Anteontem, me submeti a uma operação daquelas com direito a sala de cirurgia, equipe médica, incisôes no abdômem e anestesia geral. Nunca havia sofrido algo parecido, uma experiência inédita que me faz repensar no sentido de tudo isso.
Foi ali, deitado na maca, no ar gelado da sala muito clara, que me anestesiaram e, pela primeira vez na vida, apaguei completamente.
Sei que apaguei por mais de uma hora. Dormi sem sonhos por todo esse tempo, de repente, voltei a sonhar e acordei. A cirugia havia terminado e quinze segundos depois, uma dor aguda nas costas me fez lembrar onde estava. A recuperação foi meio barra pesada, mas hoje estou bem melhor.
Os minutos apagado, aqueles em que não existi, me levam ao pensamento da morte. Já havia desmaiado antes na vida, não apenas uma, mas duas vezes. A primeira, aos treze anos, quando escorreguei na beira de uma piscina, bati a nuca no chão e acordei desorientado no banheiro do clube, com meu pai muito incomodado pelas besteiras que havia falado enquanto desacordado.
A segunda vez foi numa formatura. Horas a fio em pé, esperando a passagem do general comandante que revistava a tropa antes da manobra, tudo isso aliado a um café da manhã apressado, me fizeram primeiro a sentir uma sensação de enjoo, daí foi um pequeno passo para a tontura e, finalmente, o desmaio em grande estilo, desabando tal qual uma tábua rebatendo da vertical para o chão duro que teria arrebentado nariz, dentes e queixo, não fosse o providencial capacete que me salvou do pior.
Nessas duas ocasiões, a da piscina e a do capacete, desacordei, sim, mas o tempo todo eu estava ali, em mim mesmo, havia um rastro de sensação, um torpor, algo que me lembrava que vivia. Diferente, bem diferente da anestesia, em que nada senti, nada percebi, nada existi.
Será essa, afinal, a verdadeira sensação da morte?
Pensei nisso tão logo as dores nas costas começaram, ali mesmo na maca, recém acordado. Estava um pouco assustado com aquilo tudo, mas logo me salvei. Um "que dor filha da puta é essa?" passou pela minha mente e o "puta que o pariu" saiu da minha boca pouca educada.
Estava vivo! Que bom!
quarta-feira, 31 de maio de 2017
Vivo, graças a Deus
quarta-feira, 24 de maio de 2017
Flavio Morgenstern - Caso Reinaldo Azevedo
quinta-feira, 18 de maio de 2017
Modernização das VBCCC Leopard II do exército alemão e canhão 130 mm
http://www.defesanet.com.br/tank/noticia/25778/Modernizacao-das-VBCCC-Leopard-II-do-exercito-alemao-e-canhao-130-mm/
17 de Maio, 2017 - 10:10 ( Brasília )
Modernização das VBCCC Leopard II do exército alemão e canhão 130 mm
A edição de dezembro de 2016 da revista IHS Jane's International Defence Review publicou a matéria “More bang for Bundeswehr behemoths”, em tradução livre, “Mais poder para os gigantes da Bundeswehr” (Forças Armadas Alemãs), que trata da modernização de 104 Leopard 2 para a versão A7V.
Esta nomenclatura é devida, oficialmente, à inclusão da palavra Verbessert, “melhorado” em alemão, à designação do Leopard 2 A7. Extraoficialmente, especula-se que também remonte ao primeiro blindado fabricado pela Alemanha, em 1917, o A7V.
Estão previstas para a modernização 20 VBCCC Leopard 2 A7, 16 Leopard 2 A6 e 68 Leopard 2 A4 em serviço na Alemanha e nos Países Baixos. Após esse processo, as Forças Armadas Alemãs ainda utilizarão 155 Leopard 2 na versão A6 e outros 50 na versão A6M, que aguardarão novos contratos de modernização. As VBC que ainda estão nas versões A6 e A4, maior parte da frota a ser modernizada, receberão as seguintes melhorias, a fim de passarem à versão A7:
- Unidade de energia auxiliar Steyr M12, de 17 KW;
- Sistema digital de intercomunicação Thales SOTAS;
- Gerenciador do Campo de Batalha IFIS;
- Equipamento de visão termal da Airbus ATTICA para o atirador e comandante;
- Sistema de camuflagem móvel Barracuda, da SAAB;
- Kit de proteção contra minas; e
- Módulo de programação da munição multipropósito DM11 na culatra.
Todas as 104 VBCCC, nessa primeira modernização, receberão um novo sistema de armamento principal, com uma versão repotencializada do canhão L55, já em uso desde a versão A6, e com freios de recuo K900.
O novo canhão de 120 mm de alma lisa, modelo L55A1, que dotará os Leopard 2 A7V, está sendo desenvolvido para suportar maior pressão interna do que o seu antecessor L55, sem perdas para a vida útil do tubo, que deve ser de 1500 disparos, conforme requisitado pela Bundeswehr.
A compatibilidade de munições entre as versões será total. Juntamente com os 104 futuros Leopard 2 A7V da Alemanha, 128 Leopard 2 A4 (que possuem canhões L44), do Exército Polonês, receberão os K900.
Essa alteração visa ao aumento das chances de sobrevivência da guarnição da VBCCC caso essa venha a ser atingida em combate, minimizando os riscos de incêndio no interior da torre.
Isso se deve à não utilização de óleo hidráulico no funcionamento dos K900, cujo mecanismo foi desenvolvido para trabalhar com uma solução de água e glicol. O projeto conta, ainda, com a substituição do sistema eletro-hidráulico de controle e estabilização da torre por um sistema totalmente elétrico.
O artigo da IHS Jane's traz, ainda, informações sobre o projeto de desenvolvimento de um canhão de alma lisa 130 mm, da Rheinmetall. O projeto parte da premissa que o futuro do carro de combate demandará armamento de maior potência do que os canhões 120 mm de alma lisa.
Três “canhões de demonstração” no calibre 130mm já se encontram prontos, mas são encarados pela própria empresa como meros protótipos, cujo objetivo é avaliar as diferenças no desempenho entre os calibres 130 mm e 120 mm, quando empregados contra um novo rol de alvos, projetados como as ameaças a serem enfrentadas pelas VBC do futuro.
O desenvolvimento do canhão 130 mm não tem sido focado, até o momento, em compatibilizá-lo com a torre das VBC em uso atualmente no mundo.
Porém, algumas variantes do armamento, compatíveis com a torre do Leopard 2, podem ser desenvolvidas mediante proposta da Bundeswehr, como sugerido pela Rheinmetall. Presume-se que essa versão possa ser apenas 200kg mais pesada que o atual L55.
O canhão 130 mm possui um tubo de 51 calibres (6.630 mm de comprimento) e 1.400 kg. Com uma câmara de aproximadamente 15 litros (5 litros maior do que a do L55), seu comprimento total é de 7.160 mm, incluída a sua culatra multi-ranhurada de alta pressão.
Projeto do canhão de 130 mm.
Culatras multi-ranhuradas podem ser consideradas como uma inovação promissora, considerando-se que as Forças Armadas dos EUA também possuem um canhão com este tipo de culatra como forte candidato à modernização dos M1A2 Abrams, o XM360E1.
No tocante à munição, a situação torna-se um tanto mais complicada, visto que o projeto prevê a fabricação de munições encartuchadas indivisíveis, como a maioria das munições 105mm e 120mm para VBCC em uso atualmente. Dessa forma, estima-se que uma munição para o canhão 130mm terá 1,3m e pesará 30kg, o que exigirá um sistema de carregamento automático do canhão.
Um representante da Rheinmetall, no entanto, ressaltou que munições divididas em duas partes poderão ser desenvolvidas a fim de adaptar-se ao sistema de manejo e empaiolamento da viatura em que o canhão venha a ser instalado, como já acontece com as munições da VBCCC Challenger 2, em uso pelo Reino Unido.
É necessário resgatar as instituições, nem que seja por ordem de despejo.
Mesmo assim, literalmente da noite para o dia o mundo de Temer caiu. Flagrado numa conversa muito pouco honesta e republicana, já é certo que ele engrossará a pouco honrosa lista de ex-presidentes que foram expelidos de seu cargo.
É como eu disse, nós sobrevivemos à Dilma e podemos muito bem viver sem o Temer.
Fica a lição da importância da política. É necessário resgatar as instituições, nem que seja por ordem de despejo.
"Eurásia, segundo a China", por Demétrio Magnoli
O Globo
“Esconda o seu poder e aguarde a sua hora; nunca tente tomar a liderança.” Xi Jinping crê que a sua hora finalmente chegou, e já é tempo de descartar a máxima de Deng Xiaoping, o sucessor de Mao Tsé-tung. Em janeiro, em Davos, o presidente chinês exibira-se como o campeão da globalização. Dias atrás, em Pequim, no Fórum Cinturão e Estrada, diante de Vladimir Putin, Recep Erdogan e outros 27 chefes de Estado, apresentou seu projeto monumental de restauração da Rota da Seda, a rede ancestral de vias de comércio que, na Antiguidade e Idade Média, conectava a China à Europa. Xi prometeu financiamentos anuais de US$ 125 bilhões, ao longo de uma década, em obras de infraestrutura ferroviária, portuária, oleodutos e gasodutos em 68 países.
Mapas recepcionam qualquer exagero. A Rota da Seda do século 21 tem um componente terrestre (o “Cinturão”) e um marítimo (a “Estrada”). O Cinturão organiza-se em torno de um corredor econômico principal, ligando a China à Europa, através da Ásia Central, Irã, Turquia e Rússia. Dele, partiriam cinco corredores secundários, rumo à Sibéria, à Rússia europeia, ao Sudeste Asiático, à Índia e ao Paquistão. A Estrada, inspirada nas rotas quatrocentistas da frota imperial do almirante Zheng He, formaria um corredor marítimo entre a China e os países asiáticos e africanos da Bacia do Índico, alcançando a Europa pelo Mar Vermelho e Canal de Suez.
A equação econômica repousa sobre a lógica do capitalismo de Estado. A China acumula US$ 3 trilhões em reservas cambiais, investidas predominantemente em papéis do Tesouro americano, que oferecem baixa rentabilidade. As grandiosas obras da Rota da Seda oferecem incontáveis alternativas de investimento produtivo. Além disso, as indústrias chinesas de trens rápidos, cimento, aço e metalurgia sofrem de excesso crônico de capacidade. A Rota da Seda abriria mercados externos, gerando demanda. O impulso expansivo sustentaria um novo ciclo de crescimento chinês, baseado em capitais e fatores de produção excedentes.
Nem sempre o que reluz é ouro. O nome oficial da iniciativa de Xi é One Belt, One Road (“Um Cinturão, uma Estrada”). Alarmados pela corrupção vigente em governos da Ásia Central, empresários chineses envolvidos em projetos de infraestrutura cunharam a expressão jocosa “Um Cinturão, Uma Armadilha”. No Sri Lanka, grandes obras financiadas pela China a juros negativos figuram como casos de manual de destruição de riqueza: o Porto de Hambantota, construído há dez anos, gera receitas insignificantes, e o Aeroporto de Mattala Rajapaksa, inaugurado em 2013, ganhou de um especialista a alcunha de “o mais vazio do mundo”. Do outro lado do Subcontinente Indiano, no Paquistão, o Porto de Gwadar, completado junto com Hambantota, também carece de navios e cargas.
As incógnitas da equação econômica só têm solução pela adição de uma variável estratégica. A iniciativa da nova Rota da Seda bebe na fonte de Halford Mackinder, diretor da London School of Economics, tido como um dos fundadores da geopolítica, que formulou a chamada Teoria da Heartland. “Quem controlar a Eurásia dominará o mundo”, profetizou Mackinder no ensaio “O pivô geográfico da história”, apresentado em 1904 à Sociedade Real de Geografia. Xi sonha com a edificação, em torno da China, de uma esfera econômica da Eurásia, que rivalizaria com a esfera atlântica liderada pelos Estados Unidos. Globalização 2.0, exclamam os entusiastas. Dominação 3.0, acusa o The Economic Times, um influente jornal da Índia.
A iniciativa chinesa beneficia-se do interesse da Rússia e das repúblicas ex-soviéticas da Ásia Central por investimentos em infraestrutura, avançando no vácuo aberto pela renúncia de Donald Trump ao mega-acordo da Parceria Transpacífica (TPP) negociado por Barack Obama. Em Pequim, Xi invocou as figuras espectrais de Zheng He e de seus predecessores nas trilhas da Rota da Seda, “pioneiros que entalharam seus nomes na história não como conquistadores com canhões navais ou espadas, mas como afáveis emissários à frente de caravanas de camelos e navios carregados de tesouros”. Suas palavras, porém, não impressionaram a todos.
A Índia é o núcleo da oposição. O The Economic Times registrou, alarmado, que o discurso do secretário de Estado Rex Tillerson a diplomatas americanos, uma exposição de política externa de 6,5 mil palavras, alongou-se em explicar o “novo tipo de relação entre potências” com a China, mas não mencionou nem uma só vez a palavra “Índia”. As resistências se estendem desde a hostilidade dos governos eleitos de Mianmar e do Sri Lanka a contratos firmados por seus antecessores autoritários até violentos distúrbios conduzidos por residentes deslocados em Bangladesh e Sri Lanka, operários da construção civil em Mianmar e movimentos separatistas do Baluquistão paquistanês. Na Ásia Meridional, entre setores da intelectualidade, difundem-se sentimentos antichineses, em meio a alertas sobre as “ambições coloniais” do antigo Império do Centro. A caravana de Xi enfrenta o assédio dos “bárbaros”.
quarta-feira, 17 de maio de 2017
Iolanda, uma vigarista cínica, cruel e chinfrim
Iolanda, uma vigarista cínica, cruel e chinfrim
Ex-presidente cometeu crime grave ao criar e-mail falso e vazar mandados de prisão
*José Nêumanne, O Estado de S.Paulo
17 Maio 2017 | 03h04
Sete fatos negam a biografia de estadista ilibada e avó inocente da ex-presidente Dilma Rousseff.
1) A pretensa heroína da democracia – Dilma jacta-se de que arriscou a vida, foi presa e torturada na ditadura militar lutando pela democracia. De fato, ela militou num grupo armado que combateu a ditadura, pôs a vida em risco e foi torturada, mas o objetivo de tais grupos não era democrático. Seus planos consistiam em substituir uma ditadura militar de direita por outra, comunista. Isso não justifica os métodos da ditadura, mas expõe uma farsa que convém desmascarar. O jornalista Luiz Cláudio Cunha apurou que, de fato, Dilma foi torturada e pelo menos um oficial do Exército foi acusado de tê-la seviciado, mas isso não a torna mártir da democracia, Aliás, ela nunca exigiu na Justiça punição para esse agressor.
2) Sua importância nos grupos armados – Durante suas campanhas eleitorais, foi acusada pela direita ignorante e de má-fé de haver participado pessoalmente de assaltos, como ao cofre herdado por Ana Caprioli, amante de Ademar de Barros, celebrizada como “doutor Rui”. Não se sabe se Dilma participou de ações armadas. Mas o fato é que ela nunca foi relacionada em nenhuma das listas preparadas pelos chefes dos grupos armados para a troca de companheiros presos por sequestrados. Isso em nada deslustra sua biografia de militante nem reduz a importância dos crimes por ela cometidos, mas mostra que foi mera tarefeira, sem maior relevância, em todos os grupos de que participou. Na luta armada talvez ela só se tenha destacado pela profusão de codinomes que usou: Estela, Vanda, Patrícia e Luíza. Manteve esse gosto pela falsidade ideológica pela vida pública afora, até mesmo durante e após sua passagem pela Presidência.
3) A falsificação do currículo acadêmico – O repórter Luiz Maklouf de Carvalho revelou, em 2009, que o currículo Lattes de Dilma continha fraudes: nele anotou que era master of science e doutoranda em Economia pela Universidade de Campinas (Unicamp). Maklouf apurou que ela começou, mas nunca concluiu o mestrado e também nunca deu início ao doutorado. O professor Ildo Sauer, da USP, ficou tão impressionado com o tal currículo que contou a amigos, por e-mail, tê-la convidado para participar da mesa na defesa de tese de um orientando dele. Ela respondeu com a má-criação de hábito: “Não tenho tempo para cuidar desse tipo de baboseiras”. Não é mesmo uma fofa?
4) A farsa da gerentona implacável – Analfabeto funcional e completamente jejuno em matérias técnicas ou de administração, Lula desprezou currículos respeitáveis de petistas competentes, como o citado Ildo Sauer e o físico Luiz Pinguelli Rosa, que foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Impressionado com a assessora que sempre sacava dados de um laptop, que nunca largava, nomeou-a ministra de Minas e Energia, em vez de um deles. Sauer foi diretor de Gás e Energia da Petrobrás e é o único ex-dirigente da estatal nas gestões do PT que não foi acusado de ter participado da roubalheira. Pinguelli presidiu a Eletrobrás. Ela passou, impávida, pela transformação da petroleira em fornecedora de lama moral e destruiu o sistema elétrico no Brasil. Os especialistas não resistiram ao convívio com seu estilo grosseiro: perderam os cargos subalternos e a possibilidade de avisar ao chefe sobre os desmandos que levaram à descoberta do enorme escândalo de corrupção.
5) O fatiamento da Constituição em seu proveito – Em 2016, os então presidentes do Senado, Renan Calheiros, e do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, rasuraram o artigo 52 da Constituição para lhe garantirem o direito de ser merendeira de escola, o que, aliás, seria arriscado, pois, conforme se revelaria depois, ela talvez fosse até capaz de envenenar a merenda.
6) O estelionato eleitoral – Em suas campanhas eleitorais para a Presidência, em 2010 e 2014, as únicas que disputou na vida, ela ludibriou os eleitores, sob a batuta do marqueteiro João Santana, com a produção de ficção milionária, recheada de mentiras e calúnias contra adversários, bancada por propinas de empreiteiras de obras públicas, não apenas com seu conhecimento, mas também com sua intervenção. Em delação premiada, João e Mônica contaram que, quando o pagamento via caixa 2 atrasava, ela, assim como Lula o fizera antes, cobrava pessoal e duramente. Além das delações, documentos sustentam a acusação, na ação do PSDB contra a reeleição da chapa dela com Temer de vice, com farta exposição de laranjas e abusivo uso de notas frias para forjar serviços não prestados. Será uma ignomínia se o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral deixar tais crimes impunes.
7) Clandestina em palácio – Durante o processo do impeachment, ela execrou delações, delatores (“desprezíveis”) e vazamentos seletivos. Mas, segundo Mônica, beneficiou-se de vazamentos feitos por seu ministro da Justiça e advogado no impeachment, José Eduardo Martins Cardozo. Vangloriava-se de ser honesta e nunca ter praticado atos ilícitos nem ter conta no exterior. Na delação, Mônica desmentiu-a, ao contar que Dilma usou o expediente chinfrim de pré-adolescente de usar e-mail falso e comunicar-se por rascunhos. Batizou o e-mail de Iolanda, referindo-se à mulher do ex-presidente e marechal Costa e Silva, somado a 2606, relativo a 26 de junho, data em que seus “irmãos em armas” executaram com crueldade, no portão do quartel-general do II do Exército, o recruta Mário Kozel Filho, que nunca torturou ninguém nem participou de nada reprovável. Foi morto por acaso, como sói ocorrer em atentados terroristas. Em casa, em Porto Alegre, deposta, ludibria quem lhe telefona dizendo ser Janete, estratégia usada por vigaristas que alugam terrenos na Lua e fogem de credores.
É injusto definir Iolanda/Janete como vigarista cínica, cruel e chinfrim? E dizer o que de Lula, que no-la impingiu?
*Jornalista, poeta e escritor
terça-feira, 16 de maio de 2017
A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA, SUA IDEOLOGIA E SEUS PROBLEMAS - De Sèrgio de Mello
A PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA, SUA IDEOLOGIA E SEUS PROBLEMAS

quinta-feira, 11 de maio de 2017
As provas contra Lula - Diego Escosteguy
As provas contra Lula: 3 mil evidências, 13 casos e R$ 80 milhões em propina
(Atualizado às 17h27)
Diego Escosteguy - Epoca
As investigações apontam pagamentos em dinheiro, depósitos bancários e imóveis – para o ex-presidente e para parentes
No fim da tarde de uma segunda-feira recente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu ao palco de um evento organizado pelo PT em Brasília. Empunhou sua melhor arma: o microfone. Aos profissionais da imprensa que cobriam o evento, um seminário para discutir os rumos da economia brasileira, o ex-presidente dispensou uma ironia: “Essa imprensa tão democrática, que me trata maravilhosamente bem e, por isso, eu os amo, de coração”. Lula estava a fim de debochar. Não demorou para começar a troça sobre os cinco processos criminais a que responde na Justiça. Disse que há três anos ouve acusações sem o direito de se defender, como se não tivesse advogados. “Eu acho que está chegando a hora de parar com o falatório e mostrar prova. Eu acho que está chegando a hora em que a prova tem de aparecer em cima do papel”, disse, alterado. Lula repetia, mais uma vez, sua tática diante dos casos em que é réu: sempre negar e nunca se explicar. E prosseguiu: “Eu quero que eles mostrem R$ 1 numa conta minha fora desse país ou indevida. Não precisa falar que me deu 100 milhão, 500 milhão, 800 milhão... Prove um. Não estou pedindo dois. Um desvio de conduta quando eu era presidente ou depois da Presidência”. Encerrou o discurso aplaudido, aos gritos de “Brasil urgente, Lula presidente!”.
A alma mais honesta do Brasil, como o ex-presidente já se definiu, sem vestígio de fina ironia, talvez precise consultar seus advogados – ou seus processos. Há, sim, provas abundantes contra Lula, espalhadas em investigações que correm em Brasília e em Curitiba. Estão em processos no Supremo Tribunal Federal, em duas Varas da Justiça Federal em Brasília e na 13ª Vara Federal em Curitiba, aos cuidados do juiz Sergio Moro. Envolvem uma ampla e formidável gama de crimes: corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, crime contra a Administração Pública, fraude em licitações, cartel, tráfico de influência e obstrução da Justiça. O Ministério Público Federal, a Polícia Federal, além de órgãos como a Receita e o Tribunal de Contas da União, com a ajuda prestimosa de investigadores suíços e americanos, produziram, desde o começo da Lava Jato, terabytes de evidências que implicam direta e indiretamente Lula no cometimento de crimes graves. Não é fortuito que, mesmo antes da delação da Odebrecht, Lula já fosse réu em cinco processos – três em Brasília e dois em Curitiba. Também não é fortuito que os procuradores da força-tarefa da Lava Jato, após anos de investigação, acusem Lula de ser o “comandante máximo” da propinocracia que definiu os mandatos presidenciais do petista, desfalcando os cofres públicos em bilhões de reais e arruinando estatais, em especial a Petrobras.
A estratégia de Lula é clara e simples. Transformar processos jurídicos em campanhas políticas – e transformar procuradores, policiais e juízes em atores políticos desejosos de abater o maior líder popular do país. Lula não discute as provas, os fatos ou as questões jurídicas dos crimes que lhe são imputados. Discute narrativas e movimentos políticos. Nesta quarta-feira, dia 10, quando estiver diante de Moro pela primeira vez, depondo no processo em que é réu por corrupção e lavagem de dinheiro, acusado de receber propina da OAS por meio do tríplex em Guarujá, Lula tentará converter um ato processual (um depoimento) num ato político (um comício).
Se não conseguir desviar a atenção, saindo pela tangente política, Lula terá imensa dificuldade para lidar com as provas – sim, com elas. Nesses processos e em algumas investigações ainda iniciais, todos robustecidos pela recente delação da Odebrecht, existem, por baixo, cerca de 3 mil evidências contra Lula. Elas foram analisadas por ÉPOCA. Algumas provas são fracas – palavrórios, diria Lula. Mas a vasta maioria corrobora ou comprova os crimes imputados ao petista pelos procuradores. Dito de outro modo: existe “prova em cima de papel” à beça. Há, como o leitor pode imaginar, toda sorte de evidência: extratos bancários, documentos fiscais, comprovantes de pagamento no Brasil e no exterior, contratos fajutos, notas fiscais frias, e-mails, trocas de mensagens, planilhas, vídeos, fotos, registros de encontros clandestinos, depoimentos incriminadores da maioria dos empresários que pagavam Lula. E isso até o momento. As investigações prosseguem em variadas direções. Aguardem-se, apesar de alguns percalços, delações de homens próximos a Lula, como Antonio Palocci e Léo Pinheiro, da OAS. Renato Duque, ex-executivo da Petrobras, deu um depoimento na sexta-feira, dia 5, em que afirma que Lula demonstrava conhecer profundamente os esquemas do petrolão. Existem outras colaborações decisivas em estágio inicial de negociação. Envolvem crimes no BNDES, na Sete Brasil e nos fundos de pensão. Haja prova em cima de papel.
Trata-se até agora de um conjunto probatório, como gostam de dizer os investigadores, para lá de formidável. Individualmente e isoladas, as provas podem – apenas – impressionar. Coletivamente, organizadas em função do que pretendem provar, são destruidoras; em alguns casos, aparentemente irrefutáveis. Nesses, podem ser suficientes para afastar qualquer dúvida razoável e, portanto, convencer juízes a condenar Lula por crimes cometidos, sempre se respeitando o direito ao contraditório e à ampla defesa – e ao direito a recorrer de possíveis condenações, como qualquer brasileiro. Não é possível saber o desfecho de nenhum desses processos.
Ainda assim, os milhares de fatos presentes neles, na forma de provas judiciais, revelam um Lula bem diferente daquele que encanta ao microfone. As provas jogam nova luz sobre a trajetória de Lula desde que assumiu o Planalto. Assoma um político que conheceu três momentos distintos. O primeiro momento deu-se como um presidente da República que decidiu testar os limites do fisiologismo e clientelismo da política brasileira. A partir de 2003, e com mais força em 2004, Lula começou a agir para beneficiar, em atos sucessivos, empreiteiras e grandes grupos empresariais, por meio de homens de confiança em postos-chave no governo. Era, naquele momento, um político cujas campanhas e base aliada eram financiadas, comprovadamente, com dinheiro de propina desses mesmos empresários – entre outros. Era um político que caíra nas graças do cartel de empreiteiras que rapinava a Petrobras e comprava leis no Congresso.
O segundo momento sobreveio entre 2009 e 2010, conforme o tempo dele no poder se aproximava do fim – e, com Dilma Rousseff como sucessora, todos, em tese, continuariam a prosperar. Nesse ponto, assomou um político que, pelo que as provas e depoimentos indicam, passaria a viver às custas das propinas geradas pelo cartel que ajudara a criar. Entre 2009 e 2010, o cartel, em especial Odebrecht e OAS, passou a se movimentar para assegurar que Lula e sua família tivessem uma vida confortável. Faziam isso porque, como já explicaram, deviam propina ao ex-presidente e, não menos importante, pela expectativa de que ele usasse sua influência junto a Dilma Rousseff para manter o dinheiro do governo entrando nas empresas – como fez, de fato, em algumas ocasiões.
Nesse período de final de mandato, houve uma série de operações fraudulentas e clandestinas, comandadas pelo cartel, que resultaram na multiplicação do patrimônio de Lula. Usaram-se laranjas e intrincadas transações financeiras para esconder a origem do dinheiro dos novos bens do ex-presidente. Mas, hoje, esses estratagemas foram descobertos, com fartura de provas, pelos investigadores. Da Odebrecht, Lula ganhou o prédio para abrigar seu instituto, um apartamento em São Bernardo do Campo, onde mora até hoje, e a reforma de um sítio em Atibaia que, todas as provas demonstram, pertence ao petista, e não é somente “frequentado” por ele. Da OAS, ganhou o famoso tríplex em Guarujá, assim como as reformas pedidas por ele – o apartamento só ficou pronto após a Lava Jato, de modo que não houve tempo para que Lula e família se mudassem para lá. A mesma OAS passou a bancar o armazenamento do acervo presidencial do petista. Todas essas operações – todas – foram feitas clandestinamente, para ocultar o vínculo entre Lula e as empreiteiras. Todas foram debitadas do caixa de propinas que Lula mantinha junto às empreiteiras.
Além de dar moradia a Lula, as empreiteiras passaram a bancar o ex-presidente e sua família, além de pessoas próximas. Havia, segundo as provas disponíveis, pagamentos de propina da Odebrecht a um dos filhos do presidente, a um irmão dele, a um sobrinho e a Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula e um dos assessores mais próximos de Lula. Havia pagamentos em dinheiro vivo e, em alguns, casos, por meio de empresas – como a de um filho e a de um sobrinho. Havia, ainda, os pagamentos à empresa de palestras de Lula e ao próprio Instituto Lula. Na maioria dos casos, segundo as evidências, não se tratava de doação ou contratação para palestras, embora essas tenham acontecido em alguns casos. Trata-se de propina disfarçada de doação. Até que a Lava Jato mudasse tudo, Lula e seus familiares receberam, de acordo com as evidências disponíveis e se obedecendo a um cálculo conservador, cerca de R$ 82 milhões em vantagens indevidas – bens ou pagamentos ilegais.
O terceiro momento de Lula, aquele que as provas revelam com mais nitidez, precipita-se em março de 2014, quando irrompe a Lava Jato. O petista, que sabia o que fizera e intuía o potencial da operação, preocupou-se. É esse Lula preocupado – quiçá desesperado – que aparece nos processos de obstrução da Justiça. Que, segundo depoimentos e documentos, tenta destruir provas. Tenta, em verdade, destruir a Lava Jato, para por ela não ser destruído. Há semanas, dias antes do discurso de Lula em Brasília, a voz rouca de Léo Pinheiro sacudira Curitiba. Diante do juiz Sergio Moro, Léo Pinheiro expunha segredos guardados por anos. “Eu tive um encontro com o presidente, em junho... bom, isso tem anotado na minha agenda, foram vários encontros.” Era 20 de abril e Léo falava de um encontro mantido há quase três anos, em maio de 2014, quando a Lava Jato começava a preocupar. “O presidente, textualmente, me fez a seguinte pergunta: ‘Léo’, e eu notei até que ele estava um pouco irritado, ‘você fez algum pagamento a João Vaccari no exterior?’. Eu disse: ‘Não, presidente, nunca fiz nenhum pagamento dessas contas que nós temos com Vaccari no exterior’. ‘Como é que você está procedendo os pagamentos para o PT?’. ‘Através do João Vaccari. Estou pagando, estamos fazendo os pagamentos através de orientação do Vaccari, caixa dois e doações diversas que nós fizemos a diretórios e tal’. ‘Você tem algum registro de algum encontro, de conta, de alguma coisa feita com o João Vaccari com você? Se tiver, destrua. Ponto. Acho que quanto a isso não tem dúvida’.”
Lula, como Renato Duque confirmou em depoimento a Moro na sexta-feira, estava se mexendo para descobrir quanto estava sob risco. No depoimento, Duque, que fora indicado pelo PT e pelo próprio Lula à Diretoria de Serviços da Petrobras, destruiu o antigo chefe. Disse, como Léo Pinheiro, que Lula “tinha o pleno conhecimento de tudo, tinha o comando”. Referia-se ao petrolão. Nas últimas semanas, Duque e o ex-ministro Palocci disputavam quem fecharia antes um acordo de delação premiada, em busca de pena menor. Ambos pretendiam entregar informações sobre Lula, pois suas defesas detectaram que a Lava Jato queria mais elementos para cravar que o então presidente não só sabia da existência, como comandava o esquema de corrupção na Petrobras. Palocci recuou duas ou três casas em sua negociação, após a libertação do ex-ministro José Dirceu. Duque aproveitou para avançar. Disse que encontrou Lula pessoalmente três vezes. “Nessas três vezes ficou claro, muito claro para mim, que ele tinha pleno conhecimento de tudo, tinha o comando”, disse Duque. No último encontro, em 2014, segundo Duque, Lula perguntou se ele tinha recebido dinheiro na Suíça da holandesa SBM, fornecedora da Petrobras. Duque diz que negou. Lula, então, perguntou: “Olha, e das sondas? Tem alguma coisa?”. Lula se referia a negócios da Sete Brasil, a estatal criada para turbinar o petrolão. Duque afirma que mentiu a Lula ao dizer que não tinha. Ouviu do então presidente, de saída do cargo: “Olha, presta atenção no que vou te dizer. Se tiver alguma coisa, não pode ter, entendeu? Não pode ter nada no teu nome, entendeu?”.
No ano seguinte, Lula prosseguiu em sua tentativa desesperada de sabotar a Lava Jato. Em maio de 2015, o então senador Delcídio do Amaral foi à sede do Instituto Lula, em São Paulo. Àquela altura, líder do governo no Senado, Delcídio era um interlocutor frequente de Lula sobre a situação precária do governo Dilma no Congresso, mas, principalmente, sobre o avanço da Lava Jato em direção ao coração petista. Na conversa, Lula se disse preocupado com a possibilidade de seu amigo, o pecuarista José Carlos Bumlai, ser engolfado pela operação. Delcídio percebeu que fora convocado para discutir o assunto. Avisou que Bumlai poderia ser preso devido às delações do lobista Fernando Baiano e do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Delcídio também tinha medo disso, pois recebera propina junto com Cerveró. Então, contou a Lula que, quatro meses antes, recebera um pedido de ajuda financeira de Bernardo, filho de Cerveró. Delcídio afirma que Lula determinou que era preciso ajudar Bumlai.
Assim, Delcídio passou a trabalhar. Dias depois, encontrou-se com Maurício, filho de Bumlai, e “transmitiu o recado e as preocupações de Lula”. Maurício topou a empreitada: era preciso bancar as despesas com advogado e sustentar a família para “segurar” a delação de Cerveró e, assim, tentar salvar o pai de Maurício. Nos meses seguintes, Maurício Bumlai entregou R$ 250 mil em espécie a um assessor de Delcídio, em encontros em São Paulo. O dinheiro era levado depois à família Cerveró. Quando, em setembro, ÉPOCA publicou que Cerveró fechara um acordo de delação, Maurício interrompeu os pagamentos. Em novembro de 2015, Delcídio foi preso, por ordem do Supremo, por tentar obstruir a Lava Jato.
Por meio de nota, o Instituto Lula afirma que “não há nenhum” ato ilegal nas delações dos executivos da Odebrecht e que as delações não são provas, mas “informações prestadas por réus confessos que apenas podem dar origem a uma investigação. Por enquanto, o que existe são depoimentos feitos aos procuradores, a acusação, divulgados de forma espetacular”. Sobre a “conta Amigo”, a nota afirma ser “a mais absurda de todas as ilações no depoimento de Marcelo Odebrecht”. “Se for verdadeiro o depoimento, Marcelo Odebrecht teria feito, na verdade, um aprovisionamento em sua contabilidade para eventuais e futuras transferências ou pagamentos. A ser verdadeira, trata-se, como está claro, de uma decisão interna da empresa. Uma ‘conta’ meramente virtual, que nunca se materializou em benefícios diretos ou indiretos para Lula.” Sobre a ajuda da Odebrecht a Luís Cláudio, um dos filhos de Lula, o Instituto Lula afirma que “mesmo considerando real o relato de delatores que precisam de provas, Emílio Odebrecht e Alexandrino Alencar relatam que a ajuda para o filho de Lula iniciar um campeonato de futebol americano foi voluntária e após diversas conversas e análises do projeto”. Sobre a mesada de R$ 5 mil que a Odebrecht pagou por anos a Frei Chico, irmão do ex-presidente, a nota afirma que “não só Lula não pediu, como não foi dito que Lula teria pedido”. Afirma que o principal assessor de Lula, Paulo Okamotto, “negou ter recebido qualquer ‘mesada’ de Alexandrino Alencar”. O Instituto diz que a Odebrecht não inventou Lula como palestrante e que “as palestras eram lícitas e legítimas”.
segunda-feira, 8 de maio de 2017
Vida militar
Num breve histórico da minha vida profissional, digo que ingressei na AMAN por vocação, quase uma obsessão. Ressalto que havia passado para engenharia elétrica numa universidade pública e nada me forçava a ir para o Exército. Sabia também que jamais seria rico na minha profissão, mas teria uma vida digna, tanto na ativa como na inatividade.
Com efeito, sempre vivi apertado financeiramente e apenas no final da minha carreira nos serviço ativo consegui alguma estabilidade, mesmo assim, porque minha esposa trabalha e recebe um salário semelhante ao meu.
Destaco que ao longo da minha vida profissional, concluí um dos melhores cursos de engenharia do Brasil, fiz mestrado, doutorado e vários outros cursos de aperfeiçoamento. Também nunca faltei o serviço e cumpri missões com risco de vida, no Brasil e no exterior. Fui comandante e ordenador de despesas de duas unidades, em quatro anos seguidos e sempre seguindo pelo caminho mais correto, nunca pelo mais fácil.
Exerci numerosas e importantes funções, com a satisfação de fazer bem o meu trabalho, mas com sentimento de desconforto ao constatar que colegas de colégio progrediam em suas profissões no mundo civil, recebendo salários muito acima dos postos mais altos da minha carreira.
Devido aos apertos próprios da minha profissão, nunca tive condições de pagar um convênio de saúde para mim ou meus familiares, muito menos um plano de previdência privado. A aposentadoria era algo que não me preocupava, pois a regra do jogo sempre foi essa: ganha-se mal na ativa, mas preserva-se a paridade do salário na reserva.
Hoje, leio com revolta artigos de "especialistas" que não passaram pelos apertos da minha profissão, reduzindo os militares a seres privilegiado e egoístas, que pouco fazem e que não pensam no futuro do Brasil. Pois lhes digo que ninguém, absolutamente ninguém, pensa mais neste país que os militares.
Romper a regra da paridade dos salários na ativa e na inatividade não é justiça. mas uma oportunista quebra de contrato. Tal situação configura-se também como uma grande covardia com quem não pode se defender durante seu período de serviço ativo. Sim, porque o Estatuto dos Militares estabelece que na ativa não podemos nos posicionar sobre assuntos políticos.
Por fim, quero usar o meu exemplo para ilustrar que não existe militar aposentado. Mesmo na reserva, permaneço trabalhando no Exército, como prestador de tarefas.
É verdade que não sou mais obrigado a tirar serviços seguidos ou a ir para o campo, em dias seguidos de manobras, ou arriscar a vida em missões de paz, fora do meu país, ou em perigosas operações de garantia da lei e da ordem. Sim, a inatividade não me obriga mais a viver essas privações e perigos.
Contudo, minha atual situação ainda me exige a, por exemplo, viajar a serviço e permaneço sujeito às regras disciplinares impostas pelos regulamentos militares.
Desde sempre tive o hábito de seguir leis e regulamentos e sempre foi estrito no atendimento à legalidade. Por isso, me parece profundamente injusto que se quebre a regra da paridade entre ativos e inativos.
Com todo o respeito que as outras profissões merecem, tenho que dizer que é fácil criticar os militares; o difícil é viver a nossa vida.
Pensem nisso.
Até o papa embarcou nessa canoa furada
A esquerda abusa do maquievelismo. Em nome da igualdade e da fraternidade, embora com muito pouca liberdade, ela promete salvar a humanidade de qualquer jeito, nem que tenham que exterminá-la no caminho.
Até o papa embarcou nessa.
"A noção petista de democracia", editorial do Estadão
Petistas consideram o governo do presidente Michel Temer uma "ditadura", mas são capazes de defender a ditadura - sem aspas - de Nicolás Maduro na Venezuela
Para os petistas, o Brasil vive hoje em pleno estado de exceção. Não há dúvida, segundo a versão petista dos fatos, de que Dilma Rousseff foi vítima de um “golpe” que a tirou da Presidência da República. Também não há dúvida, para essa turma, de que o grande líder petista, Lula da Silva, é um perseguido político e corre o risco de ser condenado à prisão pelo “crime” de ter governado “para os pobres”. Não faltam nem os que consideram o governo do presidente Michel Temer uma “ditadura”.
Enquanto isso, esses mesmos petistas são capazes de defender a ditadura – sem aspas – de Nicolás Maduro na Venezuela. A embaixada venezuelana no Brasil divulgou recentemente uma série de vídeos em seu canal no YouTube nos quais três deputados do PT manifestam apoio a Maduro no momento em que este reprime violentamente manifestações de oposição ao regime bolivariano – mais de 20 pessoas já foram mortas.
Um dos deputados é Paulo Pimenta (RS), que, em sua página no Facebook, já se referiu ao governo Temer como “ditadura”. No vídeo, o parlamentar diz: “Estamos juntos com o povo da Venezuela. A luta pela sua soberania, pelo direito de escolher e construir o seu futuro... Resistam contra o avanço da direita fascista! Vamos às ruas em defesa do projeto da revolução bolivariana! Contem conosco, estamos juntos nessa luta”.
Outro que aparece para prestar “a mais alta solidariedade ao povo da Venezuela e ao governo popular da Venezuela de Maduro” é o deputado petista João Daniel (SE). Segundo ele, “há um terrorismo na América Latina, financiado pelo imperialismo, para derrubar os governos populares”. Foi o que aconteceu também no Brasil, de acordo com o parlamentar. Por esse motivo, acrescentou, “a luta em defesa do governo da Venezuela pertence a todo o povo latino-americano”.
Por fim, o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini – que no dia do impeachment de Dilma Rousseff, há um ano, pediu a mobilização dos brasileiros contra a tentativa de “implantar uma ditadura civil” no País –, gravou mensagem em que diz que o “governo popular” de Maduro é vítima de “uma estratégia de desestabilização”. Segundo Zarattini, o desabastecimento, a inflação e a profunda crise social que afetam a Venezuela, causando até mesmo fome, são provocados pelas “forças reacionárias”, cujo objetivo seria “instalar o caos para que, a partir disso, o povo clame por uma solução de força”. Por esse motivo, disse o deputado, “o povo venezuelano está certo em lutar fortemente para defender o que é seu e o seu governo”.
Nem se deve perder tempo tentando argumentar contra tão rematados despautérios, inspirados no despudor de Lula da Silva, que um dia declarou que a Venezuela chavista tem “excesso de democracia”. Mas é particularmente grave que detentores de mandato parlamentar no Brasil, que se dizem defensores da democracia, venham a público manifestar solidariedade ao governo de um país vizinho que está claramente violando os mais básicos direitos dos cidadãos.
Depois de ter arruinado economicamente a Venezuela, Nicolás Maduro hoje nada faz a não ser estimular um confronto civil no seu país. Não contente em reprimir protestos e prender centenas de opositores, anunciou que pretende armar milhares de milicianos para “defender a soberania nacional” contra o “imperialismo” – que, como sempre, está por trás de tudo. Aproxima-se rapidamente de um ponto do qual dificilmente se retorna sem um banho de sangue, razão pela qual qualquer apoio a Maduro, hoje, é irresponsável.
Nos tempos da diplomacia lulopetista, ditadores como Maduro eram tratados como queridos companheiros, pela simples razão de que se opunham aos Estados Unidos. Essa atitude típica de grêmio estudantil felizmente foi abandonada no Brasil e na Argentina, deixando Maduro mais isolado do que nunca, salvo apenas pelo apoio dos que, como os solidários deputados petistas, consideram que democracia e direitos humanos são conceitos válidos somente para quem é da patota."
Os limites da valentia
A barra pesou e o feitiço se virou contra o feiticeiro. As ameças contra o Moro pegaram muito mal e agora o deputado é que se vê acuado.
O que ele fez? Pediu proteção para a Polícia Federal.
Valentia tem limites, né deputado?
Luiz Felipe Pondé: "Talvez Deus tenha criado o mal para nos salvar do retardamento moral"
Vale a pena ser lido.
SEGUNDA-FEIRA, 8 DE MAIO DE 2017
Luiz Felipe Pondé: "Talvez Deus tenha criado o mal para nos salvar do retardamento moral"
Ricardo Cammarota/Folhapress | |