Gramci percebeu que a cultura ocidental cristã impediria a tomada por um ataque frontal às instituições. Assim, elaborou uma estratégia de conquista de posições, onde cada trincheira dos valores morais de nossa sociedade seria conquistada.
Daí, a dissolução da família, a descriminalização das drogas, o enfraquecimento da fé cristã, tudo isso e muito mais são ações que visam a ruptura de nossa sociedade.
A estratégia de Gramci beneficia-se das obras produzidas pela chamada "Escola de Frankfurt". Concentrada na Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, essa linha de pensamento filosófico, com expoentes como Marcuse e Sartre, pregou a contracultura e o ateísmo, inspirou o movimento hippie e atacou os valores da sociedade ocidental.
O que se deseja é modificar o senso comum, esgarçar o tecido social, minar a hegemonia do pensamento liberal, romper o Estado, tomar o poder e implantar a ditadura do proletariado.
As atitudes de Toffoli e de tantos outros mostram que ese movimento existe e está muito ativo.
Vivi algum tempo no Chile, país de muitos terremotos, onde as famílias costumam colocar lustres nas salas e nos quartos. Quando os lustres balançam, avisam que a terra está tremendo.
Por aqui, os vermelhos balançam a base de nossa sociedade, fazendo tremer nossos valores, mas nem notamos mais. Já achamos normal ver os lustres oscilando sobre nossas cabeças. Mais dia, menos dia, o edifício de nossa sociedade desabará.
segunda-feira, 30 de julho de 2012
domingo, 29 de julho de 2012
Crepúsculo
A fofoca quente da semana foi a traição da Kristen Stewart, agora ex-namorada do Robert Pattinson. Uma pena que isso tenha ocorrido, mas o caso serve como ensinamento a todos nós. Um relacionamento só perdura quando há respeito e comprometimento das duas pessoas. Acho difícil que Pattinson perdõe a traição sofrida.
Argentina
Li agira no Clarín. Estão liberando os presos das penitenciárias argentinas para participarem de "actos culturales". É que lá los hermanos entendem que comício político também é cultura.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Durma-se com um barulho desses
Pensem na seguinte cena: o marido chega em casa às duas da manhã, camisa amarrotada, marca de batom no colarinho, um tremendo cheiro de perfume barato de mulher.
A esposa abre a porta e exige explicações. Ele diz que estava jogando biriba com os amigos. Ela diz que acredita, pede para que na próxima vez ele avise antes, pois já era tarde e ela estava preocupada. Os dois dão aos mãos e vão dormir felizes e tranquilos.
Pois é, tem político e tem eleitor como esse casal. O político é flagrado no erro, o eleitor exige explicações e as recebe. O político não diz a verdade, mas o eleitor fica feliz assim mesmo, afinal, recebeu as satisfações exigidas.
O lema dos canalhas é mentir, mentir muito, mentir sempre; já os imbecis querem uma satisfação, mesmo que seja mentirosa.
Na nossa cena, a mulher foi dormir satisfeita, afinal, o marido voltou para casa e lhe deu uma explicação; já o marido, ele não acha que sua esposa seja idiota, não. Ele tem é certeza disso.
E durma-se com um barulho desses.
A esposa abre a porta e exige explicações. Ele diz que estava jogando biriba com os amigos. Ela diz que acredita, pede para que na próxima vez ele avise antes, pois já era tarde e ela estava preocupada. Os dois dão aos mãos e vão dormir felizes e tranquilos.
Pois é, tem político e tem eleitor como esse casal. O político é flagrado no erro, o eleitor exige explicações e as recebe. O político não diz a verdade, mas o eleitor fica feliz assim mesmo, afinal, recebeu as satisfações exigidas.
O lema dos canalhas é mentir, mentir muito, mentir sempre; já os imbecis querem uma satisfação, mesmo que seja mentirosa.
Na nossa cena, a mulher foi dormir satisfeita, afinal, o marido voltou para casa e lhe deu uma explicação; já o marido, ele não acha que sua esposa seja idiota, não. Ele tem é certeza disso.
E durma-se com um barulho desses.
Mensagens falsas
Quando se está na iminência de uma batalha, é comum adotar-se o procedimento de "silêncio rádio". Outro procedimento é manter o fluxo de transmissões, mas com mensagens falsas. Parece que esta tem sido a maneira pela qual o governo tem conduzido a questão salarial dos militares. Nos útlimos meses, tenho recebido uma série de emails garantindo que há intensos esforços para viabilizar nossa recomposição salarial. Contudo, a LDO 2013 mostra que não há garantia alguma para os reajustes. A impressão é que as autoridades responsáveis pela gestão desse assunto são nossas inimigas.
Não fique doente
A rede de notícias CNN, dos EUA, mantém um site na internet onde publica notícias de todo o mundo. A matéria "In Brazil, health care is a right" (http://edition.cnn.com/2012/07/13/opinion/gomez-brazil-health-care/index.html?hpt=ila_t3) demonstra que os estadunidenses são muito mal informados sobre o que ocorre em nosso país.
O autor da matéria é um professor assistente da Universidade de Camden e se apresenta como um especialista no sistema de saúde brasileiro. Para começar, pesquisei no Google e descobri que a tal Universidade de Camden fica próxima a Londres.
Não sei o que motiva aquele autor a escrever sobre nosso Sistema Único de Saúde, mas ele pinta um quadro absolutamente fora da realidade. Por um lado, o que ele escreve está coberto e alinhado pelos documentos e panfletos oficiais. No papel, todos brasileiros temos direito a atendimento pelo SUS, mas basta assistir a meia hora de qualquer telejornal brasileiro para perceber que há uma imensa distância entre o discurso do governo e a realidade.
Por exemplo, nesta semana soube que um médico não autorizou o socorro de ambulância a uma mulher que passava mal. Motivo? Ela tinha plano de saúde. Certamente, o doutor, impregnado de bons sentimentos comunistas, não admitia que uma pessoa com plano de saúde fosse socorrida pelo SUS. O resultado é que a mulher morreu esperando atendimento. Gostaria que o doutorzinho fosse julgado, mas sei que o corporativismo dos médicos impedirá qualquer punição.
Em tempos de Internet e Iphone, aquele professor da universidade inglesa poderia facilmente aprofundar sua pesquisa para perceber como é rosado e fora da realidade o discurso oficial de um SUS eficiente e universal. Aliás, esse sistema deve mesmo valer alguma coisa, afinal, sabendo que não podemos contar com saúde pública, todos nós nos preocupamos em não ficar doentes.
No Brasil, nem pagando caro por um plano de saúde privado nós podemos ter certeza de bom atendimento médico.
Não há muita esperança de melhora, pois os Conselhos Regionais e Federal de Medicina impedem a abertura de novos cursos universitários, alegando que o Brasil já tem médicos em quantidade suficiente.
Outra novidade sombria é a importação de médicos cubanos, mal formados em medicina e muito bem treinados em ideologia. Mais um manobra do Foro de São Paulo para enganar a população e assegurar a permanência no poder dessa canalhada que domina nossa política há décadas.
A matéria da CNN ajudar a propagar a falsa ideia da qualidade da saúde em nosso Brasil, o que não é bom nem para os brasileiros, nem para os estadunidenses que ficarão ainda mais ignorantes sobre nosso país.
O autor da matéria é um professor assistente da Universidade de Camden e se apresenta como um especialista no sistema de saúde brasileiro. Para começar, pesquisei no Google e descobri que a tal Universidade de Camden fica próxima a Londres.
Não sei o que motiva aquele autor a escrever sobre nosso Sistema Único de Saúde, mas ele pinta um quadro absolutamente fora da realidade. Por um lado, o que ele escreve está coberto e alinhado pelos documentos e panfletos oficiais. No papel, todos brasileiros temos direito a atendimento pelo SUS, mas basta assistir a meia hora de qualquer telejornal brasileiro para perceber que há uma imensa distância entre o discurso do governo e a realidade.
Por exemplo, nesta semana soube que um médico não autorizou o socorro de ambulância a uma mulher que passava mal. Motivo? Ela tinha plano de saúde. Certamente, o doutor, impregnado de bons sentimentos comunistas, não admitia que uma pessoa com plano de saúde fosse socorrida pelo SUS. O resultado é que a mulher morreu esperando atendimento. Gostaria que o doutorzinho fosse julgado, mas sei que o corporativismo dos médicos impedirá qualquer punição.
Em tempos de Internet e Iphone, aquele professor da universidade inglesa poderia facilmente aprofundar sua pesquisa para perceber como é rosado e fora da realidade o discurso oficial de um SUS eficiente e universal. Aliás, esse sistema deve mesmo valer alguma coisa, afinal, sabendo que não podemos contar com saúde pública, todos nós nos preocupamos em não ficar doentes.
No Brasil, nem pagando caro por um plano de saúde privado nós podemos ter certeza de bom atendimento médico.
Não há muita esperança de melhora, pois os Conselhos Regionais e Federal de Medicina impedem a abertura de novos cursos universitários, alegando que o Brasil já tem médicos em quantidade suficiente.
Outra novidade sombria é a importação de médicos cubanos, mal formados em medicina e muito bem treinados em ideologia. Mais um manobra do Foro de São Paulo para enganar a população e assegurar a permanência no poder dessa canalhada que domina nossa política há décadas.
A matéria da CNN ajudar a propagar a falsa ideia da qualidade da saúde em nosso Brasil, o que não é bom nem para os brasileiros, nem para os estadunidenses que ficarão ainda mais ignorantes sobre nosso país.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Empregadas
Tirei uma semana de férias para só ficar em casa e curtir o meu filho.
Como ele dorme até o final da manhã, tenho tempo livre para escrever sossegado aqui em casa. Aliás, nem tão sossegado. Na cozinha, a empregada trabalha movida pelas ondas do rádio em alto volume.
Daí, toca a música das empreguetes da novela e ela canta toda animada.
Fico preocupado. A música é animada, mas a novela mostra patroas inescrupulosas explorando suas empregadas. Mostra uma situação estereotipada, uma exceção nas atuais relações trabalhistas entre empregadores e empregados. Tudo isso pode levar a um conflito social.
Há uma PEC no Congresso, de autoria de Benedita da Silva, que quer estender às empregadas os direitos de FGTS, hora extra, 44 horas semanais, etc.
Tudo muito bonito e bacana, mas que, na prática, provocará desemprego e diminuição de salários.
Como sempre, a classe média é convocada a arcar com a maior parte dos custos para a promoção social dos mais pobres.
Benedita da Silva, do PT, é casada com Antonio Pitanga, pai da Camila Pitanga que é artista, bonita, tem trânsito no Planalto e no ambientalismo e, no caso do Código Florestal, disse: Veta Dilma. E a presidenta vetou.
Tudo muito junto, embora pareça separado.
Felizmente, a música já acabou e o locutor da rádio está mais preocupado com a promoção dos ingressos da dupla sertaneja da semana.
Como ele dorme até o final da manhã, tenho tempo livre para escrever sossegado aqui em casa. Aliás, nem tão sossegado. Na cozinha, a empregada trabalha movida pelas ondas do rádio em alto volume.
Daí, toca a música das empreguetes da novela e ela canta toda animada.
Fico preocupado. A música é animada, mas a novela mostra patroas inescrupulosas explorando suas empregadas. Mostra uma situação estereotipada, uma exceção nas atuais relações trabalhistas entre empregadores e empregados. Tudo isso pode levar a um conflito social.
Há uma PEC no Congresso, de autoria de Benedita da Silva, que quer estender às empregadas os direitos de FGTS, hora extra, 44 horas semanais, etc.
Tudo muito bonito e bacana, mas que, na prática, provocará desemprego e diminuição de salários.
Como sempre, a classe média é convocada a arcar com a maior parte dos custos para a promoção social dos mais pobres.
Benedita da Silva, do PT, é casada com Antonio Pitanga, pai da Camila Pitanga que é artista, bonita, tem trânsito no Planalto e no ambientalismo e, no caso do Código Florestal, disse: Veta Dilma. E a presidenta vetou.
Tudo muito junto, embora pareça separado.
Felizmente, a música já acabou e o locutor da rádio está mais preocupado com a promoção dos ingressos da dupla sertaneja da semana.
Não aceitam nossa soberania
A matéria "AGU expande normas sobre Raposa Serra do Sol a todas as áreas indígenas", publicada pelo O GLOBO de hoje, traz mais ensinamentos que uma leitura desatenta da notícia poderia indicar.
Em primeiro lugar, esclareço que uma portaria da Advocacia Geral da União (AGU) expandiu para todas as áreas indígenas as normas estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a reserva Raposa Serra do Sol, em 2010. A portaria, então, cria parâmetros claros para os órgãos que atuam na salvaguarda das reservas, diminuindo a discricionalidade da FUNAI em negar a exploração econômica dessas áreas, permitindo o acesso das Forças Armadas ao território relevante para a defesa nacional e inibindo a ampliação das reservas indígenas já existentes.
Por tudo isso, a portaria se mostra benéfica para os interesses do país. Contudo, ela contraria o interesse de alguns grupos, inclusive de parte da mídia, para começar do próprio autor da matéria.
Logo na primeria frase do texto, Danilo Fariello, o jornalista que o escreveu, destaca que a medida do governo foi polêmica. Esta palavra confere um sentido de suposta impropriedade na ação governamental e deixa clara a parcialidade do autor da matéria.
Mais adiante, o texto cita uma ONG, o Instituto Socioambiental (ISA) considera um anacronismo que a portaria da AGU contenha o termo "interesse da política de defesa nacional". Depois, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), da Igreja Católica, divulgou nota repudiando a portaria da AGU.
Nisso tudo, fica cada vez mais evidente a ação de ONGs e de facções da Igreja Católica contra atos de soberania de nosso país.
Infelizmente, há os que defendem a perda de nossa capacidade em estabelecer normas de interesse do nosso povo. Eles contribuem para a consolidação do conceito, estabelecido há cerca de 20 anos, por François Mitterand, de soberania limitada do Brasil sobre a Amazônia. Dentre os que gostam dessa limitação de nossa soberania estão os intelectuais muito inteligentes e estudantes de intelecto indigente.
E as bandeirinhas vermelhas tremulam na Esplanada dos Ministérios ....
Em primeiro lugar, esclareço que uma portaria da Advocacia Geral da União (AGU) expandiu para todas as áreas indígenas as normas estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a reserva Raposa Serra do Sol, em 2010. A portaria, então, cria parâmetros claros para os órgãos que atuam na salvaguarda das reservas, diminuindo a discricionalidade da FUNAI em negar a exploração econômica dessas áreas, permitindo o acesso das Forças Armadas ao território relevante para a defesa nacional e inibindo a ampliação das reservas indígenas já existentes.
Por tudo isso, a portaria se mostra benéfica para os interesses do país. Contudo, ela contraria o interesse de alguns grupos, inclusive de parte da mídia, para começar do próprio autor da matéria.
Logo na primeria frase do texto, Danilo Fariello, o jornalista que o escreveu, destaca que a medida do governo foi polêmica. Esta palavra confere um sentido de suposta impropriedade na ação governamental e deixa clara a parcialidade do autor da matéria.
Mais adiante, o texto cita uma ONG, o Instituto Socioambiental (ISA) considera um anacronismo que a portaria da AGU contenha o termo "interesse da política de defesa nacional". Depois, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), da Igreja Católica, divulgou nota repudiando a portaria da AGU.
Nisso tudo, fica cada vez mais evidente a ação de ONGs e de facções da Igreja Católica contra atos de soberania de nosso país.
Infelizmente, há os que defendem a perda de nossa capacidade em estabelecer normas de interesse do nosso povo. Eles contribuem para a consolidação do conceito, estabelecido há cerca de 20 anos, por François Mitterand, de soberania limitada do Brasil sobre a Amazônia. Dentre os que gostam dessa limitação de nossa soberania estão os intelectuais muito inteligentes e estudantes de intelecto indigente.
E as bandeirinhas vermelhas tremulam na Esplanada dos Ministérios ....
Meu mês tem mais dia que salário
Os jornais de hoje noticiam a aprovação, pelo Congresso, da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2013 sem previsão de reajuste para servidores civis e militares.
Em outros tempos, ouviríamos gritos de "fora FHC" e "basta de arrocho".
Agora, CUT, UNE e outros esquerdinhas se calam.
Só pensam no julgamento do mensalão.
Para os que trabalham, falta salário para chegar ao fim do mês.
Em outros tempos, ouviríamos gritos de "fora FHC" e "basta de arrocho".
Agora, CUT, UNE e outros esquerdinhas se calam.
Só pensam no julgamento do mensalão.
Para os que trabalham, falta salário para chegar ao fim do mês.
Homicídios
Hoje, o jornal O GLOBO traz a notícia "Epidemia de Homicídios, que traz números espantosos, informando que, em 30 anos, a taxa de homicídios de crianças e adolescentes cresceu 346%. Os números são do estudo "Mapa da Violência 2012 - Crianças e Adolescentes do Brasil", publicado pela Flacso. O estudo aponta a criação de novos polos de violência no país, que não receberam os investimentos necessários para o reforço da segurança pública.
É certo que expressiva parte dos homicídios são causados por armas de fogo. Contudo, os números de homicícios provam o primarismo da solução adotada de desarmar a população. A Lei de desarmamento não impediu o avanço dos assassinatos por que seu foco foi dirigido para as pessoas de bem, para a castigada classe média que viu cerceado seu direito de defesa.
Foram falsas as promessas de pronta ação policial, tão alardeadas nas campanhas de desarmamento. Milhares de armas foram destruídas, mas o crescimento do número de homicídios mostra que a criminalidade não entregou seu armamento. Pelo contrário, nessas campanhas, apenas a classe média foi prejudicada.
Não sou a favor do porte de arma para o cidadão comum. Armas são instrumentos perigosos e devem ficar longe das ruas. Contudo, a violência assusta a família brasileira, que não pode contar com a ação policial pronta e eficaz quando se vê em perigo.
A demagogia da campanha de desarmamento convenceu muita gente a entregar, para destruição, a arma que mantinha guardada em casa. Agora, suas famílias estão ainda mais desprotegidas.
É certo que expressiva parte dos homicídios são causados por armas de fogo. Contudo, os números de homicícios provam o primarismo da solução adotada de desarmar a população. A Lei de desarmamento não impediu o avanço dos assassinatos por que seu foco foi dirigido para as pessoas de bem, para a castigada classe média que viu cerceado seu direito de defesa.
Foram falsas as promessas de pronta ação policial, tão alardeadas nas campanhas de desarmamento. Milhares de armas foram destruídas, mas o crescimento do número de homicídios mostra que a criminalidade não entregou seu armamento. Pelo contrário, nessas campanhas, apenas a classe média foi prejudicada.
Não sou a favor do porte de arma para o cidadão comum. Armas são instrumentos perigosos e devem ficar longe das ruas. Contudo, a violência assusta a família brasileira, que não pode contar com a ação policial pronta e eficaz quando se vê em perigo.
A demagogia da campanha de desarmamento convenceu muita gente a entregar, para destruição, a arma que mantinha guardada em casa. Agora, suas famílias estão ainda mais desprotegidas.
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Mal-estar
Transcrevo uma notícia publicada no Estado de São Paulo de hoje.
A diplomacia e as Forças Armadas devem servir ao Estado, não a governos. Por isso, têm de estar afastadas de vinculações ideológicas de grupos que eventualmente estejam no poder.
Militares não podem opinar sobre política partidária e o mesmo deveria se aplicar aos diplomatas.
Ordens de Dilma causam mal-estar no Itamaraty
Ministro de Relações Exteriores, Patriota equilibra-se entre aparente desejo da presidente de controlar a política externa e a frustração de diplomatas
LISANDRA PARAGUASSU , BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O governo brasileiro vem sofrendo com a incompatibilidade crônica entre a presidente Dilma Rousseff e o Itamaraty. No meio da má vontade da presidente com a diplomacia e seus detalhes, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, tem sido alvo de reclamações e crítica, enquanto tenta se equilibrar entre o aparente desejo da presidente de comandar diretamente as relações externas e a frustração dos diplomatas.
A última crise causada pela mão de ferro da presidente foi a inclusão da Venezuela no Mercosul à revelia do Paraguai, membro suspenso, mas não expulso, do bloco. A decisão, tomada pela presidente, foi contra todas as recomendações do Itamaraty e de Patriota, que já havia até mesmo convencido os venezuelanos a esperar algum tempo para que pelo menos não se fizesse a entrada no mesmo momento em que se suspendia o Paraguai, o único país a não ter ainda aprovado o novo membro do grupo.
Dilma, no entanto, achou que aquele era o melhor momento. Encomendou um estudo jurídico à Advocacia-Geral da União (AGU) e, apoiada pela presidente Cristina Kirchner, levou adiante o que foi visto com estranheza até por quem apoiava a suspensão do Paraguai.
O ministro teve de engolir em seco e defender a posição brasileira não apenas na imprensa, mas na frente de uma dezena de senadores que o responsabilizaram por todos os erros, passados e presentes, da diplomacia brasileira. Apesar da dificuldade em explicar a posição do País, Patriota foi elogiado no Planalto, o que não tem sido uma ocorrência comum.
A avaliação de assessores próximos de Dilma é que o Itamaraty, durante vários anos, teve vida própria. A política externa era regida basicamente pelos diplomatas e acatada pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. Dilma, como em todo o restante de seu governo, quer controlar todos os detalhes e nem sempre o que é importante para a diplomacia merece sua atenção.
A diplomacia e as Forças Armadas devem servir ao Estado, não a governos. Por isso, têm de estar afastadas de vinculações ideológicas de grupos que eventualmente estejam no poder.
Militares não podem opinar sobre política partidária e o mesmo deveria se aplicar aos diplomatas.
Ordens de Dilma causam mal-estar no Itamaraty
Ministro de Relações Exteriores, Patriota equilibra-se entre aparente desejo da presidente de controlar a política externa e a frustração de diplomatas
LISANDRA PARAGUASSU , BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O governo brasileiro vem sofrendo com a incompatibilidade crônica entre a presidente Dilma Rousseff e o Itamaraty. No meio da má vontade da presidente com a diplomacia e seus detalhes, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, tem sido alvo de reclamações e crítica, enquanto tenta se equilibrar entre o aparente desejo da presidente de comandar diretamente as relações externas e a frustração dos diplomatas.
A última crise causada pela mão de ferro da presidente foi a inclusão da Venezuela no Mercosul à revelia do Paraguai, membro suspenso, mas não expulso, do bloco. A decisão, tomada pela presidente, foi contra todas as recomendações do Itamaraty e de Patriota, que já havia até mesmo convencido os venezuelanos a esperar algum tempo para que pelo menos não se fizesse a entrada no mesmo momento em que se suspendia o Paraguai, o único país a não ter ainda aprovado o novo membro do grupo.
Dilma, no entanto, achou que aquele era o melhor momento. Encomendou um estudo jurídico à Advocacia-Geral da União (AGU) e, apoiada pela presidente Cristina Kirchner, levou adiante o que foi visto com estranheza até por quem apoiava a suspensão do Paraguai.
O ministro teve de engolir em seco e defender a posição brasileira não apenas na imprensa, mas na frente de uma dezena de senadores que o responsabilizaram por todos os erros, passados e presentes, da diplomacia brasileira. Apesar da dificuldade em explicar a posição do País, Patriota foi elogiado no Planalto, o que não tem sido uma ocorrência comum.
A avaliação de assessores próximos de Dilma é que o Itamaraty, durante vários anos, teve vida própria. A política externa era regida basicamente pelos diplomatas e acatada pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. Dilma, como em todo o restante de seu governo, quer controlar todos os detalhes e nem sempre o que é importante para a diplomacia merece sua atenção.
O bom exemplo do Exército
Transcrevo o artigo abaixo, publicado hoje pelo Estado de São Paulo.
Lembrem-se dele quando surgirem denúncias anônimas sobre irregularidades em obras.
Há comunistas e empresários que têm algo em comum: eles mentem, mentem muito, mentem sempre.
O bom exemplo do Exército
No momento em que notícias sobre superfaturamento e atraso em obras públicas se tornam corriqueiras, é animador saber que algumas dessas obras estão sendo entregues antes do prazo previsto e a custos inferiores aos originalmente orçados. Não se trata de milagre. É apenas o resultado do trabalho competente e sério realizado por uma instituição cuja missão precípua não é tocar canteiros de obras, mas que nos últimos anos tem assumido maiores responsabilidades na elaboração e execução de projetos de infraestrutura em todo o País: o Exército.
O Departamento de Engenharia e Construção (DEC) do Exército, como mostra o jornal Valor (12/7), está tocando 34 obras em vários Estados, 25 delas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e elabora, a pedido da Infraero, projetos de engenharia destinados a acelerar a expansão dos aeroportos de Porto Alegre, Vitória e Goiânia. Nessa área, o Exército já trabalha na administração dos serviços de terraplenagem da ampliação do aeroporto de Guarulhos e na construção da pista do aeroporto de Amarante, no Rio Grande do Norte.
É principalmente o desempenho do Exército nas obras do aeroporto de Cumbica que tem animado a Infraero a ampliar a parceria com os militares numa área que se tem transformado numa das maiores dores de cabeça do governo no que diz respeito ao cumprimento dos prazos das obras da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. A terraplenagem do Terminal 3 de Cumbica, cuja previsão inicial de entrega era para dezembro de 2013, será concluída em setembro próximo, com antecipação de 15 meses. Além disso, o custo original da obra, orçado em R$ 417 milhões, deverá ser reduzido - e não é apenas porque a União paga os soldos militares - em cerca de R$ 130 milhões, o que equivale a 25%. É exatamente o contrário do que tem sido noticiado a respeito da verdadeira lambança que a principal empreiteira do PAC, a Delta, tem promovido nas obras bilionárias sob sua responsabilidade em todo o País.
É claro que tocar obras públicas não é a missão precípua das Forças Armadas, que existem para zelar pela defesa nacional. E o Exército, cuja "intervenção" no mercado é malvista pelas empreiteiras de obras públicas, sabe muito bem que essa não é sua verdadeira vocação. O general Joaquim Maia Brandão, chefe do Departamento de Engenharia e Construção, garante, segundo o Valor, que não há planos de ampliar a estrutura da unidade sob seu comando, apesar do aumento da demanda ocorrido nos últimos anos, inclusive no que diz respeito ao planejamento e construção de novas estradas e manutenção das existentes, responsabilidade do mal afamado Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Nessa área o Exército tem 19 contratos firmados. E cumpre outros tantos nos setores portuário e de navegação fluvial.
O Exército está hoje envolvido em 34 projetos de construção, no valor de R$ 3 bilhões em obras, dos quais R$ 2,4 bilhões são do PAC. Intervenção indevida no mercado? Desvio de funções? O general Brandão responde: "O que temos é uma missão para cumprir, que é a preparação de nossas tropas para a guerra. Se não temos guerra, temos a obrigação de manter nosso contingente em atividades que, se necessário, (a tropa) irá desempenhar em situação de emergência". Não é, portanto, a lógica do mercado, mas a necessidade de manter seu contingente ativo e preparado que motiva o Departamento de Engenharia e Construção.
A situação de emergência a que se refere o general seria, obviamente, um eventual conflito militar. Mas não resta dúvida de que o DEC está atendendo também a uma importante e extremamente lamentável emergência ao cumprir com competência, seriedade e economia de recursos públicos uma tarefa fundamental para o desenvolvimento do País que a iniciativa privada tem sido frequentemente incapaz de executar com a mesma eficiência e probidade, devido à crescente promiscuidade entre negócios públicos e privados. É de imaginar que seja difícil trabalhar com orçamentos enxutos quando a regra do jogo é pagar propinas que satisfaçam a crescente voracidade de homens públicos tão desonestos quanto quem lhes molha a mão.
Lembrem-se dele quando surgirem denúncias anônimas sobre irregularidades em obras.
Há comunistas e empresários que têm algo em comum: eles mentem, mentem muito, mentem sempre.
O bom exemplo do Exército
No momento em que notícias sobre superfaturamento e atraso em obras públicas se tornam corriqueiras, é animador saber que algumas dessas obras estão sendo entregues antes do prazo previsto e a custos inferiores aos originalmente orçados. Não se trata de milagre. É apenas o resultado do trabalho competente e sério realizado por uma instituição cuja missão precípua não é tocar canteiros de obras, mas que nos últimos anos tem assumido maiores responsabilidades na elaboração e execução de projetos de infraestrutura em todo o País: o Exército.
O Departamento de Engenharia e Construção (DEC) do Exército, como mostra o jornal Valor (12/7), está tocando 34 obras em vários Estados, 25 delas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e elabora, a pedido da Infraero, projetos de engenharia destinados a acelerar a expansão dos aeroportos de Porto Alegre, Vitória e Goiânia. Nessa área, o Exército já trabalha na administração dos serviços de terraplenagem da ampliação do aeroporto de Guarulhos e na construção da pista do aeroporto de Amarante, no Rio Grande do Norte.
É principalmente o desempenho do Exército nas obras do aeroporto de Cumbica que tem animado a Infraero a ampliar a parceria com os militares numa área que se tem transformado numa das maiores dores de cabeça do governo no que diz respeito ao cumprimento dos prazos das obras da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. A terraplenagem do Terminal 3 de Cumbica, cuja previsão inicial de entrega era para dezembro de 2013, será concluída em setembro próximo, com antecipação de 15 meses. Além disso, o custo original da obra, orçado em R$ 417 milhões, deverá ser reduzido - e não é apenas porque a União paga os soldos militares - em cerca de R$ 130 milhões, o que equivale a 25%. É exatamente o contrário do que tem sido noticiado a respeito da verdadeira lambança que a principal empreiteira do PAC, a Delta, tem promovido nas obras bilionárias sob sua responsabilidade em todo o País.
É claro que tocar obras públicas não é a missão precípua das Forças Armadas, que existem para zelar pela defesa nacional. E o Exército, cuja "intervenção" no mercado é malvista pelas empreiteiras de obras públicas, sabe muito bem que essa não é sua verdadeira vocação. O general Joaquim Maia Brandão, chefe do Departamento de Engenharia e Construção, garante, segundo o Valor, que não há planos de ampliar a estrutura da unidade sob seu comando, apesar do aumento da demanda ocorrido nos últimos anos, inclusive no que diz respeito ao planejamento e construção de novas estradas e manutenção das existentes, responsabilidade do mal afamado Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Nessa área o Exército tem 19 contratos firmados. E cumpre outros tantos nos setores portuário e de navegação fluvial.
O Exército está hoje envolvido em 34 projetos de construção, no valor de R$ 3 bilhões em obras, dos quais R$ 2,4 bilhões são do PAC. Intervenção indevida no mercado? Desvio de funções? O general Brandão responde: "O que temos é uma missão para cumprir, que é a preparação de nossas tropas para a guerra. Se não temos guerra, temos a obrigação de manter nosso contingente em atividades que, se necessário, (a tropa) irá desempenhar em situação de emergência". Não é, portanto, a lógica do mercado, mas a necessidade de manter seu contingente ativo e preparado que motiva o Departamento de Engenharia e Construção.
A situação de emergência a que se refere o general seria, obviamente, um eventual conflito militar. Mas não resta dúvida de que o DEC está atendendo também a uma importante e extremamente lamentável emergência ao cumprir com competência, seriedade e economia de recursos públicos uma tarefa fundamental para o desenvolvimento do País que a iniciativa privada tem sido frequentemente incapaz de executar com a mesma eficiência e probidade, devido à crescente promiscuidade entre negócios públicos e privados. É de imaginar que seja difícil trabalhar com orçamentos enxutos quando a regra do jogo é pagar propinas que satisfaçam a crescente voracidade de homens públicos tão desonestos quanto quem lhes molha a mão.
Representação
Hoje, o Globo traz um interessante artigo do Denis Lerrer Rosenfield que ensina algo muito útil para todos nós, que assistimos inertes aos constantes ataques à classe política no Brasil.
Esses ataques podem ter justificadas razões, mas servem para o convencimento da Sociedade de que as instituições políticas são inúteis e que apenas a participação direta da sociedade poderia resolver o problema da representatividade.
Pois bem, tudo isso é um golpe da esquerda, muito bem executado. É uma estratégia de convencimento, a longo prazo, que tem por finalidade estabelecer o predomínio de uma ideologia, quitando o espaço de outros pensamentos.
O cidadão normal, trabalhador, não tem tempo ou paciência para se dedicar à política. É por isso que ele elege seus representantes que têm a obrigação de defender o interesse do conjunto da Sociedade.
Infelizmente, há criminosos e gente sem escrúpulos que se dedica à política, mas a solução para isso passa muito longe da dita "participação da sociedade". Apenas alguns esquerdistas ávidos pelo poder total se beneficiam dessa estratégia.
A liberdade de todos nós exige uma melhor escolha de nossos representantes.
A solução é melhorar a representatividade, não derrubar as instituições.
Transcrevo, então, o artigo do Denis Rosenfield.
Ausência de princípios
Denis Lerrer Rosenfield
Numa eleição municipal, primam os problemas que os munícipes encontram em sua vida cotidiana. Questões ideológicas são relegadas a segundo plano, pois estão muito mais preocupados com a limpeza e a pontualidade dos transportes públicos, com a segurança chegando em casa, com os postos de saúde, com a educação das crianças, para apenas listar alguns dos problemas mais prementes.
Depois de uma jornada de trabalho, chegando em casa, o(a) trabalhador(a) está mais preocupado(a) com seu cansaço, com sua integridade física, com o atendimento dos seus. O amanhã, entendido como o dia seguinte, ocupa todas as suas atenções, tendo como horizonte a sua renda e/ou salário do fim do mês. Muitas vezes, essa parte da população nem tempo tem de se informar de questões políticas. Procura descansar, seja dormindo, seja buscando um entretenimento qualquer.
O grau de interesse pela política se mede por aquilo que ela possa oferecer para ele(a), sendo um instrumento que possa contribuir para o seu bem-estar, mormente através de serviços públicos. A política não aparece como um fim em si mesmo, mas como um meio que deveria servir para a melhoria de suas vidas. Não há um apreço pela atividade política enquanto tal, frequentemente percebida como um lugar de jogo entre os políticos em função dos interesses particulares desses.
O micro reflete aqui uma questão macro. Se pesquisarmos o grau de interesse pela política em uma eleição nacional, facilmente constataremos uma situação semelhante com mais de 55% dos eleitores demonstrando pouco ou nenhum interesse pela vida política propriamente dita. Para eles, sua preocupação central reside na vida privada, particular, na melhoria de suas condições de vida.
Nesse sentido, a política deve estar a serviço dessa melhoria, e não o inverso. Comprova-se aqui uma formulação do pensador liberal francês Benjamin Constant, para quem, em seu texto "A liberdade dos Antigos comparada à dos Modernos", os cidadãos escolhem os seus representantes, para não se ocuparem eles mesmos da política. Eles estão voltados para a sua vida privada, sendo a política uma ferramenta desta.
A delegação política é um meio para que os cidadãos possam se dedicar às suas respectivas vidas. Ela supõe, desta maneira, que os escolhidos, os delegados, os representantes, ajam de acordo com as ideias de um bem coletivo.
Observe-se que, ao contrário de formulações esquerdistas ainda em voga no Brasil, segundo as quais o exemplo de democracia estaria na participação direta, na dita democracia participativa, os cidadãos brasileiros passam ao largo de tal tipo de concepção. Para os partidários da democracia participativa, o fim em si mesmo é a política, a participação tomando conta da vida do cidadão.
Daí não se segue que o desinteresse pela política se traduza pelo desinteresse por assuntos públicos, entendida como lugar em que se criam as condições de uma vida coletiva. Na administração do Estado, em seus vários níveis, está presente o destino que se dá aos impostos, que são nada mais do que bens privados transferidos obrigatoriamente para a esfera estatal.
Logo, nada mais normal que se coloquem aqui questões atinentes à moralidade na gestão desses recursos, que devem - ou deveriam - estar destinados à melhoria das condições de vida dos cidadãos. Espetáculos de imoralidade de parte dos políticos e de seus partidos são percebidos como desvios de seus recursos privados, que tiveram uma destinação eticamente indevida. Surge, assim, a questão da moralidade na escolha dos representantes.
Não surpreende que, em pesquisas de opinião, apareçam como qualidades requeridas de prefeitos a honestidade, o ter palavra, o cumprir promessas, que são atributos morais exigidos do homem público. Princípios são considerados essenciais. Política sem valores equivale a um cheque em branco dado a governantes e parlamentares no uso dos recursos públicos.
Eis por que não deixam de ser chocantes as alianças que vêm se fazendo nas eleições municipais, onde valores, princípios e ideias desaparecem do horizonte em proveito da utilização de tempo de rádio e televisão. O caso mais paradigmático foi a aliança tecida entre Lula e Maluf, logo entre o PT e o PP, onde se conjugaram duas posições que, no passado, eram totalmente antagônicas. A de um partido que cresceu defendendo a ética na política e um político procurado internacionalmente pela Interpol por desvio de recursos públicos. Ou seja, surge o símbolo da moralidade pública intrinsecamente ligado à imoralidade, como se isso fosse normal à política. Caberia, evidentemente, a questão: qual política, qual normalidade?
Nada disto, no cenário político atual, é exclusivo desses dois partidos, pois o PSDB fez um movimento semelhante tentando atrair o mesmo parceiro. O problema foi o valor da barganha, e não os princípios. Um pagou mais do que o outro, ambos compartilhando a mesma ausência de princípios. Os tucanos se aliaram também com o PR de Valdemar da Costa Neto, envolvido em uma série de denúncias. Valeu igualmente o tempo de rádio e televisão como valor maior.
Outro exemplo que pode ser percebido como ausência de moralidade consiste em composições partidárias que se fazem pelo país afora em que políticos que, em sua cidade, consideram como adversário, quase um inimigo, o partido X, se aliam com o mesmo partido em outra cidade, como se coerência e relação com princípios nada valessem. Tal "qualidade" chega a ser vendida como se fosse um sinal de inteligência, ou melhor, de esperteza, o que é uma denominação mais apropriada.
O que pensar, portanto, de uma concepção da política em que os valores morais desaparecem completamente? Coligações se fazem tendo como único "princípio" a exposição midiática dos candidatos, como se critérios morais fossem o apanágio de moralistas ingênuos. Será que esses espertos da política não estarão dando a sua contribuição decisiva para o avacalhamento da democracia brasileira?
DENIS LERRER ROSENFIELD é professor de filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Esses ataques podem ter justificadas razões, mas servem para o convencimento da Sociedade de que as instituições políticas são inúteis e que apenas a participação direta da sociedade poderia resolver o problema da representatividade.
Pois bem, tudo isso é um golpe da esquerda, muito bem executado. É uma estratégia de convencimento, a longo prazo, que tem por finalidade estabelecer o predomínio de uma ideologia, quitando o espaço de outros pensamentos.
O cidadão normal, trabalhador, não tem tempo ou paciência para se dedicar à política. É por isso que ele elege seus representantes que têm a obrigação de defender o interesse do conjunto da Sociedade.
Infelizmente, há criminosos e gente sem escrúpulos que se dedica à política, mas a solução para isso passa muito longe da dita "participação da sociedade". Apenas alguns esquerdistas ávidos pelo poder total se beneficiam dessa estratégia.
A liberdade de todos nós exige uma melhor escolha de nossos representantes.
A solução é melhorar a representatividade, não derrubar as instituições.
Transcrevo, então, o artigo do Denis Rosenfield.
Ausência de princípios
Denis Lerrer Rosenfield
Numa eleição municipal, primam os problemas que os munícipes encontram em sua vida cotidiana. Questões ideológicas são relegadas a segundo plano, pois estão muito mais preocupados com a limpeza e a pontualidade dos transportes públicos, com a segurança chegando em casa, com os postos de saúde, com a educação das crianças, para apenas listar alguns dos problemas mais prementes.
Depois de uma jornada de trabalho, chegando em casa, o(a) trabalhador(a) está mais preocupado(a) com seu cansaço, com sua integridade física, com o atendimento dos seus. O amanhã, entendido como o dia seguinte, ocupa todas as suas atenções, tendo como horizonte a sua renda e/ou salário do fim do mês. Muitas vezes, essa parte da população nem tempo tem de se informar de questões políticas. Procura descansar, seja dormindo, seja buscando um entretenimento qualquer.
O grau de interesse pela política se mede por aquilo que ela possa oferecer para ele(a), sendo um instrumento que possa contribuir para o seu bem-estar, mormente através de serviços públicos. A política não aparece como um fim em si mesmo, mas como um meio que deveria servir para a melhoria de suas vidas. Não há um apreço pela atividade política enquanto tal, frequentemente percebida como um lugar de jogo entre os políticos em função dos interesses particulares desses.
O micro reflete aqui uma questão macro. Se pesquisarmos o grau de interesse pela política em uma eleição nacional, facilmente constataremos uma situação semelhante com mais de 55% dos eleitores demonstrando pouco ou nenhum interesse pela vida política propriamente dita. Para eles, sua preocupação central reside na vida privada, particular, na melhoria de suas condições de vida.
Nesse sentido, a política deve estar a serviço dessa melhoria, e não o inverso. Comprova-se aqui uma formulação do pensador liberal francês Benjamin Constant, para quem, em seu texto "A liberdade dos Antigos comparada à dos Modernos", os cidadãos escolhem os seus representantes, para não se ocuparem eles mesmos da política. Eles estão voltados para a sua vida privada, sendo a política uma ferramenta desta.
A delegação política é um meio para que os cidadãos possam se dedicar às suas respectivas vidas. Ela supõe, desta maneira, que os escolhidos, os delegados, os representantes, ajam de acordo com as ideias de um bem coletivo.
Observe-se que, ao contrário de formulações esquerdistas ainda em voga no Brasil, segundo as quais o exemplo de democracia estaria na participação direta, na dita democracia participativa, os cidadãos brasileiros passam ao largo de tal tipo de concepção. Para os partidários da democracia participativa, o fim em si mesmo é a política, a participação tomando conta da vida do cidadão.
Daí não se segue que o desinteresse pela política se traduza pelo desinteresse por assuntos públicos, entendida como lugar em que se criam as condições de uma vida coletiva. Na administração do Estado, em seus vários níveis, está presente o destino que se dá aos impostos, que são nada mais do que bens privados transferidos obrigatoriamente para a esfera estatal.
Logo, nada mais normal que se coloquem aqui questões atinentes à moralidade na gestão desses recursos, que devem - ou deveriam - estar destinados à melhoria das condições de vida dos cidadãos. Espetáculos de imoralidade de parte dos políticos e de seus partidos são percebidos como desvios de seus recursos privados, que tiveram uma destinação eticamente indevida. Surge, assim, a questão da moralidade na escolha dos representantes.
Não surpreende que, em pesquisas de opinião, apareçam como qualidades requeridas de prefeitos a honestidade, o ter palavra, o cumprir promessas, que são atributos morais exigidos do homem público. Princípios são considerados essenciais. Política sem valores equivale a um cheque em branco dado a governantes e parlamentares no uso dos recursos públicos.
Eis por que não deixam de ser chocantes as alianças que vêm se fazendo nas eleições municipais, onde valores, princípios e ideias desaparecem do horizonte em proveito da utilização de tempo de rádio e televisão. O caso mais paradigmático foi a aliança tecida entre Lula e Maluf, logo entre o PT e o PP, onde se conjugaram duas posições que, no passado, eram totalmente antagônicas. A de um partido que cresceu defendendo a ética na política e um político procurado internacionalmente pela Interpol por desvio de recursos públicos. Ou seja, surge o símbolo da moralidade pública intrinsecamente ligado à imoralidade, como se isso fosse normal à política. Caberia, evidentemente, a questão: qual política, qual normalidade?
Nada disto, no cenário político atual, é exclusivo desses dois partidos, pois o PSDB fez um movimento semelhante tentando atrair o mesmo parceiro. O problema foi o valor da barganha, e não os princípios. Um pagou mais do que o outro, ambos compartilhando a mesma ausência de princípios. Os tucanos se aliaram também com o PR de Valdemar da Costa Neto, envolvido em uma série de denúncias. Valeu igualmente o tempo de rádio e televisão como valor maior.
Outro exemplo que pode ser percebido como ausência de moralidade consiste em composições partidárias que se fazem pelo país afora em que políticos que, em sua cidade, consideram como adversário, quase um inimigo, o partido X, se aliam com o mesmo partido em outra cidade, como se coerência e relação com princípios nada valessem. Tal "qualidade" chega a ser vendida como se fosse um sinal de inteligência, ou melhor, de esperteza, o que é uma denominação mais apropriada.
O que pensar, portanto, de uma concepção da política em que os valores morais desaparecem completamente? Coligações se fazem tendo como único "princípio" a exposição midiática dos candidatos, como se critérios morais fossem o apanágio de moralistas ingênuos. Será que esses espertos da política não estarão dando a sua contribuição decisiva para o avacalhamento da democracia brasileira?
DENIS LERRER ROSENFIELD é professor de filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
domingo, 1 de julho de 2012
Reação
Agora há pouco, comecei a ler um dos artigos do RBPI, que trazia já, no seu título, uma crítica explícita às chamadas elites brasileiras. Eu também tenho minhas críticas a esse grupo, mas elas vão ao contrário do pensamento hoje dominante. Há tempos que a antiga oligarquia agrária deixou de existir em nosso país; hoje, ela só existe no mundo das publicações acadêmicas e dos panfletos partidários ideológicos que dela se alimentam para justificar os absurdos que cometem.
As elites de hoje não vêm do campo, mas do espaço urbano; sua riqueza vem da indústria e dos serviços; sua origem, não raras vezes, confunde- se com a da classe média brasileira.
Em resumo, boa parte da elite veio de baixo; subiu pelos seus méritos e não é justo associá-la a esquemas de dominação do proletariado.
Tais esquemas existem, não em supostas associações burguesas mas, sobretudo, de maquinações sindicais.
As maquinações se repetem nas passeatas panfletárias, manifestações cretinas de supostos estudantes e trabalhadores. Supostos porque essa gente nem estuda, nem trabalha; os chamados movimentos sociais se movem, mas não são representantes da sociedade.
Antes, eles são oportunistas em busca de poder, de privilégios, de uma boquinha do Estado. E quem paga essa conta, somos nós, legítimos trabalhadores e estudantes da classe média.
Daí, vem a minha crítica às elites brasileiras, que não reagem a esses esquemas de dominação, que buscam preservar-se pela cumplicidade e o silêncio.
Diante disso, pouco nos resta senão o dever de reagir.
As elites de hoje não vêm do campo, mas do espaço urbano; sua riqueza vem da indústria e dos serviços; sua origem, não raras vezes, confunde- se com a da classe média brasileira.
Em resumo, boa parte da elite veio de baixo; subiu pelos seus méritos e não é justo associá-la a esquemas de dominação do proletariado.
Tais esquemas existem, não em supostas associações burguesas mas, sobretudo, de maquinações sindicais.
As maquinações se repetem nas passeatas panfletárias, manifestações cretinas de supostos estudantes e trabalhadores. Supostos porque essa gente nem estuda, nem trabalha; os chamados movimentos sociais se movem, mas não são representantes da sociedade.
Antes, eles são oportunistas em busca de poder, de privilégios, de uma boquinha do Estado. E quem paga essa conta, somos nós, legítimos trabalhadores e estudantes da classe média.
Daí, vem a minha crítica às elites brasileiras, que não reagem a esses esquemas de dominação, que buscam preservar-se pela cumplicidade e o silêncio.
Diante disso, pouco nos resta senão o dever de reagir.