São Paulo é importante, mas não é o Brasil. O paulistano que eleger Haddad ou Serra sofrerá ou usufruirá as consequencias de sua escolha nas urnas. É certo que essa eleição poderá influenciar o cenário nacional, mas ela não deve monopolizar o noticiário político brasileiro.
Do mesmo modo, é importante acompanhar o julgamento do mensalão, sobretudo pelas suas consequencias no comportamento político brasileiro, mas há muito mais lances ocorrendo no tabuleiro desse jogo.
Sem dúvida, a corrupção é deplorável e merece ser punida com rigor, mas a hipocrisia dessa gente incomoda a ponto de arder o estômago.
Na segunda-feira passada, o site da Veja publicou que a Comissão da Verdade vai recomendar às Forças Armadas que alterem os currículos das Escolas Militares. Para Paulo Sérgio Pinheiro, é anacrônico referir-se ao 31 de março como um movimento que barrou o comunismo no Brasil. Para ele, o correto é dizer que foi um golpe na democracia que atentou contra a ordem institucional.
Certamente, essas alterações interessariam a algumas figuras políticas atuais, especialmente os que optaram pela luta armada naquele período, já que lustrariam seu verniz de defensores da democracia.
Pura hipocrisia que não resiste a uma pesquisa na internet. Basta acessar as páginas dos jornais da época para entender porque o governo João Goulart morreu de podre.
Ontem, o Globo trouxe um artigo do Carlos Alberto Sardenberg que todou na ferida. Os jovens da esquerda revolucionária dos anos 60 e 70 não lutaram pela democracia, mas pela imposição de um regime autoritário de esquerda no Brasil. Dizer o contrário é mentir.
Uma figurinha carimbada da época, José Dirceu foi preso, exilado e anistiado. Voltou e reconstruiu sua carreira política. Chegou perto do topo, mas foi denunciado como autor do maior esquema de corrupção política do Brasil de todos os tempos. Tudo indica que irá para a cadeia.
Também ontem, o Estadão publicou a notícia que José Dirceu teria enfrentado uma manifestação de militares da reserva quando saía do Diretório Nacional do PT, lá pelas seis horas da tarde da quarta-feira. Os manifestantes gritavam que aquele político era corrupto e merecia ir para a cadeia. Evidentemente, aquele pequeno grupo foi rapidamente neutralizado pela tropa de choque daquele partido, sempre a postos e acompanhada de um reporter amigo.
A tropa de choque enfrentou os militares da reserva com palavras de ordem do tipo "viúvas da ditadura".
Mais uma hipocrisia!
O que se viu nas ruas, se repete nos blogs e noticiários. O que tem que ser visto é que briga não é de esquerda contra direita, mas de gente decente contra a canalhada.
Tem canalha que escreve bem, até convence os incautos, mas continua sendo canalha.
O que falta para essa gente é um minimo de decência e autocrítica.
A decência serviria para não tentar reconstruir a história. Isso podia ser feito lá pelos anos trinta, pelos stalinistas que retocavam fotografias oficiais, apagando elementos indesejáveis. Hoje, com os recursos da internet, é impossível apagar os passos que o manco deixou na areia. Mentir não cola e não convence.
Melhor que enganar, seria mudar de postura, olhar para frente e construir um futuro de consenso.
Repito que São Paulo não é o Brasil e o mensalão não define todo cenário político; mas reconheço que a eleição paulista e o julgamento dos corruptos é uma boa plataforma de ataque à canalhada que tenta nos dominar.
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