domingo, 25 de outubro de 2015

Nova ordem mundial

Sabe uma diferença entre Rússia e EUA?
Os EUA ainda permanecem como um ator global e se procupam com o avanço chinês no Pacífico. 
Os russos não. Eles atuam fortemente nas áreas que consideram prioritárias, o que inclui o seu entorno europeu e o espaço sírio. Enquanto os chineses projetarem seu poder apenas no sentido do Pacífico sul, não ameaçarão a Rússia.
Nenhum país dispõe se recursos ilimitados e a vantagem tecnológica dos EUA é cada vez menor. Isso restringe as possibilidades dos americanos imporem sua vontade no espaço global. Eles dependem cada vez mais de parcerias regionais para amortizarem o choque de interesses.
Até outro dia, o mundo era bipolar. Aí, o muro caiu e parecia que apenas os EUA ditariam os destinos do mundo. A ascenção da China e as recentes demostrações de força de Putin mostram que a antiga bipolaridade virou  um jogo entre três potências. 
Os europeus, bem os europeus se ocupam muito pouco além do entorno de seu continente.
Russos, chineses e americanos vão perdendo força, mas ainda dominarão a cena geopolítica nos próximos anos.
Bem vindos à nova ordem mundial.

Blinder fechou sua coluna

Caio Blinder fechou sua coluna e eu levei um mês para saber disso. 
Que pena! Passei bem uns três anos frequentando os textos da coluna e participando da confraria de seus fieis comentaristas.
Estava sumido, por culpa da Jane's e da ciência e tecnologia, mas vez em quando passava por ali para saber o que os companheiros escreviam. E juntos, obtinhamos informações e consolidavamos nossas convicções.
Nunca foi  jogo de um lado só. Havia  embate de ideias, embora algumas vezes  com alguma deselegância.
Blinder fechou sua coluna e acho que deixei algum pedaço de mim dentro da sala. Quem sabe ele resolve usar suas chavea de sabedoria e reabrir portas e janelas?
Tomara.

Cerco ao Congresso

"Cerco ao Congresso", por Guilherme Fiuza

O Globo



Quem roubou não pode chamar o PT de ladrão, disse Luiz Inácio da Silva. Ou seja: ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão, mas ladrão que xinga ladrão vai se ver com Lula. Até que enfim, uma medida moralizadora. O PT quer ser respeitado ao menos pelos bandidos — o que dentro da cadeia é uma coisa importante.

E por falar em bandido, roubo e cadeia, o delator Fernando Baiano disse que deu R$ 2 milhões do petrolão à nora de Lula. Enquanto isso, retorna à pátria (e à Papuda) Henrique Pizzolato, um dos heróis petistas do mensalão. As obras completas dos companheiros nestes 13 anos são realmente impressionantes. Se o governo do PT fosse um filme, seria o “Sindicato dos ladrões” — com todo o respeito. O mais curioso é como o Brasil se harmonizou bem com esse projeto criminoso de poder, na definição do ministro Celso de Mello (que não roubou, então pode dizer que o PT é ladrão).

Pizzolato esfaqueou o Banco do Brasil, Baiano esfolou a Petrobras — e esses são apenas dois agentes do maior sistema de corrupção da história, regido pelo PT de dentro do Palácio do Planalto. Agora tirem as crianças da sala para a notícia estarrecedora: o PT continua dentro do palácio.

Como escreveu Fernando Gabeira, o Brasil desmoralizou a instituição do batom na cueca. A mancha veio da lavanderia, o batom era progressista e a cueca era do bem. O ministro Gilmar Mendes disse que Dilma não precisa de um Fiat Elba como o de Collor para cair. Claro que não. Ela pode cair pedalando — o que seria inclusive menos poluente. As pedaladas fiscais que o TCU já condenou são crime de responsabilidade, e constituem uma fração do tal projeto criminoso — que não é feito só de mensalões e pixulecos, mas também de fraudes contábeis para maquiar o rombo.

Não deixem as crianças ouvirem: essa orgia companheira acaba de render ao Brasil o selo de país caloteiro. Agora sejam fortes: as pedaladas continuaram este ano, depois de flagradas e desmascaradas, e pelo menos uma das centrais de tramoias do petrolão continuou ativa depois da revelação do escândalo. Deu para entender? O PT é o cupim do Estado brasileiro, e não dá para pedir a ele: senhor cupim, por favor, poderia parar de devorar a mobília até 2018? O Brasil está esperando que os cupins passem a se alimentar de vento estocado e façam o ajuste fiscal.

Dilma Rousseff declarou na Finlândia que este governo não está envolvido com corrupção. É verdade.

A corrupção, coitada, é que está envolvida com este governo. De cabo a rabo. A Lava-Jato já apresentou as evidências de que a própria reeleição de Dilma se alimentou do petrolão — e Vaccari, o ex-tesoureiro do PT, está preso por causa disso. Mas o governo promete tapar o rombo, e lá estão os brasileiros com os braços estendidos para a seringa da nova CPMF, ou bolsa cupim. Contando, ninguém acredita.

Nesse meio tempo, num lugar muito distante da Finlândia, o Banco Central informa que desistiu de cumprir a meta fiscal. Note bem: não foi uma frase de Mercadante, Mantega ou outra das nossas autoridades de picadeiro. O Banco Central do Brasil, espremido entre a inflação e a recessão, teve que largar no chão a arma da política monetária: simplesmente não há o que fazer para respeitar a meta fiscal em 2016. Dilma reagiu: pediu à sua equipe econômica para flexibilizar a meta fiscal. Nessa linha, poderia aproveitar e pedir para flexibilizar o Código Penal. Seria mais eficaz neste momento.

O governo parou. Dilma, a representante legal (sic) do projeto criminoso de poder, está morando de favor no palácio. Conta com a blindagem do STF aparelhado, do companheiro procurador Janot e de um bando de inocentes úteis que doam suas reputações em troca de uma fantasia progressista cafona (alguns perderam a inocência na tabela dos pixulecos). Quem pode descupinizar o palácio é o Congresso Nacional. O pedido de impeachment está nas mãos do presidente da Câmara, que um Brasil abobado transformou em inimigo público número um — porque aqui quem assalta com estrelinha no peito é herói. Eduardo Cunha pode ser cassado, condenado ou execrado, só não pode roubar a cena daqueles que roubaram o país inteiro.

Os brasileiros que estão autorizados por Lula a chamar o PT de ladrão estão chegando a Brasília, acampando em frente ao Congresso Nacional. Quando deputados e senadores estiverem devidamente cercados pela multidão, brotará num passe de mágica sua responsabilidade cívica. Aí os nobres representantes do povo farão, altivamente, a descupinização do palácio — sem traumas, em nome da lei. O resto é com a polícia.