quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Padre Beto, o diabo é vermelho!

Alguns poucos dias atrás, após uma histórica edição da Jornada Mundial da Juventude, o papa Chico se despediu do Brasil, A visita de Sua Santidade merece mesmo entrar nos  livros de história, tal o impacto causado e as lições que nos deixou.Logo na sua chegada, tive certeza que Deus é brasileiro. Só isso explicaria que aquela figura tão importante no cenário mundial tenha saído ilesa depois de ficar solta pelo Rio, a bordo de um carro popular, com as janelas abaixadas, parado num engarrafamento, beijando criancinhas e apertando as mãos do povo. 
É como se todos tivessem se esquecido do episódio da tentativa de assassinato do Papa João Paulo II pelo terrorista turco Ali Agca, mais de trinta anos atrás.
Mas, hoje meu assunto é outro e tem a ver com a entrevista do papa, já no avião que o levava de volta ao Vaticano. Francisco surpreendeu o mundo ao dizer-se 
incapaz de julgar um homossexual que tenha boa vontade e busque a Deus. 
A afirmação do papa tem sido extensamente divulgada, com ampla repercussão e abordagens predominantemente favoráveis na mídia.
Neste ponto, remeto o leitor a um episódio recente no Brasil envolvendo outra figura religiosa. Tratarei do caso do Padre Beto.
Para quem não sabe, o Padre Beto se chama Roberto Francisco Daniel, tem 48 anos e foi excomungado pela Diocese de Bauru em  abril deste ano.
O desligamento de um padre pela Igreja Católica Romana é um ato de extrema gravidade e o titular da diocese, Bispo com Caetano Ferrari, justificou a punição,
atribuindo-a ás opiniões expressas pelo padre em redes sociais sobre a postura da igreja sobre temas como bissexualidade, amor entre pessoas do mesmo sexo e fidelidade conjugal. Resumindo, o padre teria ferido a doutrina da Igreja que jurou servir no dia de sua ordenação.
O padre Beto resolveu recorrer à Justiça para reverter o processo de expulsão da Igreja e contratou três advogados que entraram com um pedido de liminar contra a decisão da diocese. 
Ontem, vi o Padre Beto na televisão. Ele aproveitou a frase do papa para, mais uma vez, acusar a Igreja de homofóbica, pois, embora tolere a presença dos  
homossexuais em seu meio, ela não aceitaria que eles manifestassem sua homossexualidade. Para o Padre Beto, isso é homofobia.
Cabe, então, uma reflexão sobre essa acusação. 
A Igreja Católica Romana é uma instituição milenar, espalhada por todo o mundo, com mais de um bilhão de fieis. Não é exagero afirmar que os milhares e milhares 
de padres são figuras fundamentais para a sustentação de toda essa estrutura. Deles depende a transmissão dos valores e ensinamentos religiosos. 
Por isso mesmo, espera-se que os padres procedam de acordo com os princípios da Igreja. Trocando em miúdos, o exercício do sacerdócio vincula-se a uma ética. 
Quando o padre Beto se refere à aceitação da homossexualidade, certamente seu entendimento não se restringe ao sexo, mas a outras manifestações de comportamento. O problema é que o comportamento homossexual em público foge ao que se espera de um sacerdote.
Para reforçar meu argumento, não me limitarei à homossexualidade. Imaginem o que ocorreria se um padre que goste de música punk resolvesse usar um corte moicano no seu cabelo, tatuar e usar piercings em todo seu corpo. Será que a figura desse padre seria compatível com o que se espera dele? Acredito que não.
A Igreja, como toda e qualquer organização humana, impõe normas de comportamento a seus membros. Quem pertence à instituição deve ter a humildade de seguí-las. 
O padre pode, sim, ser homossexual, mas não pode transbordar sua homossexualidade de modo que interfira ao exercício de seu sacerdócio. Isso por respeito à Igreja e aos fieis que a seguem.  
A reportagem que assisti ontem apresentou um extrato do currículo do Padre Beto. Sua experiência acadêmica impressiona e inclui diversos cursos de graduação e pós-graduação, no Brasil e no exterior, inclusive em áreas relacionadas à ética. O mínimo que se pode dizer do Padre Beto é que ele é um homem preparado, que bem sabe o que está fazendo e os riscos que assumiu ao insistir nos atos que levaram à sua excomunhão. 
Os valores que Padre Beto defende enfraquecem à Igreja e servem para o esgarçamento da sociedade. Eles se harmonizam com a estratégia de Gramsci para a tomada do poder e a imposição de uma ditadura no Brasil.
Mas isso o Padre Beto sabe muito bem. Tenho certeza que ele já ouviu dizer que o diabo é vermelho.
 

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