domingo, 24 de junho de 2018

A Alemanha empobrecerá


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Angela Merkel encontrou um inimigo que não pode ser batido. Pela primeira vez a Alemanha deixará de liderar o bloco europeu sem qualquer contestação.

O questão não é que Trump não pode ser desafiado; o problema é que ele não pode ser vencido; não por uma União Européia fragilizada, afogada em problemas de imigração e com um estado de bem estar social tão inchado que a impede de competir com as grandes produtoras do mundo.

A Europa sobrevive por dois únicos motivos: porque sobretaxa e porque se aproveita da política fiscal condescendente dos Estados Unidos.

Em 1993 a Europa assina a etapa mais importante do então chamado ato único europeu, que prevê quatro elementos fundamentais para a chamada União Européia:

1. Livre circulação de mercadorias.
2. De serviços.
3. De pessoas.
4. De capitais.

Nos próximos sete anos as principais economias do bloco, com exceção da Inglaterra, que já antevia a desvantagem cambial em relação com os alemães, adotariam o Euro.

Assim teve início o imperialismo cambial e fiscal alemão sobre os demais países.

A Alemanha é um país exportador. Com mão de obra qualificada, altíssimo grau de escolaridade e um mercado que depende quase que exclusivamente de produtos com alto grau de sofisticação, ela precisa mandar tudo para fora.

Através do câmbio único e da livre circulação de mercadorias, ela achata a concorrência dos italianos, franceses e espanhóis e domina uma vastidão tão grande de mercados que vão da indústria automobilística aos equipamentos hospitalares.

O Euro é a vacina que a Alemanha precisa para equiparar a moeda, eliminando as fronteiras cambiais. Um Volkswagen chega à Itália sem impostos e na mesma cotação. É um estupro.

Durante quarenta anos a Alemanha vem se beneficiando da boa vontade fiscal americana para atolar o país com seus veículos; mantendo os pátios no próprio território, a sua indústria mantém-se aquecida, com empregos e impostos gerados no local, enquanto que a mercadoria percorre os quatro cantos do mundo.

E tudo foi bom; o país floresceu, a sua economia se desenvolveu e o seu povo prosperou, às custas de um emaranhado de negociações, que vão desde o empréstimo de dinheiro aos países mais fracos do grupo até o lobby político direto, para que projetos benéficos à Alemanha sejam aprovados pelo bloco.

Enfim...o plano era ótimo; até que surgiu Donald Trump.

Trump diz: "chega de mamata. Querem continuar mandando as sua quinquilharias para cá? Nos taxem, ai, da mesma forma. Não dá para vocês pagaram 6% para virem pra cá e nós, quando queremos entrar no mercado de vocês, pagarmos 16%".

O problema é que, sem esse bolsão de proteção tributária, boa parte dos produtos europeus se tornariam preteridos frente aos americanos, mais baratos e mais abundantes.

E, se quiser entrar pra valer na concorrência, os europeus teriam que enfrentar chineses e japoneses, que pressionariam ainda mais os seus preços e achatariam as suas margens.

Mas o problema não é nem tanto esse; com uma população velha e que se acomodou ao estado de bem estar social e ao arranjo de mercado que os protege dos predadores fora do continente, a Europa definhou competitivamente.

Com exceção da própria Alemanha, da Suíça e da Inglaterra, todos os outros não aguentariam a competição. Sobreviveriam em alguns mercados de excelência, mas, na maioria, perderiam.

O que Trump pede? Justiça tributária e comercial. O que a Europa pede? Regalias e uma balança desleal.

O problema (para os europeus) é que finalmente alguém possui bolas grandes o bastante para dizer: "Se não for assim, não será; e se preparem para pagar, por aqui, o mesmo que pagamos por ai".

Estima-se que essa brincadeira custe até 190 bilhões de dólares aos cofres europeus, apenas em sobretaxas aos automóveis e caminhões leves.

Demarty, diretor geral do comércio da UE, já demonstrou o seu desespero: "O bloco não quer jogar ainda mais lenha na fogueira"; ele sabe que, se Trump quiser estender a todos os produtos, a conta pode chegar a 1 trilhão.

A Europa responde com sobretaxas de 2.8 bilhões de euros aos produtos americanos. É aquele tipo de coisa que você faz só para mostrar que não tem medo, ainda que todos saibam que você já borrou as calças.

Parte dos países europeus pedem que o bloco ofereça um acordo de livre mercado com os americanos; para os países mais pobres é lindo: terão acesso a produtos mais baratos (as vezes melhores) e fogem da ditadura alemã. Para a Alemanha? O golpe comercial mais duro dos últimos 25 anos.

Há, inclusive, de acordo com o próprio Demarty, ameaças de abandono do bloco, em favor de acordos ainda mais favoráveis com os americanos. Mais um pesadelo para Merkel: tanto os Estados Unidos quanto a China podem oferecer acordos comerciais muitíssimo mais interessantes do que os Alemães.

Pouco a pouco a Alemanha se dá conta: o desmonte do seu feudo é inevitável. Foi bom enquanto durou.

Os Chineses, aguardam pacientemente; a abertura dos mercados representaria uma economia de 1.6 trilhão em acordos que eles estavam costurando para, a longo prazo, chegarem aos mesmíssimos objetivos, com 20 anos de antecedência.

Para a Europa, há dois caminhos: se abrir ou pagar o pedágio do seu protecionismo. Os países menores já anunciaram que optam pela primeira opção; para a Alemanha, só resta um: ceder e empobrecer. :) <3

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