Onze anos atrás, numa noite fria em Lund, na Suécia, me vi diante de um poster que emoldurava a vitrine de uma agência de viagens. Nele, havia uma foto em que reconheci uma praia do nosso nordeste.
Tremendo de emoção e de frio, cheguei mais perto da vitrine. Eu conhecia a praia e, na foto, havia um barzinho com algumas mesas. Nelas, destacava-se o inconfundível logotipo da Cerveja Antártica. Procurei qualquer referência ao Brasil, mas que decepção! O poster com a foto da nossa praia estampava a propaganda de uma excursão para o Caribe.
Vendiam a praia do nosso Nordeste como um resort caribenho qualquer.
Tenho outra história sobre esse tema.
Lembram do vídeo da época da Copa de 98, com aquela música do Skank? Falo daquele filme, com cenas de dribles no Maracanã, torcedores com a camisa do Cruzeiro, a multidão vibrando com gols. Lembram dele?
Pois, é. Eu estava no Oriente Médio e vi o mesmo vídeo, só que sem o Skank. Era propaganda inglesa, com música estrangeira, mostrando nossos torcedores e craques. Nela também não havia nenhuma referência ao Brasil.
Tudo isso foi há mais de dez anos, quando a imagem do Brasil era a de uma morena boazuda, na praia, com um biquini enfiado e de topless.
Faz muito tempo que eu não viajo, mas fico curioso. Qual será a atual imagem do Brasil?
Será que a foto da morena deu lugar a um campo de soja ou a um robô numa linha de montagem industrial?
Acho que não, mas tenho uma dica.
Para mim, a melhor propaganda do Brasil nos últimos tempos é um desenho animado.
O “Rio”, do Carlos Saldanha, é a história de um pássaro muito esperto, que mora nos Estados Unidos e vem para o Brasil com o único intuito de procriar-se com a última fêmea de sua espécie. Ou seja, ele também não foge ao estereótipo do americano que vem ao Rio de Janeiro em busca de sexo!
O curioso é que o pássaro vem com sua dona, uma moça americana, ruiva, com óculos enormes, que também encontra um namorado carioca.
O desenho mostra favelas, barracos, desfile de carnaval e traficantes de animais. Tudo numa boa.
O filme é engraçado e, depois da sessão, todos saímos de alto astral, com a sensação de que vivemos num país exótico e diferente; violento, mas também acolhedor.
Vem, então, a minha dica. Quem sabe numa próxima noite gelada em Lund eu não verei outro poster com foto de praia nordestina, mas dessa vez convidando os suecos a viajarem para o Brasil?
Isso seria mais do que uma propaganda. Seria uma prova de respeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário