quinta-feira, 20 de setembro de 2018
MEDO E INDIGNAÇÃO - William Waak
William Waack
Colunista
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MEDO E INDIGNAÇÃO
Não me parece que Jair Bolsonaro seja o criador da onda que está surfando
William Waack, O Estado de S.Paulo
20 Setembro 2018 | 03h00
Está bem claro que nesta eleição vai se decidir contra alguma coisa, e não por alguma coisa. A maioria do eleitorado é a cara do fenômeno dos dispostos a romper “com o que está aí”. Provavelmente, encerra-se o período histórico iniciado com a saída do regime autoritário e a promulgação da Constituição de 1988. As grandes forças e o sentido político que se sobressaem nesta reta final da eleição claramente consideram obsoletos os sistemas político e boa parte das instituições que ali se consolidaram.
Alguns elementos que indicam o futuro próximo são bastante óbvios. A tendência do eleitorado em direção a figuras autoritárias é o mais notável desses elementos. O líder das pesquisas, Jair Bolsonaro, diz que resolve tudo praticamente no tapa, enquanto a agremiação política que parece, no momento, a que vai disputar o segundo turno com ele, o PT da corrupção, é o símbolo perfeito para a constatação de que enorme número de brasileiros não entende quais ideias erradas, entre elas a de que vontade política tudo resolve, levaram o País ao desastre. Estamos presenciando o enterro do “sonho” social-democrata tipo punho de renda do tucanato. O que havia de social-democracia no PT já havia sido sepultado pela avalanche de corrupção, cinismo e mentira.
Não existe neste momento um “centro”. O eleitorado raivoso clama por uma solução rápida – que a magnitude dos problemas enfrentados sugere ser impossível, mas não importa. Esse mesmo espírito do “vamos chutar o pau da barraca” prefere sonhar com passos para conter a crise que venham de fora da política, ou que sejam anunciados como soluções vindas de “fora do sistema”. Em outras palavras, e isso é bastante preocupante, há uma enorme aceitação da promessa de se resolver questões (como o déficit fiscal, que criaria perdedores por toda parte) sem considerar a necessidade de compromissos e de articulação política muito mais abrangentes do que conseguir 308 votos para maiorias na Câmara dos Deputados.
Há uma imensa desconfiança em relação às instituições e uma das mais recentes a serem devastadoramente atingidas é a da imprensa em geral, e dos grandes grupos de comunicação televisiva em especial. É assombroso como o jogo se inverteu, e em que velocidade: atacar esses colossos que antes eram capazes de determinar o futuro de políticos é o que hoje confere estatura a políticos, e vários se dedicam com êxito a lucrar em prestígio e simpatia no eleitorado fazendo uso em causa própria dessa espantosa perda de credibilidade (em boa medida, por cegueira política e covardia de dirigentes).
Numa sociedade com índices espantosos de violência, e alguns sinais graves de anomia (como na greve dos caminhoneiros), não deveria causar espanto algum a força com que medo e indignação empurram a candidatura de Jair Bolsonaro – e um atentado ter influenciado tanto a disputa.
Não me parece que o ex-capitão seja o criador da onda que está surfando – até agora com boa vantagem sobre os rivais. Talvez ele seja a expressão acabada de que o bom mocismo, o politicamente correto tivessem sido apenas delírios de elites dedicadas a si mesmas e vivendo em bolhas confortáveis em meio a um país pobre, desigual, ignorante e atrasado (basicamente as mesmas mazelas enfrentadas pela geração que escreveu a Constituição de 88).
O atraso, o retrocesso, o desastre e os malefícios trazidos durante os 13 anos de populismo irresponsável do lulopetismo já conhecemos bastante bem. Para onde vamos agora é uma completa incógnita. O que sairá do que acredito ser a destruição da política brasileira tal como a conhecemos por mais de 30 anos ninguém sabe.
CANDIDATO, COMO FAZ PARA EMAGRECER?
CANDIDATO, COMO FAZ PARA EMAGRECER?
Marina Silva responde:
Nós vamos debater e ouvir todas as nutricionistas e personal trainers antes de decidir algo. É preciso gerar um debate. Veja bem, nós vamos valorizar a alimentação vegana e os produtos naturais que a terra nos dá através da floresta. Tem que valorizar a Amazônia e o verde. Tem que debater.
Bolsonaro responde:
Pô, tá de brincadeira com essa pergunta né? Fecha a boca porra! Pára de comer e levanta a bunda do sofá que emagrece porra! Tá com dó? Vai lá então e oferece uma balinha! Quero ver emagrecer assim! Não vai emagrecer pô. Tem que fechar a boca e acabou porra! Chama o Paulo Guedes, corta o mal pela raiz, faz uma low Carb e vai pra academia! Se fude e acabou porra!
Ciro Gomes responde:
Olha, o meu currículo é muito bom. No Ceará nós temos o menor índice de obesidade do país. Tudo isso graças à alimentação integral implantada em mais de 350 escolas em todo o Estado. Minha proposta é tirar o nome do brasileiros obesos do SPC. E isso é possível. Basta transferir os quilos extras de gordura do abdômen para as coxas. Depois é só imprimir comida nas impressoras 3D para estimular o consumo.
Alckmin responde:
Veja bem, no Estado de São Paulo resolvemos isso de um modo bem simples. Corta a merenda. Corta os lanches e dá um cafézinho.
Haddad responde:
Olá, eu sou o jovem Haddad Lula. Na minha gestão Haddad, fizemos mais de 400 km de ciclovia na cidade de São Paulo. Reduzimos o consumo de 120 gramas de proteínas nas refeições marginais para 90 gramas. Arrecadamos milhões multando quem comia mais que o limite. Se eleito como Haddad Lula farei uma ciclovia até Curitiba com pontos de distribuição de pão com mortadela a cada 10km para que todos possam ir visitar Lula Livre.
Meirelles responde:
Se quer emagrecer, chama o Meirelles. Quando Lula quis emagrecer ele chamou o Meirelles. Quando o Temer quis acabar com a barriguinha, ele chamou o Meirelles. O Meirelles resolve! Basta reduzir as calorias ingeridas e elevar o gasto calórico. Correr a 85% da frequência cardíaca máxima e fazer uma reforma alimentar.
Boulos responde:
Primeiramente, foi golpe, Lula Livre, Moro na cadeia e viva Maduro e a Venezuela. Vamos acabar com essa ideia capitalista de comer de 3 em 3 horas. Aliás, vamos acabar com essa opressão de comer todos os dias. A obesidade é uma invenção capitalista para fazer o pobre comer e engordar. Vamos adotar o modelo da dieta bolivariana e implantar no Brasil o que Maduro fez na Venezuela. Vai todo mundo ficar sem comer e emagrecer.
Amoedo responde:
O NOVO método de emagrecimento que eu proponho é novo. Vamos liberar o mercado de whey protein pra geral, tem que estimular o consumo e a venda de proteína. Cortar o carboidrato em excesso. É assim que estimularemos o crescimento do país e do povo. Pra quê apenas emagrecer se podemos crescer e construir um estado magro e musculoso ? Vamos fazer o Brasil sair da jaula.
Daciolo não compareceu ao debate.
Está no monte jejuando.
quarta-feira, 19 de setembro de 2018
O boneco de neve
Nevou no Rio de Janeiro, pela primeira vez na história!!!
8:00 Eu fiz um boneco de neve.
8:10 Uma feminista passou e me perguntou porque eu não fiz uma mulher de neve.
8:15 Eu fiz uma mulher de neve.
8:17 Minha vizinha feminista reclamou do perfil voluptuoso da mulher da neve dizendo que ela ofende as mulheres da neve em todos os lugares.
8:20 O casal gay que mora nas proximidades teve um ataque de raiva e protestou, porque poderiam ter sido dois homens de neve.
8:22 Um transgênero da outra rua me perguntou por que não fazia um boneco com partes removíveis.
8:25 Os veganos no final da rua se queixaram do nariz de cenoura, já que os vegetais são comida e não para decorar bonecos da neve.
8:31 O cavalheiro muçulmano do outro lado da rua exige aos berros que a mulher da neve use uma burca.
8:40 A polícia chega dizendo que há uma denúncia anônima contra mim, de alguém que foi ofendido pelo meu racismo e discriminação, porque os bonecos são brancos.
8:42 A vizinha feminista reclamou novamente que a vassoura da mulher da neve deveria ser removida porque ela representa as mulheres em um papel doméstico de submissão.
8:43 Um promotor chegou e ameaçou me processar se eu não pedisse desculpas públicas pelo maldito boneco de neve.
8:45 A equipe de jornalismo da TV apareceu. Eles me perguntam se eu sei a diferença entre bonecos de neve e mulheres de neve. Eu respondo: as "bolas de neve" e agora elas me chamam de sexista.
9:00 Estou no noticiário como um suspeito, terrorista, racista, delinquente, com tendências homofóbicas, determinado a causar problemas durante o mau tempo. Estou passando por tudo isso por causa dos malditos bonecos de neve!!
9:05 Quem mandou fazer a p... dos bonecos de neve?... Estão me perguntando se eu tenho um cúmplice. Ou se alguma organização me incentivou a fazer os bonecos, nas redes sociais.
9:29 Os manifestantes da extrema esquerda e da extrema direita, ofendidos por tudo, estão marchando pelas ruas exigindo que me decapitem.
9:32 Os neonazistas marcham em frente à minha casa acusando-me de ser comunista.
9:35 As feministas me xingam e pintam a fachada da minha casa com a palavra “machista”.
9:45 Os evangélicos me acusam de querer usurpar o lugar de Deus, por criar um homem e uma mulher de neve, e querem me exorcizar, dizendo que eu realizei um ritual pagão.
9:55 Organizações ambientais me acusam de poluir a neve.
Moral da história: não há. É apenas o mundo em que vivemos hoje - e vai piorar. O que foi aqui narrado pode ocorrer, e algumas coisas já estão acontecendo.
De tudo isso, a coisa mais difícil de acontecer é... neve no Rio de Janeiro.
(Autor desconhencido).
quinta-feira, 13 de setembro de 2018
Acesso às Tecnologias Disruptivas - Natalino Uggioni
Acesso às Tecnologias Disruptivas
segunda-feira, 10 de setembro de 2018
Esquerda gerou ambiente de ódio
Esquerda gerou ambiente de ódio
RUY FABIANO
As manifestações de condolências dos adversários políticos de Bolsonaro, em face do atentado, embutem uma mensagem subliminar (ou nem tanto), segundo a qual ele teria sido vítima de um ambiente por ele mesmo criado – o ambiente de ódio.
Ou seja, o culpado é ele mesmo. “Semeou o ódio e colheu o ódio", nas palavras solidárias da pacifista Dilma Roussef.
Tal ambiente, no entanto, o precede em décadas. Começa com o advento do PT e de seu ideário de luta de classes, a partir de 1980, e chega ao paroxismo com a tomada do poder federal pelo partido, a partir de 2003. Tudo isso está muito bem documentado.
Não é preciso farejar arquivos, em busca de documentos secretos. Está tudo no Youtube e no Google.
São incontáveis (e não cabem neste espaço) os episódios que atestam esse pioneirismo. Remontam a um tempo em que Bolsonaro era um ilustre desconhecido – ou conhecido apenas nos círculos do baixo clero do Congresso.
O seu protagonismo político começa exatamente quando foca sua atuação parlamentar no enfrentamento à bancada mais radical da esquerda. Pode-se, portanto, classificá-lo como personagem meramente reativo dentro de um quadro que já estava instalado.
Comparadas às de seus adversários da esquerda (que punham em prática o que diziam), suas declarações mais ferozes soam como as de um escoteiro-mirim. Coube ao PT dividir a sociedade em “nós” e “eles”, sendo que o “eles” abrangia todos os que não eram da esquerda – e, por isso mesmo, eram vilões, a ser esmagados.
Data de 2000 a famosa incitação de José Dirceu, numa greve de professores em São Paulo, a que os militantes batessem nos opositores. “Eles têm de apanhar nas ruas e nas urnas”, conclamou.
Nas urnas, não apanharam, mas nas ruas, sim. Dias depois, a militância agrediu o governador Mário Covas, já padecendo de um câncer que o mataria. Dirceu disse que usara “força de expressão”.
Num seminário do PT, em maio de 2017, o senador peemedebista Roberto Requião, um aliado convicto, disse, para os aplausos da galera, que “não há mais espaço para conversas e bons modos”. Foi complementado pela deputada Benedita da Silva, que berrou: “Sem derramamento de sangue, não há redenção”.
O professor Mauro Iasi, da UFRJ, candidato em 2006 a vice-governador de São Paulo pelo Psol, na chapa de Plínio de Arruda Sampaio, disse, em 2015, a uma plateia de alunos, como deveria ser o diálogo com a direita: “Um bom paredão, onde vamos colocá-los frente a uma boa espingarda, com uma boa bala, e vamos oferecer depois uma boa pá e uma boa cova”. Ódio? Não: força de expressão.
A senadora e presidente do PT Gleisi Hoffmann, quando do julgamento de Lula pelo TRF-4, em Porto Alegre, em janeiro deste ano, avisou: “Para prender o Lula, vai ter que matar gente”.
João Pedro Stédile, do MST, na mesma ocasião, avisou: “Vamos ocupar terras porque queremos Lula livre”. E “ocuparam”.
José Dirceu, solto, porém condenado em segunda instância, tem emitido sucessivos vídeos, conclamando a militância a retomar, se necessário pela força, o poder. Num deles, diz: “A hora é de ação, não de palavras; de transformar a fúria, a revolta, a indignação e mesmo o ódio em energia, para a luta e o combate”.
Lula, em fevereiro de 2015, numa famosa fala à militância, na sede da ABI, no Rio, fez uma ameaça: “Quero paz e democracia, mas também sabemos lutar, sobretudo quando o Stédile colocar o Exército dele na rua”. Stédile, obediente, tem atendido o chefe.
E há ainda o líder do MTST, Guilherme Boulos, candidato do Psol à Presidência, que invade prédios e residências e cobra aluguel dos invasores. Este não apenas prega a luta armada: pratica-a.
Ódio como fonte de energia, conforme as palavras de Dirceu, é a grande contribuição da esquerda à democracia brasileira.
domingo, 9 de setembro de 2018
Bolsonaro não é o vilão da eleição, diz cientista político

Além disso, os outros candidatos irão reduzir as críticas a ele. Terá uns dez, 15 dias de sossego, o que já é uma grande coisa para a campanha.


Um exemplo mais recente. O Senado rasgou a Constituição ao fatiar a votação do impeachment de Dilma Rousseff, o que permitiu que seu mandato fosse cassado, mas seus direitos políticos fossem preservados. A Constituição foi rasgada várias vezes, mas não pelas mãos de Bolsonaro.


O PT apoia Maduro e Ortega. Isso não é ameaça à democracia? Isso não é ameaça maior que Bolsonaro?
Tentam criar uma dicotomia entre Bolsonaro e os ditos democratas. Vamos com calma. Exageram ao dizer que Bolsonaro é uma ameaça à democracia. Tentam pintá-lo como um monstro.
Quando o PT pratica chicanas jurídicas, como no episódio do desembargador Rogério Favreto, para tentar garantir a candidatura de Lula, isso não é uma ameaça?
Bolsonaro não é o vilão da eleição, seus oponentes não são os mocinhos.
Por outro lado, ele chama a atenção para algo que a esquerda não quer aceitar, que havia em 1964 uma disputa entre o autoritarismo de esquerda e o de direita. Não fosse a direita a dar o golpe, é provável que a esquerda o desse. Bolsonaro destaca que houve um grande apoio civil ao golpe de 64, e isso é verdade. A ditadura não foi apenas militar, foi civil militar.


Diz que vai acabar com a progressão de pena. Ele deveria acabar com a elasticidade da progressão de penas. A progressão deve continuar, mas não como essa brincadeira que virou no país.
Sobre as armas, ele teve o cuidado de afirmar que não quer armar a população, mas sim garantir o direito à legítima defesa. Deixa claro isso.
Ele também exagera na questão do Foro de São Paulo. Concordo que é uma instituição autoritária, que apoia os bolivarianos, mas não podemos colocar o problema da segurança na conta do foro.
O programa sugere que o aumento de homicídios no Brasil tem relação com o Foro de São Paulo. Não há nenhum dado que permita concluir isso. Não há fundamento científico para isso. É a ideologia querendo mandar na ciência. É um chute monumental.
Professor da UFPE, Jorge Zaverucha tem 62 anos. É doutor em ciência política pela Universidade de Chicago, nos EUA. Escreveu, entre outros, os livros “FHC, Forças Armadas e Polícia” (ed. Record) e “Frágil Democracia--Collor, FHC e os Millitares” (Civilização Brasileira)