sábado, 28 de junho de 2014
Primeira guerra
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Meu quase único leitor
Quinta-feira, eu em casa, já quase meio dia. Agorinha mesmo, liguei o computador, o velho, porque o outro, novo de três anos é pior que este, de sete. Vim digitar algo por aqui.
Daí, lembrei do McGee do NCIS, aquele que escreve livros em sua velha máquina de escrever. No seriado, seus colegas zombam do trambolho, mas ele segue firme. Se fosse comigo, simples e acomodado mortal, nem precisariam zoar duas vezes. Faço no velho Notebook o que jamais faria em qualquer máquina de escrever.
Quase sempre, quem gosta de escrever lê muito. Baixei uns três ou quatro livros do Machado de Assis no meu iPhone. Aquele escritor carioca do século XIX é o meu preferido. Seus romances são bons de história, mas ele é notável mesmo quando emprega os recursos do idioma, elegante em seus pronomes, substantivos e verbos. Diferente dos blogs de hoje em dia, sua obra não combina com leituras dinâmicas, mas requer idas e voltas, círculos e retas, diagonais, aclives e declives, contemplação e reflexão
Capítulos curtos, parágrafos mais ainda. Não é economia, mas pouco desperdício. Afinal, para que tantas palavras se menos já bastam? Machado corta os excessos e, mesmo quando pouco sobra, nada falta.
Ele não usava máquina, escrevia mesmo à mão, com pena, tinteiro e mata-borrão, gastando folhas e folhas, riscadas e rasgadas, sujando seus dedos e unhas, castigando os artelhos. E se tanto fez assim, o que faria se vivesse hoje, com teclado, mouse e tela plana?
Tão cômodo escrever nos notebooks e porque será que não surgem outros escritores como ele? Bem sei a resposta. Estamos mal acostumados com o conforto, que é parceiro da preguiça. A ansiedade em escrever rápido nos desculpa por escrever mal.
Enfim, milhares e milhares leram e continuarão lendo Machado de Assis; e eu, que mal crio um simples texto, bem mereço ser meu quase único leitor.
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Corpus Christi
Hoje, Corpus Christi, é feriado no Brasil. Eu, católico, quase meio século de vida, não sabia o significado dessa festa cristã. Li no wikipedia que poucos países no mundo estabelecem feriados nacionais nesta data, que celebra a presença do corpo de Cristo na eucaristia. Uma tradição motivada por visões de Santa Juliana de Liege, há oito séculos, em plena Idade Média.
Aquele período da história é conhecido como idade das trevas, um rótulo que é injusto à grande devoção religiosa medieval. Os materialistas associam a religião com o atraso, a submissão, a fome, a doença, a guerra. Nada, porém, me convence que a ausência de Deus possa trazer algo de bom à humanidade.
Se na Idade Média as tiranias se serviam da religião como instrumento de poder, hoje elas desprezam as crenças religiosas e escravizam seus povos.
Pois então que aproveitemos este feriado para refletir sobre a importância de Deus em nossa vida. Acreditar na divindade e fazer o bem confortam o espírito e imprimem um significado para nossa existência.
sábado, 14 de junho de 2014
Beicinho
Que jogos!
A copa está sendo um sucesso. Ainda bem.
Lula conseguiu trazê-la para o Brasil. Merece respeito por isso.
Muitas obras de mobilidade atrasaram e muitas sequer serão concluídas.
Nisso, o governo fracassou.
O futebol merece aplauso, a incompetência leva vaia.
Normal, natural e democrático.
Quem não concordar que faça beicinho e cara feia.
Gás
Quase cem anos atrás, um capitão britânico se protegia numa tricheira de um bombardeio inimigo. Una granada arrebentou perto e logo ele sentiu aquele cheiro estranho. Não teve dúvidas, gritou gás e obrigou todos a colocarem suas máscaras.
O tempo passou, o bombardeio acabou e todos puderam voltar a respirar livremente. Foi então que o capitão descobriu que o cheiro não era de gás venenoso, mas de uma pilha de cadáveres em decomposição que o estouro da granada remexera.
Na quinta-feira passada, o Itaquerão arrebentou numa vaia à nossa líder. Trajanos e Kfouris reclamaram do público, mas ainda não perceberam que o cheiro de estragado vem mesmo é de um governo em putrefação.
Machado de Assis
Já velho, tantos e tantos anos depois das provas de literatura do segundo grau, descubro Machado de Assis. Li todo Memórias Póstumas de Brás Cubas e parti para o Quincas Borba e o Memorial de Aires. Mostram o autor na casa de seus quarenta, cinquenta e sessenta anos.
As histórias são boas, mas o que vale mesmo é o estilo, o jogo de palavras, a arte do escritor.
Ler Machado de Assis aos cinquenta e foi bem melhor que aos quinze. Ele não é um contador de histórias; seus textos devem ser saboreados, não devorados.
Porque será que nunca mais tivemos um autor como ele no Brasil?
O segredo do ovomaltine
Comprei mais uma lata de ovomaltine. Pura teimosia. Por mais que eu mude a dosagem do pó, bata com leite no liquidificador, use e abuse do mixer, ou mesmo passe horas e horas mexendo com a colher, nunca, nunca repetirei o sabor do ovomaltine que tomava na loja da fábrica, em Resende, à beira da Dutra, quando viajava para Sâo Paulo. Era criança, mas nunca esqueci o gosto daquilo.
Acho que o líquido marrom e doce que me encantava a cada gole era resultado de alguma bruxaria. Qual será a fórmula secreta do ovomaltine da estrada?
Vaias
Brasileiros que foram ao Itaquerão na quinta-feira xingaram a presidente e muitos jornalistas se apressaram a criticá-los. Não foram dez ou cem, mas uns bons vinte mil presentes, ou até mais, que fizeram um coro de aeiou contra a governante. Que eu saiba, e eu leio muito, foi ato espontâneo, bem característico da torcida num estádio de futebol.
Ofenderam a nossa mandatária como se xingassem um juiz ladrão ou um jogador do time adversário. Trajanos e Kfouris classificaram o público vaiante de gente branca, endinheirada e mal-educada. Aquele ex-presidente dos nove dedos quis colocar o povão contra os burgueses que vaiam. Disse que as ofensas partiam de seres afortunados que, diferente da nossa atual líder, nunca haviam passado fome na vida.
No mar, a lula quer convencer o polvo que as vaias e os aeious são apenas falta de educação dos que têm dinheiro no bolso, comida na panela, roupa no armário e carro na garagem.
É bem verdade que quem paga mil e tantos reais por um ingresso tem mesmo tudo aquilo, mas também é certo que a maioria dos vaiantes conquistou seus bens e direitos trabalhando duro e honestamente. Nisso, aqueles brasileiros se distinguem de parte dos governantes e, talvez, até mesmo de alguns col(m)unistas de futebol que os criticam.
Aquelas vaias e palavrões tiveram seus motivos; não vieram do nada. Pensando melhor, vieram, sim. Brasileiros honestos estamos aborrecidos por trabalhar duro, pagar impostos vultosos e receber nada ou quase nada em retorno.
É injusto dizer isso? Pode ser, mas essa é a minha percepção.
Vaias e palavrões não são ofensas, mas um recado em som alto e claro. A paciência se esvai a cada greve oportunista, cada invasão de propriedade, cada rua interditada, cada ataque de black blocs. É preciso menos leniência com os que desafiam a lei e mais competência na gestão dos interesses públicos.
Eu não estava no Itaquerão e a Globo não mostrou a vaia, mas acho que eu também xingaria quem não me respeita e não me representa.
sexta-feira, 13 de junho de 2014
Laranja irritante
E a copa começou, com direito a gol contra, penalti mal marcado, Espanha goleada y otras cositas más.
Até o momento, não teve protesto que merecesse dez segundos de noticiário e o destaque foi o pai arrastando seu filho de 16 anos do meio dos black blocs.
Foi até engraçado.
O pai:
- sai daí menino, sai agora!
- mas pai, eu quero educação, saúde e prisão para corrupto.
- quando você ganhar o seu dinheiro, daí se meta na confusão que quiser. Enquanto eu bancar sua escola e sua vida, não quero nada de confusão.
O garoto acabou cedendo e saiu dali.
Essa história de black blocs já encheu o saco. Todo mundo já sacou que esses caras não querem nada de bom para ninguém, só para eles mesmos. Pena que ainda haja menino de 16 anos iludido que entra nessa.
Não demora e a garotada acorda. Fico imaginando:
- Lênin, Marx, Carta Capital!
- Ei, você, vai tomar no crush
- seu capitalista reacionário.
- Fanta-se.
Tá mesmo na hora de acabar essa laranja irritante!