quinta-feira, 31 de março de 2011

Governos Militares e o Meio Ambiente

Um determinado blogueiro publicou hoje um texto que associa os governos miilares aos impactos do meio ambiente.

Lembro que, nos anos 1970, a grande questão ambiental era a poluição. O “Fantástico” apresentou um sem número de matérias sobre as contaminações provocadas pela crescente industrialização.

Os vilões da época eram a fumaça dos automóveis e das fábricas; e os despejos químicos nos rios.

Foi a época do vazamento de Sevezzo e de Bopal. Milhares morreram intoxicados.

Pouco depois, apareceu outro grande tema ambiental: o esfriamento global. Vejam bem, esfriamento; e não esquentamento. O mundo era mesmo diferente.

O Greenpeace surgiu em 1971 e sua primeira campanha de maior visibilidade no Brasil foi contra a caça às baleias. Na época, até o Erasmo Carlos fez uma música especialmente sobre esse tema.

Poluição, baleias, esfriamento global, tudo isso era pouco frente ao grande medo daquela época: a guerra nuclear. A imprensa de todo mundo noticiava repetidas vezes que a União Soviética e os Estados Unidos podiam destruir o mundo centenas de vezes com seus arsenais atômicos.

Foi também a época de Three Mile Island e da Sìndrome da China.

Falando em mundo e em guerras, os anos 1970 foram particularmente férteis nas matanças em todos os continentes. As guerras de libertação nacional na Àfrica e na Ásia, a Guerra do Vietnã, do Afeganistão e tantas outras contribuíram para alguns milhares de mortos e muita devastação ambiental.

No Brasil, por obra dos governos militares, a guerrilha urbana e rural foi derrotada em pouco tempo, o que livrou nosso país de muitos e muitos mais mortos.

Os anos 1970 e 1980 foram mesmo das grandes obras, da construção da infraestrutura que até hoje nos sustenta. Sem aquelas obras, meus amigos, talvez hoje o Brasil fosse um país mais limpo, mas seria bem menor economicamente.

Mas não falemos disso, há blogueiros e leitores que não gostam de patriotismo.

Voltemos à questão ambiental, que só passou mesmo a ter maior relevância política a partir do final da década de 1980.

Hoje, nos preocupamos com temas ambientais muito diferentes daquela época. Talvez por estarmos menos sujeitos a morrer em guerras convencionais ou nucleares, possamos nos preocupar com o desmatamanento, a camada de ozônio e o aquecimento global.

Acho isso bom, pois temos mesmo é que melhorar nosso mundo e o de nosso filhos.

Para finalizar, a herança maldita que o blogueiro atribui aos militares deveu-se, sobretudo, aos valores e comportamento do Brasil e do mundo da Sociedade dos anos 1970 e 1980.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Semana do Presidente

Perca-se a calma, mas nunca a elegância.
Eu também escrevo melhor quando fico indignado, mas procuro não dar motivos para a tesoura alheia. Não escrevo palavrões e sempre tento me manter na linha.

Certa vez, fiz um comentário num blog alheio. É verdade que meu texto era meio zangado, mas juro que era limpinho. Ele só tinha palavrinhas, não palavrões.

Senti falta do comentário e reclamei. Postei um novo texto, escrito com o estômago, mais zangado ainda, indignado com a censura sofrida. Mesmo assim, novamente não usei palavrões, só palavrinhas. O blogueiro comoveu-se, ressuscitou o comentário desaparecido e tudo ficou numa boa.

Mas vamos mudar de assunto. Falemos um pouco do Bolsonaro.

Acho que aquele nobre deputado não teria a menor chance em qualquer página de discussão. Ele já está condenado a nunca ter razão. Mesmo assim, no caso da entrevista ao CQC, fiquei com a nítida impressão que deram uma forcinha para ele se lascar mais um pouco.

Tá certo que o Bolsonaro ajuda um bocado aos que o detratam, mas me pareceu que gravaram a pergunta da Preta Gil e, mesmo estranhando a resposta do deputado, não lhe deram a chance de verificar se era aquilo mesmo que ele queria dizer. Para mim, a resposta do Bolsonaro não tinha nada a ver com a pergunta da Preta Gil. Mas isso pouco importa. O fato é que o deputado deu mole e o CQC foi fundo. Não acho isso nada certo, mas, agora, o circo tá armado. E vamos em frente.

Por falar em circo, me lembrei do Silvio Santos. É que na década de 1970, depois de receber a concessão do Governo Militar para montar o SBT, aquele grande animador de auditório cantava em seu programa que o Presidente Figueiredo era coisa nossa. Nos domingos do SBT havia até um chatíssimo quadro chamado “Semana do Presidente”.

O tempo passou, o regime mudou, o animador virou banqueiro e chegamos ao ano passado. Aí, o Banco Panamericano do Sílvio foi pro brejo e o banqueiro de auditório empenhou até as roupas de baixo para salvar o patrimônio.

Opa, que emoção! O Governo de nosso antigo líder deu generoso aporte ao Sílvio, que pôde passar  o micão para a frente.

Eis, então, que no início deste ano teremos nova atração no SBT! É uma novela sobre os anos de chumbo, retratando os gorilas torturadores contra os mocinhos revolucionários que lutavam pela liberdade do Brasil e só queriam a democracia no nosso País. Ah, milicos malvados!

Hoje mesmo, o SBT exibe um programa especial sobre os torturadores do Regime Militar. É inédito, não percam, que maravilha!

É, amigo, a vida é assim!

Ah, não se esqueça! Domingo, depois de ler os blogs alheios, não perca a “Semana da Presidenta”.
Até breve.

O CONTRAGOLPE DE 1964 - Jarbas Passarinho

O CONTRAGOLPE DE 1964
Por Jarbas Passarinho
Correio Braziliense - 30 de março de 2004
O embaixador americano Gordon impressionara-se com a inconfidência que lhe fez Samuel Wainer. Íntimo de Jango, dele ouvira dizer-lhe sob grande emoção que "poderia manter a rotina de cortar fitas em inaugurações e fazer discursos nos feriados nacionais, ou renunciar como fizera Jânio, ou poderia dar o salto!" Ainda assim, foi cauteloso ao sintetizar para Washington, nos últimos dias de março, sua avaliação. Telegrafou informando a probabilidade de "haver um golpe dado por Goulart, um golpe contra Goulart ou o início de uma longa luta armada".

A preparação legitimada do autogolpe, tentou-a Jango, ao propor o Estado de Sítio, mas malogrou a manobra porque - revela Prestes - não contou com os comunistas, receosos de que, depois de aniquilado o governador Carlos Lacerda, fossem eles os próximos. 
 
O autogolpe de 1937 contou com respaldo total dos militares. Falto disso, Jango buscou o apoio dos subalternos das Forças Armadas. Tenho, para mim, que o autogolpe não teria êxito se baseado
somente nas greves políticas da ilegal CGT, ou no discurso carbonário de Brizola para fechar o Congresso, nem mesmo com o apoio de Prestes. Era preciso sublevar os subalternos das Forças Armadas.
Dois exemplos falam por si sós. Em setembro de 1963, sargentos da Aeronáutica e da Marinha revoltaram-se em Brasília. Dominaram o ministério da Marinha, o quartel dos Fuzileiros Navais e perderam um marinheiro, morto no ataque ao Ministério da Aeronáutica. Foram vencidos e presos. Mas o motim ficaria impune. As gotas d`água vieram sucessivas.

O motim dos marinheiros, no Rio, no dia 25 de março de 1964, desafiou o ministro da Marinha, que mandou prendê-los pelos fuzileiros - que não só se recusaram a cumprir como confraternizaram com os amotinados. O presidente preferiu exonerar o ministro da Marinha e nomear outro, dos três indicados pelos rebelados.
Finalmente, o presidente, em 30 de março, aceita receber homenagem dos sargentos no Rio de Janeiro. Dois discursos são ovacionados: o do marinheiro Anselmo e o do presidente Jango, na mais radical fala de sua vida pública, ao acenar com "as represálias do povo".* Que precisava mais, para o golpe vindo de cima?

O general Castello Branco, chefe do Estado Maior do Exército, tentou ainda, em 20 de março, advertir o governo sobre os rumos que tomava. Distribuiu uma circular destinada aos seus subordinados. Ainda era o legalista de sempre, mas advertia: "A insurreição é um recurso legítimo de um povo. Está ele pedindo ditadura militar ou civil e Constituinte? Parece que ainda não". Até 20 de março, pois, éramos antigolpistas.

Depois do motim dos marinheiros e do discurso incendiário no Automóvel Clube, as Forças Armadas foram atingidas no âmago de seus pilares: a disciplina e a hierarquia. Nada mais havia a aguardar, senão o golpe preventivo ou contragolpe. 
 
Tudo o que está aqui citado é indesmentível, exceto por quem, como canta Camões, "negue também ao sol a claridade e certifique-se mais que o fogo é frio". Pois esses negativistas abundam. Mentem deslavadamente. Um que a despeito de religioso católico, que não deveria mentir, *disse que a CIA foi a mentora dos oficiais do contragolpe e que Lincoln Gordon isso admitiu.Grossa patranha.

Mentem os que negam o apoio maciço da sociedade civil ao contragolpe que matou o golpe.
Cínicos são os que dizem ter lutado contra uma ditadura quando defendiam ardorosamente a ditadura de Fidel Castro e Stálin.

Tartufos, os que simulam ter lutado por direitos humanos ofendidos ao mesmo tempo em que os aplaudia violados em Cuba. 
 
Não foi à toa que Voltaire disse, diante de farsas dessa natureza: "Assim se escreve a História".

Coronel Reformado - Foi ministro de Estado, governador e senador pelo Pará.

domingo, 20 de março de 2011

"Farms here forests there"

O Dr Leonardo Sakamoto mantém um blog em que expõe suas ideias em defesa do meio ambiente e dos direitos humanos. Muitos admiram suas posições contra a exploração da Amazônia e o trabalho escravo. Contudo, ele também manifesta-se contra os ideais de patriotismo que, segundo ele, são nocivos à gente brasileira.

Particularmente nesse último aspecto, digo que é bom ter seus amigos por perto e seus adversários mais perto ainda. Por isso, eu acompanho esse blog e leio os comentários dos outros leitores. Um deles, que se nominou "Joe Brail", apontou para o relatório"Farms here forests there", disponível em http://adpartners.org/pdf/ADP_Report_052410a.pdf.

É bom ler esse relatório, para ampliar o conhecimento das engrenagens do mundo.

O Joe Brasil finalizou suas observações do seguinte modo: "Não é por falta de informação que alguns se posicionam contra o Brasil, contra o desenvolvimento da amazônia, contra o povoamento por brasileiros, contra a colonização, abertura de estradas, contra a fronteira agrícola (veja o link acima) é por má fé mesmo, por falta de patriotismo, são verdadeiros cavalos-de-tróia e quinta-colunas, sugiro que vão embora do Brasil por que não é a sua pátria."

Eu elaborei um comentário a respeito desse assunto:

" Excelente intervenção, Joe Brasil. Baixei o arquivo do relatório, que foi patrocinado por duas associações norte-americanas:
- o National Farmers Union; e
- o Avoided Deforestation Partners.

Parece que essas duas ONG têm pelo menos alguma influência política no governo dos EUA.É legítimo que eles defendam seus interesses; não é legítimo que, para isso, eles sabotem os interesses dos outros.

A subserviência aos interesses alheios se manifesta nas opiniões de uns e outros, em termos como “patriotismo patológico”, etc.

Os norte-americanos conquistaram e detêm boa parcela do poder mundial porque, mais do que os outros, defendem seus interesses, embalados em forte apelo patriótico. Nesse sentido, é ilustrativo o exemplo que você citou da cerveja bud-light.

Recentemente, um pequeno grupo de indígenas foi à Inglaterra protestar contra as hidrelétricas brasileiras. A notícia foi veiculada em vários sítes, um deles é o http://www.rondoniaovivo.com/noticias/indios-da-amazonia-vem-a-londres-para-impedir-hidreletricas-que-destruirao-seus-povos/72514
“Três indígenas da Amazônia protestaram nesta quarta-feira (02), em Londres, contra as hidrelétricas que, conforme eles, ameaçam as terras e as vidas de mulheres de indígenas
Participam da manifestação Ruth Buendia Mestoquiari, índia ashaninka do Peru, Sheyla Juruna, índia juruna da região do Xingu, e Almir Suruí, do povo suruí de Rondônia no Brasil. Os três foram apoiados pela Survival International, ONG britânica.
Os indígenas fizeram o protesto em frente ao escritório Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), que está fornecendo parte do financiamento para as represas.”

Eu tenho certeza que, a exemplo das organizações norte-americanas, as ONG europeias defendem os interesses dos europeus.

O pior é que essas ONG europeias possuem escritórios em vários países, que atuam conforme as ordens das matrizes. Isso é compreensível, já que os dirigentes dessas filiais recebem salário para isso.

É importante que os leitores do Dr Sakamoto reflitam sobre essa situação, que se repete em vários outros países.

O livro “Globotomía”, de Aramis Latchinian, ex-ministro do meio ambiente do Uruguai, expõe esse fato de modo contundente.

Por fim, Joe Brasil, meus parabéns pelos seus comentários."

Interoperabilidade e o princípio da eficiência

Conforme Rover e Ramos Júnior (2005), a primeira versão da Constituição Federal de 1988 não contemplava a eficiência dentre os princípios a serem obedecidos pela administração pública. Somente dez anos depois, a Emenda Constitucional 19 adicionou esse princípio, havendo, contudo, críticas de doutrinadores que entendiam que a positivação da eficiência como norma constitucional implicaria na violação de princípios que regem a ordem jurídica nacional.

A introdução do Princípio da Eficiência no Art 37 da Constituição Federal atendeu a um reclame da sociedade por maior qualidade na administração pública, com a prestação de serviços mais céleres, dinâmicos e eficientes.

Percebe-se, então, as resistências de determinados juristas em desapegar-se do formalismo da Lei e dos ditames da burocracia. Esse pensamento provocou sérias resistências à introdução da eficiência como norma constitucional. Isso ocorreu há mais de uma década, mas ainda há os que resistem à introdução de novos métodos na administração pública.

Cabe então definir o que é governo e o que é administração pública.

Governo pode ser entendido como a condução política dos negócios públicos; a administração, por sua vez, é a consecução dos objetivos do governo, visando a satisfação das necessidades coletivas.

O governante decide com motivações ideológicas; o administrador segue o que a Lei determina, sendo-lhe vedado agir conforme suas motivações pessoais ou interesses políticos.

Os padrões de interoperabilidade de Governo Eletrônico têm a finalidade de ser o paradigma de para o estabelecimento de políticas e especificações técnicas na prestação de serviços de qualidade à Sociedade. O que se busca é aperfeiçoar a prestação dos serviços públicos, promovendo a participação dos cidadãos e afastando-se a imagem de uma administração pública ineficiente e insensível aos anseios da coletividade.

Tudo isso tem a ver com o princípio constitucional da eficiência.

A interoperabilidade provocará alterações nos modos de se produzir sistemas de informação institucionais. Sua adoção implicará num custo financeiro e na aplicação de recursos humanos para a adequação dos sistemas legados. Isso será objeto de muitas críticas, de dentro e de fora da administração pública, mesmo considerando-se o caráter coletivo no esforço de estabelecer os padrões e construir aa arquitetura do e-ping.

As instituições são compostas por pessoas, que atuam coordenadamente segundo normas legais e regras de comportamento. Daí que, necessariamente, um dos fatores de sucesso da interoperabilidade nas instituições será a redução das resistências para o compartilhamento de dados e informações. Isso demandará um grande trabalho de convencimento e espera-se que o sucesso da interoperabilidade seja um forte fator de persuasão.


Ref: Rover, Aires José; Ramos Júnior, Hélio Santiago. O ato administrativo eletrônico sob a ótica do princípio da eficiência. Anais da II Conferência Sul-Americana em Ciência e Tecnologia Aplicada ao Governo Eletrônico - CONeGov 2005. Hélio César Hoeschl (org.) - Florianópolis (SC): Editora Digital Ijuris, 2005, p. 33-40.
Texto disponível em http://www.i3g.org.br/editora/publicacoes/017.html

sábado, 19 de março de 2011

Pêndulos

Pêndulos e pêndulos.

Nos escalões do poder, o problema do andar de cima é justamente esse, os pêndulos. Decisões pendulares e às vezes perdulárias.

Por vezes, a visão é míope e não enxerga o longo prazo.

Um exemplo? Falemos da energia nuclear.

Duvideodó que o Japão modifique sua matriz energética. É verdade que resolverão os problemas de Fusushima à custa de um enorme passivo ambiental e das vidas de algumas centenas de herois japoneses que, mesmos expostos a doses letais de radiação, lutam para evitar que a usina exploda.

Eles morrerão seguindo a filosofia vulcana de que a morte de poucos justifica-se quando salva a vida de muitos.

A crise passará, os herois de Fukushima se juntarão aos outros milhares de mortos pelo tsunami e receberão anualmente as homenagens do povo japones. 

Nada se modificará. Porque? Simplesmente porque não dá para o Japão renunciar à energia nuclear.

Hoje, os políticos japoneses reclamam de falta de comida, de assistência e de abrigos para os desamparados. Também querem mais transparência do Governo, mas não moverão campanhas contra a energia nuclear.

Nesse aspecto, eles serão mais pragmáticos do que os seus colegas alemães. Os japoneses não estrangularão sua capacidade produtiva, mesmo diante de toda tragédia que suportam.

Explico, então, que pêndulos significam decisões casuísticas, movidas pelos holofotes, focalizando apenas o momento atual. Os pêndulos são a míope visão de curto prazo.

Infelizmente, no mundo de hoje, há muitos pêndulos e poucos estadistas. É bom essa gente trocar de óculos.

Amazônia

Em 2008, o então Secretário de Assuntos Estratégico propôs o Projeto Amazônia, que busca a implementação de novas formas de produção, visando um tipo de desenvolvimento capaz de beneficiar a região e o Brasil.
Para subsidiar esse projeto, o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) patrocinou um amplo estudo acadêmico, do qual resultou uma volumosa publicação. Seus dados, para quem quiser consultá-la, são:
“Um projeto para a Amazônia no século 21: desafios e contribuições -
Brasília, DF: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2009.” Creio que ele pode ser baixado em http://pt.scribd.com/doc/42096185/Um-projeto-para-a-amazonia-no-seculo-21-desafios-e-contribuicoes
Para mim, fica clara a necessidade de conciliar desenvolvimento e preservação. Por exemplo, pode-se explorar madeiras de lei, mas de forma planejada, para que essa atividade não represente o esgotamento da região.
Madeira é diferente de minério, que se explora e um dia se esgota. O manejo florestal ainda é muito pouco utilizado em nosso país. É uma atividade que protege a floresta e oferece lucros.
Outras potencialidades da floresta são a extração de óleos, frutas e outros produtos vegetais. Num território tão amplo, é evidente que há muitas outras atividades possíveis.
Por outro lado, embora o Estado tenha a função de induzir o desenvolvimento, cabe à iniciativa privada arcar com os riscos e desafios das atividades econômicas. Ela só o fará se essas atividades forem viáveis. Por isso, é necessário garantir a oferta de energia, transporte e comunicações na região.
Uma solução para esses problemas é o conceito de Estrada-Parque, que será implementado na BR 319. Essa rodovia liga Manaus e Porto Velho e será novamente pavimentada, depois de décadas de abandono. Há quem a considere como uma ameaça à floresta; por isso, haverá limitações quanto às instalações que serão permitidas ao longo do seu eixo.
Por fim, não se pode pensar numa Amazônia intocada; nem admitir a sua depredação.
Eu acredito no desenvolvimento sustentável dessa grande região BRASILEIRA.

sexta-feira, 18 de março de 2011

UÉ???

Algumas informações adicionais sobre os transgênicos:

1. O Boletim 529, de 04 de março de 2011, da ASPTA, disponível em http://www.aspta.org.br/por-um-brasil-livre-de-transgenicos/boletim/boletim-529-04-de-marco-de-2011, informa sobre a flexibilização nas regras da União Europeia para a importação de grãos ou farelos contaminados por transgênicos não autorizados no Bloco.

2. É curioso que essa flexibilização ocorra ao mesmo momento em que o Presidente Sarkozy sugira ao G20 que adote medidas para conter a alta de preços das commodities, dizendo que se nada for feito haverá o risco de revoltas populares contro o preço dos alimentos. (Ref: http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/01/24/nicolas-sarkozy-apresenta-agenda-do-g20-com-foco-em-commodities-923590516.asp)

3. Há mais de cinco anos que a OMC, pressionanda pelos EUA, insiste que a Europa abandone as restrições a transgênicos. (Ref http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/pressionada-pelos-eua-omc-ins/)

4. A Europa sempre se manteve firme contra os transgênicos, mas, agora, nem tanto…

5. Na última década, ONGs europeias realizaram intensa campanha contra os transgênicos. É possível verificar todas as notícias veiculadas por uma dessas ONG em http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/

6. Agora, essa campanha esfriou.

UE????

quinta-feira, 17 de março de 2011

Guerra do Golfo

Nesses tempos de Mubarak, Kadafi, tsunamis e Fukushimas, ninguém se lembrou dos vinte anos da Primeira Guerra do Golfo, um conflito que revolucionou os conceitos da arte militar. A palavra revolução tem um sentido de ruptura; e foi exatamente isso o que aconteceu.

Fui inspetor de armas químicas da ONU e estive no país de Sadam Hussein em 1998, sete anos depois que as tropas iraquianas foram fragorosamente vencidas pelos Estados-Unidos e seus aliados. Desde aquela derrota, o Iraque esteve submetido a inúmeras restrições. Naquele país, faltava de tudo, desde peças sobressalentes a até alimentos. Havia fome nas ruas, onde caminhava uma multidão de pessoas mal nutridas.

Quando cheguei ao Iraque, meu avião aterrissou num aeroporto militar nos arredores de Bagdá. Ali, surpreendi-me com as montanhas de peças retorcidas de aeronaves abatidas na guerra, bem como com a imensa quantidade de aviões modernos ainda existentes. As aeronaves ainda operacionais estavam enterradas em valas de uns três metros de profundidade, num esforço para serem poupadas dos ataques aéreos frequentemente lançados pelos Estados Unidos, em retaliação às políticas do ditador iraquiano.

Nas inspeções que participei, pude verificar o grande estoque de armas e munições nos armazéns militares. Certa feita, ao retornar de uma missão fora de Bagdá, passei duas horas cruzando com imensos cegonhões que conduziam carros e mais carros de combate da Guarda Republicana.

Em 1998, sete anos após o fim da Primeira Guerra do Golfo, o Iraque ainda dispunha de forças armadas numerosas e bem equipadas.

No final de 1990, muitos apostavam que o poderoso Exército Iraquiano conseguiria deter as forças da coalizão montada pelo George Bush Pai. Pois não conseguiu. Eis, portanto, a ruptura de que tratei no início deste artigo.

Os norte-americanos esmagaram facilmente todas resistências que encontraram. Ficou evidente a superioridade de suas armas e equipamentos. Esse fato rompeu as ilusões de que a aplicação dos princípios da massa, fogo e movimento poderiam deter a supremacia tecnológica. Não puderam. Não nas condições operacionais oferecidas por aquele Teatro de Guerra.

A guerra ensinou muitas lições a todos os exércitos do mundo. Os militares alteraram suas próprias percepções sobre as capacidades de seus exércitos em se defender da Potência Hegemônica.

Infelizmente, o povo brasileiro e os políticos ainda não se aperceberam dos riscos em se estar só e fraco diante uma matilha de lobos.

Para os bons entendedores, a frase acima basta.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Denuncismo barato

São treze horas e vinte e dois minutos e acabei de ouvir na CBN o comentário da Rosean Kennedy, denunciando o que considerou um absurdo. Ela reclamou da cessão, pelo Congresso Nacional, de uma sala de vinte e dois metros quadrados a uma empresa que lhe presta serviços. 
Ela frisou que aquela empresa tem um contrato de vários milhões de reais com o Congresso e que não paga aluguel pela sala, nem pelo uso da água e da luz, limitando-se a pagar um valor simbólico de vinte e cinco reais pelo uso das linhas telefônicas.
Ora, convenhamos, isso é denuncismo!
Acho bastante razoável que o Congresso ceda um espaço para que a empresa possa trabalhar no local, prestando serviços para aquela instituição. Vinte e dois metros quadrados não parecem um espaço abusivo; duvido que alguém tome banho no local, o dia todo, com chuveiro elétrico ou use um rabo quente para aquecer a água do cafezinho. É uma sala, ora bolas!
Certamente, há milhares de ouvintes que concordaram com a Rosean Kennedy sem pestanejar, afinal, se a denúncia envolve o congresso, atinge os políticos, os alvos prediletos da imprensa.
Contudo, basta um mínimo de experiência administrativa para saber que uma empresa precisa gerenciar adequadamente suas atividades num local avançado de trabalho. 
O que a Rosan Kennedy queria que a empresa fizesse? Que trabalhasse sem uma linha telefônica, sem água nem energia? Que ela montasse um barraco na esplanada?
Ah, ela acha que seria adequado que se pagasse um aluguel, num procedimento semelhante ao de um restaurante ou uma banca de jornal que funcione no Congresso. Tudo bem, pode até ser. Entretanto,  certamente o pagamento desse aluguel seria incorporado, com muita folga, no preço que a empresa cobra pelo serviço contratado. 
Acredito que, no final das contas, fica bem mais barato para o Congresso ceder o espaço do que cobrar o aluguel.
Para mim, o que parece é que aproveitam-se de uma situação adversa de baixa credibilidade das instituições para se apadrinhar, ou amadrinhar, mais uma denúncia.  
Chega de denuncismo barato!

terça-feira, 15 de março de 2011

Transgênicos

Comentário que postei hoje no Blog do Alon:

A ciência viabiliza a inovação tecnológica que, por sua vez, impulsiona e orienta novas pesquisas científicas. É uma espécie de ciclo virtuoso.

As engenharias nuclear e genética são duas tecnologias sensíveis, de uso dual, ou seja, com ampla aplicação para a Sociedade, mas que também representam ferramentas úteis para a supremacia militar e a hegemonia política.

Os acidentes nos reatores nucleares do Japão retemperaram a discussão sobre o uso da energia atômica, povoando as páginas dos jornais com artigos e mais artigos sobre a segurança dessa tecnologia.

No que tange à questão dos transgênicos, eu noto um sentido inverso. O assunto, que já despertou grande polêmica, não está mais tão presente na mídia. Eu atribuo isso ao aumento do custo dos alimentos. Os europeus, que protagonizaram as maiores barreiras aos organismos geneticamente modificados, agora pagam muito pela sua comida. Por isso, afrouxaram as regras para a importação de alimentos transgênicos.

As ONG brasileiras seguem as ordens de suas matrizes europeias e se calam sobre o assunto. O resultado é que escassearam as mensagens de protesto contra os transgênicos.

O livro "Globotomía", de Aramis Latchinian, ex-ministro do meio ambiente do Uruguai, expõe o fato claramente. Nossos ambientalistas seguem as ordens do exterior. Nada mais justo, pois são os europeus que lhes pagam o salário.

O resultado é que uma ex-ministra do meio ambiente e ex-candidata a presidência afirmou, num evento recente em Manaus, que é contra toda e qualquer obra de grande porte na Amazônia. Ela justifica-se dizendo que busca coerência com seus discursos e práticas. Contudo, o que transparece é que pouco lhe importa que a capital do Amazonas não tenha ligação rodoviária com o resto do país ou que a Amazônia disponha do maior potencial hidrelétrico do Brasil.

É assim mesmo. Está mais do que na hora dos brasileiros defenderem seus próprios interesses ao invés de se ajustarem à agenda ambiental dos patrões europeus.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Os militares e as vítimas da ditadura


Transcrevo esse editorial, publicado pelo Globo de hoje.

Editorial
Os militares e as vítimas da ditadura
Os 26 anos consecutivos de democracia - o mais longo período sem rupturas da história da República brasileira - , dos quais 23 sob uma Constituição que restabeleceu a hegemonia do poder constituído civil, não parecem ser suficientes para evitar momentos de mal-estar no relacionamento entre o governo federal e militares.
No centro das insatisfações está a compreensível reclamação de familiares de desaparecidos na guerra suja dos anos de chumbo por informações sobre o paradeiro de parentes tragados nos porões da ditadura militar. A forma, porém, como a questão começou a ser encaminhada, na fase final da Era Lula, semeou discórdias. Numa demonstração de, no mínimo, desastrada insensibilidade política, o governo passado permitiu que grupos da esquerda autoritária, incrustados no poder, utilizassem a terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos para propor, na prática, a revisão da Lei de Anistia, a fim de permitir a condenação na Justiça de agentes públicos autores de sequestros, tortura, assassinatos etc.
Ora, a campanha com esta finalidade deflagrada pelo então ministro da área de direitos humanos, Paulo Vannuchi, com apoio do chefe da Pasta da Justiça na época, Tarso Genro, hoje governador do Rio Grande do Sul, não teria, como não teve, vida longa, pois a Lei da Anistia foi recíproca, como reafirmaria o próprio Supremo Tribunal Federal, no julgamento de ação proposta pela OAB. Quer dizer, perdoou militares, policiais e também passou a borracha no prontuário de terroristas e guerrilheiros.
O esboço de uma crise militar foi abortado pelo compromisso do governo de evitar revanchismos e pela atuação do ministro da Defesa, Nelson Jobim, mantido pela presidente Dilma Rousseff. O compromisso está preservado, tanto que Jobim e a nova titular da Secretaria de Direitos Humanos, ministra Maria do Rosário, trabalham juntos para conseguir aprovar no Congresso o projeto de criação da Comissão da Verdade. Se fosse para tentar criminalizar militares e policiais - legalmente impossível - Jobim não estaria ao lado de Maria do Rosário.
É neste contexto que reportagem do GLOBO divulga documento redigido pelo Comando do Exército, e apoiado pela Marinha e a Aeronáutica, contra a criação da Comissão, idealizada para levantar as informações reclamadas pelas famílias de vítimas da ditadura. O Ministério da Defesa ainda tentou desqualificar o texto, afirmando ser ele do ano passado. Porém, o desconforto voltou a Brasília, quando já se havia superado o incidente da míope avaliação do recém-empossado chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general José Elito Siqueira, de que existir desaparecidos políticos não deveria "envergonhar".
A divulgação do documento serve, ao menos, para a reafirmação de alguns pontos. Como o de que os familiares têm direito de saber o destino de parentes sob custódia do Estado - mesmo que fosse de um braço semiclandestino dele. Os militares, por sua vez, não precisam se preocupar com o revanchismo, já descartado pela Justiça, mas têm razão ao reivindicar a apuração de crimes cometidos pela esquerda armada. A história precisa ser contada por inteiro.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Veríssimos

Eu prefiro o Luiz Fernando ao Érico. Ou será que não? Afinal, quem é o melhor, o pai ou o filho?

Não me esqueço da menina Clarissa alimentando suas galinhas, ou do certo capitão Rodrigo se espalhando num bar, dando de talho nos grandes e de prancha nos pequenos. São leituras da minha juventude, marcaram minha alma.

O Capitão Rodrigo existe em mim; a Ana e a Bibiana Terra também. Estão todos metidos num Rio Grande distante e frio, onde os homens pouco vivem e as mulheres morrem aos pouquinhos.

O pai foi grande, grande demais. Eu o li e reli; e reli novamente. O capitão me fascinava, não me importava os tantos e quantos defeitos que lhe enumerassem. Ele era o meu heroi.

O pai foi o pai, mas o filho não é só o filho do Érico; ele é mais, muito mais que um simples Luiz. Ele é o Luiz Fernando Veríssimo, um gênio, o gaúcho mais lido do planeta, o maior colorado vivo, o autor dos textos que mais gosto.

O tempo e o vento carregaram minha juventude por aquele Rio Grande tão longe. Minha madurez se delicia com o Analista de Bagé e as cobras venenosas dos nossos tempos.

Luiz Fernando, o filho do Érico, é tão velho quanto o meu próprio pai. Érico se foi faz tempo e bem sei que Luiz  também nos deixará, num futuro que espero esteja bem distante.

É assim mesmo; os autores se vão, mas os personagens ficam, talvez misturados num lugar onde um certo Rodrigo, folgado e fanfarrão, encontra um analista bem tosco, que descobre um tantinho assim de frescura enrustida nos trejeitos do capitão. 

Se é verdade, é vero; se é vero, é Veríssimo.




sábado, 5 de março de 2011

Discursos e práticas

Viva o BNDES, viva o meio ambiente e viva o desenvolvimento sustentável!

Num recente evento na Universidade Federal do Amazonas, a senadora Marina Silva afirmou que é contra o asfaltamento da BR 319. Coerente com seus discursos e práticas, a excelentíssima senadora enfatiza  a preservação ambiental e me pareceu não se incomodar que Manaus não disponha de ligação rodoviária com o resto do Brasil.

As práticas e discursos da excentíssima senadora são verdes. Ela conseguiu expressiva votação nas últimas eleições para a Presidência. Suas ideias conquistam corações e mentes e, por isso,  vários políticos também esverdeiam os seus discursos.

Há, por exemplo, quem se posicione radicalmente contra a usina de Belo Monte, sendo contrário a toda e qualquer obra de grande porte na Amazônia. Esse pessoal não leva em conta os benefícios da usina, enxergam apenas os seus defeitos. Há quem defenda que se queime óleo nas termelétricas mas não se construa novas hidrelétricas na regiao. O Brasil precisa de energia, mas isso pouco lhes importa.

Também são uns cara-de-pau. Quando ocorrer um novo apagão, culparão o governo por não ter tomados as providências.

A construção de Belo Monte conta com recursos do BNDES. O banco investe no desenvolvimento do Brasil, o que incomoda muito europeu que não se conforma com o crescimento de nosso país. Daí, há organizações que se prestam a reverberar a insatisfação das suas matrizes. Elas falam bem alto e convencem muita gente.

Li na imprensa que, quando concluída, a usina de Belo Monte poderá viabilizar a ligação hidroviária do Centro-Oeste com a Bacia Amazônica, representando uma nova rota de escoamento da produção agrícola.

Imaginem que as barcaças carregadas de soja poderão dispensar as milhares e milhares de carretas que levam os grãos do Mato Grosso e entopem o porto de Paranaguá. Essa hidrovia livraria o meio ambiente de milhões e milhões de toneladas de CO2 que são despejadas na queima do óleo diesel dos caminhões da soja.

Mas os ambientalistas esverdeados não enxergam essa obviedade. Na verdade, para essa gente não interessa a preservação ambiental. Isso é apenas um pretexto para estrangular o crescimento do Brasil.

Eu me considero mais ambientalista que muitos desses esverdeados.

Cuidado, então, com certos discursos e práticas. Pode ser que eles não sejam tão bem intencionados quanto pareçam.

Fora capachos!

O atual procedimento em relação aos transgênicos  comprova que muitas ONG ditas brasileiras trabalham conforme as determinações das matrizes europeias.


Um renomado cientista brasileiro me alertou sobre uma declaração da ASPTA, que é uma ONG absolutamente contrária aos transgênicos. No seu Comunicado 529, de 04 de março de 2011, aquela organização informa, meio embaraçada, sobre a decisão dos europeus em afrouxar as regras de importação de grãos transgênicos.

Esse fato reforça a percepção da trégua das ONG contra os transgênicos. Como já havia apontado antes no meu Blog, os europeus estão gastando muito com sua comida e, por isso, flexibilizaram suas restrições à importação de alimentos geneticamente modificados.


Em resumo, a Europa precisa flexibilizar suas regras contra os transgênicos e as ONG devem calar a boca.

Isso me lembra o final da década de 1930, quando os comunistas do mundo todo tiveram de calar suas críticas contra o nazismo. É que Hitler e Stalin haviam se aliado para invadir a Polônia. Então, como não era politicamente correto criticar um aliado, os vermelhos tinham de se calar. E ai de quem desobedecesse às ordens.  Pouco tempo depois, quando a Alemanha invadiu a União Soviética, os camaradas foram liberados por Moscou para descer a lenha com vontade contra os nazistas.

O nazismo acabou há mais de sete décadas e já fazem mais de vinte anos que derrubaram o muro de Berlim. Contudo, o que assistimos na atual ordem mundial é que as coisas continuam do jeito que sempre foram. Permanece a orquestração para a conquista de corações e mentes, para a imposição de ideias, com o único propósito de dominar os povos. Nós da periferia somos manipulados para adaptar nossos pensamentos aos interesses estrangeiros, mesmo que sejam contrários aos de nossa gente.  Isso também vale quando o assunto é transgênicos.

Os europeus resistem em abrir seus mercados e impuseram restrições contra a importação de grãos. O pretexto é que o Brasil, a Argentina e os Estados Unidos produziam alimentos geneticamente modificados. Daí, as ONG do mundo todo gritaram "FORA TRANSGÊNICOS." Agora, que os alimentos estão muito caros, eles flexibilizam as importações e as ONG devem se calar.


Quando eu era da CTNBio, pude assistir de perto a atuação desse pessoal. Nunca esquecerei do dia que o MST nos brindou com sua presença numa de nossas reuniões. Eles foram gentilmente conduzidos pela sua excelência representante do Ministério Público da União, que nos assegurou do pleno direito dos Sem Terra em ocupar as cadeiras imediatamente atrás dos membros da Comissão.

Naquele dia, os membros da comissão viram-se constrangidos, sem conseguir manifestar suas opiniões, que podiam se aplaudidas ou vaiadas pela plateia. Foi particularmente difícil tratar de assuntos científicos, ainda  mais quando um grupo de moças grávidas fez questão de subir no tablado e ler uma declaração contra os transgênicos. Tudo isso em nome do princípio constitucional da Publicidade. Só não posso dizer quem aproveitou essa publicidade toda.

Menciono, também, os mais de dois mil e-mails que um robô do Greenpeace me enviou com mensagens anti-transgênicos, entupindo minha caixa postal e prejudicando até mesmo a minha vida pessoal. Felizmente, a coisa parou por ai e não se repetiu.

Deixo claro que não sou contra, nem favorável a Organismos Geneticamente Modificados. Tudo depende das condições em que eles são empregados. Aliás, a maioria dos membros da CTNBio embasava seu julgamento apenas em termos técnicos e muitos deles expressavam genuína de trabalhar pela ciência do Brasil. Esses foram alvo da ira dos anti-transgênicos e alguns cientistas foram tachados de vendidos para as multinacionais.

Os fatos evidenciam que as ONG que promoviam aquelas acusações na verdade agem para agradar seus patrões europeus. Elas enganam o povo brasileiro.

Fora, bando de capachos!

quarta-feira, 2 de março de 2011

LAMBANÇA DO SPORT

Em 1987, eu era um garoto recém-formado e servia em Porto Alegre. Não havia TV a cabo e as emissoras locais transmitiam quase que somente os jogos dos times gaúchos. Assim, passei o ano praticamente ignorando o que acontecia com o Mengão.

Acho que não exagero quando digo que, em termos de futebol, aquele ano foi o mais desorganizado de todos os tempos. A CBF assumiu sua incompetência e delegou ao Clube dos 13 a tarefa de montar um campeonato que reunisse os grandes do futebol brasileiro.

Os dirigentes dos clubes cumpriram a tarefa com o pensamento focado nas rendas e desprezaram os demais critérios de merecimento. O resultado é que eles criaram a Copa União, reunindo os melhores times do Brasil, mas deixando de fora o Guarani e o América do Rio, que haviam sido o vice-campeão e o quarto colocado do campeonato do ano anterior.

A Copa União já havia iniciado quando a CBF resolveu montar um outro campeonato com dezesseis times que haviam ficado de fora. Para a entidade máxima do futebol brasileiro, os times que disputavam a Copa União comporiam o Módulo Verde o campeonato inventado de última hora seria o Módulo Amarelo.

A CBF decidiu que os vencedores dos módulos amarelo e verde se enfrentariam numa final que apontaria o campeão brasileiro daquele ano.

Ocorre que o Clube dos 13 não aceitou a imposição. Um dos motivos era a disparidade na composição dos módulos.

O módulo verde reunia as equipes de maior torcida do Brasil, como Flamengo, Internacional, Fluminense, Botafogo, Vasco, São Paulo, Palmeiras, Santos, Grêmio, Cruzeiro, Atlético Mineiro, etc.

Por outro lado, disputavam o Módulo Amarelo o Sport, Criciuma, Joinville, Rio Branco, Inter de Limeira, Ceará, dentre outros.

Eu morava em Porto Alegre e fui na grande final da Copa União. Quase levei porrada no Beira-Rio quando assisti o empate de um a um entre o Mengão e o Inter. Na partida no Rio de Janeiro, deu Mengão de um a zero.

Já no Módulo Amarelo, houve duas partidas. Na primeira, o Guarani ganhou do Sport de dois a zero; na segunda, em Recife, o Sport bateu o bugre por três a zero.
O regulamento mandava e as equipes foram para a prorrogação que terminou empatada em zero a zero.
A decisão foi para os penaltis. Os jogadores foram batendo as penalidades e nada de se chegar a uma conclusão. Aí, ocorreu a cena mais inusitada que eu já havia visto. Os jogadores resolveram desistir de bater as penalidades e terminar a partida do jeito que estava, empatada. Saíram  abraçados de campo, convictos que dividiriam o título.
 
Não me pergunte o porque, mas, poucos dias depois, o Guarani resolveu desistir do título e o Sport foi considerado campeão do Módulo Amarelo.

Daí, a CBF mandou que o Mengão e o Inter, campeão e vice-campeão da Copa União, depois de muita luta contra os grandes do futebol brasileiro, teriam de jogar com o Sport e Guarani, que haviam sido declarados campeão e vice-campeão do módulo amarelo, após desistirem de bater os penaltis na final e saírem de campo determinados a dividirem o título.

Diante dos absurdos cometidos, foi a vez do Clube dos 13 determinar que o Mengão e o Inter não jogassem aquela partida.

O resultado é que o Sport e Guarani disputaram um quadrangular fantasma, em que ganharam por WO as partidas que disputariam com o Flamengo e o Internacional.

A CBF determinou que o Sport era o grande campeão brasileiro daquele ano.

No prosseguimento da confusão, o Sport procurou a Justiça Federal em Pernambuco, que proferiu uma sentença que lhe assegurou o direito de ser o campeão brasileiro de 1987.

Em fevereiro deste ano, após longos anos de injustiças, a CBF emitiu portaria declarando que o Mengão e o Sport foram, os dois, campeões brasileiros de 1987. O fato assegurava ao rubro-negro da gávea o título de hexa-campeão brasileiro. Mas o Sport não se conformou.


Para acrescentar mais lambança ao imbroglio, os dirigentes do Sport ontem declararam que a Justiça Federal em Pernambuco havia determinado à CBF que revogasse a Portaria que proclamou o Mengão como campeão de 1987.

Agora há pouco, o site do Globo Esporte publicou que:
"o Juiz Francisco Alves dos Santos Júnior, titular da 2ª Vara Federal de Pernambuco, publicou uma nota no portal da Justiça Federal do Estado explicando a notificação feita nesta terça-feira à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o seu presidente, Ricardo Teixeira, sobre a divisão do título brasileiro de 1987. Ao contrário do que disse a diretoria do Sport, o juiz afirmou que não decidiu que a entidade deveria a revogar a portaria que também considerou o Flamengo campeão nacional daquele ano."

Eis a lambança do Sport, agindo de má-fé, distorcendo a história em seu favor.

É por isso que eu digo: MENGÃO - HEXA CAMPEÃO!!!!

terça-feira, 1 de março de 2011

Será?


Acabo de assistir, na Internet, ao programa Espaço Ciência e Tecnologia, da Globo News, exibido em 28 de fevereiro.

Ele mostrou algumas pesquisas de manipulação genética, conduzidas pela Embrapa, voltadas para a síntese, em plantas, de substâncias que antes só os seres humanos poderiam produzir.


Esse programa, com um enfoque favorável à biotecnologia, insere-se num cenário mais amplo. No acompanhamento da mídia, percebi uma redução das notícias com denúncias contra a CTNBio. Tudo isso leva a crer que haveria uma espécie de trégua que a imprensa e as ONG ambientalistas têm dispensado ao assunto transgênicos.

O que explicaria esse fato?

Sabe-se que a produção agrícola de plantas geneticamente modificadas consegue rendimentos melhores que as de plantas convencionais. Com isso, os agricultores obteriam maiores ganhos de produtividade, o que tenderia a baixar os preços dos alimentos. 

Recentemente, o presidente Sarkozy, da França, defendeu um tabelamento das commodities, principalmente dos produtos agrícolas, que estariam com preços muito elevados. Ou seja, os europeus estão gastando muito com sua comida.

Caso isso seja mesmo verdade, será que haveria alguma ordem das matrizes européias das ONG para que os ambientalistas brasileiros calem a boca contra os transgênicos?

Será?