sexta-feira, 7 de março de 2014

Quebrando o crânio na Ucrânia

O  Caio Blinder vem publicando no seu blog uma série de artigos sobre a crise da Ucrânia. No texto de hoje, uma frase me chamou a atenção: “Putin poderá até vencer a batalha da Crimeia, mas perderá a guerra da Ucrânia."
Para a Rússia, a Criméia é importante sob o ponto de vista militar, pois aquela península abriga o único porto russo capaz de operar durante todas as estações do ano.  Por outro lado, a Ucrânia além de ser muito relevante militarmente; é fundamental para o projeto geopolítico russo de voltar a ser uma superpotência, um projeto que corre contra o tempo.
Os anos 1990 iniciaram-se com o esfacelamento do império soviético e o ressurgimento, dentre outros países, da Rússia e da Ucrânia, ambos muito enfraquecidos economicamente.
Nas duas décadas seguintes, a Ucrânia enfrentou crises de natureza política, resultantes da divisão de seu território em áreas com maior e menor influência da Rússia e da Europa Ocidental, respectivamente. Pelo lado russo, houve a consolidação do poder político do grupo capitaneado pelo presidente Putin, bem como o revigoramento de sua economia, embora em ritmo insuficiente para contrabalançar o crescimento vigoroso da China.
Faz pouco tempo, os Estados Unidos declararam que o eixo de seus interesses estratégicos se deslocava para o Pacífico. Essa mudança é motivada pela ascensão econômica e militar chinesa e é cada vez mais provável uma nova bipolarização do poder mundial, dessa vez entre os EUA e a China.  Isso é bem provável, mas o governo russo ainda vislumbraria possibilidades de alterar essa tendência.
O aprofundamento da crise da Ucrânia interrompe uma sucessão de ganhos políticos pelo presidente Putin. Ele mereceu destaque pela sua atuação ao evitar um ataque dos EUA contra a Síria e mostrou habilidade na exploração política dos jogos olímpicos de inverno. Tudo isso aumentou seu prestígio tanto no plano interno de seu país, como internacionalmente.
O início da semana passada prometia ao Kremlin uma grande oportunidade de recolocar a Ucrânia na sua esfera de influência. Os acontecimentos seguintes contrariaram as expectativas russas de um jogo fácil.  Os adversários, que antes pareciam desinteressados, endureceram a partida. O presidente Putin parece que perdeu a iniciativa das ações.
Por fim, é cedo, o jogo ainda não acabou e está indefinido, mas a tendência do momento é que as peças russas terão que voltar algumas casas no grande tabuleiro do jogo de poder.

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