A Síria é um dos pouquíssimos países do mundo que não aderiu à Convenção para a Proibição de Armas Químicas. É provável tenha obtido aquele tipo de armas para dissuadir seus adversários, afinal, há quem diga que elas são uma espécie de bomba atômica dos pobres.
Produzir armas químicas é relativamente simples e a tecnologia para utilizá-las em granadas de artilharia ou de morteiros data de quase cem anos, ou seja, desde a primeira guerra mundial.
São tremendamente insensíveis os que dizem que mortos são mortos, não importando se foram vítimas de tiros, bombas ou envenenamento. Não, não é assim.
Os efeitos das armas químicas são devastadores. Os que são pegos desprevenidos num ataque com agentes neurotóxicos podem morrer em questão de minutos. A morte é cruel. A vítima paralisada perde a capacidade de respirar. A consciência se esvai aos poucos, numa agonia desesperadora.
Agora, parem um pouco e pensem nas imagens das crianças mortas e imaginem como elas sofreram em sua morte. Convenhamos que, mesmo nas guerras, há limites para a crueldade.
O regime sírio manteve por longo tempo as armas químicas em estoque e tudo indica que perdeu o pudor em utilizá-las contra seus compatriotas.
É verdade que uma ação militar punitiva contra a Síria poderia espalhar o conflito perigosamente.
Um general francês afirmou recentemente que interessaria ao ocidente manter Assad no poder, pois, diante das perspectivas surgidas em sua eventual queda, ele seria o menor dos males.
Pode ser, mas diante do recente ataque químico esse mal menor está ficando cada vez pior.
Antes de concluir, ainda cabe uma reflexão final. O que interessa mesmo é fazer todo o possível para evitar a morte de outros inocentes. Atingir esse objetivo é muito complicado. Não há solução fácil ou indolor.
Agir pode ser perigoso pelas consequencias da ação; deixar de agir pode ser interpretado como fraqueza, deixando desimpedido o caminho para mais mortes.
Agir não necessariamente significa lançar bombas e mísseis. Assim como se faz para comer um mingau quente, a situação pode ser resolvida das beiradas para o centro do conflito.
Vislumbro que um acordo entre as grandes potências e os principais países do Oriente Médio poderia permitir que os responsáveis pelo ataques químicos fossem identificados e levados a julgamento no Tribunal Internacional Penal, em Haia. Essa seria uma solução adequada às normas do direito internacional e inibiria a repetição de outros ataques desa natureza.
Evidentemente, seria difícil convencer o regime sírio a cortar sua própria carne, mas poderia prevalescer o dito de que é melhor entregar os aneis do que cortar os dedos.
Soube hoje que Obama resolveu agir e isso é bom. Afinal, o presidente da nação mais poderosa do mundo é quem está mais apto a exercer a liderança em mais esse difícil da história da humanidade e o mínimo que se espera de um líder é que ele lidere.
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