domingo, 17 de junho de 2012

Biodesagradável

Em tempos de Rio + 20, tudo o que não se pode é ser contra o meio ambiente. Centenas, até milhares de ambientalistas já estão no Rio de Janeiro e a imprensa tem publicado grandes porções de artigos ecologicamente corretos.

Eu gosto da natureza e tenho lido discursos muito bonitos, de gente muito bem intencionada. A preservação do meio ambiente nos é oferecida, a nós, cidadãos comuns, como uma caixa embalada no papel de presente da generosidade e do bom senso.  Debaixo da embalagem, o que se descobre é que proteger a natureza tem um custo elevado e que indústria, governo e mídia querem que paguemos essa conta.

A história das sacolinhas plásticas dos supermercados é emblemática. Durante anos, instalou-se em nossas mentes o conceito de que elas são as grandes vilãs da natureza, que demoram centenas de anos para se decompor, poluindo os rios e agredindo o meio ambiente. Depois de nos convencer que as sacolinhas eram tudo de ruim, veio a sua proibição e, só então, nos apresentaram a conta; sacolas biodegradáveis custam quase vinte centavos a unidade.

Hoje, assisti a um debate no Globo News Painel com representantes da indústria no Brasil. O que percebi é que os industriais aproveitam a onda da sustentabilidade para obter uma verdadeira façanha. Com um discurso ambientalmente correto, conseguem justificar o aumento dos preços de seus produtos ao mesmo tempo em que fecham o mercado brasileiro para a importação de produtos de países menos rigorosos  nas normas ambientais.

Um dos debatedorres deixou escapar que sua indústria não produz geladeiras, mas instrumentos de conservação de alimentos; outro, que representava os produtores de álcool, reclamava da ausência de políticas públicas para proteger o seu setor. 

Quem não nasceu ontem e não fica balindo por aí como uma ovelha descerebrada sabe muito bem que os usineiros produzem açúcar ou álcool conforme o preço mais atraente. Eles pouco se importam com o desabastecimento do mercado de combustíveis e gostam mesmo é de dinheiro fácil e mercado cativo.

Na mídia, há o time doss ambientalistas de sempre, agora reforçado com seus novos Ronaldinhos Gaúchos. Por exemplo, a Dona Míriam Leitão, de tão lidos e lindos artigos, também aderiu ao discurso ambientalmente correto, pregando mais e mais impostos para os brasileiros, tudo em nome da economia verde.

O que se tem é que esse é um jogo do ganha e perde. Ganham os produtores, com seus altos preços e reserva de mercado; ganha o governo, com seus impostos; a mídia, com seus discursos bacanas e bem remunerados. Só quem perde somos nós, a gentalha brasileira, que vai pagar mais caro pelos produtos que consome

Nesse jogo de interesses, prefiro ser ambientalmente incorreto do que mais um otário, balindo descerebradamente a cada discurso dos espertos. Gosto do meio ambiente, mas não desse pessoal. Tenho vontade de entupir-lhes a garganta com bastante detergente biodesagradável.



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