sábado, 17 de março de 2012

Mão na massa

Um artigo publicado na edição de 22 de janeiro deste ano no Estado de São Paulo comenta a abertura de 300 mil vagas em cursos profissionalizantes. Seria uma iniciativa do Governo Federal e os cursos se destinariam à formação de pintores, pedreiros, eletricistas, dentre outros.
Embora elogie a iniciativa, o Estadão a qualifica como assistencialista e reclama uma estratégia que integre as políticas sociais com a modernização da economia.
Eu discordo dessa cobrança. A iniciativa é uma etapa adicional de um amplo programa de transferência de rendas, que tem dado muito certo. 
Fui um cético e um crítico do Bolsa Família, mas reconheço que ele tem dado certo. A melhor distribuição de renda tem favorecido a expansão da economia, fortemente apoiada na capacidade de consumo do mercado interno. 
É evidente que o País necessita da turma da vanguarda, aquela dos nerds e cientistas que puxam o trem da economia com sua locomotiva da inovação. Mas, esse trem tem muitos vagões e há espaço de sobra para pedreiros, eletricistas e jardineiros. Essas profissões não são glamurosas, mas são indispensáveis. 
Encontro até uma similitude com o mundo militar. Na primeira Guerra do Golfo, vinte anos atrás, para cada combatente na linha de frente havia nove outros militares provendo apoio logístico. 
Todo empreendimento humano necessita de uma boa infraestrutura de apoio. É como o pianista que depende que alguém carregue seu piano. Assim, se não houver quem se disponha a botar a mão na massa, não haverá espetáculo.

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