sábado, 28 de junho de 2014

Primeira guerra

Cem anos atrás, havia quem pensasse que uma guerrinha vez em quando nem era assim tão ruim. Tropas, canhões, desfiles, tudo isso despertaria o orgulho nacional, reforçando a unidade dos povos em torno de seus reis.
Quando a guerra começou, moças inglesas distribuíam penas brancas aos rapazes que não se alistassem para lutar, um símbolo de vergonha a quem não tinha coragem de matar e morrer pela pátria.
Pacifistas não eram bem quistos e os generais de botequim apostavam em rápidos combates, repletos de fulminantes cargas de cavalaria, que logo levariam a um bem-vindo armistício para honra e glória dos vencedores.
Não foi isso que aconteceu. A primeira guerra mundial foi aquela dos longos duelos de artilharia, dos campos cobertos pelas vastas imensidões de arame farpado, das armas químicas e das trincheiras, as onipresentes, lamacentas e fétidas trincheiras, onde homens e ratos conviviam em buracos alagados, repletos de piolhos, de doenças e de morte.
Culpa das metralhadoras, que varriam os campos de batalha e impediam quaisquer avanços mais audaciosos.
Mas isso foi no front ocidental. No leste, o exército russo fragmentava-se diante dos alemães, de melhores soldados e generais,
O golpe final foi a revolução comunista de 1917, que acabou liberando dezenas de divisões que a Alemanha logo transportou para o Oeste.
Não foram os tanques, os aviões ou gás mostarda que definiram os vencedores, mas a exaustão dos que já combatiam havia mais de três anos.
O reforço das tropas norte-americanas foi decisivo para a vitória aliada.
Daí, uma paz impiedosa e mal conduzida deu motivos para a outra guerra que viria vinte anos depois.
Só depois do fim da segunda grande guerra foi que todos enfim se convenceram que uma guerrinha vez e quando é ruim, muito ruim.

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