segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

A esquerda brasileira quer definir o que você pensa. E com dinheiro de bilionário americano

A esquerda brasileira quer definir o que você pensa. E com dinheiro de bilionário americano

Por: Bruno Garschagen em 25/08/16 18:45

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O que você pensa a respeito de temas como desarmamento, liberação das drogas, marco civil da internet, desmilitarização da polícia militar, democracia é fruto de pesquisa e reflexão ou é mera adesão à posição de pessoas famosas, de jornais, de comentaristas de TV, de políticos, de entidades que gozam de boa imagem pública? Se os "progressistas" defendem soluções únicas e amorais para esses problemas, de onde vem esse certo consenso cada dia mais consolidado?

As agendas políticas que hoje despertam paixões, que provocam "polêmicas" e discussões nas redes sociais, são muitas vezes o resultado de um trabalho muito bem articulado de instituições e personagens que nem sempre aparecem. Mas quem são essas pessoas e organizações? E quem as financiam? E qual é a conexão entre Hillary Clinton, candidata do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, e certos grupos de esquerda do Brasil?

No post "Quem é a Hillary Clinton que a imprensa não mostra?" tentei expor o projeto ideológico e de poder da candidata democrata que a imprensa brasileira ignora ao preferir atacar - com e sem motivos - Donald Trump, candidato do partido Republicano. E também mostrei a influência financeira do bilionário George Soros sobre a família Clinton (Bill e Hillary).

Pois são dois os vínculos de Hillary com parte da esquerda brasileira: 1) um projeto de engenharia social por meio da mudança de mentalidade e de comportamento; 2) o patrocínio de Soros.

Documentos vazados recentemente pelos sites Wikileaks e DC Leaks mostram o grau de influência de Soros sobre Hillary e o Partido Democrata, que receberam cerca de US$ 25 milhões do bilionário até agora para esta eleição. Soros é um dos maiores doadores da carreira política de Hillary, não apenas desta eleição. Um dos emails revela que Soros, mediante um representante, enviou instruções à Hillary, então secretária de Estado, para intervir na política da Albânia, país onde tem negócios. Três dias depois da mensagem, o nome sugerido por Soros, Miroslav Lajcak, foi enviado pela União Europeia para mediar o conflito entre os rivais políticos albaneses.

Investindo o seu dinheiro de forma estratégica, Soros teria orientado políticos do partido Democrata para fazer valer seus interesses dentro e fora dos Estados Unidos, além de ter tentado manipular eleições na Europa. Ainda segundo os documentos vazados, através da Open Society, o bilionário financiou entidades em várias partes do mundo.

E no Brasil? A Open Society injeta cerca de US$ 37 milhões por ano no Brasil e em outros países da América Latina e a Fundação Ford US$ 25 milhões anualmente.

Aqui, várias entidades que gozam de prestígio social fazem parte do grande projeto global de revolução social financiado por Soros a partir da promoção de agendas de grupos defensores do aborto, da legalização das drogas e dos que se travestem de mídia independente para defender certas bandeiras. O Movimento Viva Rio, por exemplo, recebeu US$ 107 mil entre 2009 e 2014 para atuar como representante de uma postura nova e diferente em relação à política de drogas, ou seja, na defesa da liberação. E o Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), que ficou conhecido nas manifestações de 2013 dizendo-se independente, recebeu US$ 80 mil do bilionário. A independência parece ter um preço.

Outro projeto financiado por Soros é o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio), que recebeu US$ 350 mil em 2014 e em 2015 da Open Society e mais US$ 200 mil da Fundação Ford. E quem faz parte do ITS Rio? Ronaldo Lemos, cofundador e seu atual diretor, o nome mais conhecido na elaboração e defesa do Marco Civil da Internet, que abriu a possibilidade de regulação e de controle pelo Estado e que tem sido usado pela justiça como fundamento jurídico para suspender o aplicativo WhatsApp.

Também fazem parte da equipe do ITS Rio Eliane Costa, que foi gerente de patrocínio da Petrobras de 2003 a 2012 (ou seja, durante todo o governo Lula); Lucia Nader, que é Fellow da Open Society Foundations, entidade de Soros; e Ana Toni, que integra o conselho editorial do jornal socialista Le Monde Diplomatique Brasil e que atuou como diretora da Fundação Ford no Brasil de 2003 a 2011 (quase o mesmo período em que sua colega trabalhou na Petrobras). A Fundação Ford, assim como a Open Society de Soros, financia grupos e projetos socialistas no mundo inteiro.

Qualquer coincidência não é mera semelhança.

A drenagem dos recursos de Soros também alimenta entidades criadas por aquelas já financiadas pela Open Society. O ITS Rio, por exemplo, criou o site Mudamos.org, que também recebe dinheiro de Soros e orgulha-se de ter participado da criação do Marco Civil da Internet, que foi elaborado pelo cofundador do ITS Rio, Ronaldo Lemos. O dinheiro entra por vários canais, mas convergem para o mesmo duto.

O idealizador do Mudamos.org é o sociólogo socialista Luiz Eduardo Soares, que foi secretário de segurança pública do governo Antony Garotinho no Rio de Janeiro e secretário nacional de Segurança Pública do governo Lula. Soares é notório defensor da desmilitarização da Polícia Militar e da descriminalização das drogas, cuja proibição tem como consequência, segundo ele, " a criminalização da pobreza, sem reduzir a criminalidade ou o consumo de drogas". Se a pobreza é criminalizada em função da proibição, o sociólogo está dizendo que os pobres são criminalizados por envolvimento com as drogas? Não seria esta uma posição altamente preconceituosa e falsa de alguém que tenta combinar Karl Marx e Michel Foucault?

Soares também é coautor do livro "Elite da Tropa", que deu origem ao filme "Tropa de Elite". Conhecendo como ele pensa é possível analisar o livro de outra forma e entender os seus comentários sobre a reação do público diante do filme.

Sobre a legalização das drogas, o nome mais conhecido da política brasileira a defendê-la é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cujo instituto que leva seu nome recebeu US$ 111.220,00 em 2015 e 2016.

Outras organizações que receberam dinheiro de Soros para influenciar a sociedade brasileira de acordo com uma agenda revolucionária foi a Agência Pública, do socialista Leonardo Sakamoto, que em cinco anos recebeu mais de R$ 1 milhão da Open Society. É com os dólares de Soros que a Agência Pública diz realizar um "modelo de jornalismo sem fins lucrativos para manter a independência". Independência similar a do Mídia Ninja. Sakamoto também é autor da célebre frase: "o que define uma mulher não é o que ela tem ou teve entre as pernas".

Há ainda o Instituto Arapyaú, fundado por Guilherme Leal, um dos donos da empresa Natura que, em 2010, foi candidato a vice-presidente de Marina Silva, que foi petista por 24 anos até pedir para sair em 2009. Um dos membros do conselho de governança é o petista Oded Grajew, idealizador do Fórum Social Mundial (a disneylândia do socialismo latinoamericano), ex-assessor especial do presidente Lula e coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, que recebeu US$ 500 mil da Open Society em 2014 e 2015.

A lista vai além. O projeto Alerta Democrático, que recebeu US$ 512.438,00 em 2014 da Open Society Foundations, tem na sua equipe o petista Pedro Abramovay, que trabalhou no Ministério da Justiça nos governos Lula e Dilma e que é, vejam só, Diretor Regional para América Latina e Caribe da própria Open Society. Abramovay também foi diretor no Brasil do site de petições Avaaz, que ele definiu "como um movimento" que não era uma rede social nem "um espaço neutro", mas "um movimento que tem princípios". Por isso, só aceita petições de causas afeitas à ideologia e retira do ar qualquer petição vá "contra os princípios do movimento".

Outro que integra a equipe do Alerta Democrático é o ex-BBB Jean Wyllys, que usa o seu mandato de deputado federal para fazer valer o projeto de engenharia social pela mudança de comportamentos mediante a ação do Estado.

É possível tanto considerar que a esquerda contemporânea tem seguido a agenda de um bilionário com um projeto global de revolução a partir da mudança de mentalidades como achar que a esquerda está usando o dinheiro de um capitalista para financiar a implantação da sua ideologia. Mas não há, como pode parecer, um antagonismo, pois ambos compartilham os meios e os fins ideológicos.

O financiamento de organizações socialistas e comunistas por uma certa elite econômica nem é uma novidade histórica: os revolucionários russos foram financiados por grandes empresários para fazerem a revolução de 1917; os nazistas foram financiados por grandes empresários para conquistarem o poder em 1932; os petistas foram financiados por grandes empresários até conquistarem o governo federal em 2002.

Sequer o projeto global de Soros é novidade para o leitor atento. Desde o fim da década de 1990 o professor Olavo de Carvalho alerta para o financiamento de entidades socialistas realizado por Soros e outros endinheirados. Muitos dos artigos sobre o tema foram publicados no jornal O Globo e depois reunidos no livro " O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", organizado pelo colunista da VEJA.com Felipe Moura Brasil e publicado pela Editora Record.

E porque Soros faz o que faz?

Parte da resposta foi exposta pelo comentarista político Alexandre Borges:

"Soros é, possivelmente, o indivíduo sem cargo eletivo mais influente do mundo. Possuidor de uma fortuna pessoal estimada em US$ 13 bilhões e administrando US$ 25 bilhões de terceiros, é tão poderoso no Partido Democrata americano que no programa humorístico Saturday Night Live foi chamado de 'dono' do partido. E na prática não é nada muito diferente disso. Dentro do Partido Democrata, candidatos independentes, não ligados a Soros, são cada vez mais raros.

George Soros se vê como um missionário das próprias utopias e não conhece limites para usar sua fortuna quase sem paralelo para influenciar a política, a imprensa e a opinião pública em diversos países, especialmente os EUA. Como ele mesmo disse, 'minha principal diferença de outros com uma quantidade de recursos acumulados parecida com a minha é que não tenho muito uso pessoal para o dinheiro, meu principal interesse é em ideias.' Soros também revelou que seu sonho era escrever um livro 'que durasse o mesmo que nossa civilização' e que ele valorizaria isso mais do que qualquer sucesso financeiro. Ele já lamentou que mudar o mundo é muito mais difícil do que ganhar dinheiro. Num livro de 1987, disse que já tinha se achado uma espécie de deus mas que depois se convenceu que seria mais como uma mistura de John Maynard Keynes com Albert Einstein.

Há 30 anos, Soros mantém a Open Society, nome tirado de um livro de Karl Popper. A Open Society é uma ONG bilionária destinada a influenciar a opinião pública e a política no mundo. Ela está presente em mais de 70 países é tão poderosa que, em alguns regimes, é considerada um 'governo informal'.

Nos EUA, mantém o poderosíssimo Media Matters, que dá o tom de praticamente toda imprensa americana, além de ser o principal financiador do The Huffington Post, um ícone da esquerda mundial. A Open Society é inspirada pela idéia do filósofo francês Henri Louis Bergson que acreditava num mundo com valores morais 'universais' e não de sociedades 'fechadas', o que influenciou vários pensadores que até hoje criticam os ideais do pais fundadores da nação americana e do 'excepcionalismo americano'.

Soros é tão próximo de Bill Clinton que alguns dos mais importantes ocupantes de cargos públicos no seu governo são considerados indicações diretas dele. Em 2004, gastou tudo que podia para tentar impedir a reeleição de George W. Bush mas não conseguiu.

Em dezembro de 2006, George Soros recebeu Barack Obama em seu escritório em Nova York. Duas semanas depois, Obama revelou que seria candidato a presidente dos EUA e, uma semana depois, George Soros anunciou publicamente que apoiava sua indicação nas primárias contra Hillary Clinton, o que parecia uma maluquice na época. O resto é história. Hoje ele apoia Hillary para a próxima eleição presidencial.

O número de fundações, ONGs, sindicatos e veículos de comunicação que recebem dinheiro de George Soros ou de suas fundações é tão vasto que só um incansável pesquisador como David Horowitz para catalogar e publicar no seu portal Discover the Networks. Se você tiver curiosidade, é só clicar aqui."

Depois de descobrir qual é a agenda desses grupos, quem os representa e os financia e a influência que exercem na opinião pública de diversos países, incluindo o Brasil, cabe ao leitor refletir se aquilo que pensa e defende é o resultado de uma análise genuína pautada em informações diversificadas ou uma mera repetição de discursos ideológicos previamente criados por socialistas que criticam o grande capital financeiro e os poderosos enquanto desfrutam do dinheiro daqueles que aparentemente atacam. Como diz o escritor Flavio Morgenstern em seu podcast, " Não é você que pensa o que pensa, George Soros pensa por você".

Convém ter isso em mente antes de defender determinadas posições e de agir como inocente útil de uma ideologia e de um projeto político que desconhece.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Czech Defense Ministry Eyes New Armored Vehicles, Radars Amid Budget Hike


Czech Defense Ministry Eyes New Armored Vehicles, Radars Amid Budget Hike

By: Jarosław Adamowski, December 9, 2016 (Photo Credit: Ministry of Defence and Armed Forces of the Czech Republic)

WARSAW, Poland — The Czech Ministry of Defence is planning to acquire new radars, 20 Pandur armored personnel carriers (APC) and Nexter Titus six-wheel drive armored vehicles for the country ’s military, according to Deputy Defence Minister Pavel Beran. 

The latest announcement comes as the Czech Republic is intensifying efforts to raise its military expenditure from 1.08 percent of its gross domestic product this year to 1.4 percent by 2020, and 2 percent by 2025. 

Defense News

5 Bidders Emerge in Competition for Czech Republic Air Defense Systems

"It is necessary that we rebound from the bottom, but this will happen at a slow pace, " Beran told local broadcaster Ceska Televize. 

The Defence Ministry ’s budget for 2017 is set to increase to some 52.5 billion koruna (US $2.1 billion), an increase of 10 percent compared with 2016. Next year’s radar procurement alone is expected to be worth about 1.7 billion koruna. 

The move is part of a regional trend. Similar to a number of other Eastern European allies, Prague has placed an increased focus on its defense expenditure since Russia’s military intervention in eastern Ukraine. 

Defense News

Russian Aggression Drives Increase in European Defense Spending

Last November, Gen. Josef Becvar, the chief of staff of the Czech Armed Forces, said the country’s military could expand from the current 27,000 to 32,000 troops.  

Meanwhile, Czech Defence Minister Martin Stropnicky said the ministry is also planning to overhaul the existing tender procedures with the aim to accelerate procurements of new weapons and military equipment for the Czech Armed Forces. 

domingo, 4 de dezembro de 2016

ELIO GASPARI A turma da Lava-Jato deve confiar na Justiça

ELIO GASPARI

A turma da Lava-Jato deve confiar na Justiça

A defesa da lei do abuso tem uma carga maldita

04/12/16 - 04h30

Os doutores da Operação Lava-Jato dizem que o projeto que pune os abusos de autoridade praticados por policiais, juízes e promotores destina-se a “aterrorizar procuradores, promotores e juízes”.

Não estão sozinhos. A presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, pergunta: “Criminalizar a jurisdição é fulminar a democracia. Eu pergunto a quem isso interessa? Não é ao povo, certamente. Não é aos democratas, por óbvio. (...) Desconstruir-nos como Poder Judiciário ou como juízes independentes interessa a quem?”.

Joaquim Barbosa, que ocupou a cadeira da ministra, fez um raciocínio mais acrobático. Segundo ele, as forças que cassaram o mandato de Dilma Rousseff estariam num novo lance: “Se eu posso derrubar um chefe de Estado, por que não posso intimidar e encurralar juízes?”.

A ideia de que o projeto aprovado na Câmara intimida, encurrala, ou amedronta os juízes, procuradores e policiais repetiu-se dezenas de vezes. Basicamente, o projeto estabelece penas de seis meses a dois anos de prisão para magistrados que ajuízem ações com má-fé, por promoção pessoal ou perseguição política ou procuradores que instaurem procedimentos “em desfavor de alguém, sem que existam indícios mínimos de prática de algum delito”. O nó está aí, uma investigação aberta levianamente pode dar cadeia.

Alguns artigos são banais, como o que penaliza os servidores que venham a “proceder de modo incompatível com a honra, a dignidade e o decoro de suas funções”. Houve época em que um presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo deixava sua Porsche no estacionamento da Corte. Vá lá. Num surto, o projeto quer proibir juízes de dar entrevistas. É verdade que eles não deveriam falar fora dos autos, mas não podem ser amordaçados.

A Lava-Jato e todas as investigações estariam ameaçadas porque, aberto um inquérito, um cidadão que se julgue prejudicado poderá processar procuradores ou mesmo o juiz por abuso de autoridade. “Um atentado à magistratura”, nas palavras do juiz Sérgio Moro.

Antes de concordar com o fim do mundo, fica uma pergunta: quem poderá condenar o policial, o procurador ou o juiz? Um magistrado, e só um magistrado. Se os procuradores da Lava-Jato, o juiz Moro, a ministra Cármen Lúcia e seu colega Joaquim Barbosa não confiam na Justiça, por que alguém haverá de fazê-lo?

De fato, juízes e procuradores podem se sentir intimidados, até mesmo aterrorizados. A Lei Maria da Penha, por exemplo, intimida e aterroriza milhares de homens que pensam em bater numa mulher. Assim são as coisas e é bom que assim sejam.

Com novos mecanismos de correição, uma juíza como a doutora Clarice Maria de Andrade, da comarca paraense de Abaetetuba, poderia ficar intimidada ou mesmo aterrorizada antes de permitir, em 2007, que na sua jurisdição uma menina de 15 anos fosse mantida presa numa cela com 23 homens durante 26 dias. Três anos depois, o Conselho Nacional de Justiça puniu-a, com a pena de aposentadoria compulsória. Em outubro passado, o CNJ reviu a decisão, colocando-a em disponibilidade, por dois anos, com vencimentos proporcionais. Depois, zero a zero e bola ao centro.

A defesa da lei do abuso tem uma carga maldita. De um lado, estão juízes e procuradores que batalham em defesa da moralidade, e, do outro, personagens de pouca reputação. Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Imagine-se um sujeito que entra numa igreja e vê um batizado. Os padrinhos são os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, mais os deputados Rodrigo Maia e Weverton Rocha, signatário da emenda que define crimes de responsabilidade para juízes e procuradores. O bebê é inocente, nada sabe da vida, mas acaba associado aos quatro padrinhos.

Eremildo, o idiota, e o teto dos juízes

Eremildo é um idiota e ouviu a ministra Cármen Lúcia dizer que “confundir problemas, inclusive os remuneratórios, que dispõem de meios de serem resolvidos, com o abatimento da condição legítima do juiz, é atuar contra a democracia, contra a cidadania que demanda justiça, contra o Brasil que lutamos por construir”.

Por cretino, Eremildo entendeu que a presidente do Supremo está dizendo que quando mais de dez mil magistrados levam para casa vencimentos que rompem o teto constitucional de R$ 33.763 eles atuam “contra a democracia, contra a cidadania que demanda justiça, contra o Brasil que lutamos por construir”.

O idiota sabe que é a única pessoa que pensa assim, mas não consegue entender como a doutora possa ter dito outra coisa, visto que ela e todos os seus colegas do Supremo recebem apenas o teto. No Tribunal de Justiça do Rio, 848 magistrados (98,5%) recebem mais. Entre os promotores e procuradores a situação é parecida, pois 887 dos 904 servidores estouram o limite constitucional.

Gracinha: com apenas sete meses de magistratura, a desembargadora Marianna Fux, de 35 anos, recebeu R$ 46.830 nos meses de junho, julho e agosto. Com 60 anos de idade e 33 de toga, seu pai, o ministro Luiz Fux, vive com o teto. Ele estaria na condição de quem sofre o que a ministra Cármen Lúcia chama de “o abatimento da condição legítima de juiz”.

Duas crises

De um sábio que viveu a recessão da crise econômica da ditadura e padece a atual.

“No tempo dos generais a gente ainda podia cantar ‘Amanhã vai ser outro dia’. Hoje, nem isso”.

Boa notícia

A próxima safra de grãos será muito boa, e o Brasil do agronegócio é outro. Um dos dez frigoríficos de Mato Grosso está abatendo 650 mil aves, 6 mil porcos e 2 mil bois por dia.

Retrato

O presidente Michel Temer informou que pensa em gravar todas as suas audiências de natureza pública. É uma ideia meio girafa, mas vá lá.

Menos de uma semana depois veio a informação de que o Gabinete de Segurança Institucional começou a testar dois equipamentos capazes de impedir que se gravem conversas no gabinete de Temer.

Ganha um passeio ao jazigo de Fidel Castro quem souber o que o governo quer.

Dirceu e Geddel

No dia 26 de dezembro de 2002, o poderoso José Dirceu estava se preparando para assumir a chefia da Casa Civil de Lula quando o deputado José Carlos Martinez presenteou-o com um relógio Rolex. Coisa de pelo menos R$ 15 mil da época. Dois dias depois, doou a peça ao programa Fome Zero. Era falso.

Em 2009, durante as comemorações de seu 50º aniversário, o deputado Geddel Vieira Lima, ministro da Integração de Lula na cota do PMDB, recebeu da Odebrecht um patacão Patek Philippe avaliado em R$ 85 mil.

Visão de praia

Um cidadão viajado pelas terras deste mundo conta que estava andando por uma praia de Mangaratiba quando viu um grupo de cavaleiros ingleses vindo na sua direção. Vestiam capacetes pretos, culotes e botas.

Um dos cavaleiros cumprimentou-o. Era Sérgio Cabral.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Abuso de autoridade e pena de aposentadoria de magistrados – mitos e verdades


Abuso de autoridade e pena de aposentadoria de magistrados – mitos e verdades

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Helio Telho e Deltan Dallagnol

02 Dezembro 2016 | 14h53

Da esquerda para a direita: Helio Telho e Deltan Dallagnol. Fotos: Reprodução

“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. A frase, atribuída a Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, explica o porquê de o senso comum acreditar que a aposentadoria compulsória remunerada é a pena máxima prevista na lei para magistrados vitalícios. Examinemos o que é verdade e o que é mentira nesse discurso.

Como todo e qualquer cidadão ou servidor público, os juízes respondem pelos crimes que praticam, podendo ir para a cadeia, ter seus bens confiscados para ressarcir e perder o cargo, sem direito à aposentadoria. O mesmo vale para promotores e procuradores.

O juiz Nicolau dos Santos Neto, conhecido como Juiz Lalau, foi condenado a mais de 26 anos de reclusão, em regime fechado, pelos crimes de peculato, estelionato e corrupção passiva, pelo desvio de R$170 milhões das obras do fórum trabalhista de São Paulo. A sentença ainda o condenou à perda do cargo, sem direito à aposentadoria. O ex-juiz Lalau, que teve seus bens confiscados para ressarcir os prejuízos, cumpriu parte da pena na penitenciária de Tremembé, outra parte em prisão domiciliar e, por fim, foi beneficiado por indulto concedido pela presidente Dilma.

O juiz João Carlos da Rocha Matos, por sua vez, foi condenado a 12 anos de prisão em regime fechado, por formação de quadrilha, denunciação caluniosa e abuso de autoridade, dos quais cumpriu quase 8 anos na cadeia. Depois, foi novamente sentenciado a mais 17 anos de prisão, também em regime fechado, pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-juiz Rocha Matos, que se encontra atualmente preso e cumprindo pena, foi ainda condenado à perda do cargo, sem direito à aposentadoria, e teve mais de R$77 milhões de reais em dinheiro apreendidos e confiscados.

O problema é que são raros os casos em que as penas da corrupção são aplicadas – apenas 3 a cada 100 desses casos são punidos no Brasil. Os exemplos dos ex-juízes Rocha Matos e Nicolau dos Santos Neto são oásis de Justiça no deserto de impunidade da corrupção.

A percepção geral de impunidade que cerca Ministério Público e Judiciário é a mesma percepção quanto à impunidade dos corruptos. Ela decorre da morosidade e das brechas da lei que protegem os réus do colarinho branco. Os juízes e promotores que cometem crimes ou faltas funcionais graves se beneficiam do mesmo sistema processual e recursal caótico e irracional que favorece colarinhos brancos em geral (como foi o caso do procurador de Justiça e ex-senador Demóstenes Torres), o qual convida a defesa a plantar nulidades, adubar com chicana e colher impunidade.

A solução para esse problema é clara. As dez medidas contra a corrupção, rejeitadas pela Câmara dos Deputados nesta semana, oferecem soluções para esse problema, porque propõem tornar mais célere e efetivo o processo de punição. Acabam com os recursos protelatórios, agilizam a solução dos processos, permitem a execução provisória da condenação, reduzem os casos de cancelamento da pena pela prescrição, fecham as brechas para a anulação de casos e facilitam a recuperação do dinheiro público roubado. O pacote anticorrupção se aplica integralmente a juízes e promotores e endurece as penas também para eles.

Além disso, acabar com o foro privilegiado daria mais agilidade às punições de magistrados. Proposta com esse objetivo foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado (PEC 10/2013) e conta com o nosso o apoio e o de todas as associações de magistrados judiciais e do Ministério Público. Contudo, o Congresso resiste em acabar com essa proteção dada também aos parlamentares que são investigados ou réus, inclusive ao presidente do senado, Renan Calheiros.

A PEC 291/2013, que tramita na Câmara e que já foi aprovada no Senado, propõe acabar com a pena disciplinar de aposentadoria compulsória de magistrados e criar a ação civil de perda do cargo (sem direito à remuneração). Aprová-la é outra medida importante e apoiamos que isso aconteça. Não hesitamos em apoiar propostas que cortem a carne apodrecida do corpo do Ministério Público e do Judiciário.

Existe ainda um substitutivo ao projeto de lei de abuso de autoridade de Renan Calheiros, que um grupo de senadores apresentou e que moderniza a lei de abuso de autoridade, pune a carteirada, mas sem criar instrumentos de intimidação e de acovardamento da Justiça. Apoiamos esse projeto.

Agora, o que vários congressistas querem fazer é algo completamente diferente. Com o discurso falacioso de solucionar esse problema, alguns parlamentares propuseram mudanças na Lei de Abuso de Autoridade. O objetivo não é, na verdade, enquadrar juízes que abusam de seu poder. O objetivo é retaliar as investigações, intimidar a Lava Jato, cercear as grandes investigações e ferir de morte a atuação independente do Judiciário e do Ministério Público.

Para manipular a opinião pública, citam o caso do juiz que mandou prender a agente de trânsito que tentava guinchar seu carro. Falam em punir a carteirada. Só que não. A ironia suprema é que tanto o projeto de abuso de autoridade de Renan Calheiros, como a Lei da Intimidação que a Câmara aprovou nesta semana, não punem essa atitude. Não preveem tornar crime a carteirada.

Por outro lado, tais projetos criam crimes com redação sujeita a ampla interpretação – como “proceder de modo incompatível com a dignidade ou o decoro do cargo”- ou que amordaçam promotores e juízes, proibindo-os de conceder entrevistas sobre processos, ou que ameaçam punir juízes e promotores pela interpretação que fizerem da lei ou dos fatos (crime de hermenêutica).

O objetivo, portanto, não é o de coibir o abuso de autoridade, nem o de reduzir a sensação de impunidade. O que querem é intimidar e acovardar o Sistema de Justiça do Brasil. Querem proteger os parlamentares acusados de corrupção que correm risco de ser punidos, fomentando a impunidade, a insegurança, e com isso fornecer blindagem eficiente para corruptos e criminosos em geral. O projeto de abuso de Renan e da Câmara, como dizem os ingleses, “throws the baby out with the bath water” (joga fora o bebê com a água do banho).

O que a Câmara fez na última semana foi aproveitar que os brasileiros dormiam e choravam a tragédia da Chapecoense para, na calada da noite, trucidar as dez medidas contra a corrupção e aprovar a Lei da Intimidação.

Modernizar a lei de abuso de autoridade é uma necessidade. Criar crimes que acovardem o sistema de Justiça é um retrocesso civilizatório. A Lava Jato não é do Ministério Público ou do Judiciário e não temos poderes para defendê-la contra maiorias raivosas no Congresso Nacional. Está nas mãos da sociedade escolher o destino que quer para nosso país.

*Por Helio Telho e Deltan Dallagnol, procuradores da República

A Lava Jato não cabe na velha mídia, por Rodrigo Cássio Oliveira

CULTURA

LAVA JATO.

A Lava Jato não cabe na velha mídia

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Marcelo Consentino

02 Dezembro 2016 | 17h14

Por Rodrigo Cássio Oliveira

Cunha preso. Garotinho preso. Cabral preso. Renan acuado, articulando para aprovar com urgência no Senado as mudanças que a Câmara impôs às dez medidas contra a corrupção. Se aqueles que consideravam a Lava Jato somente uma perseguição partidária contra a esquerda ainda não se convenceram de que o conflito entre os poderes da República é bem mais profundo, fica difícil imaginar que alguma coisa possa convencê-los.

Manifestantes “vintage” apelam à comunicação tribal na era digital (Fonte: JJ)

No entanto, apesar de ruidosa nos meios de esquerda, a aversão ideológica à Lava Jato está longe de representar maioria no Brasil. Em

Documento

PESQUISA FEITA ESTE ANO   PDF

, o Instituto Ipsos mostrou que oito em cada dez brasileiros topam pagar o preço da instabilidade política para que a Operação siga em frente até onde for necessário.

Como explicar, então, que os procuradores em Curitiba tenham ameaçado renunciar se as alterações nas dez medidas passarem no Senado? É claro que essa promessa não exerce pressão direta sobre o Congresso, onde muitos se sentiriam aliviados com qualquer mudança na equipe do Ministério Público Federal. Na verdade, os procuradores estão convocando a sociedade para que ela pressione o Senado.

Não é a primeira vez que a Lava Jato faz uso da sua publicidade para estimular as ações populares. Os agentes públicos envolvidos na Operação – Sérgio Moro à frente – sabem muito bem do lastro social que a Justiça e a Polícia Federal possuem. Esse lastro se baseia em grande parte na espontaneidade das conexões das redes sociais. Na carta aberta de Moro contra a anistia ao Caixa 2 ou nos posts de Deltan Dallagnol no Facebook, a forma e o timing da comunicação do Judiciário e do Ministério Público mostram que a Lava Jato atua sempre com consciência de sua visibilidade.

Para horror de quem acha que Guy Debord teria alguma coisa a ver com a esquerda brasileira atual, este caráter “espetacular” da Lava Jato é, antes de tudo, inevitável. Qualquer aplicação incisiva da lei contra a histórica corrupção brasileira, no presente, teria diante de si o desafio de lidar com a intensa volatilidade da opinião pública nas novas mídias. Assim, entre os acertos e erros das suas estratégias de vinculação com o público, a Operação tem conseguido impactar as decisões políticas muito mais do que as velhas táticas dos partidos e movimentos sociais.

O fato é que a Lava Jato não cabe na velha mídia. A parte mais importante da sua reverberação na sociedade passa pela força extraordinária das imagens que ela produz. Enquanto o vídeo de Garotinho esperneando em uma maca despertava sentimentos contraditórios em uma sociedade que não tem o costume de ver gente poderosa e corrupta sofrendo, a Lava Jato nos forçava, mais uma vez, a confrontar o limite das nossas convicções republicanas. A mesma coisa ocorreu quando Lula foi conduzido coercitivamente para um depoimento em março. Enquanto Marcelo Calero se rebelava contra Temer, gravando suas conversas ao telefone, ele certamente se lembrou da divulgação, por Sérgio Moro, da conversa entre Dilma e Lula. O alcance restrito da sua rebeldia nos lembra que a visibilidade, por si só, não é um valor. Mesmo assim, o ministro Calero, até então atacado como “golpista”, criou mais dificuldades para Temer do que todas as escolas e universidades “ocupadas” pela esquerda “assembleísta” e arcaica que domina o meio cultural brasileiro.

Em certo sentido, a Lava Jato tem alguma afinidade com outros fenômenos contemporâneos da comunicação em rede. Assim como no vazamento de informações da inteligência americana por Snowden, ou na militância de Assange com a Wikileaks, ela força a opinião pública a se posicionar sobre o que é tornado visível. Mas é claro que a sua eficácia vem de motivos distintos. Em meio a tantos estímulos que se tornaram banais na mídia, as imagens geradas pela Lava Jato trazem de novo a ideia de um conteúdo inédito e impactante. O registro cotidiano da violência já não impressiona ninguém. Já Sérgio Cabral sendo recebido com festa no presídio de Bangu é uma imagem inesperada e muito provocante.

Os políticos não estão imunes à mobilização que tais imagens produzem, e é isso que explica a estratégica declaração dos procuradores da República. Parece infantilidade, mas é somente a política em tempos de hiperestímulo. Motivar uma manifestação popular contra o Senado condiz com o princípio de que o Congresso deve responder à sociedade. O recado dos procuradores é que a justiça tem o seu papel e procura cumpri-lo; os cidadãos também têm o seu; os deputados e senadores, idem.

Quem acusa a Lava Jato de ser muito midiática sequer começou a perceber as condições novas que as redes criaram. Enquanto o militante de esquerda pergunta “onde estão agora” os paneleiros e as camisas da CBF, as panelas já voltam a ser ouvidas e manifestações contra a corrupção são organizadas pelas redes sociais. Os resultados são imprevisíveis, porque a imprevisibilidade é justamente o fator mais distintivo de uma cultura da conexão em rede. As estratégias políticas dos procuradores da Lava Jato são tão falíveis como quaisquer outras; mas eles não podem deixar de fazer política. Nesse contexto, acreditar que a ideologia explicaria melhor os acontecimentos da luta contra a corrupção no Brasil dos últimos anos é uma teimosia.

É bastante duvidoso que a Lava Jato esteja mesmo no começo do seu fim, como disse Dallagnol na coletiva de quarta-feira. Isso seria lamentável para todos nós. No entanto, mesmo que a Lava Jato viesse a perder força, é ainda mais duvidoso que as condições sociais que lhe deram origem possam ser revertidas.

Rodrigo Cássio Oliveira é Doutor em Filosofia e Professor Adjunto da Universidade Federal de Goiás (www.rodrigocassio.com)

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Prisão do Garotinho - Nêumane

JOSÉ NÊUMANNE PINTO

O Rio de Janeiro contina sendo… e o Brasil também

Ministra do TSE leal a Dilma consagra jurisprudência piada do direito de espernear

11

José Nêumanne

21 Novembro 2016 | 18h59

Garotinho exerce direito de espernear, garantido por ministra do TSE

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral começou na política como deputado estadual, implacável perseguidor de corruptos e corruptores. Perseguido pelos desiludidos de 2013, que invadiram a calçada de seu refúgio no Leblon, renunciou em 2014, não se candidatou a nenhum mandato público e terminou perdendo sua prerrogativa de foro. Alcançado pelos afiadas garras da Lava Jato, foi preso sob a acusação de ter surrupiado dos cofres públicos R$ 224 milhões. Uma fortuna, hein?

Os investigadores da Operação Calicute, cidade da Índia onde outro Cabral, Pedro Álvares, descobridor do Brasil, conheceu a derrota e teve iniciada a decadência, acreditam que ele operou um “banco paralelo” à sombra de uma empresa transportadora de valores para receber, guardar e distribuir dinheiro vivo para a mulher, Adriana Ancelmo, e a mãe, Magali. E mais uma penca de gatunos amestrados, todos mimoseados com joias, cargos públicos e porcentagens em obras contratadas pelo Estado e outras benesses. Descoberto, localizado e preso, foi fichado e trancafiado numa cela em Bangu. Ainda assim, goza de privilégio inestimável: seus cinco companheiros de cela não são bandidos comuns, que poderiam machucá-lo, mas cúmplices de suas aventuras folgazãs e de suas atuais desventuras.

A forma como lavou dinheiro sujo se assemelha ao dito Departamento de Operações Estruturadas de sua parceira Odebrecht, um sofisticado data center na Suíça. E também reproduz a tecnologia de entesouramento e investimento de uma prática ancestral no Estado que governou. Os bicheiros de antigamente, praticantes do “vale o escrito”, também driblavam os controles fiscais, abrigados sob a definição penal da contravenção, ou seja, quase crime. E frequentavam a fina flor da high society carioca nos melhores salões e, sobretudo, no Sambódromo, dirigindo escolas de samba, coloridas e cultuadas lavanderias de valores. Agora como dantes no quartel de Abrantes, apontadores da loteria popular de Saenz Peña, nome de praça na cidade ex-Maravilhosa, continuam entregando o “prêmio do delegado” e convivendo com crocodilos em piscinas. O furto político era até pouco menos arriscado, mas deixou de ser.

Anthony Garotinho, ex-governador lançado na política pelo socialista moreno Leonel Brizola e guia de Cabral em sua ascensão aos cargos de mando no Estado mais charmoso do País, foi pilhado em delito mais antigo do que os pontos de bicho e as bocas de fumo de antanho. Comprar votos foi a forma que a elite dirigente nacional encontrou para compensar a extinção da eleição de bico de pena da Primeira República dos coronéis da guarda nacional. Ao soba de Campos dos Goytacazes repugna a mania de ostentação de seu antigo discípulo. Distribuindo “chequinhos” a necessitados, garantiu a permanência do clã na prefeitura municipal local, a eleição de 11 vereadores e o ingresso de Clarissa, amada filhota dele e da prefeita Rosinha, na Câmara dos Deputados. Obediente ao conselho paterno de ajudar a ex-presidente Dilma Rousseff a ficar no cargo máximo, ela alegou resguardo de maternidade recente para não votar pela abertura do processo de impeachment da madama pela Câmara e seu envio ao Senado. A filha obediente pagou pelo desrespeito ao fechamento de questão do PR, legenda pela qual se elegeu, não sendo expulsa pela ausência, que valeu como voto contra o impeachment da deposta, vulgo Janete, mas, sim, porque ela voltou a contrariar o PR de Waldemar Costa Neto votando contra a PEC do teto dos gastos públicos. A vida, decerto, não lhe ensinou que só se pode gastar o que se ganha.

Como na República de Pilatos dos velhos tempos, “uma mão lava a outra” e a mesma água de enxaguar propinas evitou a sofrência de “meu pai não é bandido”, por ela berrado à porta do Hospital Souza Aguiar, no complexo presidiário povoado por feras enlouquecidas de vingança. Afinal, quando Rosinha foi governadora, ele não chegou a ser secretário de Segurança Pública? Como aquele agente funerário que foi chamado para maquiar o filho de dom Corleone no Poderoso Chefão, haveria alguém a quem pedir socorro. Ocorreu-lhe, então, instruir seus advogados Jonas Lopes de Carvalho Neto e Fernando Fernandes a procurarem a mais jovem ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a qual já mantivera contato, Luciana Lóssio. Nomeada pela presidenta afinal deposta, ela poderia evitar humilhação similar à do ex-afilhado e ora desafeto Cabral. As fotos tiradas à entrada deste no presídio para a ficha criminal foram exibidas nos meios de comunicação com estardalhaço idêntico ao dispensado àqueles flagrantes da festa dos guardanapos na cabeça em restaurante de alto luxo em Paris, que Garotinho divulgou em seu blog.

A pressurosa ministra não permitiu que o pai da compreensiva parlamentar passasse sequer uma noite na companhia cruel de antigos desafetos, mais perigosos do que os cinco grã-finos e o colega ex-governador. Dra. Lóssio fora antes advogada de Roseana Sarney, quando esta, derrotada nas urnas pelo adversário Jackson Lago, retomou o posto de governadora do Maranhão, direito do clã inaugurado pelo pai ainda no tempo em que a lei eleitoral dava ao vencido na eleição o cargo que o adversário o houvesse derrotado de maneira ilícita.

Militante petista investida em mandato inviolável, a caridosa magistrada pouco se importou com a divulgação das instruções do réu em questão a seus causídicos, como divulgada fora simultaneamente a investigação aberta pelo Ministério Público Eleitoral sobre denúncia de tentativa de suborno do juiz pelo acusado. O cargo da jovem senhora é vitalício e conta com a proteção automática dos pares. O nobre colegiado apressou-se a soltar uma nota garantindo que todos os seus ministros têm “idoneidade moral” e que as decisões refletem “profundo embasamento teórico”, antes mesmo que qualquer desavisado duvidasse publicamente desses atributos.

Antes de ser solto pela decisão da misericordiosa ministra amiga, o ex-governador protagonizou esperneio registrado por câmeras, ao som da gritaria histérica da mulher e da filha captada por microfones dos meios de comunicação. Piedosos garantistas de quatro costados reclamaram da humilhação imposta ao insigne acusado. Esqueceram-se de que o episódio motivou decisão histórica da jurisconsulta Lóssio. Graças a sua canetada, a piada do “jus sperniandi” (em latim vulgar, direito de espernear) tornou-se jurisprudência na Justiça Eleitoral tupiniquim.

A cena inusitada, a decisão piedosa e o flagrante pornográfico do investimento imobiliário do secretário de governo de Temer (ex-vice da presidenta deposta), ferindo o decoro da paisagem de Salvador, sob a omissão licenciosa do temeroso chefão, ampliam o alcance de constatação de Gilberto Gil. Este outro baiano cantou: “O Rio de Janeiro continua sendo”.

Pelo visto, o Brasil também reproduz a constatação final de George Orwell em A Revolução dos Bichos: “Todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais do que os outros”. Quem quer um exemplo? A Comissão de Ética Pública da Presidência começou a votar a decidisão se abrirá, ou não, inquérito contra Geddel Vieira Lima, o excelentíssimo padroeiro do espigão: cinco dos sete votos foram a favor e o sexto, José Saraiva, pediu vista para impedir o vexame. Ganhará um docinho de caju de dona Carminha Dantas quem adivinhar quem o indicou para a oportuna sinecura. Pois foi mesmo o fiel escudeiro de Temer – um que é apelidado de Boca de Jacaré nas proximidades da Terreiro de Jesus. Deus nos acolha e guarde, irmãos sem opa, abandonados neste bordel em cuja parede um quadro de Cristo a tudo assiste e nada fala nem faz para impor a ordem.

*Jornalista, poeta e escritor

11 Comentários

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HELIO FROTA 13 horas atrás

Temer segue o mesmo caminho de sua predecessora...

Aparentemente sua derrocada será mais breve e sumária do que se espera.

Pois desde que assumiu, parece, trabalhar arduamente para tal...

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CESAR M. 21 horas atrás

Este texto é sobre um fato ocorrido na Venezuela? Estamos ridículos. Perdeu se o bom senso.

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DANIEL FREITAS MORAES 23 horas atrás

Terra brasilis....Onde certo é o errado e o errado, o certo...

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ABREU PALMA CLAUDIO 23 horas atrás

O maior problema é juiz proteger ladrão,, como disse o caipira tamô na roça!!!

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CARLOS DELPHIM NOGUEIRA DA GAMA NETO 2 dias atrás

Uma crônica, para ninguém sério botar qualquer reparo.

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JOSÉ NÊUMANNE PINTO

A testemunha ostentação

Cabral negou tudo à PF, mas exibição de luxo e riqueza termina depondo contra ele

11

José Nêumanne

22 Novembro 2016 | 12h35

Cabral e patota adoravam festas caras

Sérgio Cabral se disse indignado e negou todas as acusações que lhe estão sendo feitas na Operação Calicute, que investiga o uso de R$ 224 milhões em propinas pagas por empreiteiras a um esquema do qual ele é acusado de ser o chefão. Este é um direito que lhe é assegurado no Estado Democrático de Direito, o de não produzir provas contra si mesmo. A principal testemunha contra ele, contudo, além dos delatores premiados, é a ostentação com que ele, a mulher e seus parceiros dissiparam essa dinheirama toda em ostentação. A simples exibição de suas propriedades e seus gastos pessoais sem explicações razoáveis o torna um companheiro inevitável de desventura de seu padrinho Lula.

(Comentário no Estadão no Ar 2 da Rádio Estadão – FM 92,9 – na terça-feira 22 de novembro de 2016, às 9h10m)

Para ouvir clique aqui e, aberto o site da emissora, 2 vezes no play sob o anúncio em azul

 

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11 Comentários

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HELIO RIBEIRO 1 hora atrás

Devagar com o andor, que o santo é de barro. Tudo o que se vê do Cabral, na verdade é emprestado de amigos. Ele nada tem.

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Imigrante ilegal, de Mário Vitor Rodrigues


Como é ser imigrante “ilegal”? Texto de Mario Vitor Rodrigues

gustavochacra

22 Novembro 2016 | 16h07

Há cerca de 11 milhões de imigrantes sem documentos nos Estados Unidos, incluindo centenas de milhares de brasileiros. A imensa maioria deles veio para cá em busca de uma vida melhor. Lógico, pretendiam vir legalmente, mas isso é quase impossível (vá ao consulado dos EUA hoje e diga que pretende imigrar “legalmente” aos EUA e faça o teste). Donald Trump, na campanha, disse que deportaria todos eles. Como presidente, afirma que deportará 3 milhões. É uma postura totalmente diferente da de outro republicano, Ronald Reagan, que anistiou os imigrantes sem documentos. Afinal, a economia americana precisa deles. E são seres humanos como a gente. O escritor Mario Vitor Rodrigues trabalhou por um período como imigrante em Nova York. Abaixo, ele fez uma crônica de como foi a experiência. Talvez ajude a entender melhor a vida dos imigrantes nos EUA

   Muita calma nessa hora

Logo de início, jamais alimentei dúvidas sobre a origem do sujeito. A tez clara, quiçá tão clara quanto a minha, era insuficiente para despistar seus olhos rasgados e o cabelo bem liso. Tampouco o bigode fino. Chamava-se Hector e não era difícil encontrá-lo dentro de qualquer ônibus na Astoria Boulevard, caso este seguisse em direção aos confins de Jackson Heights.

Sei do que estou falando, trabalhei ao seu lado durante quase todo o ano de 1997, em uma churrascaria vizinha ao Complexo de Flushing, no Queens.

Antes de conseguir uma posição de ajudante de garçom na Green Field Steakhouse, cheguei a fazer um pouco de tudo no salão de um grande restaurante italiano, oito mesas em Tribeca. Conclui à época que, dependendo da função e do horário, o ritmo dos funcionários em um restaurante pequeno poderia beirar o entediante. Eu era feliz e não sabia.

Na churrascaria, propagandeada como brasileira, embora fosse propriedade de coreanos, o salão era enorme, vazio, e em horário de pico parecia infinito. Quanto ao almoço de domingo, prefiro não entrar em detalhes.

Como ajudantes, nossa tarefa consistia em preparar as mesas, servir uma cesta de pães, repor as jarras d’água e auxiliar o garçom da seção no que ele precisasse. Por isso, assumíamos nossas funções antes de a casa abrir, dobrando um por um precisamente quinhentos guardanapos de cor lilás. O ato em si não era muito complicado, de início parecia divertido, mas, devo admitir, até hoje sou incapaz de entrar em um restaurante sem reparar nos mínimos detalhes.

Ao final da jornada, como podem imaginar, exaustos e besuntados de gordura, uns aos outros nos acotovelávamos para a única refeição do dia. Não que deixássemos de beliscar durante o serviço corações de galinha, linguiças e pedaços de cupim intocados e prestes a serem descartados. Com sorte até um naco de alcatra. Mas a refeição completa e o clima de camaradagem, na prática o único momento do dia em que podíamos trocar algumas palavras sem a pressão do batente, esta era sagrada.

Lembro-me de Hector com nitidez porque foi o único minimamente próximo durante toda a minha temporada como ajudante de garçom. E pelas incontáveis vezes em que, sem ganhar nada com isso, me salvou de umas boas trapalhadas.

Lembro-me dele também pelo tom que permeia o debate sobre os imigrantes mundo afora. Especificamente no caso dos EUA, o discurso ganha contornos ainda mais graves, de um revisionismo capaz de colocar em xeque a própria identidade americana.

Ainda não é possível cravar como serão conduzidas as políticas de imigração sob a batuta de Donald Trump. Espero, sinceramente, que muitos de seus arroubos durante a campanha não tenham passado disso, de bravatas engendradas por um candidato sem escrúpulos quando se trata de uma eleição. Exatamente como umas por aí que fizeram o diabo e não terminaram bem.

Mas a verdade é que o estrago já está feito.

Digo, ao instaurar e manipular o medo do diferente por lá, ora falando em terrorismo, ora usando a cartada do desemprego, inadvertidamente Trump conseguiu fazer um strike por aqui. Incendiou um sentimento antiesquerda, em defesa das minorias, que, de tão ferrenho, extrapolou nossas fronteiras.

Se compreendo tal ânsia? Muito. E não só compreendo como também me identifico com ela. Não suporto mais ouvir a retórica populista que só serviu para entorpecer e em seguida assaltar o brasileiro. Trata-se de uma conversa mole, aliás, que ainda levará muito tempo para ser esgarçada pela nossa sociedade.

Dito isto, não há trauma que justifique falta de humanidade ou embace nosso próprio reflexo.

De fato, Trump pode até sacudir a questão imigratória. E seria no mínimo curioso imaginar um país como os Estados Unidos sem o trabalho ilegal, milhões de americanos puros assumindo o lugar de Hector. Mas deveríamos, acima de tudo, nutrir compaixão por aqueles que apenas tentam sobreviver em uma sociedade estranha, avessa a sua presença, para tentar proporcionar aos seus uma vida impossível em seu país de origem.

No fim das contas, se o revanchismo é compreensível, o rancor pela própria imagem é inaceitável.

 

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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

REINALDO AZEVEDO - Calma, que o “laranja” pode ser doce

Nota do blogueiro: 
Também acho que uma coisa é o Trump candidato e outra, bem diferente, é o cara que terá a responsabilidade de tocar a presidência do maior país do mundo. 

O grande derrotado das eleições foi o establishment norte-americano. Diga-se de passagem que a grande mídia se engajou diretamente na campanha contra Trump. 

Sorry, friends, mas os vencedores dessa eleição são os insatisfeitos com os rumos impostos pela esquerda. 

É o mesmíssimo fenômeno do Brexit, que a imprensa vem rotulando, muito erradamente, como extrema direita. 


Calma, que o “laranja” pode ser doce… Trump já começou a se desmentir no discurso da vitória

Sabem o que vai acontecer de formidável? Nada! Os primeiros a se decepcionar com o presidente eleito dos EUA serão seus eleitores

Por: Reinaldo Azevedo  09/11/2016 às 16:13

Donald Trump é o presidente eleito dos EUA. E agora? Agora é acatar o resultado e esperar para ver o falcão virar uma pomba.

Os primeiros a se decepcionar com ele serão seus eleitores mais radicais, aqueles que realmente querem que ele levante um muro na divisa com o México, que esperam ver uma fila de imigrantes deixando o país, que apostam que ele sairá por aí, como um bedel, a punir países que “roubam” os empregos americanos, que acham que os EUA podem se isolar do resto do mundo, dar uma banana para as zonas de conflito do planeta, cuidando só de suas próprias fronteiras.

Bem, nada disso vai acontecer.

A razão é simples. Trump não pode demitir quase metade dos EUA. 

Os interesses americanos são grandes e complexos demais para se submeter à bizarrice do candidato. O presidente que vai governar o país será outro.

Isso já se revelou no discurso da vitória. Em nenhum momento se viu aquele senhor ponderado, inclusivo, compreensivo, falando na “união da América”. Fosse este a disputar a eleição, o mundo certamente estaria menos chocado hoje. Ocorre que, fosse este a disputar a eleição, talvez não tivesse vencido.

Assim, não é o caso de antever o Apocalipse. Tampouco de demonizar a democracia porque, afinal, venceu o candidato que não era dos nossos sonhos. Ou de achar que a América está doente.

Há razões para preocupação? Há, sim, e os mercados mundo afora estão pondo preço na incerteza. Até para acalmar o ambiente de negócios — afinal, Trump é um negociante —, ele vai ter de começar a se desmentir antes mesmo de tomar posse.

Isso quer dizer que a vitória é irrelevante? Bem, certamente não!

Torci, sim, e não consta que tenha sido voz isolada, não pela vitória de Hillary, mas pela derrota de Trump. Não reconheço nele as virtudes de um bom conservador. Escrevi aqui na segunda-feira e reafirmo:

“As democracias, na era das afirmações identitárias, caminham para uma fase de radicalização de posições. Isso não vai acabar tão cedo. O movimento teve início, como se sabe, à esquerda. A direita mais brucutu comprou a fraude moral. O discurso liberal (refiro-me ao liberalismo econômico, não à esquerda americana) é quem mais sofre nessas horas. Mas é o único capaz de dar uma resposta civilizada aos desafios que estão postos: conviver com o identitarismo sem agredir os direitos universais.”

Aposto: Trump não fará nada de formidável, de sensacional, de fora de série — a exemplo, diga-se, de Barack Obama. O maior prejuízo que pode advir de sua eleição se projeta, acho, no médio e no longo prazos. Uma eventual derrota na eleição certamente empurraria o Partido Republicano para posições mais moderadas; é claro que, agora, vai se dar o contrário. As vozes centristas serão desautorizadas.

Quem ganha com esse resultado é a cultura da intolerância — e de ambos os lados. Não se enganem: também as chamadas “minorias” organizadas caminharão para uma radicalização de posições. 

Nessas horas, o bom senso costuma ser esmagado pelos simplismos.

Mas também não é nada que a democracia não possa enfrentar.
Cumpre, arrematando, tomar distância das visões apocalípticas, como as que sugerem que há uma espécie de horda de fascistas tomando conta do mundo, como se houvesse um espírito do tempo que define esferas de comportamento e de sensações em todo canto da Terra, empurrando-a para a direita autoritária. Isso, sim, me parece uma grande bobagem.

Prefiro uma abordagem mais objetiva: governos têm hoje recursos escassos para as demandas que são apresentadas ao Estado. E aqueles que pagam a conta, mundo afora, isto sim, dão claros sinais de inconformismo.

Não há nenhum monstro maligno sendo gerado nas entranhas no planeta.

Noblat - Trump, o triunfo da força de vontade

Nota do Blogueiro:

Trump não tem compromissos com ninguém, nem com seu partido. Nenhum órgão o apoiou, todos apostaram em sua derrota. O ridicularizaram e ele sofreu ataques bem injustos de muita gente.

Torci para que ele perdesse, mas admiro a sua força de vontade. Eu o considero um boquirroto fanfarrão, mas ele não é burro. Não mesmo. Não se chega onde ele chegou sendo estúpido. 

Aposto que o Trump candidato será bem diferente do Trump presidente. Aquela cadeira na sala oval da Casa Branca é carregada de responsabilidade. 


Trump, o triunfo da força de vontade

Ricardo Noblat
Que presidente dos Estados Unidos será Donald Trump depois da vitória que deixou o mundo em estado de choque e que ainda levará muito tempo para ser assimilada?
O Trump da campanha foi o que conhecemos: um hábil manipulador de emoções, capaz de mentir sem franzir o cenho, de mexer com os instintos mais primitivos dos eleitores, e de prometer o irrealizável.
O Trump que se apresentou há pouco para agradecer aos que o elegeram foi diferente do que venceu: elogiou a adversária, falou em cicatrizar feridas e disse que governará para todos os americanos.
Entre o candidato que espumava raiva e descontrole e o presidente eleito conciliador e sóbrio, poderá estar o Trump que presidirá os Estados Unidos pelos próximos quatro anos.
É de se desejar que esteja, embora ninguém possa garantir que assim será. Seu discurso de vitória foi uma bobagem. Não conteve uma única frase marcante. Muito menos uma ideia original.
Fora platitudes, deixou a impressão de que o próprio Trump parecia surpreendido com o resultado da eleição. Tão surpreendido como o mundo, os institutos de pesquisas e a mídia americana.
A vitória de Trump é só dele e dos que acreditaram em sua palavra. Trump derrotou o “establishment”, a “intelligence”, o mundo pop e quem mais preferiu se alinhar com Hillary Clinton.
Se faltou entusiasmo entre os que o assistiram discursar foi porque ali não estava uma amostra da grande maioria silenciosa responsável por sua eleição. Essa maioria dorme cedo e acorda cedo.
O triunfo de Trump devolve o poder nos Estados Unidos a um populista. Populistas à esquerda ou à direita foram os presidentes Theodore Roosevelt e Franklin Roosevelt (Franklin), por exemplo.
Sem falar de candidatos a presidente que não venceram, mas que com o seu populismo influenciaram fortemente os destinos do país. O confronto entre povo e elite jamais desapareceu em parte alguma.
Nas recentes eleições municipais por aqui, não foram poucos os candidatos como Trump que vestiram a fantasia do não político para investir contra aqueles identificados com a política tradicional.
O mundo passou a girar mais velozmente à direita, e Trump é apenas mais um resultado desse movimento. O maior resultado até aqui.

domingo, 16 de outubro de 2016

O mundo paralelo dos políticos - Merval Pereira

O mundo paralelo dos políticos

POR MERVAL PEREIRA

16/10/2016 08:23

A volta ao debate da lista fechada para escolha dos candidatos partidários à Câmara, no bojo de uma provável reforma política que vai entrar na pauta do Senado esta semana, é mais uma demonstração de que nossa classe política vive em um mundo paralelo, que não se conecta com o sentimento dos eleitores.
        O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, começou a defender  a tese, que anteriormente era do PT, usando o mesmo argumento falacioso: sem financiamento privado, somente a lista fechada viabiliza uma campanha eleitoral bancada pelo dinheiro público.
        Na verdade, existem razões por baixo dos panos para que a tese volte à mesa de negociações. A adoção de lista fechada mudaria o sistema eleitoral brasileiro e daria argumentos jurídicos aos que buscam uma anistia para os políticos que foram financiados pelo caixa 2 ilegal no regime anterior. 
        São argumentos contestáveis, frágeis, pois os crimes cometidos não desaparecem, embora desapareça o tipo penal, já que os partidos passarão a ser os responsáveis pela escolha dos deputados. Fora isso, é espantoso que no momento em que se vive, no Brasil e no mundo, uma crise de representatividade, com os partidos políticos não sendo mais reconhecidos como um canal eficaz entre a sociedade e o governo, se volte a falar em fortalecer as organizações partidárias, dando às suas burocracias, e não ao eleitor, a capacidade de escolher quem atuará na Câmara.
        A reforma política sairá do Senado com a definição de dois pontos fundamentais: o fim das coligações nas eleições proporcionais, e a instituição da cláusula de desempenho, que obriga uma votação nacional mínima para que o partido tenha representação no Congresso.
        O presidente do Senado, Renan Calheiros, prometeu a uma delegação de deputados que deixará para a Câmara a definição de como os deputados serão escolhidos, entendendo que os senadores não podem definir o sistema eleitoral proporcional. O PT, quando detinha a maioria na Câmara, bateu-se pela lista fechada, assim como hoje o presidente da Câmara Rodrigo Maia, em nome da nova maioria, usa os mesmos argumentos para defender o que contestou anteriormente, quando era da minoria parlamentar.
        O que só prova que esse sistema é uma tentativa de retirar a palavra final do eleitor, dando poder à burocracia partidária. Seria preciso primeiro que os partidos se reorganizassem à base de programas e projetos, para depois pensar-se num sistema que, fortalecendo os partidos, reforçará seus atuais defeitos, já identificados pelo eleitorado.
        Rodrigo Maia cita o fato de que houve uma grande massa de abstenções, votos brancos e nulos nas recentes eleições municipais para dizer que nossos sistema político-partidário está falido e precisa ser revisto. Tem razão na análise, mas não na solução que propõe. O que é preciso é rever o esquema de financiamento de campanhas eleitorais, pois na democracia a eleição custa caro.
        Mas uma nova legislação, que pode acatar o financiamento privado desde que controlado rigidamente e com limitações, não deve necessariamente permanecer com a proibição do financiamento privado definida pelo Supremo Tribunal Federal.
        A decisão radical foi necessária diante dos abusos e do quadro de corrupção disseminada que está sendo revalado pela Operação Lava Jato. As eleições municipais de agora demonstraram que é possível fazer uma campanha mais barata, mas evidenciaram também alguns problemas, como o tempo muito curto das campanhas, que dificultou o conhecimento dos candidatos pelo eleitor.
         Com a redução dos números de partidos, que deve ser aprovada até mesmo pela falta de dinheiro para que o fundo partidário financie tantos partidos que vão surgindo sem controle, poderemos pensar mais adiante em um modelo político-eleitoral que conecte o eleitor aos partidos, como o voto distrital.
         Mas o começo da mudança não pode ser o fortalecimento da burocracia dos partidos políticos atuais, que já não são representantes acreditados pelo eleitor. Eles precisarão primeiro mudar seu comportamento para depois se candidatarem à confiança do cidadão. Ou podem também ser mudados pela punição da Justiça pela corrupção de que participaram sem pudor nos últimos anos. 

Ceticismo - José Padilha

POLÍTICA

Ceticismo

Políticos que dizem dispor de modelo teórico ou ideológico capaz de balizar políticas de sucesso garantido estão mentindo ou equivocados

16/10/2016 - 16h12

José Padilha, O Globo

Sou cético acerca das ciências sociais. Simplesmente não acredito que seja possível a formulação de uma estrutura teórica (marxista, keynesiana, hayekiana, ou seja lá qual for a sua preferência pessoal) capaz de explicar, mesmo que de forma rudimentar, os processos econômicos, quiçá os processos sociais em geral.

Os sistemas sociais, além de muito complexos, não são fechados (interagem com outros sistemas) e são caóticos (pequenas variações nas condições iniciais podem causar grandes diferenças no resultado final).

Além disso, as ciências sociais não dispõem de modelos teóricos que incorporem, ao mesmo tempo, variáveis políticas, econômicas, tecnológicas, geográficas, climáticas e culturais. E é óbvio que qualquer dessas variáveis pode alterar drasticamente a evolução de uma sociedade. Os processos sociais são, pura e simplesmente, complexos demais para serem modelados.

Logo, qualquer político que afirme dispor de algum modelo teórico ou ideológico capaz de balizar políticas sociais e econômicas de sucesso garantido, sobretudo no longo prazo, ou está mentindo ou está seriamente equivocado. Tome o exemplo das empresas estatais.

É verdade que as empresas estatais tendem a ser ineficientes e que estão sujeitas ao achaque de maus governantes (caso da Petrobras e da Eletrobras), mas isso não significa que não existam contextos em que as empresas estatais sejam benéficas ou mesmo necessárias para o desenvolvimento de um país.

Às vezes, o setor privado de um país não dispõe de recursos para investir em infraestrutura e energia, e a formação de uma empresa estatal é a única forma viável de resolver o problema. Por outro lado, a privatização de empresas estatais ineficientes e caras pode impulsionar o desenvolvimento de um país. A História está plena de exemplos nos dois sentidos. Chavões do tipo “temos que privatizar” ou “temos que estatizar” são exemplos de arrogância intelectual injustificada ou sintomas de fanatismo.

A verdade é que todos os grandes dogmas da esquerda e da direita são mitos. Afirmações do tipo “só os empreendedores capitalistas irão inovar” são balela. A internet, por exemplo, não foi inventada por empresas privadas buscando o lucro. Foi inventada por cientistas e professores universitários trabalhando para o setor público. E a Nasa, que inovou bastante, é uma agência do governo americano.

Por sua vez, a ideia de que “o Estado tem que redistribuir riquezas para compensar os defeitos do sistema capitalista” sequer faz sentido. A que sistema capitalista essa ideia se refere? Se a todos, trata-se de uma ideia equivocada, posto que o sistema capitalista americano dos anos 50 e 60, por exemplo, gerou crescimento com distribuição de riquezas.

A realidade é bem mais complexa do que parece à primeira vista. O máximo que um administrador público pode fazer é estar consciente da falibilidade das teorias sociais em geral, avaliar sem apego ideológico os modelos teóricos e as políticas públicas que tiveram melhor resultado na História recente de sociedades parecidas com a sua, e aplicá-los tentativamente, sempre monitorando os resultados e reavaliando os rumos.

Sabendo que penso assim, o leitor pode imaginar o quão estupefato fico face ao atual debate político brasileiro. Os nossos formadores de opinião, quase todos socialistas ou neoliberais convictos, travam um debate estúpido a partir de posições ideológicas dicotômicas que, acreditam eles, explicam o Brasil e o mundo.

Como se a esquerda e a direita radicais exaurissem todas as possíveis formulações teóricas das ciências sociais. Apenas para dar um exemplo: se você acha que a teoria dos jogos é um bom ponto de partida para modelar um dado processo social e emite opiniões a partir dela, as suas opiniões são de esquerda ou de direita? Pois é, nem todas as ideias são reduzíveis às ideologias dominantes...

Do ponto de vista socrático, de quem busca conhecer a própria ignorância, o debate político no Brasil se transformou em um festival inacreditável de besteiras gritadas em tom grandiloquente. O Brasil não precisa de neoliberais ou de socialistas simplórios, polarizados e convictos; o Brasil precisa de uma liderança racional e honesta.

Infelizmente, não vejo ninguém assim no horizonte. Sem exceção, não vi um único candidato a prefeito razoável nestas eleições. Uma lástima. Estou tão cético quanto o Brasil quanto sou cético acerca das ciências sociais.

José Padilha é cineasta

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Ah, vascalhau

Vascão periga ser o vice-campeão da segundona. Ah, mas é tudo culpa do juiz. Ô time perseguido, esse Vasco!!! 

Não vi o jogo de ontem, mas, conforme as queixas de sempre, o Vascalhau deve ter jogado muito. Decerto sufocou o Payssandu, meteu uns dez gols legítimos, que foram todos anulados pelo juiz ladrão. Cansou de botar bolas na trave e houve umas vinte defesas milagrosas do goleiro adversário. Os gols que o Vasco sofreu foram todos roubados, em impedimentos escandalosos. E os pênaltis não marcados pelo ladrão de apito? Dezenas deles! Todos eles claríssimos. A zaga do time de Belém parecia jogar basquete, tantas vezes colocava a mão na bola!  

A sensação dos vascalhaus é que há um complô do universo contra o anão da colina. É muito azar, só isso explica!. 

Diante disso, eu entendo o ressentimento dos vascaínos contra o Flamengo. O discurso oficial de São Januário é que o Mengão é beneficiado pela CBF, pela Globo, pela arbitragem, pela sorte ...  

Sabem o que acho? Penso que os vascalhaus teriam um desgosto profundo se faltasse um Flamengo no mundo

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Quem escreveu a bíblia

http://super.abril.com.br/historia/quem-escreveu-a-biblia?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=twitter&utm_campaign=redesabril_super

domingo, 2 de outubro de 2016

Abre o olho, Folha

Quem lê a Folha de São Paulo pode até ficar zangado ou indignado, mas jamais surpreendido. Seu conteúdo segue o que a imagem da propaganda indica.

A Folha é escrita para leitores jovens, descabelados, ecologicamente e politicamente corretos, que andam de paletó e calça jeans elegantemente rasgadas, em suas bicicletas bacanas pels ruas paulistanas.

O jornal criou o estereótipo de uma multidão de publicitários recém formados enchendo o centro de São Paulo. Sonhou a imagem e acredita no sonho.

Daí, a Folha defende a diversidade sexual, o aborto, os black blocks, a partidarização do ensino, a Cracolândia, o desarmamento, a bondade dos criminosos e, acima de tudo, o PT.

A Folha gritou "não vai ter golpe" e agora grita "fora, Temer".

Ah, a Folha ama o PT de verdade, de paixão operária e sindical, e escreve para quem ela acredita que seja o seu leitor mais importante: aquele jovem antenado, descolado, defensor da Justiça Social e formador de  opinião.

Nos anos de Lula e Dilma, a Folha bombou pela estrada rumo pote de ouro no fim do arco íris.

Só que havia uma pedra no caminho. O PT roubou, mas roubou muuuuito. Pior, os petistas foram pegos e não deu para disfarçar. Todo mundo viu que o ouro do arco íris foi para o partido da estrelinha.

Hoje teve eleição e o PT foi derrotado. Mais do que derrotado, dizimado, nocauteado. Tipo Maguila contra Holyfield. Dificilmente, o lutador de vermelho se levantará antes do fim da contagem.

Agora, vem a pergunta: será que existe mesmo uma multidão de jovens descabelados, de paletó e calça jeans rasgada enchendo o centro nervoso de São Paulo com suas bicicletas descoladas?

Parece que a Folha terá mesmo que acordar do seu lindo sonho e cair na real.

E é bom abrir logo o olho, pois tá ficando tarde.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Denel

http://www.janes.com/article/search?query=Denel

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Exército aposta no M-60A3TTS

http://www.defesanet.com.br/leo/noticia/23612/Exercito-aposta-no-M-60A3TTS/

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Ter brancos constantemente

http://super.abril.com.br/ciencia/o-que-fazer-para-nao-ter-brancos-constantemente?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=twitter&utm_campaign=redesabril_super

domingo, 18 de setembro de 2016

A verdadeira revolução não foi a Farroupilha

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/proa/noticia/2016/09/a-verdadeira-revolucao-nao-foi-a-farroupilha-7482498.htm

sábado, 17 de setembro de 2016

MULTI-DOMAIN BATTLE: A NEW CONCEPT FOR LAND FORCES ALBERT PALAZZO AND DAVID P. MCLAIN, III

http://warontherocks.com/2016/09/multi-domain-battle-a-new-concept-for-land-forces/

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Kim Jong-un é um gênio.

Li que soldados de elite norte-coreanos formarão um batalhão de militares suicidas. Cada guerreiro levará um artefato nuclear em sua mochila, devendo detoná-lo no território inimigo.

Como se proteger de um estratagema tão simples e eficiente?

A imprensa não poderá condenar os sul-coreanos que atirarem primeiro para perguntar depois.

Os civis norte-coreanos não poderão mais fugir para o sul. Não haverá deserção nas hostes de Pyongyang.

Kim Jong-un é um gênio.