domingo, 26 de fevereiro de 2017

Sociedade paga a conta do dirigismo de Lula e Dilma

OPINIÃO

Sociedade paga a conta do dirigismo de Lula e Dilma

A intervenção no setor elétrico deixou uma fatura adicional de dezenas de bilhões a ser paga pelo consumidor; mas a pior herança é a recessão, com seus efeitos

POR EDITORIAL

23/02/17 - 00h00 | Atualizado: 23/02/17 - 00h00

Orastro de ruínas deixadas pelo experimentalismo da política econômica heterodoxa do lulopetismo é extenso. Com a dramática particularidade de que, ao contrário dos tornados, os danos persistem e crescem durante muito tempo. A parte principal da conta remetida ao povo brasileiro pela política dirigista do “novo marco macroeconômico” — cujas estacas foram fincadas no segundo governo Lula, com Dilma Rousseff na Casa Civil — levará muito tempo para ser resgatada. A desastrosa obra foi concluída pela própria Dilma no Planalto, e lhe custou o mandato no início do segundo governo.

Foi o pior ciclo de crise econômica da História da República, instaurado na estagnação de 2014, estendendo-se ao biênio seguinte de recessões acima dos 3% ao ano, responsáveis pela demissão de mais de 12 milhões de pessoas no mercado formal de trabalho, com todos os dramas pessoais decorrentes de uma tragédia social dessa envergadura.

Soube-se na terça-feira, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que aquela filosofia de gestão econômica aplicada por Dilma neste setor produziu uma fatura de R$ 62,2 bilhões ainda a ser paga pelos consumidores.

É no que deu a ideia dirigista, aplicada para, a partir de 2012, cortar em 20% as contas de luz. Dois anos depois, a presidente se reelegeria. Mas aumentos de custos em geradoras e distribuidoras, escamoteados por meio de subsídios do Tesouro para tudo resistir até as urnas, vieram à tona, e não houve alternativa a não ser um tarifaço — alertado sucessivamente na imprensa profissional.

Vendida ao eleitorado como exímia gestora, com lastro na experiência acumulada na área elétrica, Dilma Rousseff interveio no setor, por meio de medida provisória, para, numa acrobacia regulatória, exigir de concessionários a redução nas tarifas em troca da renovação de contratos.

Estatais sob controle de governos de oposição (São Paulo e Minas) não aceitaram a prestidigitação, e, para agravar tudo, veio a seca. Com isso, as termelétricas, de custo operacional mais elevado, tiveram de funcionar durante muito tempo. Mais custos ficaram reprimidos, mas nem assim houve recuo.

Nem o tarifaço foi suficiente. Ativos das empresas não foram remunerados como deveriam. Assim, sobraram ainda estes bilhões a serem distribuídos pelas contas de luz até 2025. É o exemplar irretocável de um “esqueleto” fiscal, como aqueles deixados nos armários da contabilidade pública pela ditadura militar, mantidos no início da redemocratização e só descobertos no Plano Cruzado. Pois eles voltaram a ser criados na fase populista do lulopetismo — excluindo quase todo o primeiro mandato de Lula.

O PT, infelizmente, voltou a ser PT em política econômica, e o resultado é que a sociedade mais uma vez terá de arcar com despesas ocultas deixadas nesses armários por salvacionistas.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

A Petrobras não é uma vergonha. Vergonha é o que fizeram com ela (07/02/2015)

A Petrobras não é uma vergonha. Vergonha é o que fizeram com ela (07/02/2015)

Dilma, Lula e seus companheiros passaram ao largo da denúncia de que o PT recebeu em 10 anos US$ 200 milhões em propina, segundo o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco

07/02/2017 - 13h00

Ricardo Noblat

O PT nasceu há 35 anos à sombra da Igreja Católica, cuja doutrina aconselha o sacrifício para redimir os pecados. Talvez derive disso a vocação do partido para vítima.

Ele não se fez de vítima enquanto esteve na oposição. Sempre foi para cima. Seu ativismo abriu caminho para que relativamente em pouco tempo chegasse ao poder.

Desde então com sua credibilidade minada por sucessivos escândalos, o PT foi sendo empurrado para o canto do ringue. E só enxergou na vitimização sua única saída.

Experimente criticá-lo. Ele se dirá vítima de ataques.

Experimente expor suas contradições. Ele se dirá injustiçado.

Experimente apontar seus erros. Ele dirá que os outros erram, mas que somente ele apanha.

A presidente Dilma Rousseff incorporou, ontem, o discurso do PT. Na festa pelos 35 anos do partido, em Belo Horizonte, disse a certa altura do seu discurso:

- Nós temos força para resistir ao oportunismo e ao golpismo, inclusive quando se manifesta de forma dissimulada. Estamos juntos para vencer aqueles que tentam forjar catástrofe e flertam com a aventura.

Forjar catástrofe...

Qual catástrofe? A da desvalorização acelerada da Petrobras? Mas quem foi responsável por isso?

Flertar com a aventura...

Deve estar se referindo ao risco de impeachment. Quem disse que impeachment é aventura? Está previsto na Constituição, ora.

Dilma, Lula e seus companheiros passaram ao largo da denúncia de que o PT recebeu em 10 anos US$ 200 milhões em propina, segundo o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco.

E Dilma ainda disse:

- Se tiver erro, aqueles que erraram que paguem pelos erros, mas temos de preservar a história de nosso partido e do meu governo e do presidente Lula. A Petrobras não pode ser colocada como uma vergonha do Brasil.

Dilma não ensinou como “preservar a história” do PT, do governo dela e do governo de Lula. Deve ser rebatendo todas as críticas, suponho. Quanto a Petrobras não poder ser colocada como vergonha do Brasil... De acordo.

Não pode e não deve. A Petrobras não é culpada pelo que fizeram com ela. Vergonha do Brasil são seus algozes.

Que respondam diante da Justiça por seus crimes.