Um dos novos lançamentos do Netflix que me chamou a atenção é a
entrevista de Fernando Collor, no Roda Vida, numa noite de 1989, antes
das eleições daquele ano. Coube ao jornalista Augusto Nunes a tarefa de
conduzir aquele programa.
Assisti os dez primeiros minutos e me faltam outros cinquenta, mas,
desde logo, sou obrigado a concordar com o Luiz Fernando Veríssimo: não
se podia mesmo deixar o Collor falar, que ele convencia todo mundo.
É impressionante a figura daquele então jovem, bonito e eloquente
governador de Alagoas, discursando com habilidade e firmando no
eleitorado a imagem de ser uma figura nova no quadro eleitoral, de
excelentes intenções, um homem que renovaria a política brasileira.
Augusto Nunes e Carlos Nascimento questionaram as alianças de Collor
com os políticos tradicionais da época, aqueles que o povo queria ver
aposentados. Collor enfatizou que sua candidatura surgira e se firmara
sem o apoio de nenhum grupo, mas que ele aceitaria as alianças de quem
aceitasse ou mesmo se convertesse ao seu projeto político.
Muita coisa aconteceu desde então. O mundo girou, o tempo passou e
quem era inimigo mortal de Collor vinte anos atrás agora dita as regras
neste País.
Houve mudanças, mas nem tanto. Um ou outro político da época ainda
está na ativa, mas a maioria realmente se aposentou. Agora, são seus
descendentes que estão nos palácios, congressos e assembleias deste
país.
Boa parte dos novos políticos já veio ao mundo virando a casaca dos
partidos tradicionais, já trajando camisas vermelhas com estrelinhas
penduradas e gritando “tudo pelo social”. Parecem diferentes, mas
continuam cometendo os mesmos pecados da velha politicagem: socializam
os problemas e privatizam os lucros.
Nas últimas três décadas, a experiência política no Brasil me faz
lembrar um trecho de um livro que li na escola: “na prática, a teoria é
outra”. Com isso em mente, lanço, então, minha própria frase de efeito:
“no poder, toda ideologia é igual”
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