Os EUA definiram sua estratégia no Oriente Médio há muitos anos. Até a Primeira Guerra Mundial, toda aquela porção de terra do planeta era percebida apenas como a ligação entre o Egito e a Índia; depois da segunda guerra, como simples fornecedor de petróleo para os países desenvolvidos.
Israel é um importante componente da equação geopolítica daquela região. As guerras de 67 e 73 conjugaram-se com o nacionalismo árabe da época e redundaram na crise do petróleo, que afetou as economias de todo mundo, e o terrorismo dos anos setenta, com atentados sangrentos e de viés esquerdista, alguns financiados e coordenados pela URSS.
A revolução teocrática iraniana de 79 é o marco temporal mais importante da contemporânea estratégia americana para o Oriente Médio. A partir dela, os EUA perseguem um grande objetivo de manter o status quo da região, buscando assegurar a consolidação do estado israelense, percebido como um quisto de democracia e prosperidade numa região dominana pelas oligarquias dos petrodólares.
É claro que nos 35 anos que seguiram ao domínio dos iatolás no Irã houve a ascenção e queda de Saddam Hussein, mas o ditador iraquiano deve ser compreendido como efeito, e não como causa, da instabilidade regional.
Obama continua perseguindo o grande objetivo estratégico americano, só que a fluidez dos acontecimentos no Oriente Médio o obriga a matar um leão a cada dia. Ele apenas vai matando aqueles leões que estão mais perto e isso causa alguma confusão.
A morte de Osama Bin Laden e a retirada das tropas americanas no Iraque pareciam sinalizar um período inédito de estabilização regional, permitindo até que os EUA pudessem alterar o eixo de seus interesses estratégicos do Oriente Médio para a China. Contudo, o conflito na Síria e o fracasso do governo iraquiano em consolidar-se democraticamente obrigaram Obama a rever seus objetivos intermediários.
Por fim, ressalto que o Oriente Médio deixou de ser apenas um ponto de ligação entre o Egito e a Índia ou um mero supridor de petróleo. Nos últimos cinquenta anos, tem sido o foco das maiores preocupações mundiais. Não é lugar para amadores, mas para quem consiga matar os leões devoradores da paz.
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