sábado, 17 de agosto de 2013

Tatuagem

Soube que uma amiga decidiu remover a tatuagem que carrega desde adolescente. A figura que marca sua pele há anos simplesmente não combina mais com sua personalidade.
Certamente, ela passará por um procedimento doloroso. Não será fácil tirar a marca que a mulher herdou da menina. 
Lamento por ela e seu sofrimento. Esse é o problema das decisões afoitas e irrefletidas; mais tarde, elas cobram seu preço.
Eu também tenho minhas marcas. A obesidade é resultado de derrotas cotidianas que a gula e preguiça impõem à minha força de vontade. A barriga que carrego é o retrato do meu fracasso.
Minha amiga sofre pela sua inconseqüência; eu, pela minha fraqueza; mas tudo é remediável. A tatuagem pode   sumir e a barriga diminuir. Basta coragem para encarar o desafio e que o coração, os joelhos e a coluna agüentem o tranco.
Há marcas piores que tatuagens ou barrigas. Arrependimentos e dores de consciência são cicatrizes da alma. Não saram com cirurgias, dietas ou exercícios, mas ficam ali, adormecidos num canto, prontos para, de um momento para outro, doerem fundo no coração.
Alguns sofrem desse mal, mas resistem em admitir seus pecados. Falo daqueles que torturam os outros com seus conceitos tortos e sua ânsia autoritária de ter sempre razão.
A pior corrupção de um homem é aquela que vende seus princípios em nome de uma ideologia. Os que estão fora do eixo talvez se dêem conta, mais tarde, que a doce utopia da juventude pode virar uma amarga desilusão na maturidade.
Minha amiga pode tirar a tatuagem que a incomoda; mas será que os ninjas apagarão seus erros?

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