes convém.

Marina Silva é uma boa aliada das ONG internacionais. Seus discursos e práticas mostram que ela considera a Amazônia intocável. Seus amigos europeus defendem que a Floresta Amazônica é patrimônio da Humanidade e que deveria estar submetida a uma direção internacional

Eu não confio nas boas intenções dessas ONG. Quanto à ilustre ex-senadora, lembro daquele dito popular: diga-me com quem andas que lhe direi quem és.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Alguns novos números do desmatamento

Pelos dados do DETER/INPE

Em 2010 – desmatamento entre janeiro e fevereiro - 208 km²
Em 2010 – desmatamento entre março e abril - 103,5 km2

Em 2011 – desmatamento entre janeiro e fevereiro – 19 km²
Em 2011 – desmatamento entre março e abril – 593 km²

Números do desmatamento:
janeiro a abril de 2010 – 311,5 km2
janeiro a abril de 2011 – 612 km2


No mesmo período de janeiro a abril, o desmatamento praticamente dobrou de 2010 a 2011.
Os dados do DETER são imprecisos, pois a camada de núvens pode impedir a visualização do desmatamento.
Os dados do PRODES são precisos, mas os boletins são emitidos apenas no fiinal do ano.

O DETER foi implantado em 2004, mas só consegui dados do desmatamento a partir de 2008.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Desmatamento

Os jornais de hoje destacam a instalação de um gabinete de crise para reforçar as ações de combate ao desmatamento na região Amazônica. 

Dados do sistema de monitoramento por satélite Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real) , do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apontam que 1.848 quilômetros quadrados de floresta foram derrubados entre agosto de 2010 e abril de 2011, um número 27% maior que o verificado nos mesmos meses entre 2009 e 2010.

Segundo matéria publicada no Valor Econômico de hoje, a evolução do desmatamento entre agosto e abril apresentou os seguintes números:
2008/2009 – 2.835,30 km2
2009/2010 – 1.455,71 km2
2010/2011 – 1.848,87 km2.

Nos Estados, os números do desmatamento foram
Mato Grosso: 2008/2009 - 497 km2; 2010/2011 - 733 km2 (variação +47%)
Pará: 2008/2009 - 571 km2; 2010/2011 - 580 km2 (variação +2%)
Rondônia: 2008/2009 - 147 km2; 2010/2011 - 238 km2 (variação +62%)
Amazônia: 2008/2009 - 87 km2; 2010/2011 - 160 km2 (variação +84%)
Acre: 2008/2009 - 18 km2; 2010/2011 - 54 km2 (variação +200%)
Roraima: 2008/2009 - 49 km2; 2010/2011 - 12 km2 (variação -300%)
Tocantins: 2008/2009 - 6 km2; 2010/2011 - 9 km2 (variação +50%)
Amapá: 2008/2009 - 4 km2; 2010/2011 - 0 km2

Nota-se que o desmatamento de 2009/2010 correspondeu à metade verificada no período de 2008/2009. O desmatamento verificado em 2010/2011 corresponde a 65% do verificado em 2008/2009.

Pelos dados, o Estado de Mato Grosso é o principal desmatador, tendo registrado uma área desmatada de 733 quilômetros quadrados, 47% superior ao verificado anteriormente. Os satélites teriam apontado que a maior parte desse desmatamento teria ocorrido entre março e abril deste ano.

É bom lembrar que Mato Grosso é o líder nacional na produção de 4 commodities agrícolas. Soja, algodão, girassol e milho segunda safra.

Nilo D´Ávila, coordenador de políticas públicas do Greenpeace é enfático em associar o desmatamento à expectativa de aprovação do Novo Código Florestal, em votação na Câmara dos Deputados. Outro a manifestar a mesma opinião é Mauro Pires, Diretor do Departamento de Políticas de Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente.

De acordo com Luciano Evaristo, diretor de Proteção Ambiental do IBAMA, o maior desmatamento de Mato Grosso poderia ser atribuído ao fato da devastação ter sido baixa entre 2009/2010, o que teria deixado uma demanda reprimida por expansão agrícola.

Com efeito, no final de 2010, noticiou-se uma tendência de alta nos preços da soja, devido a uma queda de safra na Rússia e no aumento da demanda pelos mercados da China, Japão e Europa.

Contudo, para Márcio Astrini, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, o salto não pode ser explicado por fatores econômicos, como a alta de commodities como soja ou carne no mercado internacional. Para ele, o único fato novo no período seria a votação do Código Florestal.
Aponto que a notícia do aumento do desmatamento já havia sido veiculada duas semanas atrás, pelo Estado de São Paulo. Também é bom saber que o projeto à espera de votação na Câmara dos Deputados só cogita anistiar desmatamentos feitos até julho de 2008 e em pequenas propriedades.

As notícias veiculadas pelas imprensa regional permitem uma visão mais acurada do problema. Por exemplo, para Alexandre Maia, Secretário do Meio Ambiente de Mato Grosso, a expectativa de impunidade e a demora na votação do código florestal motivaram alguns a acelerar a derrubada da floresta antes de uma eventual lei do “desmatamento zero” no Congresso.
 
Aquele Secretário declarou que há mais de um mês tem combatido a devastação no seu Estado, identificando 16 desmatadores que tiveram seus licenciamentos suspensos. Ele citou o exemplo de um produtor de Nova Ubiratã que teria derrubado 1500 hectares de uma vez. A fiscalização interrompeu o desmatamento naquela propriedade.

A chave de tudo parece ser a mesmo fiscalização.
No Estado do Amazonas, o IBAMA recebeu reforços de agentes de outros estados e conseguiu restringir seu desmatamento em 160 quilômetros quadrados. Mesmo assim, o índice foi praticamente o dobre do verificado no período anterior.

Para conter o desmatamento na Região Amazônia, o IBAMA suspendeu todas as suas operações de fiscalização no Brasil, enviando seus agentes para a Amazônia. O presidente do IBAMA declarou que já há  520 agentes do órgão naquela região.
 
Ontem, o governo anunciou o envio de integrantes da Polícia Federal e da Força Nacional, que atuarão em conjunto com o IBAMA. Estuda-se, ainda, a possibilidade de enviar miliares do Exército para a região.

Portanto, identifica-se um conjunto de fatores interdependentes que explicam o aumento do desmatamento na Amazônia.
 
Em primeiro lugar, há um fator motivador de expansão agrícola devido ao aumento dos preços das commodities no mercado externo.
 
Aliado a isso, houve uma forte redução do desmatamento entre 2009/2010, o que contribuiu para que alguns fazendeiros retomassem o ritmo anterior de devastação da floresta, principalmente entre março e abril deste ano.
 
Depois, cita-se a infundada expectativa de alguns ruralistas por uma suposta anistia dos  desmatadores  pelo Novo Código Florestal. Também deve-se citar o boato, também infundado, de uma “Lei do Desmatamento Zero”, que restringiria ainda mais as atuais regras para a exploração da área rural.
 
Por fim, a sempre citada falta de estrutura dos órgãos fiscalizadores. Diga-se, a bem da verdade, que o Governo agiu rápido e que essa estrutura foi reforçada após a divulgação dos dados do DETER.

A partir de todos os dados e informações, fica evidente que o Novo Código Florestal não é o único responsável pelo aumento do desmatamento. Mais uma vez, as ONG omitem informações e distorcem os fatos para defenderem seus próprios pontos de vista.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Técnicos ou bacharéis?

Já disse que a vida é dura no blog do Sakamoto. Hoje, ele publicou o texto “Sai homem, entra máquina e você ainda sorri”. Nele, o blogueiro critica o McDonalds por substituir seus empregados por máquinas de auto-atendimento.

No seu texto, Sakamoto nos brinda com citações de Karl Marx, criticando o capitalismo selvagem que explora os trabalhadores e os condena ao desemprego.

Vamos analisar esse texto mais detidamente.
Em primeiro lugar, é melhor operar escavadeira que usar pá e picareta para cavar um buraco.
Também é melhor apertar botões do que parafusos.
Isso é óbvio, não é mesmo?

Quem se der ao trabalho e ler a edição da Folha de São Paulo de 29 de dezembro último, vai conferir que o desemprego no Brasil nunca esteve tão baixo, chegando a 5,7 % da População Economicamente Ativa. Hoje, há uma carência aguda de mão de obra qualificada, daquela que aperta os botões e opera as escavadeiras.

O problema não são as máquinas, muito pelo contrário. O problema é a falta de qualificação e a solução não é o simples ingresso por cotas nas universidades. A verdade é que faltam técnicos qualificados, operários capazes de fazer mais do que simplesmente apertar parafusos.

Essa discussão de técnicos ou bacharéis não é nova. Quem reclamou de procurar a matéria acima, vai me xingar, mas peço que leiam a Revista Veja, edição 598, de 20 de fevereiro de 1980. Na página 66 daquela edição, uma adolescente de 17 anos, que havia sido a primeira colocada no Vestibular do Cesgranrio daquele ano, foi enfática e certeira: Não precisamos tanto assim de bacharéis, precisamos mesmo é de técnicos.

O que era verdade há 31 anos, continua verdadeiro ainda hoje.

Enquanto os bacharéis ralam para conseguir empregos, sobram oportunidades para os técnicos, que nem precisam ser tão qualificados assim.

Fui diretor de um arsenal de guerra no interior do Rio Grande do Sul. Para quem não sabe, os arsenais dedicam-se à fabricação e recuperação de armas e materiais de emprego militar. Ali, soube que os nossos ex-recrutas que haviam trabalhado com soldagens eram disputados até por empresas canadenses.

Não é ruim quando sai o homem e entra a máquina, nem é ruim que as máquinas substituam os atendentes do McDonalds. Ruim, é acreditar que não há nada melhor para um homem fazer do que cavar buracos, apertar parafusos ou servir mesas. Ruim é desacreditar na possibilidade de estudar e melhorar de vida. Ruim é fechar os olhos para a realidade dos nossos tempos.

E por falar na realidade dos nossos tempos, toda filosofia marxista declamada pelo Sakamoto cheira a mofo. Formulada no século XIX, ela simplesmente não responde aos desafios e oportunidades do século XXI.

Pena que ainda haja plateia para o discurso mofado desses Sakamotos da vida.

Haja paciência!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Briga no blog

Há blogs e blogs, cada um à feição de seu blogueiro.
Nesse universo vale o dito que a criatura tem a cara do criador.
O Leonardo Sakamoto mantém há cinco anos um Blog bem sucedido. Ali, ele publica seus dogmas sobre ecologia e seus textos contra o trabalho escravo.
A vida é dura por ali, um reduto de bons moços da USP. Discutir ali é mais ou menos como brigar com o presidente do Diretório Acadêmico em plena assembleia. Tome vaia e xingamento. Felizmente, no mundo virtual a porrada é só nos avatares.
O Ciro Lauschner é um desses sujeitos que briga pela sua opinião. Dá a cara a tapa e não tem medo de brigar com quem quer que seja.
Hoje, o Sakamoto publicou uma matéria sobre multinacionais. O Ciro quis contestar o texto, foi censurado e o blogueiro aproveitou para provocá-lo. Em linhas gerais, o Sakamoto disse que o direito de espernear é universal, quem quiser pode reclamar com o papa ou abandonar o barco.
Bem, Ciro deu uma réplica curta e grossa, com direito a palavrão. Deve ter incomodado o blogueiro, pois pouco tempo depois foi deletada.
Não sou de abandonar os amigos e mandei um comentário para o Blog. Transcrevo aqui, porque o clima tá quente e ele pode se perder na tesoura daquele blogueiro:


"Ah, Ciro. Você lavou a alma no seu último comentário, nõe é mesmo?
Talvez isso tenha lhe livrado de um enfarto. Então, valeu a pena.
Bem, nosso blogueiro deixa as coisas bem claras. Há um filtro automático, uma espécie de robozinho que segura as mensagens indesejáveis até que se publique um novo texto no Blog. Aí, o comentário impertinente fica com audiência menor.
Tudo bem, ou, como diria o filósofo Bambam, faz parte.
Tratando um pouco sobre o tema proposto, deve-se considerar alguns aspectos.
A instalação de uma fábrica de grande porte numa determinada região implica em aumento de ofertas de empregos diretos e indiretos. Não se pode pensar apenas nos operários das linhas de montagem, mas na cadeia de matérias primas e na demanda de serviços.
Dentre os benefícios, destaco a qualificação de mão de obra.
Até, aí, chovi no molhado. Falei o que todos sabem.
Os donos das fábricas não têm nada de inocentes. Sabem que seu empreendimento, na maior parte das vezes, será motivo de disputa por estados e municípios. Daí a sua vantagem na mesa de negociações.
Lembro da instalação de uma fábrica da Ford, alguns anos atrás. Em princípio, ela seria implantada no Rio Grande do Sul, mas o governador Olívio Dutra endureceu o jogo com a montadora. Então, o Antônio Carlos Magalhães se aproveitou disso e levou a fábrica para as proximidades do Pólo de Camaçari.
Provavelmente, nas eleições seguintes, isso valeu a reeleição do Toninho Malvadeza e o insucesso do governador gaúcho.
É bom lembrar que, mesmo considerando as isenções fiscais, a instalação de uma fábrica significa um significativo aporte de capital financeiro e humano. Ninguém vai se aventurar num local onde não haja vantagens e segurança para o empreendimento.
Para finalizar, o blogueiro afirma que nenhuma montadora aderiu ao Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo. Lembro que há dez anos, houve uma iniciativa semelhante do Greenpeace para forçar os supermercados a não vender transgênicos. Algumas empresas aderiram na época, querendo associar sua marca a uma causa de bons moços. Bem, acho que uma década depois, está bem difícil de se encontrar supermercados totalmente isentos de produtos contendo transgênicos.
Esse fato mostra o desgaste dessa fórmula meio coercitiva empregada pelas ONGs.
Por fim, Ciro, tome uma maracujina e se acalme. Lembre-se que o blog tem a cara blogueiro. Ele faz as regras e a gente briga pela nossa opinião.
Abraços
Clóvis"

domingo, 15 de maio de 2011

CARTA DE UM BRASILEIRO

Queridos leitores.
Escrevi essa cartinha para o Caio Blinder, que coitado, morre de saudades do Brasil.

CARTA DE UM BRASILEIRO
Prezado Caio, é com satisfação que lhe mando notícias do Brasil.
Enquanto o governo sírio desce a lenha nos manifestantes pró-democracia, aqui na terra onde canta o sabiá vai tudo bem.
Vamos falar dos nossos doutos líderes, aqueles que nos guiam pela escuridão da ignorância.
Por falar em ignorância, descobrimos que nosso querido MEC aprovou um livro que ensina a escrever errado.
Sim, Caio, um livro de português, elaborado por pedagogas altamente qualificadas, entendidas em educação, que mostra que é certo escrever errado. Para elas, não há português errado, mas casos em que a língua é, ou não, adequada. Assim, pode-se escrever que “os livros está na mesa”; uma variante do inglês “the book is on the table”.
Veja, Caio, como elas são brilhantes. Que pedagogas sábias.
Ah, o livro já é adotado nas escolas públicas do Brasil,il,il,il. Os alunos pobres aprendem que é certo escrever errado, mas melhor que isso foi o MEC admitir que as provas do vestibular continuarão admitindo somente quem escrever certinho, sem erros.
Ah, nossos ilustres líderes se ocupam de assuntos muito importantes. Como o nosso douto Secretário de Alfabetização e Diversidades do MEC, que, no último novembro, disse, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que passou três meses discutindo com sua equipe quantos centímetros a língua de uma menina poderia adentrar a boca de outra para o beijo ser considerado lésbico.
Mas a semana não foi profícua apenas na Educação. Também tivemos uma civilizada discussão sobre o metrô de Higienópolis. Ah, você nem sabe, foram dezenas e dezenas de blogueiros, centenas e centenas de textos, milhares de comentários sobre a resistência dos moradores do bairro a uma obra do metrô. Aprendemos muito com essa discussão.
Ah, inclusive o Danilo Gentilli, aquele moço gentil do CQC, publicou uma piada muito engraçada no twiter, algo sobre judeus e vagões. Que bom gosto tem esse moço...
Por isso, querido Caio. Acho que você merece mais alguns dias de folga.
Por que não aproveitar para conhecer a magnífica cidade de Damasco?
Forte abraço,
Um brasileiro

Use seu Blog como uma arma

A queda do muro de Berlim não significou o fim da ideologia comunista. A ideia de uma sociedade sem classes é muito bonita, muito generosa, mas impraticável. É uma utopia. Mesmo assim, muitos lutam pela sua implantação; e se não puderem implantá-la a ferro e fogo, como antes, eles a consolidarão a partir de novos dogmas, diligentemente introduzidos em nossa Sociedade.

Pior, é que os grupos se confundem. Há ONGs financiadas por governos europeus que adotam estratégias semelhantes.

Nessa estratégia, o objetivo é a consolidação do poder. Um dos passos mais importantes é a mudança de valores e atitudes da Sociedade. A cada passo percorrido, maior o cerceamento da nossa liberdade.

Eu tenho a aspiração de um Brasil forte e desenvolvido. Nosso país não chegará a esse ponto com uma multidão de mendigos e catadores de lixo. Quando vejo as crianças mais pobres, imagino-as como futuros médicos e engenheiros, quero-as assim. O único caminho possível é a educação massificada e de qualidade.

Nesse sentido, é revoltante a adoção pelo MEC de um livro que ensina a escrever errado, para ser adotado nas escolas públicas deste país. Essa iniciativa é claramente movida a ideologia e serve apenas para retardar ou mesmo impedir o desenvolvimento de nossa população.

É preciso combater os que trabalham contra o nosso povo.

Felizmente, há novas frentes de combate. Não dependemos mais do acesso à imprensa escrita para manifestar nossas opiniões. A internet trouxe os blogs e eles são cada vez mais lidos. Melhor que isso, é participar com os comentários. Então, quem quiser mudar o Brasil para o bem, tem que ir à guerra. Requer coragem, mas não é tão difícil.

Basta usar o teclado.

sábado, 14 de maio de 2011

Não torne seu blog uma arma!

Essa história do metrô de Higienópolis tem rendido textos e mais textos de blogueiros dos mais sortidos.

Não sou de São Paulo e nem sei onde fica Higienópolis. Pelos blogs e mais blogs que li, imaginei um bairro murado, de burgueses endinheirados e egoístas, daqueles que não gostam de pobre e têm pavor de serem assaltados nos engarrafamentos.

Claro que não é nada disso, mas houve blogueiros que atiçaram o fogo com querosene.

Numa segunda leitura, em blog de gente mais séria, fui informado que se tratava de uma ação de moradores ricos e influentes do bairro que não queriam ser incomodados com a obra do metrô. O erro seria o governo dobrar-se à pressão desse pessoal.

Dai, eu mesmo me indignei e escrevi contra a administração pública que atende os interesses de um grupo poderoso e prejudica os mais fracos.

Mas o assunto rendeu mais e mais textos. Agora, parece que todas as alternativas acima estão erradas.

Nossos campeões da ecologia e dos direitos humanos teriam pego uma matéria, juntado-a com outra, batido num liquidificador e usado uma peneira para separar o que convinha daquilo que não lhes interessava.

Uma vitamina de mentiras para alimentar os incautos!

Dizem que o peixe morre pela boca. Eu digo que os blogueiros morrem pelos textos. Nessa matriz de fatos e versões, há quem esqueça que tudo fica gravado, acessível a quem procura. E quem procura, acha.

Não dá mais para apagar os inimigos de hoje da foto de ontem. Também não vale mais repetir mil mentiras para torná-las verdade.

Blogueiro, não torne seu blog uma arma! A vítima pode ser você.

É duro

É duro. Por anos a fio, fechou-se os olhos para o que acontecia no ensino. O resultado é que a Pedagogia, hoje, é uma amplificação dos Diretórios Acadêmicos pelo Brasil afora; um feudo impenetrável de doutos pensadores do pensamento único.

E, no pensamento único, não há obstáculos para quem queira estender qualquer ideia que agrade aos chefes.

Nossos líderes querem um povo agradecido e submisso aos ditos avanços sociais. Então, porque não valorizar a linguagem popular? Porque não falar populacho?

Então, algumas pedagogas quiseram agradar os chefes e foram além. Escreveram um livro didático ensinando que também é certo falar errado.
 

Nossos líderes concordaram e mandaram a gurizada da escola pública estudar a nova lição. E, para completar, deixaram bem claro que o vestibular continuará cobrando apenas o certo.

Que bom! O menino pobre aprenderá na escola pública que é certo escrever errado. Contudo, anos depois, quando fizer vestibular, só acertará se escrever o certo.

No Brasil, as escolas públicas adotam um livro didático que ensina a errar.

Deixaram as feras soltas e agora elas nos mordem.
É duro.

Quem quiser saber melhor do que se trata, é só acessar http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/livro-didatico-faz-a-apologia-do-erro-exponho-a-essencia-da-picaretagem-teorica-e-da-malvadeza-dessa-gente/#comment-1583951

PS. Sem maldade. Já sei qual foi o livro que nosso ex-e-futuro-líder estudou quando aprendeu português na escola.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Código Florestal

Hoje, o Blog do Alon tratou da acirrada disputa no congresso em torno da reforma do Código Floretal. Tecerei algumas considerações a respeito desse assunto.

O Estado de São Paulo de hoje publicou uma notícia informando que a reforma do Código Florestal beneficiaria 90% dos produtores rurais. Pela matéria publicada, cerca de três em quatro imóveis rurais no Brasil poderiam ser consideradas como pequenas propriedades.

Os brasileiros que vivem no campo atingem uma cifra em torno dos 15% da população total do país. Em termos econômicos, o agronegócio responde por um terço do PIB brasileiro. Já a produção de alimentos, fora do agronegócio, também responde por parcela expressiva da produção de riquezas no Brasil.

Outro fato é que a grande maioria dos municípios brasileiros depende da arrecadação auferida pelo setor primário.

Somando-se esses fatores, e outros não apontados, chega-se à conta do peso político dos brasileiros que vivem no Campo. A acirrada disputa no Congresso mostra que não se pode ignorar a importância desses brasileiros.

E, ao que tudo indica, eles desejam a reforma do Código Florestal.


Novo Código Florestal

Em seu Blog, o Paulo Moreira Leite publicou um interessante comentário sobre o Código Florestal, posicionando-se a favor do desenvolvimento do Brasil.

Eu também acho que o Brasil precisa desenvolver-se e proteger o meio ambiente, objetivos que parecem tão dissociados entre si,

Afinal, é possível desenvolver-se sem agredir ao meio ambiente? Minha resposta é que não. Qualquer atividade humana, desde a mais simples à mais complexa, causa impactos à natureza.

Então, a discussão tem que ocorrer em outra plataforma; temos que discutir qual o grau de impacto que se pode admitir.

A título de exemplo, falarei um pouco dos recursos florestais da Amazônia.
É verdade que as obras de infraestrutura, como estradas e hidrelétricas provocam malefícios à natureza, mas também é verdade que elas beneficiam a população local e, a longo prazo, oferecem alternativas econômicas à exploração descontrolada dos recursos florestais.

A alternativa dogmática de não se permitir qualquer obra de grande porte na Amazônia é muito mais prejudicial do que parece.

O ambiente amazônico oferece grande dificuldade para a ação fiscalizadora do Estado. Há um claro problema de desmatamento na região.

Mesmo considerando as possibilidades do monitoramento por sensores satelitais e as maravilhas da tecnologia de informações e comunicações, nada disso substitui a presença humana, a ação fiscalizadora e policial, tanto no local do desmatamento, como na determinação dos outros componentes da cadeia que se beneficia da ação criminosa.

Em resumo, é preciso gente para o trabalho de inteligência e para a ação fiscalizadora ou policial e não é novidade que o Estado apresenta deficiências na qualidade e quantidade de seus recursos humanos.Então, concluo que é limitada a capacidade estatal em reprimir todos os crimes e contravenções.

Chego ao ponto, então, de ligar-me ao Novo Código Florestal. O atual código apresenta aspectos muito mais rígidos que a proposta em discussão no Congresso Nacional. Como se pode inferir, essas normas não impediram o desmatamento ilegal, por um motivo simples, a falta de capacidade repressiva do Estado.

Já trabalhei em fiscalização e aprendi uma lição. Quando se quer que alguém aja dentro da Lei deve-se fazer que seja mais fácil cumprir a Lei e mais difícil descumpri-la.

Abre-se a torneira da legalidade e fecha-se a da ilegalidade. Simples assim.
Parece que essa é a ideia do código em discussão no Congresso.

Metrô de Higienópolis

Nos últimos dias, tem sido noticiada um polêmico abaixo-assinado de de moradores de Higienópolis, em São Paulo, que se manifestaram contra a construção de uma estação de metrô naquele bairro.

O Sakamoto tratou essa notícia falando da luta de São Paulo contra um burgo murado. Ou seja, aproveitou-se do assunto para alimentar as velhas discussões da exploração dos pobres pelos burgueses ricos e insensíveis. Já o Paulo Moreira Leita foi bem mais racional em seu comentário.

Para início de conversa, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.  
 
A discussão não é mesmo sobre ricos contra pobres, mas da influência do poder econômico sobre as decisões governamentais; é sobre o Governo dobrar-se à pressão de um grupo influente.

Faço, então, um paralelo com Belo Monte. Ali, defendo a construção da hidrelétrica, mesmo sabendo que ela causará prejuízos à população local. Defendo a obra porque sei que haverá muito e muito mais beneficiados do que prejudicados com a sua construção.

Esse é o princípio de que o sacrifício de alguns valem pelo benefício de muitos. Aplico o mesmo princípio a Higienópolis, que nem sei onde fica, e ao Lago Norte, daqui de Brasília, que conheço muito bem.

Alguns moradores do Lago Norte não querem a construção de mais uma ponte ligando a península a um dos eixos rodoviários da cidade. Essa ponte facilitaria a vida de muita gente de bairros mais afastados, mas a turma do Lago alega problemas de segurança, ruído dos carros, estresse nos passarinhos e sei lá mais o que.

Para mim, o Governo tem que pensar no bem da coletividade; tem que lutar pelo que for melhor para todos, ricos e pobres.

Isso tem que valer para Belo Monte, Lago Norte, Higienópolis, Morumbi, Avenida Atlântica, Favela da Maré e todo e qualquer lugar no nosso país. 

Quer saber? Tomara que construam a estação de Higienópolis.

PS: Preciso escolher um bairro para fixar a residência do Asqueroso. De preferência, um lugar bem barulhento e empoeirado. Pode ser em frente a uma obra do metrô. Por favor, me ajudem.

Uma fralda

Vi uma fralda suja no estacionamento.

Eu voltava do almoço, caminhando, e vi uma fralda suja, de criança, jogada no chão, perto do meio fio de um estacionamento no complexo administrativo onde trabalho.

O blogueiro Sakamoto poderá inferir que, como não disse qual era a marca da fralda, se tratava de uma fralda barata, jogada no chão pelos pais pobres da criança, que não tiveram acesso a materiais de melhor qualidade, vivem com dificuldade e não quiseram empestear seu carro com as fezes. Isso não seria justo! O carro é único patrimônio de uma família pobre, foi pago em centenas e centenas de prestações. 

Os burgueses, esses sim, merecem a fralda jogada no canto. As fezes embaladas na fralda são um castigo pequeno perto da aberração do trabalho escravo. Logo os leitores deste Blog seriam brindados com mais uma crônica a respeito da insensibilidade das elites, dessa vez com fraldas de criança pequena.

Eu já adivinho que o Asqueroso, por sua vez, lerá o texto do blogueiro e dirá que ele tem complexo de adolescente. Recitará Sócrates em grego, francês e alemão e, numa lógica confusa, perguntará que espécie de coronel é esse que não recolheu a fralda e não a jogou no lixo. Atacará minha hipocrisia por ter visto o errado e não ter mexido uma palha para corrigí-lo. E ele terá sua razão.

Então, já lhes respondo que não sei qual era a marca da fralda e não sei quem a jogou. Não vi latas de lixo onde pudesse jogar a fralda, mesmo assim, não a pegaria por um motivo simples: tive nojo! 
  
A polêmica fralda serve apenas de degrau para comentar sobre o poder da comunicação má intencionada. É prática comum na imprensa e nos blogs pegar os fatos e apertá-los de um lado e de outro para que caibam numa caixa, a caixa ideológica! Nessa caixa, os acontecimentos se resumem ao aspecto que interessar ao objetivo final, convencer os outros de suas opiniões e, se puder, convertê-los aos seus dogmas.

Reparem que eu não peguei a fralda, mas, nesse texto, eu a apertei e a amoldei aos meus próprios interesses. Foi um bom exercício de retórica para que todos procurem a verdade por trás dos fatos; e não o que se quer lhes impor. 
 
Uma fralda é apenas uma fralda. Jogá-la no estacionamento foi obra de gente mal educada e este texto tem a melhor das intenções. Mesmo assim, cuidado! O inferno está cheio de gente bem intencionada.